Simpósio que comemorou 25 anos de parceria entre a Fiocruz e o Inserm traçou caminhos para a cooperação franco-brasileira na área
Após 25 anos de colaboração científica bem-sucedida em diversos temas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Saúde e Ciências Médicas da França (Inserm, na sigla em francês) planejam aprofundar sua parceria no campo da neurociência. Realizado para celebrar o jubileu de prata da cooperação, o Simpósio Fiocruz-Inserm: Foco em Neurociência apontou temas de interesse das duas instituições que podem ser explorados em projetos futuros. O encontro reuniu 120 pesquisadores e estudantes, no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro, nos dias 9 e 10 de dezembro. Além de palestras sobre estudos em andamento no Brasil e na França, o evento contou com uma reunião para traçar um plano estratégico para os próximos cinco anos.
Foto: Gutemberg Brito
Na abertura do evento, diretor do IOC ressaltou a importância da neurociência para o enfrentamento de problemas de saúde pública
De acordo com o organizador do seminário e diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Wilson Savino, entre as ações previstas para 2016 estão a criação de, pelo menos, um novo Laboratório Internacional Associado Fiocruz-Inserm e a realização de cursos internacionais de curta duração. Já para 2017, é esperada a abertura de edital do Inserm, na França, para contratação de jovens pesquisadores que atuarão em laboratórios da Fiocruz. Um dos coordenadores do Programa Fiocruz de Neurociência (FioNeuro), Savino destacou a importância da parceria para o projeto de criação de um futuro Instituto de Neurociência da Fiocruz. A colaboração do Inserm vai contribuir para a construção de um núcleo de neurociência na Fiocruz. Pelo alto comparecimento ao Simpósio, vemos que há um real interesse de pesquisadores e estudantes por esta área, que é essencial para o Brasil, afirmou ele.
A importância das doenças neurológicas e psiquiátricas no país foi ressaltada pelo presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. Segundo ele, a depressão já é a doença que mais provoca perda de atividade entre mulheres e, em 20 anos, a doença de Alzheimer deve ser a principal causa de morte na região Sul do país. Neste momento, uma das nossas prioridades é a neurociência e contamos com a colaboração do Inserm, com o qual temos fortes laços há 25 anos. Essa área representa uma fronteira científica e tem alto impacto em saúde pública. A Fiocruz está avançando no campo de doenças não infecciosas para responder às demandas do país, disse Gadelha.
Foto: Gutemberg Brito
O líder da delegação francesa destacou o interesse dos pesquisadores do Inserm na parceria com os cientistas da Fiocruz
Líder da delegação francesa no evento, o coordenador do Instituto Temático Multiorganismo em Neurociência da França, Etienne Hirsch, enfatizou o histórico de parceria entre o Inserm e a Fiocruz e o potencial de complementaridade nos estudos em neurociência. Nosso objetivo é reforçar a colaboração entre o Inserm e a Fiocruz. Neste Simpósio, todas as apresentações e discussões científicas foram de alta qualidade e pudemos identificar áreas de interesse para cooperação, desde a pesquisa sobre neurociência celular e molecular até os estudos sobre modelagem computacional e cognição, avaliou.
Segundo a coordenadora do programa FioNeuro, Cecília Hedin Pereira, os temas abordados no Simpósio neurociência celular e molecular; fisiologia dos sistemas sensório e motor; neurociência cognitiva; neurociência computacional; neuroinflamação e doenças neurodegenerativas são estratégicos para o desenvolvimento da neurociência na Fiocruz. Para construir um Instituto de Neurociência queremos avançar em pesquisas básicas e conectar estes estudos aos aspectos clínicos. A cooperação científica é uma das ações para aumentar nossa capacidade técnica e tecnológica nesta área em busca de uma neurociência de primeiro nível, comentou a pesquisadora, que já prevê para 2016 o primeiro Simpósio Fiocruz em Neurociência.
Foto: Gutemberg Brito
Cerca de 120 pesquisadores e estudantes participaram do Simpósio, que contou com discussões científicas e sessão de pôsteres
Da formação do cérebro à neurodegeneração
Problemas no desenvolvimento fetal que podem resultar em malformações cerebrais e contribuir para a ocorrência de doenças psiquiátricas foram abordados na primeira sessão científica do seminário. Em sua apresentação, a coordenadora do FioNeuro destacou o papel da molécula relina, uma proteína que influencia a distribuição de diferentes tipos de neurônios no cérebro. Segundo Cecília, alterações na produção desta molécula por exemplo, causadas por mutações genéticas podem levar ao desarranjo das camadas do córtex cerebral, provocando um tipo de malformação chamado de lisencefalia e quadros de epilepsia, entre outras doenças. Outro problema genético que afeta o desenvolvimento cerebral foi discutido pela pesquisadora Fiona Francis, vice-diretora do Institut du Fer à Moulin. A neurocientista detalhou uma mutação do gene EML1 que afeta as células responsáveis por orientar a migração dos neurônios durante a formação do órgão. Segundo ela, esse problema é associado a casos graves de uma malformação conhecida como heterotopia. Nesses casos, vemos que alguns neurônios não chegam à zona cinzenta do cérebro, permanecendo presos na chamada zona branca, descreveu Fiona.
Foto: Gutemberg Brito
Fiona Francis abordou uma mutação genética que afeta o processo de migração dos neurônios durante a formação do cérebro
Assim como as mutações genéticas, fatores externos podem alterar o desenvolvimento do cérebro, como apontou a pesquisadora Carmem Gottfried, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Um estudo apresentado por ela demonstrou que quadros semelhantes ao autismo observados em modelos animais após a administração de ácido valpróico um medicamento antiepilético que também está associado ao problema em pacientes podem ser prevenidos pelo resveratrol uma substância encontrada na casca e nas sementes de uvas. O resveratrol possui ação antioxidante e anti-inflamatória. Sabemos que ele tem efeito neuroprotetor, mas ainda precisamos investigar como a molécula atuou neste caso, ponderou a pesquisadora. Em outra linha de pesquisa, a cientista Rosa Cossart, do Institut de Neurobiologie de la Mediterranée (Inmed), apresentou trabalhos que apontam para a importância do período inicial da formação do cérebro. Em estudos sobre o hipocampo, área considerada sede da memória, a pesquisadora encontrou indícios de que os primeiros neurônios gerados desempenham um papel central na formação da rede de conexões neuronais e permanecem como os mais ativos também na vida adulta.
Foto: Gutemberg Brito
Para Guillaume Dorothée, o estudo dos processos imunológicos envolvidos na doença de Alzheimer abre portas para novas terapias
Na sessão científica dedicada à neuroinflamação e às doenças neurodegenerativas, pesquisadores destacaram o impacto de processos imunológicos sobre o sistema nervoso central e o potencial de novos tratamentos. A participação da resposta imune na doença de Alzheimer foi detalhada pelo pesquisador Guillaume Dorothée, do Hôpital Saint-Antoine. Segundo ele, dois mecanismos estão envolvidos no agravo: o depósito de uma proteína chamada amilóide-&946; no cérebro e a ativação de células de defesa contra essa proteína. Em modelos animais, foi observado que estimular componentes reguladores do sistema imune pode restaurar funções cognitivas perdidas com a doença. Entender o papel do sistema imunológico no desenvolvimento da doença de Alzheimer pode ajudar a encontrar novas abordagens terapêuticas, declarou o pesquisador. O diretor do Centre de Physiopathologie de Toulouse Purpan, Roland Liblau, explicou que o cérebro é um órgão imunologicamente privilegiado, mas não está a salvo de agressões provocadas por micro-organismos e pelas próprias células de defesa do corpo. Das encefalites infecciosas à esclerose múltipla, é crescente o número de doenças mediadas pela imunidade que atingem o sistema nervoso central, comentou o imunologista, que apresentou estudos sobre o papel de células de defesa no desenvolvimento de quadros de narcolepsia e cataplexia.
Foto: Gutemberg Brito
Wilson Savino e Hugo Caire apresentaram pesquisas sobre processos imunológicos que atingem o sistema nervoso central durante doenças infeciosas
O desenvolvimento de uma síndrome neurológica chamada de paraparesia espástica tropical em pacientes infectados pelo vírus HTLV-1 foi discutido pelo diretor do IOC. Savino explicou que a doença tem uma evolução lenta e afeta apenas uma pequena parte dos pacientes infectados. Estes pacientes apresentam um processo inflamatório crônico, mas os fatores que estimulam a migração dos linfócitos [células de defesa] para o sistema nervoso central ainda não são bem compreendidos, afirmou o imunologista. Na palestra, ele apresentou resultados de testes in vitro, realizados em culturas de células, que indicam que os linfócitos infectados pelo HTLV-1 interagem de forma mais intensa com os astrócitos, podendo levar à morte destas células cerebrais. Já o vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, Hugo Caire de Castro Faria Neto, abordou pesquisas que buscam prevenir o déficit cognitivo causado pela malária cerebral. De acordo com ele, essa forma grave da infecção pelo Plasmodium falciparum é frequentemente letal, e os pacientes que sobrevivem podem apresentar prejuízo da linguagem, memória e atenção. Em estudos com modelos animais, foi observado que a administração do antibiótico minociclina pode contribuir para impedir essas lesões. Esse fármaco não atua contra o P. falciparum, mas tem forte efeito anti-inflamatório. Isso sugere que ao reduzir a neuroinflamação, podemos ter uma forma de proteção contra os danos cognitivos, avaliou Hugo.
Prêmio de melhor pôster
Foto: Gutemberg Brito
O pesquisador Daniel Adesse recebeu o prêmio de melhor poster apresentado no evento
O melhor pôster entre os cerca de 50 trabalhos apresentados durante o Simpósio foi escolhido pelos palestrantes. A premiação foi entregue ao biólogo Daniel Adesse, pesquisador assistente do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC, pela pesquisa relacionada ao desenvolvimento de um modelo de infecção in vitro para o estudo de efeitos da toxoplasmose congênita sobre a neurogênese.Reportagem: Maíra Menezes 17/12/2015
Simpósio que comemorou 25 anos de parceria entre a Fiocruz e o Inserm traçou caminhos para a cooperação franco-brasileira na área
Após 25 anos de colaboração científica bem-sucedida em diversos temas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto de Saúde e Ciências Médicas da França (Inserm, na sigla em francês) planejam aprofundar sua parceria no campo da neurociência. Realizado para celebrar o jubileu de prata da cooperação, o Simpósio Fiocruz-Inserm: Foco em Neurociência apontou temas de interesse das duas instituições que podem ser explorados em projetos futuros. O encontro reuniu 120 pesquisadores e estudantes, no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro, nos dias 9 e 10 de dezembro. Além de palestras sobre estudos em andamento no Brasil e na França, o evento contou com uma reunião para traçar um plano estratégico para os próximos cinco anos.
Foto: Gutemberg Brito
Na abertura do evento, diretor do IOC ressaltou a importância da neurociência para o enfrentamento de problemas de saúde pública
De acordo com o organizador do seminário e diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Wilson Savino, entre as ações previstas para 2016 estão a criação de, pelo menos, um novo Laboratório Internacional Associado Fiocruz-Inserm e a realização de cursos internacionais de curta duração. Já para 2017, é esperada a abertura de edital do Inserm, na França, para contratação de jovens pesquisadores que atuarão em laboratórios da Fiocruz. Um dos coordenadores do Programa Fiocruz de Neurociência (FioNeuro), Savino destacou a importância da parceria para o projeto de criação de um futuro Instituto de Neurociência da Fiocruz. A colaboração do Inserm vai contribuir para a construção de um núcleo de neurociência na Fiocruz. Pelo alto comparecimento ao Simpósio, vemos que há um real interesse de pesquisadores e estudantes por esta área, que é essencial para o Brasil, afirmou ele.
A importância das doenças neurológicas e psiquiátricas no país foi ressaltada pelo presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. Segundo ele, a depressão já é a doença que mais provoca perda de atividade entre mulheres e, em 20 anos, a doença de Alzheimer deve ser a principal causa de morte na região Sul do país. Neste momento, uma das nossas prioridades é a neurociência e contamos com a colaboração do Inserm, com o qual temos fortes laços há 25 anos. Essa área representa uma fronteira científica e tem alto impacto em saúde pública. A Fiocruz está avançando no campo de doenças não infecciosas para responder às demandas do país, disse Gadelha.
Foto: Gutemberg Brito
O líder da delegação francesa destacou o interesse dos pesquisadores do Inserm na parceria com os cientistas da Fiocruz
Líder da delegação francesa no evento, o coordenador do Instituto Temático Multiorganismo em Neurociência da França, Etienne Hirsch, enfatizou o histórico de parceria entre o Inserm e a Fiocruz e o potencial de complementaridade nos estudos em neurociência. Nosso objetivo é reforçar a colaboração entre o Inserm e a Fiocruz. Neste Simpósio, todas as apresentações e discussões científicas foram de alta qualidade e pudemos identificar áreas de interesse para cooperação, desde a pesquisa sobre neurociência celular e molecular até os estudos sobre modelagem computacional e cognição, avaliou.
Segundo a coordenadora do programa FioNeuro, Cecília Hedin Pereira, os temas abordados no Simpósio neurociência celular e molecular; fisiologia dos sistemas sensório e motor; neurociência cognitiva; neurociência computacional; neuroinflamação e doenças neurodegenerativas são estratégicos para o desenvolvimento da neurociência na Fiocruz. Para construir um Instituto de Neurociência queremos avançar em pesquisas básicas e conectar estes estudos aos aspectos clínicos. A cooperação científica é uma das ações para aumentar nossa capacidade técnica e tecnológica nesta área em busca de uma neurociência de primeiro nível, comentou a pesquisadora, que já prevê para 2016 o primeiro Simpósio Fiocruz em Neurociência.
Foto: Gutemberg Brito
Cerca de 120 pesquisadores e estudantes participaram do Simpósio, que contou com discussões científicas e sessão de pôsteres
Da formação do cérebro à neurodegeneração
Problemas no desenvolvimento fetal que podem resultar em malformações cerebrais e contribuir para a ocorrência de doenças psiquiátricas foram abordados na primeira sessão científica do seminário. Em sua apresentação, a coordenadora do FioNeuro destacou o papel da molécula relina, uma proteína que influencia a distribuição de diferentes tipos de neurônios no cérebro. Segundo Cecília, alterações na produção desta molécula por exemplo, causadas por mutações genéticas podem levar ao desarranjo das camadas do córtex cerebral, provocando um tipo de malformação chamado de lisencefalia e quadros de epilepsia, entre outras doenças. Outro problema genético que afeta o desenvolvimento cerebral foi discutido pela pesquisadora Fiona Francis, vice-diretora do Institut du Fer à Moulin. A neurocientista detalhou uma mutação do gene EML1 que afeta as células responsáveis por orientar a migração dos neurônios durante a formação do órgão. Segundo ela, esse problema é associado a casos graves de uma malformação conhecida como heterotopia. Nesses casos, vemos que alguns neurônios não chegam à zona cinzenta do cérebro, permanecendo presos na chamada zona branca, descreveu Fiona.
Foto: Gutemberg Brito
Fiona Francis abordou uma mutação genética que afeta o processo de migração dos neurônios durante a formação do cérebro
Assim como as mutações genéticas, fatores externos podem alterar o desenvolvimento do cérebro, como apontou a pesquisadora Carmem Gottfried, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Um estudo apresentado por ela demonstrou que quadros semelhantes ao autismo observados em modelos animais após a administração de ácido valpróico um medicamento antiepilético que também está associado ao problema em pacientes podem ser prevenidos pelo resveratrol uma substância encontrada na casca e nas sementes de uvas. O resveratrol possui ação antioxidante e anti-inflamatória. Sabemos que ele tem efeito neuroprotetor, mas ainda precisamos investigar como a molécula atuou neste caso, ponderou a pesquisadora. Em outra linha de pesquisa, a cientista Rosa Cossart, do Institut de Neurobiologie de la Mediterranée (Inmed), apresentou trabalhos que apontam para a importância do período inicial da formação do cérebro. Em estudos sobre o hipocampo, área considerada sede da memória, a pesquisadora encontrou indícios de que os primeiros neurônios gerados desempenham um papel central na formação da rede de conexões neuronais e permanecem como os mais ativos também na vida adulta.
Foto: Gutemberg Brito
Para Guillaume Dorothée, o estudo dos processos imunológicos envolvidos na doença de Alzheimer abre portas para novas terapias
Na sessão científica dedicada à neuroinflamação e às doenças neurodegenerativas, pesquisadores destacaram o impacto de processos imunológicos sobre o sistema nervoso central e o potencial de novos tratamentos. A participação da resposta imune na doença de Alzheimer foi detalhada pelo pesquisador Guillaume Dorothée, do Hôpital Saint-Antoine. Segundo ele, dois mecanismos estão envolvidos no agravo: o depósito de uma proteína chamada amilóide-&946; no cérebro e a ativação de células de defesa contra essa proteína. Em modelos animais, foi observado que estimular componentes reguladores do sistema imune pode restaurar funções cognitivas perdidas com a doença. Entender o papel do sistema imunológico no desenvolvimento da doença de Alzheimer pode ajudar a encontrar novas abordagens terapêuticas, declarou o pesquisador. O diretor do Centre de Physiopathologie de Toulouse Purpan, Roland Liblau, explicou que o cérebro é um órgão imunologicamente privilegiado, mas não está a salvo de agressões provocadas por micro-organismos e pelas próprias células de defesa do corpo. Das encefalites infecciosas à esclerose múltipla, é crescente o número de doenças mediadas pela imunidade que atingem o sistema nervoso central, comentou o imunologista, que apresentou estudos sobre o papel de células de defesa no desenvolvimento de quadros de narcolepsia e cataplexia.
Foto: Gutemberg Brito
Wilson Savino e Hugo Caire apresentaram pesquisas sobre processos imunológicos que atingem o sistema nervoso central durante doenças infeciosas
O desenvolvimento de uma síndrome neurológica chamada de paraparesia espástica tropical em pacientes infectados pelo vírus HTLV-1 foi discutido pelo diretor do IOC. Savino explicou que a doença tem uma evolução lenta e afeta apenas uma pequena parte dos pacientes infectados. Estes pacientes apresentam um processo inflamatório crônico, mas os fatores que estimulam a migração dos linfócitos [células de defesa] para o sistema nervoso central ainda não são bem compreendidos, afirmou o imunologista. Na palestra, ele apresentou resultados de testes in vitro, realizados em culturas de células, que indicam que os linfócitos infectados pelo HTLV-1 interagem de forma mais intensa com os astrócitos, podendo levar à morte destas células cerebrais. Já o vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, Hugo Caire de Castro Faria Neto, abordou pesquisas que buscam prevenir o déficit cognitivo causado pela malária cerebral. De acordo com ele, essa forma grave da infecção pelo Plasmodium falciparum é frequentemente letal, e os pacientes que sobrevivem podem apresentar prejuízo da linguagem, memória e atenção. Em estudos com modelos animais, foi observado que a administração do antibiótico minociclina pode contribuir para impedir essas lesões. Esse fármaco não atua contra o P. falciparum, mas tem forte efeito anti-inflamatório. Isso sugere que ao reduzir a neuroinflamação, podemos ter uma forma de proteção contra os danos cognitivos, avaliou Hugo.
Prêmio de melhor pôster
Foto: Gutemberg Brito
O pesquisador Daniel Adesse recebeu o prêmio de melhor poster apresentado no evento
O melhor pôster entre os cerca de 50 trabalhos apresentados durante o Simpósio foi escolhido pelos palestrantes. A premiação foi entregue ao biólogo Daniel Adesse, pesquisador assistente do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC, pela pesquisa relacionada ao desenvolvimento de um modelo de infecção in vitro para o estudo de efeitos da toxoplasmose congênita sobre a neurogênese.
Reportagem: Maíra Menezes
17/12/2015
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)