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Cinema e ciência: entre epidemia e paranóia

Pesquisadores da Fiocruz, UFRJ, Foundation for Vaccine Research e representantes da Prefeitura do Rio foram convidados para discutir o filme ‘Contágio’ em première para jornalistas. Iniciativa repetiu lançamento feito na Europa
Por Jornalismo IOC28/10/2011 - Atualizado em 10/12/2019

Enquanto a população mundial está sob risco de uma epidemia desconhecida, a comunidade científica busca a identificação de um novo vírus, transmissível pelo ar. Tudo isso em meio a boataria, interesses econômicos e muita paranóia. Esta é a linha narrativa de ‘Contágio’, novo filme do diretor Steven Soderbergh (“Traffic” e “Onze homens e um segredo”), que estreiou no Brasil nesta sexta-feira (28/10). Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC/Fiocruz), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Foundation for Vaccine Research e representante da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC) foram convidados para discutir o longa em pré-estreia para jornalistas. A iniciativa repete a estratégia adotada em Londres e Paris, com a participação da London School of Hygiene e do Instituto Pasteur.

Divulgação

 

O longa ‘Contágio’ foi filmado em vários pontos do mundo, incluindo Hong Kong, Macau, Chicago, Atlanta, San Francisco, Abu Dhabi, Londres e Genebra. O ator Matt Damon é o protagonista.

Não é de hoje que filmes-catátrofe arrastam uma multidão aos cinemas. Na tela, em ‘Contágio’, sentimentos como medo, impotência e pavor se espalham mais rápidos que o próprio vírus. “É interessante notar como a questão do pânico se espalha, como foi abordado no filme. Recentemente, em 2009, vivenciamos dois medos na pandemia de influenza H1N1, que foram: o que o agente infeccioso é capaz de realizar e o que as notícias são capazes de produzir”, pontuou Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo (IOC/Fiocruz), que atua como referência nacional no tema junto ao Ministério da Saúde. Durante a influenza pandêmica, em 2009, o Laboratório teve importante participação, coordenando as atividades de diagnóstico laboratorial de casos.

Boato x realidade

No filme, a epidemia do vírus fictício MEV-1 se espalha rapidamente, chegando a dizimar 26 milhões de vidas. A comunidade médica mundial inicia uma corrida para encontrar a cura, enquanto uma enxurrada de boatarias se dispersa na internet. "Um bom sistema de comunicação dos órgãos públicos tem que ser claro para a sociedade, informando a imprensa corretamente e tendo-a ao nosso lado. A maioria dos boatos tem que ser checados”, afirmou Márcio Garcia, representante da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC).

De acordo com Patricia Brasil, médica-infectologista do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC), as autoridades em saúde têm que ser objetivas. “O ministro da Saúde, nesta última pandemia (H1N1), se colocou muito bem. Ele foi para a TV colocando todas as limitações no enfrentamento ao vírus, os problemas e as dificuldades em logística, deixando bem claro para a população o que estava acontecendo. É preciso haver clareza para ninguém ficar inventando coisas como se fossem verdades”, disse. Mauro Schechter, professor titular de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina da UFRJ e representante da Foundation for Vaccine Research, afirmou que o que falta é educação. “Porém, mesmo com educação, você vê que passados 30 anos da descoberta da Aids a população ainda acredita que o HIV não se transmite de mulher para homem”, contrapôs.

“A comunicação é um setor difícil de lidar e extremamente importante no momento de uma epidemia ou pandemia. Por exemplo, o plano brasileiro de contenção de pandemia de influenza tem como um dos itens fundamentais a comunicação. É fundamental definir quem comunica o quê. Em qualquer plano de contenção de pandemia existe uma hierarquia”, reitera Marilda Siqueira.

Foto: Peter Ilicciev

 

  A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo, Marilda Siqueira, participou do debate comentando a experiência durante a influenza pandêmica, em 2009.

Caso índice

Sobre o processo de uma investigação de qualquer doença, a virologista afirmou a importância de se localizar o caso índice. “Há uma preocupação muito grande em se encontrar a origem do vírus, até mesmo para entendermos o espalhamento dele e dar respostas à população de onde ele vem, se é um caso nacional ou importado”, destacou.

Segundo Marilda, vacinas para vírus que mutam com frequência, como o da gripe, necessitam de constante adaptação e produção. “No caso do vírus Influenza, existe uma rede de laboratórios global, coordenada pela Organização Mundial da Saúde, que coleta materiais clínicos de unidades sentinelas. A cada amostra positiva, fazemos análise genética e antigênica para verificar a evolução do vírus”. Para ela, se for um agente novo, qualquer dúvida deve ser esclarecida entre os laboratórios de médio e grande porte. “A troca de informações é crucial para poder se chegar à identificação do agente”, pontuou.

João Paulo Soldati

28/10/2011


Pesquisadores da Fiocruz, UFRJ, Foundation for Vaccine Research e representantes da Prefeitura do Rio foram convidados para discutir o filme ‘Contágio’ em première para jornalistas. Iniciativa repetiu lançamento feito na Europa
Por: 
jornalismo

Enquanto a população mundial está sob risco de uma epidemia desconhecida, a comunidade científica busca a identificação de um novo vírus, transmissível pelo ar. Tudo isso em meio a boataria, interesses econômicos e muita paranóia. Esta é a linha narrativa de ‘Contágio’, novo filme do diretor Steven Soderbergh (“Traffic” e “Onze homens e um segredo”), que estreiou no Brasil nesta sexta-feira (28/10). Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC/Fiocruz), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Foundation for Vaccine Research e representante da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC) foram convidados para discutir o longa em pré-estreia para jornalistas. A iniciativa repete a estratégia adotada em Londres e Paris, com a participação da London School of Hygiene e do Instituto Pasteur.

Divulgação

 

O longa ‘Contágio’ foi filmado em vários pontos do mundo, incluindo Hong Kong, Macau, Chicago, Atlanta, San Francisco, Abu Dhabi, Londres e Genebra. O ator Matt Damon é o protagonista.

Não é de hoje que filmes-catátrofe arrastam uma multidão aos cinemas. Na tela, em ‘Contágio’, sentimentos como medo, impotência e pavor se espalham mais rápidos que o próprio vírus. “É interessante notar como a questão do pânico se espalha, como foi abordado no filme. Recentemente, em 2009, vivenciamos dois medos na pandemia de influenza H1N1, que foram: o que o agente infeccioso é capaz de realizar e o que as notícias são capazes de produzir”, pontuou Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo (IOC/Fiocruz), que atua como referência nacional no tema junto ao Ministério da Saúde. Durante a influenza pandêmica, em 2009, o Laboratório teve importante participação, coordenando as atividades de diagnóstico laboratorial de casos.

Boato x realidade

No filme, a epidemia do vírus fictício MEV-1 se espalha rapidamente, chegando a dizimar 26 milhões de vidas. A comunidade médica mundial inicia uma corrida para encontrar a cura, enquanto uma enxurrada de boatarias se dispersa na internet. "Um bom sistema de comunicação dos órgãos públicos tem que ser claro para a sociedade, informando a imprensa corretamente e tendo-a ao nosso lado. A maioria dos boatos tem que ser checados”, afirmou Márcio Garcia, representante da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC).

De acordo com Patricia Brasil, médica-infectologista do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC), as autoridades em saúde têm que ser objetivas. “O ministro da Saúde, nesta última pandemia (H1N1), se colocou muito bem. Ele foi para a TV colocando todas as limitações no enfrentamento ao vírus, os problemas e as dificuldades em logística, deixando bem claro para a população o que estava acontecendo. É preciso haver clareza para ninguém ficar inventando coisas como se fossem verdades”, disse. Mauro Schechter, professor titular de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina da UFRJ e representante da Foundation for Vaccine Research, afirmou que o que falta é educação. “Porém, mesmo com educação, você vê que passados 30 anos da descoberta da Aids a população ainda acredita que o HIV não se transmite de mulher para homem”, contrapôs.

“A comunicação é um setor difícil de lidar e extremamente importante no momento de uma epidemia ou pandemia. Por exemplo, o plano brasileiro de contenção de pandemia de influenza tem como um dos itens fundamentais a comunicação. É fundamental definir quem comunica o quê. Em qualquer plano de contenção de pandemia existe uma hierarquia”, reitera Marilda Siqueira.

Foto: Peter Ilicciev

 

  A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo, Marilda Siqueira, participou do debate comentando a experiência durante a influenza pandêmica, em 2009.

Caso índice

Sobre o processo de uma investigação de qualquer doença, a virologista afirmou a importância de se localizar o caso índice. “Há uma preocupação muito grande em se encontrar a origem do vírus, até mesmo para entendermos o espalhamento dele e dar respostas à população de onde ele vem, se é um caso nacional ou importado”, destacou.



Segundo Marilda, vacinas para vírus que mutam com frequência, como o da gripe, necessitam de constante adaptação e produção. “No caso do vírus Influenza, existe uma rede de laboratórios global, coordenada pela Organização Mundial da Saúde, que coleta materiais clínicos de unidades sentinelas. A cada amostra positiva, fazemos análise genética e antigênica para verificar a evolução do vírus”. Para ela, se for um agente novo, qualquer dúvida deve ser esclarecida entre os laboratórios de médio e grande porte. “A troca de informações é crucial para poder se chegar à identificação do agente”, pontuou.

João Paulo Soldati

28/10/2011



Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)