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Deane, o malariologista das estradas

Pesquisador do IOC, Leônidas Deane realizou um dos mais importantes e abrangentes inquéritos sobre os vetores na Amazônia e no Nordeste do Brasil
Por Jornalismo IOC20/09/2010 - Atualizado em 03/08/2022

Um dos maiores e mais conceituados parasitologistas e malariologistas do mundo, Leônidas de Mello Deane nasceu em Belém (PA) e iniciou sua vida acadêmica em 1930, na chamada Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará.

No terceiro ano do curso, começou a frequentar o Laboratório de Biologia da Santa Casa, onde teve a oportunidade de exercitar-se em todos os tipos de exames requisitados pelas enfermarias do grande hospital geral. Em seu horário de almoço, o estudante dedicava-se a aprender a identificar mosquitos com cientistas norte-americanos que realizavam investigação sobre febre amarela na Ilha de Marajó.

Sua formação em medicina e experiência de trabalho de campo, obtida quando fez parte da equipe do cientista Evandro Chagas para estudos sobre a leishmaniose viceral no Pará, fez com que ele fosse convocado para combater o mosquito invasor Anopheles gambiae do Nordeste do Brasil.

Entre 1939 e 1942, Deane atuou no Serviço de Malária do Nordeste, conseguindo a erradicar o mosquito que provocou uma das maiores epidemias de malária da história do país.

Em 1944, ingressou na Universidade Johns Hopkins nos Estados Unidos, onde cursou mestrado na Escola de Higiene e Saúde. Posteriormente, realizou um dos mais importantes e abrangentes inquéritos sobre os vetores na Amazônia e no Nordeste do Brasil.

Para este trabalho, Deane realizou extensa pesquisa de campo, em que visitou centenas de localidades malarígenas remotas e trabalhou em condições desfavoráveis como parasitologista do Instituto de Patologia Experimental do Norte, atual Instituto Evandro Chagas de Belém.

A partir de seus registros, foi possível construir as bases para o controle da malária empregado durante décadas nestas regiões. Até 1953, Deane atuou como Chefe do Laboratório de Entomologia do Instituto de Malariologia, no Rio de Janeiro. Logo depois, foi convidado por Samuel Pessoa para atuar como professor de parasitologia na Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo. Em 1970, defendeu ali sua tese de livre docência.

A partir da década de 1960, passou a atuar como consultor de diversas instituições médicas e de pesquisa científica internacionais, como a Academia Nacional de Ciências e o Conselho Nacional de Pesquisas, ambos dos Estados Unidos, a Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde.

Foi para esta instituição que, em 1964, Deane fez uma viagem de estudos ao redor do mundo sobre a malária simiana, tema do qual foi um dos maiores especialistas, sendo inclusive o descobridor de seu transmissor no Brasil. Em 1968, sua filha única, Luísa, deixou o Brasil devido a problemas políticos.

A situação levou o casal Deane a buscar no exterior uma colocação que lhes permitisse acompanhar a filha. Sua saída do país possibilitou seu ingresso ao Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa (1975) e na Universidade de Carabobo (1976-1979).

Após a anistia, Deane retornou ao Brasil e, convidado por José Rodrigues Coura, então vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz, ingressou como Pesquisador Titular do Instituto Oswaldo Cruz (1980-1993).

Tanto no Brasil quanto no exterior, formou dezenas de pesquisadores e produziu admirável contribuição ao conhecimento da malária, deixando um enorme legado para os futuros malariologistas.

Pesquisador do IOC, Leônidas Deane realizou um dos mais importantes e abrangentes inquéritos sobre os vetores na Amazônia e no Nordeste do Brasil
Por: 
jornalismo

Um dos maiores e mais conceituados parasitologistas e malariologistas do mundo, Leônidas de Mello Deane nasceu em Belém (PA) e iniciou sua vida acadêmica em 1930, na chamada Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará.

No terceiro ano do curso, começou a frequentar o Laboratório de Biologia da Santa Casa, onde teve a oportunidade de exercitar-se em todos os tipos de exames requisitados pelas enfermarias do grande hospital geral. Em seu horário de almoço, o estudante dedicava-se a aprender a identificar mosquitos com cientistas norte-americanos que realizavam investigação sobre febre amarela na Ilha de Marajó.

Sua formação em medicina e experiência de trabalho de campo, obtida quando fez parte da equipe do cientista Evandro Chagas para estudos sobre a leishmaniose viceral no Pará, fez com que ele fosse convocado para combater o mosquito invasor Anopheles gambiae do Nordeste do Brasil.

Entre 1939 e 1942, Deane atuou no Serviço de Malária do Nordeste, conseguindo a erradicar o mosquito que provocou uma das maiores epidemias de malária da história do país.

Em 1944, ingressou na Universidade Johns Hopkins nos Estados Unidos, onde cursou mestrado na Escola de Higiene e Saúde. Posteriormente, realizou um dos mais importantes e abrangentes inquéritos sobre os vetores na Amazônia e no Nordeste do Brasil.

Para este trabalho, Deane realizou extensa pesquisa de campo, em que visitou centenas de localidades malarígenas remotas e trabalhou em condições desfavoráveis como parasitologista do Instituto de Patologia Experimental do Norte, atual Instituto Evandro Chagas de Belém.

A partir de seus registros, foi possível construir as bases para o controle da malária empregado durante décadas nestas regiões. Até 1953, Deane atuou como Chefe do Laboratório de Entomologia do Instituto de Malariologia, no Rio de Janeiro. Logo depois, foi convidado por Samuel Pessoa para atuar como professor de parasitologia na Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo. Em 1970, defendeu ali sua tese de livre docência.

A partir da década de 1960, passou a atuar como consultor de diversas instituições médicas e de pesquisa científica internacionais, como a Academia Nacional de Ciências e o Conselho Nacional de Pesquisas, ambos dos Estados Unidos, a Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde.

Foi para esta instituição que, em 1964, Deane fez uma viagem de estudos ao redor do mundo sobre a malária simiana, tema do qual foi um dos maiores especialistas, sendo inclusive o descobridor de seu transmissor no Brasil. Em 1968, sua filha única, Luísa, deixou o Brasil devido a problemas políticos.

A situação levou o casal Deane a buscar no exterior uma colocação que lhes permitisse acompanhar a filha. Sua saída do país possibilitou seu ingresso ao Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa (1975) e na Universidade de Carabobo (1976-1979).

Após a anistia, Deane retornou ao Brasil e, convidado por José Rodrigues Coura, então vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz, ingressou como Pesquisador Titular do Instituto Oswaldo Cruz (1980-1993).

Tanto no Brasil quanto no exterior, formou dezenas de pesquisadores e produziu admirável contribuição ao conhecimento da malária, deixando um enorme legado para os futuros malariologistas.

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)