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Aedes infectado vive menos

Estudo pioneiro mostra que fêmeas do mosquito transmissor da dengue vivem menos quando estão infectadas pelo vírus. Investigação ainda observou ligeira queda na postura de ovos
Por Jornalismo IOC11/10/2011 - Atualizado em 10/12/2019

Qual é o impacto da infecção pelo vírus da dengue em alguns aspectos da biologia e do comportamento do Aedes aegypti? A pergunta foi o ponto de partida para um estudo pioneiro desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) que comparou aspectos da longevidade e da fecundidade de fêmeas infectadas e não infectadas com o vírus da dengue. Os resultados mostraram que as fêmeas infectadas viveram em média 15 dias a menos do que as não infectadas e apresentaram queda no número de ovos colocados a partir da terceira postura.

Gutemberg Brito

 

Segundo Ricardo Lourenço, a redução do tempo de vida médio do A. aegypti infectado pode estar ligada ao esforço que o mosquito precisa fazer para se defender do vírus em seu organismo


A investigação, publicada como artigo na edição de agosto da revista científica Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, reforça uma abordagem recente dos estudos na área, que passa a considerar os efeitos acarretados pelo vírus no organismo do A. aegypti e sua interferência no ciclo de transmissão.

“Observamos 500 mosquitos fêmeas e percebemos que, quando infectadas, a média de vida foi de 23 dias, contra 42 das não infectadas. Também constatamos que a quantidade de ovos colocados a partir da terceira postura diminuiu” explica o pesquisador Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC e co-autor do estudo. “A hipótese para explicar esta observação é a de que o gasto desprendido pelo mosquito para se defender do vírus em seu corpo comprometa sua produção de ovos e outros aspectos de sua biologia e comportamento”, complementa.  O estudo optou por observar fêmeas do A. aegypti porque apenas elas realizam alimentação com sangue, atuando portanto na transmissão da dengue.

Segundo Lourenço, o estudo reforça uma nova perspectiva das pesquisas na área. “Se verificarmos a trajetória dos estudos sobre os vetores da dengue, veremos que dez anos atrás os pesquisadores achavam que o vírus não alterava a vida do mosquito, uma vez que a quase totalidade dos mosquitos infectados em laboratório durava os 14 dias de incubação tradicionalmente aguardados para que o vírus se dissemine até a cabeça e glândulas salivares do inseto. Em nosso estudo, conseguimos observar os mosquitos ao longo de várias semanas. Com isso, vimos que a infecção no mosquito pode interferir na sua vida e, por conseguinte, no ciclo de transmissão da dengue”,  dispara o especialista.

O biólogo Rafael Freitas, do mesmo Laboratório, explica que duas populações diferentes de A. aegypti foram analisadas durante a investigação. “Para que fosse possível aproximar nossos resultados do que acontece na natureza com os mosquitos infectados, acompanhamos uma população criada em laboratório, sensível e susceptível ao vírus, e outra de campo, coletada no bairro do Caju, no Rio de Janeiro. Constatamos diferenças entre as populações, mas, na média geral, as fêmeas infectadas tiveram uma longevidade menor”, afirmou o pesquisador. “Em relação à postura de ovos, observamos que na primeira postura houve 95% de sucesso  e já na quinta, 75%”, concluiu.

“A maior disponibilidade de dados publicados na literatura científica sobre infecções experimentais com o dengue tipo 2  fez com que  fosse esse o sorotipo do vírus escolhido para a pesquisa”, justifica Rafael. O próximo passo da pesquisa é a investigação do efeito da infecção pelo vírus sobre os hábitos alimentares do vetor. “Queremos saber se a infecção causa alguma alteração relacionada à picada do mosquito”, finaliza o pesquisador. 

Renata Fontoura

10/10/2011

Estudo pioneiro mostra que fêmeas do mosquito transmissor da dengue vivem menos quando estão infectadas pelo vírus. Investigação ainda observou ligeira queda na postura de ovos
Por: 
jornalismo

Qual é o impacto da infecção pelo vírus da dengue em alguns aspectos da biologia e do comportamento do Aedes aegypti? A pergunta foi o ponto de partida para um estudo pioneiro desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) que comparou aspectos da longevidade e da fecundidade de fêmeas infectadas e não infectadas com o vírus da dengue. Os resultados mostraram que as fêmeas infectadas viveram em média 15 dias a menos do que as não infectadas e apresentaram queda no número de ovos colocados a partir da terceira postura.

Gutemberg Brito

 

Segundo Ricardo Lourenço, a redução do tempo de vida médio do A. aegypti infectado pode estar ligada ao esforço que o mosquito precisa fazer para se defender do vírus em seu organismo



A investigação, publicada como artigo na edição de agosto da revista científica Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, reforça uma abordagem recente dos estudos na área, que passa a considerar os efeitos acarretados pelo vírus no organismo do A. aegypti e sua interferência no ciclo de transmissão.

“Observamos 500 mosquitos fêmeas e percebemos que, quando infectadas, a média de vida foi de 23 dias, contra 42 das não infectadas. Também constatamos que a quantidade de ovos colocados a partir da terceira postura diminuiu” explica o pesquisador Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC e co-autor do estudo. “A hipótese para explicar esta observação é a de que o gasto desprendido pelo mosquito para se defender do vírus em seu corpo comprometa sua produção de ovos e outros aspectos de sua biologia e comportamento”, complementa.  O estudo optou por observar fêmeas do A. aegypti porque apenas elas realizam alimentação com sangue, atuando portanto na transmissão da dengue.

Segundo Lourenço, o estudo reforça uma nova perspectiva das pesquisas na área. “Se verificarmos a trajetória dos estudos sobre os vetores da dengue, veremos que dez anos atrás os pesquisadores achavam que o vírus não alterava a vida do mosquito, uma vez que a quase totalidade dos mosquitos infectados em laboratório durava os 14 dias de incubação tradicionalmente aguardados para que o vírus se dissemine até a cabeça e glândulas salivares do inseto. Em nosso estudo, conseguimos observar os mosquitos ao longo de várias semanas. Com isso, vimos que a infecção no mosquito pode interferir na sua vida e, por conseguinte, no ciclo de transmissão da dengue”,  dispara o especialista.

O biólogo Rafael Freitas, do mesmo Laboratório, explica que duas populações diferentes de A. aegypti foram analisadas durante a investigação. “Para que fosse possível aproximar nossos resultados do que acontece na natureza com os mosquitos infectados, acompanhamos uma população criada em laboratório, sensível e susceptível ao vírus, e outra de campo, coletada no bairro do Caju, no Rio de Janeiro. Constatamos diferenças entre as populações, mas, na média geral, as fêmeas infectadas tiveram uma longevidade menor”, afirmou o pesquisador. “Em relação à postura de ovos, observamos que na primeira postura houve 95% de sucesso  e já na quinta, 75%”, concluiu.

“A maior disponibilidade de dados publicados na literatura científica sobre infecções experimentais com o dengue tipo 2  fez com que  fosse esse o sorotipo do vírus escolhido para a pesquisa”, justifica Rafael. O próximo passo da pesquisa é a investigação do efeito da infecção pelo vírus sobre os hábitos alimentares do vetor. “Queremos saber se a infecção causa alguma alteração relacionada à picada do mosquito”, finaliza o pesquisador. 

Renata Fontoura

10/10/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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