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80 anos do Posto Avançado de Pesquisa Emmanuel Dias

Instituto reforça compromisso com memória do enfrentamento da doença de Chagas em Bambuí, no interior de Minas Gerais
Por Max Gomes01/11/2023 - Atualizado em 08/11/2023
Parte da comitiva do IOC durante visita às instalações do PAPED. Foto: Acervo pessoal

Nos dias 23 e 24 de outubro, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) participou das celebrações dos 80 anos do Posto Avançado de Pesquisa Emmanuel Dias (PAPED), no município de Bambuí, em Minas Gerais.

Fundado pelo IOC como “Centro de Estudos e Profilaxia da Moléstia de Chagas”, sob a direção do cientista Emmanuel Dias, o espaço testemunhou contribuições históricas no enfrentamento da doença de Chagas, que influenciaram protocolos no Brasil e no mundo. Atualmente, o local é administrado pelo Instituto René Rachou (Fiocruz Minas).

Para marcar o octogenário, o IOC organizou, junto ao IRR e à Prefeitura de Bambuí, em 24 de outubro, uma reunião com gestores da área de saúde e demais atuantes no combate à doença de Chagas. O encontro aconteceu no salão nobre da Prefeitura.

Na ocasião, foi assinada uma carta de intenções visando a implementação de ações estratégicas para preservar a memória das atividades científicas desempenhadas na região. Essas ações incluem o tombamento do prédio como patrimônio histórico e a transformação das instalações em um museu sobre a história da doença de Chagas em Bambuí.

“A instalação do Posto, em 1943, foi bastante significativa na construção do conjunto de conhecimentos que se tem atualmente sobre a doença de Chagas. Foi um local de muito ensino e, também, do desenvolvimento do fazer saúde junto com à população”, destaca a diretora do IOC, Tania Araujo Jorge, idealizadora do encontro.

Além das instituições organizadoras, a carta de intenções também foi assinada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Fundação Ezequiel Dias (FUNED), Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), Prefeitura de Oliveira, Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Diretora do IOC assina carta de intenção. Foto: Letícia Peixoto

Integrado à programação comemorativa, foi realizado no auditório do campus Bambuí do IFMG o 20ª Encontro Anual do Programa Translacional da Doença de Chagas da Fiocruz (Fio-Chagas). A iniciativa tem como objetivo promover a colaboração interna na Fiocruz, bem como dar retorno à sociedade quanto aos atuais desafios atuais relacionados ao agravo.

Na mesa de abertura do evento, a diretora do IOC destacou a relevância de incorporar o encontro às comemorações do 80º aniversário do PAPED, aproximando pesquisadores e estudantes da história do enfrentamento da doença de Chagas.

“Trazer a comunidade científica que trabalha com doença de Chagas para celebrar esse momento aqui é muito simbólico. A maioria de nós nunca esteve no Posto ou em Bambuí. E nos emocionamos bastante durante a visita”, declarou.

Tania ainda enfatizou o engajamento da Prefeitura de Bambuí e de instituições de ensino da região, expressando a importância da cooperação para o enfrentamento da doença de Chagas, que atinge principalmente populações negligenciadas. 

“Ciência se faz no dia a dia, mas também com resgate histórico e com o compromisso dos gestores locais de educação, saúde, desenvolvimento social e economia, para que possamos construir vidas um pouco melhores para pessoas afetadas pela doença de Chagas”, pontuou.

Confira o discurso na íntegra:

Homenagens

No decorrer das celebrações, o Instituto Oswaldo Cruz foi reconhecido pelas contribuições na história do PAPED.

Além disso, pesquisadores do Instituto também foram homenageados pelo Fio-Chagas em virtude dos trabalhos prestados no combate à doença de Chagas. Foram eles:

:: Ângela Cristina Verissimo Junqueira, Laboratório de Doenças Parasitárias;
:: Joseli Lannes Vieira, Laboratório de Biologia das Interações;
:: José Jurberg, pesquisador aposentado;
:: Maria de Nazaré Correia Soeiro, chefe do Laboratório de Biologia Celular;
:: Tania Araujo-Jorge, diretoria do IOC e pesquisadora do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos.

Entre os homenageados na celebração dos 80 anos de Bambuí e durante o 20º Encontro Fio-Chagas, estava o pesquisador Rodrigo Correa, que faleceu poucos dias após o evento, em 27 de outubro. Rodrigo desempenhou papéis significativos como diretor do IRR e vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fundação. Com larga carreira científica, o cientista sempre atuou de forma parceira com o IOC. O Instituto se solidariza com amigos e familiares. 

Atividades paralelas

Também integraram a programação versões adaptadas de duas atividades promovidas pelo IOC sobre a doença de Chagas.

A exposição de ciência e arte “Expresso Chagas 21” pôs em foco questões relacionadas ao agravo. Os vagões temáticos abordaram temas como organizações que apoiam portadores da doença, atividades lúdicas que agregam conhecimento sobre a infecção, cuidados em áreas endêmicas e práticas integrativas complementares em saúde.

Já os painéis da exposição “A doença de Chagas: da pré-história à atualidade”, apontaram que, apesar de ter sido descoberta em 1909, a doença de Chagas acompanha a humanidade há milhares de anos.

A partir de estudos com múmias latino-americanas (as mais antigas da humanidade), a iniciativa é uma parceria entre Universidad Mayor de San Simon (Bolívia), Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC e Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz).

A pós-doutoranda Rita Machado apresenta a exposição “A doença de Chagas: da pré-história à atualidade” para estudantes da região de Bambuí. Foto: Acervo pessoal

O PAPED

A criação do Centro de Estudos e Profilaxia da Moléstia de Chagas (CEPMC) data de 1943, após o cientista Amilcar Vianna Martins, vinculado ao Instituto Ezequiel Dias (em Belo Horizonte), solicitar apoio ao Instituto Oswaldo Cruz para investigar casos suspeitos da doença de Chagas em Bambuí, no centro-oeste mineiro. 

Sob a direção de Emmanuel Dias, pesquisador e especialista no agravo, o CEPMC encontrou um grande desafio na cidade: aproximadamente 45% das crianças abaixo dos 10 anos estavam infectadas e várias localidades estavam com infestação domiciliar de barbeiros (como os triatomíneos são conhecidos popularmente) maior que 90%.

Sendo assim, foi iniciado um vasto trabalho de combate aos focos da doença, de prevenção de novos casos e estudos clínicos que buscaram compreender os aspectos crônicos da patologia.

Em 1963, após o falecimento de Emmanuel Dias, seu filho, João Carlos Pinto Dias, assumiu a direção do CEPMC. Além de prosseguir com os trabalhos que já eram realizados na região, foram iniciadas novas pesquisas, com o aprofundamento de estudos clínicos; testagem de inseticidas contra os barbeiros; e promoção de um programa de vigilância epidemiológica com participação comunitária. Devido ao sucesso, esta campanha foi replicada em outras localidades no Brasil e serviu de modelo para países da América Latina.

Registro histórico da fachada do PAPED. Foto: Acervo Casa de Oswaldo Cruz

Em 1970, com a criação da Fundação Oswaldo Cruz, o CEPMC passou a ser administrado pelo Instituto de Pesquisas René Rachou e, posteriormente, rebatizado como Posto Avançado de Pesquisas Emmanuel Dias (PAPED), em homenagem ao cientista que dedicou sua vida às pesquisas e ações de saúde pública ali desenvolvidas.

O PAPED desempenhou papel crucial no “Projeto Bambuí”, um estudo de longo prazo sobre a saúde dos idosos da cidade de Bambuí, com início em 1997, sob a coordenação do IRR. A pesquisa investigou a incidência e os fatores determinantes de eventos de saúde na população idosa, resultando em diversas publicações e servindo como base para futuras iniciativas sobre a saúde dos idosos em todo o país.

Nos últimos anos, em colaboração com a Prefeitura de Bambuí, o PAPED também executou um projeto que envolveu a coleta de dados sobre as condições de saúde da cidade, a implementação de um programa de capacitação de profissionais locais no campo das doenças infecciosas e parasitárias, e a colaboração na formulação de políticas de saúde destinadas ao município.

Instituto reforça compromisso com memória do enfrentamento da doença de Chagas em Bambuí, no interior de Minas Gerais
Por: 
max.gomes
Parte da comitiva do IOC durante visita às instalações do PAPED. Foto: Acervo pessoal

Nos dias 23 e 24 de outubro, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) participou das celebrações dos 80 anos do Posto Avançado de Pesquisa Emmanuel Dias (PAPED), no município de Bambuí, em Minas Gerais.

Fundado pelo IOC como “Centro de Estudos e Profilaxia da Moléstia de Chagas”, sob a direção do cientista Emmanuel Dias, o espaço testemunhou contribuições históricas no enfrentamento da doença de Chagas, que influenciaram protocolos no Brasil e no mundo. Atualmente, o local é administrado pelo Instituto René Rachou (Fiocruz Minas).

Para marcar o octogenário, o IOC organizou, junto ao IRR e à Prefeitura de Bambuí, em 24 de outubro, uma reunião com gestores da área de saúde e demais atuantes no combate à doença de Chagas. O encontro aconteceu no salão nobre da Prefeitura.

Na ocasião, foi assinada uma carta de intenções visando a implementação de ações estratégicas para preservar a memória das atividades científicas desempenhadas na região. Essas ações incluem o tombamento do prédio como patrimônio histórico e a transformação das instalações em um museu sobre a história da doença de Chagas em Bambuí.

“A instalação do Posto, em 1943, foi bastante significativa na construção do conjunto de conhecimentos que se tem atualmente sobre a doença de Chagas. Foi um local de muito ensino e, também, do desenvolvimento do fazer saúde junto com à população”, destaca a diretora do IOC, Tania Araujo Jorge, idealizadora do encontro.

Além das instituições organizadoras, a carta de intenções também foi assinada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Fundação Ezequiel Dias (FUNED), Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), Prefeitura de Oliveira, Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Diretora do IOC assina carta de intenção. Foto: Letícia Peixoto

Integrado à programação comemorativa, foi realizado no auditório do campus Bambuí do IFMG o 20ª Encontro Anual do Programa Translacional da Doença de Chagas da Fiocruz (Fio-Chagas). A iniciativa tem como objetivo promover a colaboração interna na Fiocruz, bem como dar retorno à sociedade quanto aos atuais desafios atuais relacionados ao agravo.

Na mesa de abertura do evento, a diretora do IOC destacou a relevância de incorporar o encontro às comemorações do 80º aniversário do PAPED, aproximando pesquisadores e estudantes da história do enfrentamento da doença de Chagas.

“Trazer a comunidade científica que trabalha com doença de Chagas para celebrar esse momento aqui é muito simbólico. A maioria de nós nunca esteve no Posto ou em Bambuí. E nos emocionamos bastante durante a visita”, declarou.

Tania ainda enfatizou o engajamento da Prefeitura de Bambuí e de instituições de ensino da região, expressando a importância da cooperação para o enfrentamento da doença de Chagas, que atinge principalmente populações negligenciadas. 

“Ciência se faz no dia a dia, mas também com resgate histórico e com o compromisso dos gestores locais de educação, saúde, desenvolvimento social e economia, para que possamos construir vidas um pouco melhores para pessoas afetadas pela doença de Chagas”, pontuou.

Confira o discurso na íntegra:

Homenagens

No decorrer das celebrações, o Instituto Oswaldo Cruz foi reconhecido pelas contribuições na história do PAPED.

Além disso, pesquisadores do Instituto também foram homenageados pelo Fio-Chagas em virtude dos trabalhos prestados no combate à doença de Chagas. Foram eles:

:: Ângela Cristina Verissimo Junqueira, Laboratório de Doenças Parasitárias;
:: Joseli Lannes Vieira, Laboratório de Biologia das Interações;
:: José Jurberg, pesquisador aposentado;
:: Maria de Nazaré Correia Soeiro, chefe do Laboratório de Biologia Celular;
:: Tania Araujo-Jorge, diretoria do IOC e pesquisadora do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos.

Entre os homenageados na celebração dos 80 anos de Bambuí e durante o 20º Encontro Fio-Chagas, estava o pesquisador Rodrigo Correa, que faleceu poucos dias após o evento, em 27 de outubro. Rodrigo desempenhou papéis significativos como diretor do IRR e vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fundação. Com larga carreira científica, o cientista sempre atuou de forma parceira com o IOC. O Instituto se solidariza com amigos e familiares. 

Atividades paralelas

Também integraram a programação versões adaptadas de duas atividades promovidas pelo IOC sobre a doença de Chagas.

A exposição de ciência e arte “Expresso Chagas 21” pôs em foco questões relacionadas ao agravo. Os vagões temáticos abordaram temas como organizações que apoiam portadores da doença, atividades lúdicas que agregam conhecimento sobre a infecção, cuidados em áreas endêmicas e práticas integrativas complementares em saúde.

Já os painéis da exposição “A doença de Chagas: da pré-história à atualidade”, apontaram que, apesar de ter sido descoberta em 1909, a doença de Chagas acompanha a humanidade há milhares de anos.

A partir de estudos com múmias latino-americanas (as mais antigas da humanidade), a iniciativa é uma parceria entre Universidad Mayor de San Simon (Bolívia), Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC e Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz).

A pós-doutoranda Rita Machado apresenta a exposição “A doença de Chagas: da pré-história à atualidade” para estudantes da região de Bambuí. Foto: Acervo pessoal

O PAPED

A criação do Centro de Estudos e Profilaxia da Moléstia de Chagas (CEPMC) data de 1943, após o cientista Amilcar Vianna Martins, vinculado ao Instituto Ezequiel Dias (em Belo Horizonte), solicitar apoio ao Instituto Oswaldo Cruz para investigar casos suspeitos da doença de Chagas em Bambuí, no centro-oeste mineiro. 

Sob a direção de Emmanuel Dias, pesquisador e especialista no agravo, o CEPMC encontrou um grande desafio na cidade: aproximadamente 45% das crianças abaixo dos 10 anos estavam infectadas e várias localidades estavam com infestação domiciliar de barbeiros (como os triatomíneos são conhecidos popularmente) maior que 90%.

Sendo assim, foi iniciado um vasto trabalho de combate aos focos da doença, de prevenção de novos casos e estudos clínicos que buscaram compreender os aspectos crônicos da patologia.

Em 1963, após o falecimento de Emmanuel Dias, seu filho, João Carlos Pinto Dias, assumiu a direção do CEPMC. Além de prosseguir com os trabalhos que já eram realizados na região, foram iniciadas novas pesquisas, com o aprofundamento de estudos clínicos; testagem de inseticidas contra os barbeiros; e promoção de um programa de vigilância epidemiológica com participação comunitária. Devido ao sucesso, esta campanha foi replicada em outras localidades no Brasil e serviu de modelo para países da América Latina.

Registro histórico da fachada do PAPED. Foto: Acervo Casa de Oswaldo Cruz

Em 1970, com a criação da Fundação Oswaldo Cruz, o CEPMC passou a ser administrado pelo Instituto de Pesquisas René Rachou e, posteriormente, rebatizado como Posto Avançado de Pesquisas Emmanuel Dias (PAPED), em homenagem ao cientista que dedicou sua vida às pesquisas e ações de saúde pública ali desenvolvidas.

O PAPED desempenhou papel crucial no “Projeto Bambuí”, um estudo de longo prazo sobre a saúde dos idosos da cidade de Bambuí, com início em 1997, sob a coordenação do IRR. A pesquisa investigou a incidência e os fatores determinantes de eventos de saúde na população idosa, resultando em diversas publicações e servindo como base para futuras iniciativas sobre a saúde dos idosos em todo o país.

Nos últimos anos, em colaboração com a Prefeitura de Bambuí, o PAPED também executou um projeto que envolveu a coleta de dados sobre as condições de saúde da cidade, a implementação de um programa de capacitação de profissionais locais no campo das doenças infecciosas e parasitárias, e a colaboração na formulação de políticas de saúde destinadas ao município.

Edição: 
Vinicius Ferreira

* Com informações do Instituto René Rachou e do livro “História e Ciência: Instituto René Rachou”

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)