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Ainda inovador, 15 anos depois

Solenidade destaca impactos do Seminário Laveran & Deane Sobre Malária, que completa 15 edições promovendo a interação entre diferentes gerações de cientistas
Por Jornalismo IOC17/09/2010 - Atualizado em 04/10/2022

Desde 1995, mais de 200 estudantes de pós-graduação que desenvolveram seus estudos em malária tiveram uma experiência pouco usual: ganhar a contribuição de notáveis cientistas da área de malariologia em uma maratona de quatro dias de apresentações, avaliações e debates.

O Seminário Laveran e Deane, promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), completa 15 anos em 2010 permanecendo inovador em seu formato, que promove a interação entre estudantes e cientistas sêniores.

O evento tem vários números relevantes - por exemplo, desde o primeiro, realizado em junho de 1995 com a participação de nove estudantes e cinco professores, até o mais recente, que conta com 15 estudantes e 15 professores, a iniciativa já contabiliza 445 participações.

No entanto, talvez nenhum outro número traduza tão bem o impacto do encontro quanto a constatação de que 80% dos estudantes que passaram pelo Laveran e Deane continuam a atuar cientificamente no campo da malária.

Além disso, entre seus egressos, o seminário conta com a participação de um diretor de projetos do NIH (o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos), de pelo menos um secretário estadual de Saúde e de coordenadores de grupo de pesquisa e professores titulares de universidades e centros de pesquisa.

A iniciativa já contabiliza 445 participações de jovens e veteranos pesquisadores. A edição de 2010 contou com 15 estudantes e 15 professores, que puderem trocar conhecimentos e experiências durante quatro dias de evento. Foto: Gutemberg Brito

Desde 1995

O nome por trás do evento é Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisas em Malária do IOC, que atua como referência para a doença nas regiões extra-amazônicas. Ele contou que tudo teve início com um convite do pesquisador Pierre Ambroise-Thomas para que integrasse o Conselho Científico da Fundação Internacional Laveran, sediada na França. A Fundação realizava seminários rotineiros para apoiar programas de pós-graduação.

Com esse exemplo, Cláudio criou a dinâmica que daria o tom da iniciativa brasileira: promover um ambiente de interação entre estudantes de pós-graduação, de forma a permitir que seus projetos de pesquisa em malária sejam analisados por cientistas experientes, que opinam e colaboram com os jovens.

Gutemberg Brito
Coordenador do evento, Cláudio ressaltou o foco no estudante como diferencial. Foto: Gutemberg Brito

Cláudio mencionou a dinâmica ímpar do modelo que foi inaugurado no Brasil inspirado no evento francês. "É uma iniciativa voltada para os alunos. Após a conferência de importantes especialistas sobre variados temas da área, os estudantes apresentam seus projetos, enfatizou o pesquisador. Instituímos a figura do aluno-iniciador, que é encarregado de ler o projeto de um colega e iniciar o debate logo após a apresentação oral. Os sêniores permanecem em silêncio até que os estudantes se manifestem com seus comentários ou questões", ressaltou Cláudio.

Além das conferências, apresentações e debates, são formados grupos de alunos e professores que se reúnem alternadamente. Das discussões são gerados relatórios sobre os projetos apresentados, que são encaminhados a cada aluno.

O coordenador do evento destacou também a relevância de incluir entre o corpo de docentes que participam do Laveran e Deane a presença de professores de diferentes abordagens (imunologistas, epidemiologistas, entre muitos outros), além dos que não são especialistas em malária.

"As questões que suscitam nos malariologistas velhos paradigmas, podem ganhar novos ângulos, enriquecedores, a partir da visão de um colega de outra área", avaliou.

Rito de passagem

O pesquisador Marcelo Hommel, editor do Malaria Journal, revista científica inglesa de grande prestígio sobre o tema, participou do evento pela primeira vez na edição de 2010, integrando o corpo de professores, e aprovou a experiência.

"Nesta minha primeira participação no seminário, constatei que esta receita que funciona há 15 anos realmente dá certo, comentou. O especialista destacou a programação muito intensa do evento, que começa às 8h da manhã, com apresentações e debates, seguindo até a noite. Fiquei impressionado de ver que os alunos vêm de todas as partes do Brasil. Os estudantes têm interesses de pesquisa muito diferentes, cobrindo temáticas em epidemiologia, imunologia, entomologia, estudos sobre medicamentos e vacinas, entre outros, o que gera uma mistura de fato interessante", ressaltou.

Gutemberg Brito
Os convidados da solenidade destacaram a importância da iniciativa, que promove a interação entre estudantes e cientistas sêniores. Foto: Gutemberg Brito

Hommel destacou que a dinâmica de interação entre grupos de alunos e professores e a própria existência de 'aluno iniciadores' estimulam a colaboração entre estudantes de diferentes abordagens.

"Isso funciona muito bem, porque força as pessoas a pensar e opinar sobre temas nos quais comumente não pensariam, afirmou, acrescentando que o evento corre num clima de respeito muito grande entre alunos e professores. Definitivamente, participar do seminário é um rito de passagem para que o aluno se torne membro da comunidade científica brasileira dedicada à malária", finalizou.

Foco no aluno

Com participações em nove dos 15 seminários já realizados, o pesquisador do Laboratório de Transmissores de Hematozoários e editor da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Ricardo Lourenço, reforçou a importância da troca de experiências gerada pela iniciativa e sua contribuição para a capacitação.

"Ganhamos o privilégio de conhecer o trabalho desenvolvido por grupos de regiões mais distantes, é uma experiência muito produtiva. Além disso, a escolha do patrono brasileiro do evento foi muito sábia. Além de malariologista, Leonidas Deane tinha uma preocupação muito grande com a formação dos alunos", disparou.

Contribuições para o Programa Nacional de Controle da Malária

O coordenador do Programa Nacional de Controle da Malária, José Lázaro Brito Ladislau, traçou um panorama histórico da doença no país e apresentou os avanços conquistados.

"Em dez anos, houve redução de 50% no número de casos registrados e de 80% na quantidade de internações e óbitos ocorridos por malária. Este resultado é fruto da parceria com órgãos de pesquisa. O Laveran e Deane e o Congresso de Medicina Tropical são duas iniciativas que já constam na rotina do Programa e contribuem muito para o direcionamento das ações realizadas", concluiu.

A exposição 15 anos do Seminário Laveran e Deane foi inaugurada durante o evento. Foto: Gutemberg Brito

Durante a solenidade, a diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, apontou o seminário como um modelo para outras disciplinas.

"Há 15 anos, o Instituto é brindado com esta experiência, que além de unir alunos e grandes especialistas, estreita a relação da pesquisa com os órgãos de controle. Espero que a iniciativa possa contagiar outros campos. O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, também participou do evento. O tema da malária continua sendo central para a saúde pública brasileira e sempre presente na trajetória da Fundação", pontuou.

Durante o evento, foi inaugurada a exposição 15 anos do Seminário Laveran e Deane, que retrata a história do seminário em paineis e vitrines.

Solenidade destaca impactos do Seminário Laveran & Deane Sobre Malária, que completa 15 edições promovendo a interação entre diferentes gerações de cientistas
Por: 
jornalismo

Desde 1995, mais de 200 estudantes de pós-graduação que desenvolveram seus estudos em malária tiveram uma experiência pouco usual: ganhar a contribuição de notáveis cientistas da área de malariologia em uma maratona de quatro dias de apresentações, avaliações e debates.

O Seminário Laveran e Deane, promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), completa 15 anos em 2010 permanecendo inovador em seu formato, que promove a interação entre estudantes e cientistas sêniores.

O evento tem vários números relevantes - por exemplo, desde o primeiro, realizado em junho de 1995 com a participação de nove estudantes e cinco professores, até o mais recente, que conta com 15 estudantes e 15 professores, a iniciativa já contabiliza 445 participações.

No entanto, talvez nenhum outro número traduza tão bem o impacto do encontro quanto a constatação de que 80% dos estudantes que passaram pelo Laveran e Deane continuam a atuar cientificamente no campo da malária.

Além disso, entre seus egressos, o seminário conta com a participação de um diretor de projetos do NIH (o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos), de pelo menos um secretário estadual de Saúde e de coordenadores de grupo de pesquisa e professores titulares de universidades e centros de pesquisa.

A iniciativa já contabiliza 445 participações de jovens e veteranos pesquisadores. A edição de 2010 contou com 15 estudantes e 15 professores, que puderem trocar conhecimentos e experiências durante quatro dias de evento. Foto: Gutemberg Brito

Desde 1995

O nome por trás do evento é Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisas em Malária do IOC, que atua como referência para a doença nas regiões extra-amazônicas. Ele contou que tudo teve início com um convite do pesquisador Pierre Ambroise-Thomas para que integrasse o Conselho Científico da Fundação Internacional Laveran, sediada na França. A Fundação realizava seminários rotineiros para apoiar programas de pós-graduação.

Com esse exemplo, Cláudio criou a dinâmica que daria o tom da iniciativa brasileira: promover um ambiente de interação entre estudantes de pós-graduação, de forma a permitir que seus projetos de pesquisa em malária sejam analisados por cientistas experientes, que opinam e colaboram com os jovens.

Gutemberg Brito
Coordenador do evento, Cláudio ressaltou o foco no estudante como diferencial. Foto: Gutemberg Brito

Cláudio mencionou a dinâmica ímpar do modelo que foi inaugurado no Brasil inspirado no evento francês. "É uma iniciativa voltada para os alunos. Após a conferência de importantes especialistas sobre variados temas da área, os estudantes apresentam seus projetos, enfatizou o pesquisador. Instituímos a figura do aluno-iniciador, que é encarregado de ler o projeto de um colega e iniciar o debate logo após a apresentação oral. Os sêniores permanecem em silêncio até que os estudantes se manifestem com seus comentários ou questões", ressaltou Cláudio.

Além das conferências, apresentações e debates, são formados grupos de alunos e professores que se reúnem alternadamente. Das discussões são gerados relatórios sobre os projetos apresentados, que são encaminhados a cada aluno.

O coordenador do evento destacou também a relevância de incluir entre o corpo de docentes que participam do Laveran e Deane a presença de professores de diferentes abordagens (imunologistas, epidemiologistas, entre muitos outros), além dos que não são especialistas em malária.

"As questões que suscitam nos malariologistas velhos paradigmas, podem ganhar novos ângulos, enriquecedores, a partir da visão de um colega de outra área", avaliou.

Rito de passagem

O pesquisador Marcelo Hommel, editor do Malaria Journal, revista científica inglesa de grande prestígio sobre o tema, participou do evento pela primeira vez na edição de 2010, integrando o corpo de professores, e aprovou a experiência.

"Nesta minha primeira participação no seminário, constatei que esta receita que funciona há 15 anos realmente dá certo, comentou. O especialista destacou a programação muito intensa do evento, que começa às 8h da manhã, com apresentações e debates, seguindo até a noite. Fiquei impressionado de ver que os alunos vêm de todas as partes do Brasil. Os estudantes têm interesses de pesquisa muito diferentes, cobrindo temáticas em epidemiologia, imunologia, entomologia, estudos sobre medicamentos e vacinas, entre outros, o que gera uma mistura de fato interessante", ressaltou.

Gutemberg Brito
Os convidados da solenidade destacaram a importância da iniciativa, que promove a interação entre estudantes e cientistas sêniores. Foto: Gutemberg Brito

Hommel destacou que a dinâmica de interação entre grupos de alunos e professores e a própria existência de 'aluno iniciadores' estimulam a colaboração entre estudantes de diferentes abordagens.

"Isso funciona muito bem, porque força as pessoas a pensar e opinar sobre temas nos quais comumente não pensariam, afirmou, acrescentando que o evento corre num clima de respeito muito grande entre alunos e professores. Definitivamente, participar do seminário é um rito de passagem para que o aluno se torne membro da comunidade científica brasileira dedicada à malária", finalizou.

Foco no aluno

Com participações em nove dos 15 seminários já realizados, o pesquisador do Laboratório de Transmissores de Hematozoários e editor da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Ricardo Lourenço, reforçou a importância da troca de experiências gerada pela iniciativa e sua contribuição para a capacitação.

"Ganhamos o privilégio de conhecer o trabalho desenvolvido por grupos de regiões mais distantes, é uma experiência muito produtiva. Além disso, a escolha do patrono brasileiro do evento foi muito sábia. Além de malariologista, Leonidas Deane tinha uma preocupação muito grande com a formação dos alunos", disparou.

Contribuições para o Programa Nacional de Controle da Malária

O coordenador do Programa Nacional de Controle da Malária, José Lázaro Brito Ladislau, traçou um panorama histórico da doença no país e apresentou os avanços conquistados.

"Em dez anos, houve redução de 50% no número de casos registrados e de 80% na quantidade de internações e óbitos ocorridos por malária. Este resultado é fruto da parceria com órgãos de pesquisa. O Laveran e Deane e o Congresso de Medicina Tropical são duas iniciativas que já constam na rotina do Programa e contribuem muito para o direcionamento das ações realizadas", concluiu.

A exposição 15 anos do Seminário Laveran e Deane foi inaugurada durante o evento. Foto: Gutemberg Brito

Durante a solenidade, a diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, apontou o seminário como um modelo para outras disciplinas.

"Há 15 anos, o Instituto é brindado com esta experiência, que além de unir alunos e grandes especialistas, estreita a relação da pesquisa com os órgãos de controle. Espero que a iniciativa possa contagiar outros campos. O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, também participou do evento. O tema da malária continua sendo central para a saúde pública brasileira e sempre presente na trajetória da Fundação", pontuou.

Durante o evento, foi inaugurada a exposição 15 anos do Seminário Laveran e Deane, que retrata a história do seminário em paineis e vitrines.

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)