Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.

vw_cabecalho_novo

Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Disseminação de bactérias resistentes

Disseminação de bactérias resistentes

Conheça a tese 'Dipteros muscoides como transmissores de bactérias resistentes aos antimicrobianos', da bióloga Isabel Nogueira Carramaschi, da Pós-graduação em Biodiversidade e Saúde
Por Maíra Menezes18/09/2020 - Atualizado em 09/03/2021

A tese da bióloga Isabel Nogueira Carramaschi demonstrou o papel das moscas na disseminação de bactérias resistentes a antibióticos. Selecionada para o Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto pela pós-graduação em Biodiversidade e Saúde, a pesquisa encontrou, nos insetos, bactérias causadoras de doenças, multirresistentes e portadoras de genes de resistência a antimicrobianos importantes no tratamento de infecções. A tese foi orientada pela pesquisadora Viviane Zahner, do Laboratório de Entomologia Médica e Forense do IOC, e co-orientada pela pesquisadora Karyne Rangel, pós-doutoranda do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).

“As moscas sinantrópicas frequentam ambientes ocupados pelo homem, com presença de matéria orgânica em decomposição, como lixões, feiras, restaurantes, hospitais e residências. Especialmente nos hospitais, onde há intenso uso de antimicrobianos e seleção de bactérias resistentes, elas adquirem grande diversidade de patógenos, que podem ser veiculados aderidos externamente ao seu corpo ou através de seus hábitos de alimentação, regurgitação e defecação. Os resultados da pesquisa corroboram o papel dos dípteros muscóides como importantes veiculadores de bactérias resistentes em ambientes extra-hospitalares”, esclareceu a autora.

Análises do genoma das bactérias detectaram genes de resistência a antibióticos importantes no tratamento de infecções em sete cepas isoladas a partir das moscas. Foto: Acervo

Ao longo de quatro anos, o estudo coletou 117 moscas em cinco pontos relativamente próximos na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas com diferentes características, incluindo áreas internas, próximas e distantes de hospitais. Ao todo, 197 colônias de bactérias foram isoladas a partir das moscas. Os testes revelaram que 42 isolados bacterianos apresentavam perfil resistente ou intermediário para um ou dois antibióticos, o que significa que os microrganismos não seriam eliminados por esses fármacos ou haveria necessidade de doses mais altas para sua ação. Além disso, dez cepas apresentaram resistência a antimicrobianos de três classes diferentes, sendo classificadas como multirresistentes.

Análises do genoma das bactérias detectaram genes de resistência a antibióticos importantes no tratamento de infecções em sete cepas isoladas a partir das moscas. Entre estas, três pertenciam a espécies causadoras de doenças em seres humanos. “Essas bactérias apresentam potencial de causar infecções relacionadas a assistência à saúde. Além disso, devemos ressaltar que os genes de resistência podem estar presentes em elementos móveis do genoma bacteriano, o que aumenta o risco de sua disseminação para outros microrganismos”, alertou a bióloga.

A maior quantidade de bactérias resistentes foi detectada em um depósito de lixo a céu aberto, a cerca de cem metros de um hospital. De acordo com Isabel, este dado sugere que caçambas de resíduos domésticos próximas a unidades hospitalares podem facilitar a disseminação de bactérias resistentes. “Neste ponto, observamos quesitos importantes como grande quantidade de lixo, altas temperaturas e proximidade com o hospital”, pontuou a bióloga, enfatizando o alinhamento da tese ao conceito de Saúde Única, que integra os estudos de saúde humana, animal e ambiental. A pesquisa foi realizada com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Conheça a tese 'Dipteros muscoides como transmissores de bactérias resistentes aos antimicrobianos', da bióloga Isabel Nogueira Carramaschi, da Pós-graduação em Biodiversidade e Saúde
Por: 
maira

A tese da bióloga Isabel Nogueira Carramaschi demonstrou o papel das moscas na disseminação de bactérias resistentes a antibióticos. Selecionada para o Prêmio IOC de Teses Alexandre Peixoto pela pós-graduação em Biodiversidade e Saúde, a pesquisa encontrou, nos insetos, bactérias causadoras de doenças, multirresistentes e portadoras de genes de resistência a antimicrobianos importantes no tratamento de infecções. A tese foi orientada pela pesquisadora Viviane Zahner, do Laboratório de Entomologia Médica e Forense do IOC, e co-orientada pela pesquisadora Karyne Rangel, pós-doutoranda do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).

“As moscas sinantrópicas frequentam ambientes ocupados pelo homem, com presença de matéria orgânica em decomposição, como lixões, feiras, restaurantes, hospitais e residências. Especialmente nos hospitais, onde há intenso uso de antimicrobianos e seleção de bactérias resistentes, elas adquirem grande diversidade de patógenos, que podem ser veiculados aderidos externamente ao seu corpo ou através de seus hábitos de alimentação, regurgitação e defecação. Os resultados da pesquisa corroboram o papel dos dípteros muscóides como importantes veiculadores de bactérias resistentes em ambientes extra-hospitalares”, esclareceu a autora.

Análises do genoma das bactérias detectaram genes de resistência a antibióticos importantes no tratamento de infecções em sete cepas isoladas a partir das moscas. Foto: Acervo

Ao longo de quatro anos, o estudo coletou 117 moscas em cinco pontos relativamente próximos na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas com diferentes características, incluindo áreas internas, próximas e distantes de hospitais. Ao todo, 197 colônias de bactérias foram isoladas a partir das moscas. Os testes revelaram que 42 isolados bacterianos apresentavam perfil resistente ou intermediário para um ou dois antibióticos, o que significa que os microrganismos não seriam eliminados por esses fármacos ou haveria necessidade de doses mais altas para sua ação. Além disso, dez cepas apresentaram resistência a antimicrobianos de três classes diferentes, sendo classificadas como multirresistentes.

Análises do genoma das bactérias detectaram genes de resistência a antibióticos importantes no tratamento de infecções em sete cepas isoladas a partir das moscas. Entre estas, três pertenciam a espécies causadoras de doenças em seres humanos. “Essas bactérias apresentam potencial de causar infecções relacionadas a assistência à saúde. Além disso, devemos ressaltar que os genes de resistência podem estar presentes em elementos móveis do genoma bacteriano, o que aumenta o risco de sua disseminação para outros microrganismos”, alertou a bióloga.

A maior quantidade de bactérias resistentes foi detectada em um depósito de lixo a céu aberto, a cerca de cem metros de um hospital. De acordo com Isabel, este dado sugere que caçambas de resíduos domésticos próximas a unidades hospitalares podem facilitar a disseminação de bactérias resistentes. “Neste ponto, observamos quesitos importantes como grande quantidade de lixo, altas temperaturas e proximidade com o hospital”, pontuou a bióloga, enfatizando o alinhamento da tese ao conceito de Saúde Única, que integra os estudos de saúde humana, animal e ambiental. A pesquisa foi realizada com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)