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Desafios da doença de Chagas

Primeiro encontro da 7ª edição do Ciclo Carlos Chagas de Palestras destacou estudos voltados ao tratamento e atenção integral ao paciente. Próximo evento acontece no dia 17 de maio
Por Lucas Rocha16/04/2019 - Atualizado em 26/03/2021

Em 2019, o anúncio da descoberta da doença de Chagas completa 110 anos. Apesar dos avanços no diagnóstico, tratamento e atenção ao paciente, os desafios em torno do agravo que afeta mais de 1 milhão de brasileiros ainda são muitos. O alerta foi feito por pesquisadores na 7ª edição do Ciclo Carlos Chagas de Palestras, uma iniciativa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O encontro realizado na última sexta-feira, 12 de abril, reuniu cerca de 100 participantes, entre pesquisadores, estudantes e pacientes, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro.

“O Ciclo tem como objetivo manter viva a discussão sobre a doença de Chagas diante dos muitos desafios que temos a enfrentar. Nos últimos seis anos, esta foi uma oportunidade ímpar para reunir pesquisadores da Fiocruz e de instituições nacionais e internacionais. Refletimos sobre os desafios da pesquisa na área e criamos o ambiente propício para a interação entre especialistas com diferentes níveis de experiência, estudantes e pacientes”, destacou a pesquisadora Joseli Lannes, do Laboratório de Biologia das Interações do IOC, uma das organizadoras da iniciativa.

A edição especial conta com atividades mensais associadas ao Centro de Estudos do IOC. O próximo encontro será realizado no dia 17/05, confira a programação no Campus Virtual Fiocruz. O evento será realizado no auditório Emmanuel Dias, do Pavilhão Arthur Neiva, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4.365 – Manguinhos).

Na cerimônia de abertura, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, ressaltou a importância da descoberta realizada pelo cientista Carlos Chagas, do então Instituto de Manguinhos, para o desenvolvimento da saúde pública brasileira no início do século XX. “O trabalho de Carlos Chagas, bem como toda a pesquisa desenvolvida no Instituto em torno da doença de Chagas, à época, foram fundamentais para fomentar o pensamento acerca de grandes temas da sociedade brasileira, como a responsabilidade do Estado em relação à saúde pública”, destacou Nísia.

Importância do investimento na ciência como estratégia para o fortalecimento da saúde pública foi destaque das falas na cerimônia de abertura. Foto: Gutemberg Brito

O diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, destacou as contribuições dos estudos da doença para a ciência brasileira e mundial e ressaltou a importância de investimentos para o fortalecimento e continuidade da pesquisa. “Temos que olhar a realização deste ciclo de palestras com ampla perspectiva de continuidade. Esse objetivo definido irá transformar a nossa persistência e resistência em avanços para que tenhamos efetivamente um país solidário e igualitário, uma educação pública e de qualidade e uma ciência que realmente atenda às demandas do Sistema Único de Saúde”, pontuou. Também participaram da cerimônia de abertura o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas, Rodrigo Correa de Oliveira, e a pesquisadora Marli Lima, do Laboratório de Ecoepidemiologia da Doença de Chagas do IOC, coordenadora do Centro de Estudos do IOC e uma das organizadoras do encontro.

Associação Rio Chagas: conquistas e desafios

Inovações no tratamento, melhorias na qualidade de vida e a visibilidade da pessoa afetada pela doença de Chagas foram alguns dos destaques do encontro. A presidente da Associação Rio Chagas, Nancy Dominga Costa, apresentou as perspectivas e os desafios para a manutenção da entidade criada em abril de 2016, com o objetivo de acolher pacientes e dar destaque às ações em torno da doença.

“O grupo busca promover e desenvolver formas de cooperação entre portadores da doença, além de defender o direito dos pacientes e estimular o intercâmbio com outras entidades, como a Federação Internacional das Associações de Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas, a Findechagas”, ressaltou Nancy, que é portadora da doença. Além de oferecer apoio aos pacientes, a associação promove cursos de capacitação, atividades culturais e de integração.

O grupo também mobiliza ações de conscientização sobre a doença, incluindo a participação na Feira Fiocruz Saudável, e marca presença em eventos científicos, como o Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop), realizado em Recife, em 2018, e o 10º Simpósio de Ciência, Arte e Cidadania, promovido pelo IOC. Segundo Nancy, a restrição orçamentária é um dos principais desafios para a manutenção das atividades da associação.

Presidente da Associação Rio Chagas, Nancy Costa apontou a restrição orçamentária como um dos principais desafios para a manutenção das atividades. Foto: Gutemberg Brito

 

Projeto Selênio: avanços científicos e retorno ao portador de Chagas

O tratamento da doença de Chagas é complexo e deve ser realizado de acordo com o perfil do paciente e a forma como a doença se apresenta. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da doença de Chagas destaca dois medicamentos principais para o tratamento etiológico: o benznidazol e o nifurtimox.

A utilização desses fármacos tem por objetivo reduzir a duração e a gravidade clínica da doença. Além do controle da carga parasitária, outros tipos de terapia atuam no combate à doença, como medicamentos que estimulam o sistema imune do indivíduo ou promovem o controle da inflamação. A pesquisadora Tania Araújo-Jorge, chefe do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC, apresentou um estudo clínico inédito que investiga o uso de um medicamento à base de selênio como complemento ao tratamento da doença de Chagas.

Com base no conhecimento da capacidade antioxidante da substância, os pesquisadores investigam os impactos do suplemento na redução dos danos cardíacos relacionados à fase crônica do agravo. O estudo desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) conta com a participação de voluntários atendidos pela instituição. “A expectativa é de que, uma vez comprovada a eficácia do selênio para a melhoria dos indicadores de evolução da cardiopatia nos pacientes, o medicamento possa ser introduzido na rotina de tratamento”, destacou.

As pesquisadoras Tania Araújo-Jorge, do IOC, e Fernanda Sardinha, do INI, apresentaram estudos que buscam melhorar a qualidade de vida do paciente com doença de Chagas. Foto: Gutemberg Brito

 

Benefícios dos exercícios físicos para os pacientes

A atividade física pode contribuir para melhorias na qualidade de vida dos pacientes. É o que mostra um estudo apresentado pela médica cardiologista do INI, Fernanda Sardinha. A pesquisa avalia o impacto dos exercícios físicos na capacidade cardiopulmonar de portares da doença.

“O programa de exercícios tem por objetivo reabilitar o paciente de forma integral, oferecendo suporte nos aspectos físico, psíquico e social, além de fomentar a manutenção de hábitos saudáveis, reduzir incapacidades e eventos cardiovasculares desfavoráveis, melhorar a qualidade de vida e o controle dos fatores de risco”, explica Fernanda. A iniciativa propõe a combinação de uma série de estratégias, incluindo atividade física programada, dieta balanceada, interrupção do tabagismo e uso de drogas, diminuição do estresse e uso correto das medicações.

Desenvolvido desde 2013, o projeto tem apresentado resultados positivos na reabilitação de cardiopatias de pacientes atendidos no INI. A iniciativa conta com uma equipe multidisciplinar que envolve médicos, enfermeiros, técnicos, psicólogos e assistentes sociais.

Primeiro encontro da 7ª edição do Ciclo Carlos Chagas de Palestras destacou estudos voltados ao tratamento e atenção integral ao paciente. Próximo evento acontece no dia 17 de maio
Por: 
lucas

Em 2019, o anúncio da descoberta da doença de Chagas completa 110 anos. Apesar dos avanços no diagnóstico, tratamento e atenção ao paciente, os desafios em torno do agravo que afeta mais de 1 milhão de brasileiros ainda são muitos. O alerta foi feito por pesquisadores na 7ª edição do Ciclo Carlos Chagas de Palestras, uma iniciativa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). O encontro realizado na última sexta-feira, 12 de abril, reuniu cerca de 100 participantes, entre pesquisadores, estudantes e pacientes, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro.

“O Ciclo tem como objetivo manter viva a discussão sobre a doença de Chagas diante dos muitos desafios que temos a enfrentar. Nos últimos seis anos, esta foi uma oportunidade ímpar para reunir pesquisadores da Fiocruz e de instituições nacionais e internacionais. Refletimos sobre os desafios da pesquisa na área e criamos o ambiente propício para a interação entre especialistas com diferentes níveis de experiência, estudantes e pacientes”, destacou a pesquisadora Joseli Lannes, do Laboratório de Biologia das Interações do IOC, uma das organizadoras da iniciativa.

A edição especial conta com atividades mensais associadas ao Centro de Estudos do IOC. O próximo encontro será realizado no dia 17/05, confira a programação no Campus Virtual Fiocruz. O evento será realizado no auditório Emmanuel Dias, do Pavilhão Arthur Neiva, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro (Av. Brasil, 4.365 – Manguinhos).

Na cerimônia de abertura, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, ressaltou a importância da descoberta realizada pelo cientista Carlos Chagas, do então Instituto de Manguinhos, para o desenvolvimento da saúde pública brasileira no início do século XX. “O trabalho de Carlos Chagas, bem como toda a pesquisa desenvolvida no Instituto em torno da doença de Chagas, à época, foram fundamentais para fomentar o pensamento acerca de grandes temas da sociedade brasileira, como a responsabilidade do Estado em relação à saúde pública”, destacou Nísia.

Importância do investimento na ciência como estratégia para o fortalecimento da saúde pública foi destaque das falas na cerimônia de abertura. Foto: Gutemberg Brito

O diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, destacou as contribuições dos estudos da doença para a ciência brasileira e mundial e ressaltou a importância de investimentos para o fortalecimento e continuidade da pesquisa. “Temos que olhar a realização deste ciclo de palestras com ampla perspectiva de continuidade. Esse objetivo definido irá transformar a nossa persistência e resistência em avanços para que tenhamos efetivamente um país solidário e igualitário, uma educação pública e de qualidade e uma ciência que realmente atenda às demandas do Sistema Único de Saúde”, pontuou. Também participaram da cerimônia de abertura o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas, Rodrigo Correa de Oliveira, e a pesquisadora Marli Lima, do Laboratório de Ecoepidemiologia da Doença de Chagas do IOC, coordenadora do Centro de Estudos do IOC e uma das organizadoras do encontro.

Associação Rio Chagas: conquistas e desafios

Inovações no tratamento, melhorias na qualidade de vida e a visibilidade da pessoa afetada pela doença de Chagas foram alguns dos destaques do encontro. A presidente da Associação Rio Chagas, Nancy Dominga Costa, apresentou as perspectivas e os desafios para a manutenção da entidade criada em abril de 2016, com o objetivo de acolher pacientes e dar destaque às ações em torno da doença.

“O grupo busca promover e desenvolver formas de cooperação entre portadores da doença, além de defender o direito dos pacientes e estimular o intercâmbio com outras entidades, como a Federação Internacional das Associações de Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas, a Findechagas”, ressaltou Nancy, que é portadora da doença. Além de oferecer apoio aos pacientes, a associação promove cursos de capacitação, atividades culturais e de integração.

O grupo também mobiliza ações de conscientização sobre a doença, incluindo a participação na Feira Fiocruz Saudável, e marca presença em eventos científicos, como o Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop), realizado em Recife, em 2018, e o 10º Simpósio de Ciência, Arte e Cidadania, promovido pelo IOC. Segundo Nancy, a restrição orçamentária é um dos principais desafios para a manutenção das atividades da associação.

Presidente da Associação Rio Chagas, Nancy Costa apontou a restrição orçamentária como um dos principais desafios para a manutenção das atividades. Foto: Gutemberg Brito

 

Projeto Selênio: avanços científicos e retorno ao portador de Chagas

O tratamento da doença de Chagas é complexo e deve ser realizado de acordo com o perfil do paciente e a forma como a doença se apresenta. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da doença de Chagas destaca dois medicamentos principais para o tratamento etiológico: o benznidazol e o nifurtimox.

A utilização desses fármacos tem por objetivo reduzir a duração e a gravidade clínica da doença. Além do controle da carga parasitária, outros tipos de terapia atuam no combate à doença, como medicamentos que estimulam o sistema imune do indivíduo ou promovem o controle da inflamação. A pesquisadora Tania Araújo-Jorge, chefe do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC, apresentou um estudo clínico inédito que investiga o uso de um medicamento à base de selênio como complemento ao tratamento da doença de Chagas.

Com base no conhecimento da capacidade antioxidante da substância, os pesquisadores investigam os impactos do suplemento na redução dos danos cardíacos relacionados à fase crônica do agravo. O estudo desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) conta com a participação de voluntários atendidos pela instituição. “A expectativa é de que, uma vez comprovada a eficácia do selênio para a melhoria dos indicadores de evolução da cardiopatia nos pacientes, o medicamento possa ser introduzido na rotina de tratamento”, destacou.

As pesquisadoras Tania Araújo-Jorge, do IOC, e Fernanda Sardinha, do INI, apresentaram estudos que buscam melhorar a qualidade de vida do paciente com doença de Chagas. Foto: Gutemberg Brito

 

Benefícios dos exercícios físicos para os pacientes

A atividade física pode contribuir para melhorias na qualidade de vida dos pacientes. É o que mostra um estudo apresentado pela médica cardiologista do INI, Fernanda Sardinha. A pesquisa avalia o impacto dos exercícios físicos na capacidade cardiopulmonar de portares da doença.

“O programa de exercícios tem por objetivo reabilitar o paciente de forma integral, oferecendo suporte nos aspectos físico, psíquico e social, além de fomentar a manutenção de hábitos saudáveis, reduzir incapacidades e eventos cardiovasculares desfavoráveis, melhorar a qualidade de vida e o controle dos fatores de risco”, explica Fernanda. A iniciativa propõe a combinação de uma série de estratégias, incluindo atividade física programada, dieta balanceada, interrupção do tabagismo e uso de drogas, diminuição do estresse e uso correto das medicações.

Desenvolvido desde 2013, o projeto tem apresentado resultados positivos na reabilitação de cardiopatias de pacientes atendidos no INI. A iniciativa conta com uma equipe multidisciplinar que envolve médicos, enfermeiros, técnicos, psicólogos e assistentes sociais.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)