Alunos do 'Prodígias Maré' com coordenadores do curso, professores e especialistas que fizeram parte da banca de avaliação dos projetos finais desenvolvidos. Foto: Gutemberg Brito
Criado por Nathalia dos Santos Passos, de 26 anos, moradora do Complexo da Maré, o site ‘Maré de Melhorias’ tem o objetivo de facilitar a comunicação entre a população e as 16 associações de moradores da região.
Para desenvolver a ferramenta, a jovem percorreu todas as associações, identificando as dificuldades enfrentadas pela população para conhecer e solicitar os serviços oferecidos pelas entidades.
O desenvolvimento do site é fruto do curso de extensão ‘Prodígias de Tecnologias Sociais Digitais em Saúde’, promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) para 25 jovens do Complexo da Maré (zona norte do Rio de Janeiro), com idades entre 18 e 29 anos.
Voltada para pessoas de territórios socioambientalmente vulnerabilizados, a formação tem como pilares a educação popular em saúde, a aprendizagem baseada em ‘cienciarte’, cidadania digital e empreendedorismo social.
Por meio de palestras, debates e atividades de 'cienciarte', os jovens refletem sobre o conceito de saúde, seus determinantes sociais e o contexto de seu território.
Com orientação prática, os alunos desenvolvem tecnologias sociais digitais – como websites, projetos em redes sociais, podcasts e jogos – para o enfrentamento de problemas observados em sua realidade, com foco na promoção da saúde e bem-estar.
“Apresentei o projeto para os presidentes das associações e todos se interessaram. Eu criei um site de informações, mas quero continuar para criar um cadastro de todas as atividades que são oferecidas, fazer um aplicativo e um Instagram para divulgar meu projeto. Se isso der certo, o meu sonho é abrir uma ONG chamada ‘Maré de Melhorias’”, comentou Nathalia, premiada com o primeiro lugar pela banca de especialistas que avaliou os trabalhos finais dos alunos.
Nathalia Passos, criadora do site 'Maré de Melhorias'. Foto: Maíra Menezes
O curso ‘Prodígias’ envolve os Laboratórios de Virologia e Parasitologia Molecular e de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC. A edição da formação para jovens da Maré teve parceria da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré, setor ligado à Assessoria de Relações Institucionais da Fundação.
A formação foi oferecida de agosto a dezembro, com aulas no período da manhã e 100 horas de carga horária total. O encerramento do curso foi celebrado em evento no dia 12 de dezembro, no campus da Fiocruz, em Manguinhos (RJ).
Na abertura do evento, a vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC e pesquisadora do Laboratório de Virologia e Parasitologia Molecular, Luciana Garzoni, coordenadora geral do Prodígias, destacou a importância da iniciativa.
“Ciência cidadã é isso: o cidadão fazendo a ciência junto com a academia. Aqui nós vemos soluções de pessoas do território construídas com a academia para problemas concretos com impacto para a saúde. No processo de construção das tecnologias sociais digitais, temos a educação popular em saúde, com troca de saberes e reflexão crítica sobre a realidade”, afirmou Luciana, que representou a diretora do IOC, Tania Cremonini de Araujo-Jorge, no evento.
As coordenadoras da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré, Gabriela Azevedo e Marcia Lenzi, também ressaltaram a relevância do projeto.
“Foi um prazer conhecer e debater temas sensíveis e, muitas vezes, emotivos. Vocês pensaram em questões que afetam as suas vidas. A ideia é apoiar esse movimento, porque quem entende sobre o território é quem mora lá”, disse Gabriela.
“É uma batalha diária conviver com todas as violências na Maré. Nós aprendemos muito com vocês. Espero que tenham resistência e continuem para conquistar cada dia mais um pedacinho do território”, declarou Marcia.
A partir da esqueda, Marcia Lenzi, Gabriela Azevedo, Luciana Garzoni e Roberto Todor na mesa de abertura do evento. Foto: Gutemberg Brito
O pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde e coordenador executivo do curso, Roberto Todor, lembrou os desafios enfrentados durante a formação.
“O Prodígias promove o protagonismo de jovens através da criação de tecnologias sociais digitais em saúde, contribuindo para o letramento digital, o empreendedorismo social e a preparação para o mundo do trabalho. No período do curso, houve muitas operações policiais, falta de água e de luz na Maré. Passamos semanas sem poder nos encontrar. Isso mostra o quanto é desafiador trabalhar com a comunidade nesse território. Por isso, estamos fazendo esse trabalho”, afirmou Todor.
A metodologia do curso é fruto de projeto de doutorado, desenvolvido por Todor, com orientação de Luciana, no Programa de Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde.
A oferta de bolsas aos alunos foi financiada com recursos oriundos de emenda parlamentar da deputada federal Benedita da Silva (PT).
As aulas foram realizadas no espaço da Plataforma de Tecnologias Sociais Digitais do IOC, estruturada com recursos de emenda parlamentar do ex-deputado federal Paulo Ramos (PDT). Situado no módulo de expansão do Ensino, no campus de Manguinhos, o espaço conta com dez computadores e mobiliário modular para receber até 20 pessoas, sendo voltado para atividades de extensão e inovação com populações de áreas vulnerabilizadas.
“A Plataforma de Tecnologias Sociais Digitais do IOC está disponível para pesquisadores e estudantes de pós-graduação que queiram realizar projetos de extensão envolvendo cidadania digital com populações em situação de vulnerabilidade”, comentou Luciana.
No evento de encerramento, os estudantes apresentaram seus projetos para uma banca de especialistas.
Três projetos foram premiados e vão receber apoio do IOC para avançar no desenvolvimento, incluindo o site ‘Maré de Melhorias’, ganhador do primeiro lugar.
À esquerda, Letícia Marques e Guigo Olinto, criadores do 'NAUP'. À direita, Ana Carolina Fagundes, Luizy Reis e Thayane Bandeira, criadoras do 'Comunica Maré'. Fotos: Maíra Menezes
O projeto ‘Núcleo de Apoio aos Universitários Periféricos - NAUP’, criado por Guigo Olinto, Letícia Marques e Ana Thaís Bruçard, conquistou menção honrosa.
A iniciativa visa oferecer apoio para estudantes da periferia que enfrentam problemas de saúde mental durante a universidade. A proposta é criar grupos de apoio no WhatsApp, com mediação de psicólogos, para compartilhamento de experiências e suporte em saúde mental.
Durante a apresentação, os jovens contaram que a ideia surgiu a partir de experiências suas e de colegas no ensino superior.
“Problemas de saúde mental afastam universitários periféricos dos cursos, causando evasão. Queremos oferecer apoio para que nenhuma pessoa desista do seu sonho de concluir a universidade”, disse Guigo.
Outra menção honrosa foi para Thaiane Bandeira, Ana Carolina Fagundes e Luizy Reis pelo projeto ‘Comunica Maré’, que propõe oferecer comunicação digital, com preço acessível, para empreendedores da região.
“Nossa ideia é ajudar quem já possui ou está criando um empreendimento na Maré a chegar até o consumidor, com artes digitais, logomarca, identidade visual, redes sociais, site e e-commerce”, afirmou Thaiane.
Os coordenadores do curso e os membros da banca destacaram a alta qualidade de todos os projetos apresentados, observando que muitas iniciativas estão prontas para serem incubadas e implementadas, podendo avançar ainda mais com parcerias futuras na Fiocruz e externas.
Apresentação de projetos para banca de especialistas é parte da metodologia do curso, preparando os jovens para o mundo do trabalho. Na foto, Raquel Marreiro, autora do 'Cria do Clima'. Foto: Maíra Menezes
Os demais projetos desenvolvidos no curso foram:
O nome Prodígias surgiu a partir do conceito de Produção de Objetos Digitais de Aprendizagem em Saúde.
Durante o desenvolvimento da pesquisa de doutorado que gerou e validou a metodologia do curso, três edições da formação foram realizadas com participação de alunos do ensino médio, em duas escolas do Rio de Janeiro e uma de Nova Iguaçu. Nas três turmas, 54 alunos concluíram a formação.
No primeiro semestre de 2024, , inaugurando o espaço da plataforma de tecnologias sociais digitais do IOC, foi realizada a edição ‘Prodígias Jogos Digitais em Saúde’, com participação de jovens de Manguinhos. Dez estudantes concluíram a formação, oferecida entre maio e junho, com aulas três vezes por semana e 60 horas de carga horária.
Alunos do 'Prodígias Maré' com coordenadores do curso, professores e especialistas que fizeram parte da banca de avaliação dos projetos finais desenvolvidos. Foto: Gutemberg Brito
Criado por Nathalia dos Santos Passos, de 26 anos, moradora do Complexo da Maré, o site ‘Maré de Melhorias’ tem o objetivo de facilitar a comunicação entre a população e as 16 associações de moradores da região.
Para desenvolver a ferramenta, a jovem percorreu todas as associações, identificando as dificuldades enfrentadas pela população para conhecer e solicitar os serviços oferecidos pelas entidades.
O desenvolvimento do site é fruto do curso de extensão ‘Prodígias de Tecnologias Sociais Digitais em Saúde’, promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) para 25 jovens do Complexo da Maré (zona norte do Rio de Janeiro), com idades entre 18 e 29 anos.
Voltada para pessoas de territórios socioambientalmente vulnerabilizados, a formação tem como pilares a educação popular em saúde, a aprendizagem baseada em ‘cienciarte’, cidadania digital e empreendedorismo social.
Por meio de palestras, debates e atividades de 'cienciarte', os jovens refletem sobre o conceito de saúde, seus determinantes sociais e o contexto de seu território.
Com orientação prática, os alunos desenvolvem tecnologias sociais digitais – como websites, projetos em redes sociais, podcasts e jogos – para o enfrentamento de problemas observados em sua realidade, com foco na promoção da saúde e bem-estar.
“Apresentei o projeto para os presidentes das associações e todos se interessaram. Eu criei um site de informações, mas quero continuar para criar um cadastro de todas as atividades que são oferecidas, fazer um aplicativo e um Instagram para divulgar meu projeto. Se isso der certo, o meu sonho é abrir uma ONG chamada ‘Maré de Melhorias’”, comentou Nathalia, premiada com o primeiro lugar pela banca de especialistas que avaliou os trabalhos finais dos alunos.
Nathalia Passos, criadora do site 'Maré de Melhorias'. Foto: Maíra Menezes
O curso ‘Prodígias’ envolve os Laboratórios de Virologia e Parasitologia Molecular e de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC. A edição da formação para jovens da Maré teve parceria da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré, setor ligado à Assessoria de Relações Institucionais da Fundação.
A formação foi oferecida de agosto a dezembro, com aulas no período da manhã e 100 horas de carga horária total. O encerramento do curso foi celebrado em evento no dia 12 de dezembro, no campus da Fiocruz, em Manguinhos (RJ).
Na abertura do evento, a vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC e pesquisadora do Laboratório de Virologia e Parasitologia Molecular, Luciana Garzoni, coordenadora geral do Prodígias, destacou a importância da iniciativa.
“Ciência cidadã é isso: o cidadão fazendo a ciência junto com a academia. Aqui nós vemos soluções de pessoas do território construídas com a academia para problemas concretos com impacto para a saúde. No processo de construção das tecnologias sociais digitais, temos a educação popular em saúde, com troca de saberes e reflexão crítica sobre a realidade”, afirmou Luciana, que representou a diretora do IOC, Tania Cremonini de Araujo-Jorge, no evento.
As coordenadoras da Estratégia de Desenvolvimento Territorial Fiocruz-Maré, Gabriela Azevedo e Marcia Lenzi, também ressaltaram a relevância do projeto.
“Foi um prazer conhecer e debater temas sensíveis e, muitas vezes, emotivos. Vocês pensaram em questões que afetam as suas vidas. A ideia é apoiar esse movimento, porque quem entende sobre o território é quem mora lá”, disse Gabriela.
“É uma batalha diária conviver com todas as violências na Maré. Nós aprendemos muito com vocês. Espero que tenham resistência e continuem para conquistar cada dia mais um pedacinho do território”, declarou Marcia.
A partir da esqueda, Marcia Lenzi, Gabriela Azevedo, Luciana Garzoni e Roberto Todor na mesa de abertura do evento. Foto: Gutemberg Brito
O pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde e coordenador executivo do curso, Roberto Todor, lembrou os desafios enfrentados durante a formação.
“O Prodígias promove o protagonismo de jovens através da criação de tecnologias sociais digitais em saúde, contribuindo para o letramento digital, o empreendedorismo social e a preparação para o mundo do trabalho. No período do curso, houve muitas operações policiais, falta de água e de luz na Maré. Passamos semanas sem poder nos encontrar. Isso mostra o quanto é desafiador trabalhar com a comunidade nesse território. Por isso, estamos fazendo esse trabalho”, afirmou Todor.
A metodologia do curso é fruto de projeto de doutorado, desenvolvido por Todor, com orientação de Luciana, no Programa de Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde.
A oferta de bolsas aos alunos foi financiada com recursos oriundos de emenda parlamentar da deputada federal Benedita da Silva (PT).
As aulas foram realizadas no espaço da Plataforma de Tecnologias Sociais Digitais do IOC, estruturada com recursos de emenda parlamentar do ex-deputado federal Paulo Ramos (PDT). Situado no módulo de expansão do Ensino, no campus de Manguinhos, o espaço conta com dez computadores e mobiliário modular para receber até 20 pessoas, sendo voltado para atividades de extensão e inovação com populações de áreas vulnerabilizadas.
“A Plataforma de Tecnologias Sociais Digitais do IOC está disponível para pesquisadores e estudantes de pós-graduação que queiram realizar projetos de extensão envolvendo cidadania digital com populações em situação de vulnerabilidade”, comentou Luciana.
No evento de encerramento, os estudantes apresentaram seus projetos para uma banca de especialistas.
Três projetos foram premiados e vão receber apoio do IOC para avançar no desenvolvimento, incluindo o site ‘Maré de Melhorias’, ganhador do primeiro lugar.
À esquerda, Letícia Marques e Guigo Olinto, criadores do 'NAUP'. À direita, Ana Carolina Fagundes, Luizy Reis e Thayane Bandeira, criadoras do 'Comunica Maré'. Fotos: Maíra Menezes
O projeto ‘Núcleo de Apoio aos Universitários Periféricos - NAUP’, criado por Guigo Olinto, Letícia Marques e Ana Thaís Bruçard, conquistou menção honrosa.
A iniciativa visa oferecer apoio para estudantes da periferia que enfrentam problemas de saúde mental durante a universidade. A proposta é criar grupos de apoio no WhatsApp, com mediação de psicólogos, para compartilhamento de experiências e suporte em saúde mental.
Durante a apresentação, os jovens contaram que a ideia surgiu a partir de experiências suas e de colegas no ensino superior.
“Problemas de saúde mental afastam universitários periféricos dos cursos, causando evasão. Queremos oferecer apoio para que nenhuma pessoa desista do seu sonho de concluir a universidade”, disse Guigo.
Outra menção honrosa foi para Thaiane Bandeira, Ana Carolina Fagundes e Luizy Reis pelo projeto ‘Comunica Maré’, que propõe oferecer comunicação digital, com preço acessível, para empreendedores da região.
“Nossa ideia é ajudar quem já possui ou está criando um empreendimento na Maré a chegar até o consumidor, com artes digitais, logomarca, identidade visual, redes sociais, site e e-commerce”, afirmou Thaiane.
Os coordenadores do curso e os membros da banca destacaram a alta qualidade de todos os projetos apresentados, observando que muitas iniciativas estão prontas para serem incubadas e implementadas, podendo avançar ainda mais com parcerias futuras na Fiocruz e externas.
Apresentação de projetos para banca de especialistas é parte da metodologia do curso, preparando os jovens para o mundo do trabalho. Na foto, Raquel Marreiro, autora do 'Cria do Clima'. Foto: Maíra Menezes
Os demais projetos desenvolvidos no curso foram:
O nome Prodígias surgiu a partir do conceito de Produção de Objetos Digitais de Aprendizagem em Saúde.
Durante o desenvolvimento da pesquisa de doutorado que gerou e validou a metodologia do curso, três edições da formação foram realizadas com participação de alunos do ensino médio, em duas escolas do Rio de Janeiro e uma de Nova Iguaçu. Nas três turmas, 54 alunos concluíram a formação.
No primeiro semestre de 2024, , inaugurando o espaço da plataforma de tecnologias sociais digitais do IOC, foi realizada a edição ‘Prodígias Jogos Digitais em Saúde’, com participação de jovens de Manguinhos. Dez estudantes concluíram a formação, oferecida entre maio e junho, com aulas três vezes por semana e 60 horas de carga horária.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)
