Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.
Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Ciência que se faz em conjunto

Ciência que se faz em conjunto

Instituto recebe famílias de crianças com síndrome de Down para realizar devolutiva de pesquisa sobre resposta imunológica à vacinação
Por Yuri Neri e Vinicius Ferreira09/12/2025 - Atualizado em 15/12/2025
Mães, pais, avós, amigos e outros familiares: encontro reuniu mais de 80 pessoas na Fiocruz. Foto: Rudson Amorim

Um sábado pra ficar guardado na memória. Cerca de 40 famílias de crianças com síndrome de Down visitaram a Fiocruz, muitas pela primeira vez, no último sábado (06/12).  

Além de conhecerem o tradicional Castelo Mourisco e outros atrativos da Fundação, elas participaram de uma roda de conversa especial com pesquisadores do Laboratório das Interações Vírus-Hospedeiros do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). 

O encontro, apoiado pela Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, teve como objetivo apresentar, de forma acessível e acolhedora, resultados de pesquisas realizadas com amostras de sangue gentilmente doadas pelas famílias ao longo do acompanhamento clínico no Ambulatório Multidisciplinar de Síndrome de Down (AmbDown) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ), parceiro do estudo. 

“Considerando a maior gravidade às infecções em pessoas com síndrome de Down, torna-se essencial compreender as particularidades da resposta imunológica à vacinação nesse público. Sem a participação dos responsáveis e das crianças não seria possível realizar a pesquisa. Esse estudo é feito para eles e com eles”, salientou a coordenadora da investigação e pesquisadora do Laboratório das Interações Vírus-Hospedeiros do IOC, Luzia Maria de Oliveira Pinto. 

No AmbDown são realizados diversos atendimentos e serviços, dentre eles, a coleta de sangue, que permite à equipe do Laboratório realizar avaliações imunológicas e estudos sobre desenvolvimento, saúde e resposta vacinal. Foi analisada a resposta do organismo em relação aos imunizantes para sarampo, rubéola e febre amarela. 

Os dados mostraram que, no caso da rubéola, embora crianças com síndrome de Down desenvolvam anticorpos com níveis menores comparados às crianças sem alterações genéticas ou infecções congênitas, a positividade foi alta: 91% no grupo com síndrome de Down e 96% entre aqueles que não apresentam alterações genéticas. 

Passeio e trenzinho foi uma das atrações da visitação ao campus da Fiocruz. Foto: Rudson Amorim

Para febre amarela, a proporção foi de 84% contra 83% entre crianças com e sem síndrome de Down, respectivamente. 

Já na vacinação contra sarampo, o índice de positividade foi um pouco mais baixo. Enquanto 56% das crianças com síndrome de Down desenvolveram anticorpos, no grupo de crianças sem alterações genéticas o percentual chegou a 67%. 

Pesquisadora do IOC, Luzia Oliveira apresentou às famílias os resultados das pesquisas. Foto: Rudson Amorim

“O achado reforça a necessidade de acompanhamento contínuo e de atenção especial às campanhas de atualização vacinal”, salientou Luzia. 

Mesmo com a correria do dia a dia, Angel Monique, mãe da pequena Ivy, de 2 anos, faz questão de manter a caderneta de vacinação da filha em dia. 

“Estou sempre em busca de melhora para a qualidade de vida da Ivy e as vacinas ajudam muito nisso. Acreditem na vacinação, elas salvam vidas”, enfatizou Angel, moradora de Niterói. 

Angel Monique e a pequena Ivy após o passeio de trenzinho. Foto: Rudson Amorim

As análises também investigaram como a idade influencia a resposta imunológica nas crianças com síndrome de Down. 

No caso do sarampo, os pequenos, de 2 a 4 anos, apresentaram níveis mais altos de anticorpos do que aquelas entre 5 e 7 anos. Como a vacina do sarampo é aplicada ainda no primeiro ano de vida, essa diferença sugere uma possível redução natural dos anticorpos ao longo dos anos, fenômeno já descrito por outros estudos. 

Para rubéola, no entanto, os níveis de anticorpos permaneceram estáveis nas duas faixas etárias avaliadas, apesar de sarampo e rubéola serem aplicados juntos na mesma vacina (chama de tríplice viral) e no mesmo momento da infância (doses aos 12 e 15 meses). Para febre amarela, também não houve diferenças entre as idades.  

“Nenhuma das crianças avaliadas, especialmente as com síndrome de Down, apresentou eventos adversos relacionados aos imunizantes. Logo, os resultados indicam que as vacinas são seguras para esse público e destacam a importância de monitorar a resposta imunológica ao longo dos anos”, destacou Luzia. 

Mirian e Nataniel em visita ao Castelo da Fiocruz. Foto: Rudson Amorim

Moradora de Campos Elíseos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), Mirian da Silva, mãe do Nataniel, de 3 anos, contou que também está sempre em dia com a vacinação do filho. 

“Sou a favor da vacinação em todos, crianças, jovens e adultos, por conta da imunidade e da saúde. É fundamental para prevenir doenças”, frisou.  

O AmbDown 

Nas consultas periódicas no AmbDown, as crianças recebem atendimentos em genética médica, pediatria, cardiologia pediátrica, nutrição, fisioterapia, fonoaudiologia, endocrinologia, neurologia pediátrica, odontologia, apoio psicológico e serviço social.  

Além do encontro com os cientistas, a roda de conversa foi um momento de integração e acolhimento. Foto: Rudson Amorim

A ambulatório surgiu de uma iniciativa pessoal da médica pediatra e coordenadora, Anna Paula Baumblatt. Mãe do Fernando, de 15 anos, com síndrome de Down, Anna se viu motivada a preencher uma lacuna no atendimento a essas crianças. 

“Juntamente com a médica Raquel Boy, reuni uma equipe multidisciplinar para acolher e atender as famílias de crianças com síndrome de Down. Essa missão é desafiadora. Nenhuma criança com síndrome de Down é igual. O cuidado e o tratamento são individualizados”, explicou. 

“No ambulatório desenvolvemos uma medicina humanizada. Vemos muito além da condição genética dos pacientes. Há todo um suporte e uma conversa com cada paciente e familiar. Realizamos diversos tipos de acompanhamentos”, completou Lara Almeida, graduanda de medicina e estagiária no AmbDown.   

Da esquerda pra direita: Laura, Luna, Anna Paula e Fernando. Foto: Rudson Amorim

A importância da vacinação e a parceria com a Fiocruz para o desenvolvimento de estudos sobre adesão vacinal e resposta imunológica nessa população foram destacados por Anna Paula.  

“Vacinar é um ato de amor, de proteção e promoção de saúde. A partir dessa parceria estamos desenvolvendo um trabalho lindo. É importante que todas as crianças sejam vacinadas. É um privilégio muito grande morarmos em um país em que o sistema de saúde oferece gratuitamente uma variedade de vacinas”, completou. 

Outras ações 

Em 2019, após a epidemia da Síndrome da Zika Congênita, Luzia e seu grupo lideraram um estudo que apontou que cerca de 80% das mães e das crianças infectadas naturalmente pelo Zika adquiriram memória imunológica. A pesquisa também procurou entender como a infecção pelo microrganismo durante a gravidez regulou a resposta imunológica das mães e de seus filhos. 

À época, dezenas de famílias também estiveram na Fiocruz para um encontro com pesquisadores. A ação fez parte de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo IOC em parceria com o Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (HUAP/UFF).

Instituto recebe famílias de crianças com síndrome de Down para realizar devolutiva de pesquisa sobre resposta imunológica à vacinação
Por: 
yuri.neri
viniciusferreira
Mães, pais, avós, amigos e outros familiares: encontro reuniu mais de 80 pessoas na Fiocruz. Foto: Rudson Amorim

Um sábado pra ficar guardado na memória. Cerca de 40 famílias de crianças com síndrome de Down visitaram a Fiocruz, muitas pela primeira vez, no último sábado (06/12).  

Além de conhecerem o tradicional Castelo Mourisco e outros atrativos da Fundação, elas participaram de uma roda de conversa especial com pesquisadores do Laboratório das Interações Vírus-Hospedeiros do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). 

O encontro, apoiado pela Diretoria de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, teve como objetivo apresentar, de forma acessível e acolhedora, resultados de pesquisas realizadas com amostras de sangue gentilmente doadas pelas famílias ao longo do acompanhamento clínico no Ambulatório Multidisciplinar de Síndrome de Down (AmbDown) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE/UERJ), parceiro do estudo. 

“Considerando a maior gravidade às infecções em pessoas com síndrome de Down, torna-se essencial compreender as particularidades da resposta imunológica à vacinação nesse público. Sem a participação dos responsáveis e das crianças não seria possível realizar a pesquisa. Esse estudo é feito para eles e com eles”, salientou a coordenadora da investigação e pesquisadora do Laboratório das Interações Vírus-Hospedeiros do IOC, Luzia Maria de Oliveira Pinto. 

No AmbDown são realizados diversos atendimentos e serviços, dentre eles, a coleta de sangue, que permite à equipe do Laboratório realizar avaliações imunológicas e estudos sobre desenvolvimento, saúde e resposta vacinal. Foi analisada a resposta do organismo em relação aos imunizantes para sarampo, rubéola e febre amarela. 

Os dados mostraram que, no caso da rubéola, embora crianças com síndrome de Down desenvolvam anticorpos com níveis menores comparados às crianças sem alterações genéticas ou infecções congênitas, a positividade foi alta: 91% no grupo com síndrome de Down e 96% entre aqueles que não apresentam alterações genéticas. 

Passeio e trenzinho foi uma das atrações da visitação ao campus da Fiocruz. Foto: Rudson Amorim

Para febre amarela, a proporção foi de 84% contra 83% entre crianças com e sem síndrome de Down, respectivamente. 

Já na vacinação contra sarampo, o índice de positividade foi um pouco mais baixo. Enquanto 56% das crianças com síndrome de Down desenvolveram anticorpos, no grupo de crianças sem alterações genéticas o percentual chegou a 67%. 

Pesquisadora do IOC, Luzia Oliveira apresentou às famílias os resultados das pesquisas. Foto: Rudson Amorim

“O achado reforça a necessidade de acompanhamento contínuo e de atenção especial às campanhas de atualização vacinal”, salientou Luzia. 

Mesmo com a correria do dia a dia, Angel Monique, mãe da pequena Ivy, de 2 anos, faz questão de manter a caderneta de vacinação da filha em dia. 

“Estou sempre em busca de melhora para a qualidade de vida da Ivy e as vacinas ajudam muito nisso. Acreditem na vacinação, elas salvam vidas”, enfatizou Angel, moradora de Niterói. 

Angel Monique e a pequena Ivy após o passeio de trenzinho. Foto: Rudson Amorim

As análises também investigaram como a idade influencia a resposta imunológica nas crianças com síndrome de Down. 

No caso do sarampo, os pequenos, de 2 a 4 anos, apresentaram níveis mais altos de anticorpos do que aquelas entre 5 e 7 anos. Como a vacina do sarampo é aplicada ainda no primeiro ano de vida, essa diferença sugere uma possível redução natural dos anticorpos ao longo dos anos, fenômeno já descrito por outros estudos. 

Para rubéola, no entanto, os níveis de anticorpos permaneceram estáveis nas duas faixas etárias avaliadas, apesar de sarampo e rubéola serem aplicados juntos na mesma vacina (chama de tríplice viral) e no mesmo momento da infância (doses aos 12 e 15 meses). Para febre amarela, também não houve diferenças entre as idades.  

“Nenhuma das crianças avaliadas, especialmente as com síndrome de Down, apresentou eventos adversos relacionados aos imunizantes. Logo, os resultados indicam que as vacinas são seguras para esse público e destacam a importância de monitorar a resposta imunológica ao longo dos anos”, destacou Luzia. 

Mirian e Nataniel em visita ao Castelo da Fiocruz. Foto: Rudson Amorim

Moradora de Campos Elíseos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), Mirian da Silva, mãe do Nataniel, de 3 anos, contou que também está sempre em dia com a vacinação do filho. 

“Sou a favor da vacinação em todos, crianças, jovens e adultos, por conta da imunidade e da saúde. É fundamental para prevenir doenças”, frisou.  

O AmbDown 

Nas consultas periódicas no AmbDown, as crianças recebem atendimentos em genética médica, pediatria, cardiologia pediátrica, nutrição, fisioterapia, fonoaudiologia, endocrinologia, neurologia pediátrica, odontologia, apoio psicológico e serviço social.  

Além do encontro com os cientistas, a roda de conversa foi um momento de integração e acolhimento. Foto: Rudson Amorim

A ambulatório surgiu de uma iniciativa pessoal da médica pediatra e coordenadora, Anna Paula Baumblatt. Mãe do Fernando, de 15 anos, com síndrome de Down, Anna se viu motivada a preencher uma lacuna no atendimento a essas crianças. 

“Juntamente com a médica Raquel Boy, reuni uma equipe multidisciplinar para acolher e atender as famílias de crianças com síndrome de Down. Essa missão é desafiadora. Nenhuma criança com síndrome de Down é igual. O cuidado e o tratamento são individualizados”, explicou. 

“No ambulatório desenvolvemos uma medicina humanizada. Vemos muito além da condição genética dos pacientes. Há todo um suporte e uma conversa com cada paciente e familiar. Realizamos diversos tipos de acompanhamentos”, completou Lara Almeida, graduanda de medicina e estagiária no AmbDown.   

Da esquerda pra direita: Laura, Luna, Anna Paula e Fernando. Foto: Rudson Amorim

A importância da vacinação e a parceria com a Fiocruz para o desenvolvimento de estudos sobre adesão vacinal e resposta imunológica nessa população foram destacados por Anna Paula.  

“Vacinar é um ato de amor, de proteção e promoção de saúde. A partir dessa parceria estamos desenvolvendo um trabalho lindo. É importante que todas as crianças sejam vacinadas. É um privilégio muito grande morarmos em um país em que o sistema de saúde oferece gratuitamente uma variedade de vacinas”, completou. 

Outras ações 

Em 2019, após a epidemia da Síndrome da Zika Congênita, Luzia e seu grupo lideraram um estudo que apontou que cerca de 80% das mães e das crianças infectadas naturalmente pelo Zika adquiriram memória imunológica. A pesquisa também procurou entender como a infecção pelo microrganismo durante a gravidez regulou a resposta imunológica das mães e de seus filhos. 

À época, dezenas de famílias também estiveram na Fiocruz para um encontro com pesquisadores. A ação fez parte de um projeto de pesquisa desenvolvido pelo IOC em parceria com o Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (HUAP/UFF).

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)