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Cooperação entre IOC e Japão amplia fronteiras da ciência

Agenda de visitas e treinamentos fortalece a integração com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão
Por Yuri Neri03/10/2025 - Atualizado em 14/10/2025

Até 28 de outubro, sete pesquisadores da Fiocruz cumprem agenda de cooperação científica no Japão, dentre eles, o virologista Felipe Naveca, chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). 

A equipe viajou em 23 de setembro e cumprirá atividades que integram o projeto ‘Findings’, desenvolvido em parceria entre a Fiocruz, o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão (NIID) e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). 

O acordo tem possibilitado que pesquisadores brasileiros participem de treinamentos no Japão, promovendo a transferência de conhecimento e o fortalecimento das capacidades locais.   

A agenda de Naveca no país nipônico inclui visita à empresa de biotecnologia Fujirebio para discutir possibilidades de colaboração; encontros no NIID e na Universidade de Hokkaido e participação no ‘3º Workshop de Pesquisa Colaborativa Brasil-Japão sobre Arboviroses’. 


O imunologista Felipe Naveca, durante apresentação no 3º Workshop de Pesquisa Colaborativa Brasil-Japão sobre Arboviroses. Foto: Acervo pessoal

No NIID, o pesquisador dialoga com a equipe do chefe do Laboratório de Genômica Bacteriana do instituto japonês, Kazuhiro Horiba, em estratégias para fortalecer o monitoramento de patógenos. 

“Esta experiência no Japão tem sido importante para entender como os pesquisadores locais conduzem a vigilância de viroses emergentes usando a estratégia de metagenômica, em um contexto de saúde diferente do brasileiro”, explica. 

Metagenômica é uma técnica que analisa diretamente o material genético presente em uma amostra (como sangue, secreções respiratórias ou esgoto), sem precisar isolar ou cultivar o microrganismo. Com isso, é possível identificar, ao mesmo tempo, vírus, bactérias, fungos e parasitas — inclusive patógenos inesperados —, mapear coinfecções e acompanhar mutações relevantes para a vigilância e o controle de surtos. 

“O que esperamos aprender aqui no Japão não é apenas uma nova ferramenta, mas explorar novos modos de aplicação, aproximando laboratório da assistência médica e encurtando o tempo entre a suspeita clínica e o diagnóstico”, explica. 

Além de Naveca, compõem a comitiva Victor Souza, da Fiocruz Amazônia; Fernando Braga Stehling, Fábio Miyajima e Veridiana Miyajima, da Fiocruz Ceará; e Ada Lúcia Silva e Andrêza Leite, da Fiocruz Pernambuco. 

“A troca de experiências é fundamental. Temos realidades distintas no enfrentamento de doenças emergentes, e essa diversidade permite aprimorar os sistemas de vigilância de cada país”, destacou. 

De lá para cá: pesquisadores japoneses visitam o IOC 

A missão de Naveca no Japão ocorre em um momento de intensa aproximação do IOC com o país nipônico.  

Em agosto, três pesquisadores japoneses estiveram no Brasil para participar de seminários, encontros técnicos e atividades de intercâmbio, trazendo ao país conhecimentos avançados em diagnóstico molecular e metagenômica clínica aplicados a doenças infecciosas. 


Tsutomu Kageyama e Shigeyuki Itamura em visita a Manguinhos. Foto: Rudson Amorim

Duas sessões do Centro de Estudos receberam especialistas convidados. No dia 8, Kazuhiro Horiba ministrou a palestra ‘Conhecimentos básicos e técnicas necessárias para operar a metagenômica clínica’.  

A sessão integrou o Simpósio IOC Jubileu 125 anos e teve mediação da pesquisadora Paola Resende, do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC (LVRE/IOC).  

 

Já no dia 21, foi a vez do diretor do Departamento de Testes Diagnósticos e Pesquisa Tecnológica do NIID, Tsutomu Kageyama, apresentar a conferência 'Desenvolvimento e controle de qualidade de testes de diagnóstico molecular de doenças infecciosas’.  

O debate contou com a mediação da chefe do LVRE, Marilda Siqueira, que destacou a importância do intercâmbio para o fortalecimento da vigilância laboratorial.  

“Essa é uma área crucial para todos os laboratórios e para a saúde pública, pois envolve tanto o desenvolvimento de testes moleculares quanto o controle de qualidade”, ressaltou.  

 

As atividades se estenderam a Pernambuco, onde a unidade local da Fiocruz sediou, no dia 13 de agosto, o ‘Seminário Internacional sobre Metagenômica Clínica para Doenças Infecciosas’.  

O encontro reuniu estudantes, pesquisadores e profissionais de saúde para acompanhar palestras do cientista Shigeyuki Itamura, especialista em vacinas contra influenza, e do próprio Horiba, que detalhou a experiência de sua equipe no uso de plataformas de sequenciamento e ferramentas bioinformáticas aplicadas à saúde pública. 

Encerrando a agenda, Kageyama participou, em 28 de agosto, de uma reunião técnica no Ministério da Saúde, em Brasília, dedicada à troca de experiências sobre painéis de proficiência em biologia molecular.  

O evento reuniu representantes de laboratórios de referência brasileiros, como Fundação Ezequiel Dias, Instituto Adolfo Lutz e Instituto Evandro Chagas, além da Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública.  


Kazuhiro Horiba, durante palestra na Fiocruz Pernambuco. Foto: Fiocruz Pernambuco

A visita reforçou a relevância da colaboração internacional em saúde pública e estreitou os laços históricos entre Brasil e Japão na pesquisa biomédica.  

A intensa programação ainda incluiu visitas a Bio-Manguinhos, Fiocruz Ceará, Universidade Federal do Ceará e ao Instituto de Biologia Molecular do Paraná.  

Para o pesquisador Shigeyuki Itamura, em um mundo marcado pela intensa circulação de pessoas e patógenos, doenças antes restritas a certas regiões podem rapidamente atravessar fronteiras e alcançar países distantes.

 
Tsutomu Kageyama e Shigeyuki Itamura, à direita, em encontro no IOC. Foto: Rudson Amorim

Esse cenário, segundo o cientista, exige parcerias internacionais sólidas, capazes de antecipar riscos e preparar respostas conjuntas a potenciais emergências globais. 

“Muitas doenças que antigamente eram apenas regionais, em um piscar de olhos, agora se espalham pelo mundo inteiro. Esses casos incluem patógenos com potencial de causar pandemia, o que torna essencial manter relações de cooperação com instituições internacionais”, explicou Itamura. 

Ele destacou ainda que a escolha da Fiocruz como parceira se deve à relevância da instituição no campo da vigilância em saúde pública e à sua estreita integração com o Ministério da Saúde, fatores que, em sua avaliação, a diferenciam de universidades e reforçam a convergência de objetivos com o NIID. 

 

 

Agenda de visitas e treinamentos fortalece a integração com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão
Por: 
yuri.neri

Até 28 de outubro, sete pesquisadores da Fiocruz cumprem agenda de cooperação científica no Japão, dentre eles, o virologista Felipe Naveca, chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). 

A equipe viajou em 23 de setembro e cumprirá atividades que integram o projeto ‘Findings’, desenvolvido em parceria entre a Fiocruz, o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão (NIID) e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). 

O acordo tem possibilitado que pesquisadores brasileiros participem de treinamentos no Japão, promovendo a transferência de conhecimento e o fortalecimento das capacidades locais.   

A agenda de Naveca no país nipônico inclui visita à empresa de biotecnologia Fujirebio para discutir possibilidades de colaboração; encontros no NIID e na Universidade de Hokkaido e participação no ‘3º Workshop de Pesquisa Colaborativa Brasil-Japão sobre Arboviroses’. 


O imunologista Felipe Naveca, durante apresentação no 3º Workshop de Pesquisa Colaborativa Brasil-Japão sobre Arboviroses. Foto: Acervo pessoal

No NIID, o pesquisador dialoga com a equipe do chefe do Laboratório de Genômica Bacteriana do instituto japonês, Kazuhiro Horiba, em estratégias para fortalecer o monitoramento de patógenos. 

“Esta experiência no Japão tem sido importante para entender como os pesquisadores locais conduzem a vigilância de viroses emergentes usando a estratégia de metagenômica, em um contexto de saúde diferente do brasileiro”, explica. 

Metagenômica é uma técnica que analisa diretamente o material genético presente em uma amostra (como sangue, secreções respiratórias ou esgoto), sem precisar isolar ou cultivar o microrganismo. Com isso, é possível identificar, ao mesmo tempo, vírus, bactérias, fungos e parasitas — inclusive patógenos inesperados —, mapear coinfecções e acompanhar mutações relevantes para a vigilância e o controle de surtos. 

“O que esperamos aprender aqui no Japão não é apenas uma nova ferramenta, mas explorar novos modos de aplicação, aproximando laboratório da assistência médica e encurtando o tempo entre a suspeita clínica e o diagnóstico”, explica. 

Além de Naveca, compõem a comitiva Victor Souza, da Fiocruz Amazônia; Fernando Braga Stehling, Fábio Miyajima e Veridiana Miyajima, da Fiocruz Ceará; e Ada Lúcia Silva e Andrêza Leite, da Fiocruz Pernambuco. 

“A troca de experiências é fundamental. Temos realidades distintas no enfrentamento de doenças emergentes, e essa diversidade permite aprimorar os sistemas de vigilância de cada país”, destacou. 

De lá para cá: pesquisadores japoneses visitam o IOC 

A missão de Naveca no Japão ocorre em um momento de intensa aproximação do IOC com o país nipônico.  

Em agosto, três pesquisadores japoneses estiveram no Brasil para participar de seminários, encontros técnicos e atividades de intercâmbio, trazendo ao país conhecimentos avançados em diagnóstico molecular e metagenômica clínica aplicados a doenças infecciosas. 


Tsutomu Kageyama e Shigeyuki Itamura em visita a Manguinhos. Foto: Rudson Amorim

Duas sessões do Centro de Estudos receberam especialistas convidados. No dia 8, Kazuhiro Horiba ministrou a palestra ‘Conhecimentos básicos e técnicas necessárias para operar a metagenômica clínica’.  

A sessão integrou o Simpósio IOC Jubileu 125 anos e teve mediação da pesquisadora Paola Resende, do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC (LVRE/IOC).  

 

Já no dia 21, foi a vez do diretor do Departamento de Testes Diagnósticos e Pesquisa Tecnológica do NIID, Tsutomu Kageyama, apresentar a conferência 'Desenvolvimento e controle de qualidade de testes de diagnóstico molecular de doenças infecciosas’.  

O debate contou com a mediação da chefe do LVRE, Marilda Siqueira, que destacou a importância do intercâmbio para o fortalecimento da vigilância laboratorial.  

“Essa é uma área crucial para todos os laboratórios e para a saúde pública, pois envolve tanto o desenvolvimento de testes moleculares quanto o controle de qualidade”, ressaltou.  

 

As atividades se estenderam a Pernambuco, onde a unidade local da Fiocruz sediou, no dia 13 de agosto, o ‘Seminário Internacional sobre Metagenômica Clínica para Doenças Infecciosas’.  

O encontro reuniu estudantes, pesquisadores e profissionais de saúde para acompanhar palestras do cientista Shigeyuki Itamura, especialista em vacinas contra influenza, e do próprio Horiba, que detalhou a experiência de sua equipe no uso de plataformas de sequenciamento e ferramentas bioinformáticas aplicadas à saúde pública. 

Encerrando a agenda, Kageyama participou, em 28 de agosto, de uma reunião técnica no Ministério da Saúde, em Brasília, dedicada à troca de experiências sobre painéis de proficiência em biologia molecular.  

O evento reuniu representantes de laboratórios de referência brasileiros, como Fundação Ezequiel Dias, Instituto Adolfo Lutz e Instituto Evandro Chagas, além da Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública.  


Kazuhiro Horiba, durante palestra na Fiocruz Pernambuco. Foto: Fiocruz Pernambuco

A visita reforçou a relevância da colaboração internacional em saúde pública e estreitou os laços históricos entre Brasil e Japão na pesquisa biomédica.  

A intensa programação ainda incluiu visitas a Bio-Manguinhos, Fiocruz Ceará, Universidade Federal do Ceará e ao Instituto de Biologia Molecular do Paraná.  

Para o pesquisador Shigeyuki Itamura, em um mundo marcado pela intensa circulação de pessoas e patógenos, doenças antes restritas a certas regiões podem rapidamente atravessar fronteiras e alcançar países distantes.

 
Tsutomu Kageyama e Shigeyuki Itamura, à direita, em encontro no IOC. Foto: Rudson Amorim

Esse cenário, segundo o cientista, exige parcerias internacionais sólidas, capazes de antecipar riscos e preparar respostas conjuntas a potenciais emergências globais. 

“Muitas doenças que antigamente eram apenas regionais, em um piscar de olhos, agora se espalham pelo mundo inteiro. Esses casos incluem patógenos com potencial de causar pandemia, o que torna essencial manter relações de cooperação com instituições internacionais”, explicou Itamura. 

Ele destacou ainda que a escolha da Fiocruz como parceira se deve à relevância da instituição no campo da vigilância em saúde pública e à sua estreita integração com o Ministério da Saúde, fatores que, em sua avaliação, a diferenciam de universidades e reforçam a convergência de objetivos com o NIID. 

 

 

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)