Nos últimos dias, três eventos sequenciais em Barcelona, Espanha, discutiram a doença de Chagas e sua situação global na atualidade. A intensificação dos fluxos de pessoas entre países e continentes e seus impactos sobre o cenário epidemiológico da doença foi um dos principais tópicos em discussão.
A maratona de eventos incluiu o VII Taller sobre Enfermedad de Chagas (VII Oficina sobre doença de Chagas), a primeira reunião da Red NHEPACHA (Rede Iberolatinoamericana sobre novas ferramentas para o manejo e cuidado de pacientes com doença de Chagas) e o simpósio Migrant Health and imported diseases: meeting research challenges (Saúde de imigrantes e doenças importadas: de frente para os desafios de pesquisa). O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi representado nos três encontros por sua diretora, Tania Araújo-Jorge, convidada como palestrante em dois deles.
Tema global
Eventos como estes trazem à tona as doenças infecciosas tratadas no campo da medicina tropical e que, agora, são vistas como problemas globais dos sistemas de saúde também de países desenvolvidos, devido a migrações e viagens cada vez mais frequentes em todo o mundo, comenta a pesquisadora.
Ela ressalta que a Europa, em particular, está extremamente desafiada pelo fato de que os imigrantes da América Latina podem ser portadores de infecções crônicas. Muitos países da Europa hoje precisam manejar pacientes com doença de Chagas em seus sistemas de saúde. Um levantamento feito em 2008 indicava na Espanha mais de 50 mil casos, afirma. O impacto na Espanha gerou medidas de controle introduzidas no sistema de saúde, como o diagnóstico pré-natal em gestantes latinoamericanas, o treinamento de profissionais de saúde no manejo e tratamento da doença de Chagas, a inclusão de métodos diagnósticos para controle de bancos de sangue e transplantes e o acompanhamento de reações adversas ao tratamento com benzonidazol.
Na Oficina sobre doença de Chagas, o foco de debate são as atuais e novas ferramentas de diagnóstico e a experiência clínica dos serviços de saúde espanhóis. Palestrantes de países da América Latina incluindo Bolívia, Argentina e Colômbia, além do Brasil foram convidados para reportar experiências locais. Tania apresentou no evento os resultados dos estudos de imunomodulação por selênio, com os resultados pré-clínicos e o estudo clínico atualmente em curso na Fiocruz.
A pesquisadora informa que os debates ocorridos na oficina serão disseminados junto à Área de Pesquisa em Doença de Chagas do IOC e ao Programa Integrado de Doença de Chagas (PIDC) da Fiocruz. Ela anuncia novidades para os nove grupos associados ao PIDC que já atuam na rede NHEPACHA com projetos em biomarcadores, tratamento, diagnóstico e atenção integral ao portador de doença de Chagas. O desenho das atividades da rede foi atualizado, com perspectiva de interação com um maior número de grupos brasileiros, informa.
Fluxos internacionais
No simpósio sobre saúde de imigrantes, os desafios colocados no campo da pesquisa foram pontuados. A escolha do professor de Psicologia Intercultural na Universidade de Utrecht, Holanda, David Ingleby, para a conferência de abertura deu uma demonstração da abordagem que nortearia o encontro, que pautou questões relativas a iniquidades, direitos de minorias, descriminação e diagnóstico das condições de saúde, dos determinantes biológicos e sociais da saúde de populações e das condições de acesso aos serviços de saúde. HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose, sarampo, hepatites, helmintíases, malária, doença de Chagas, dengue, febre do Oeste do Nilo, chikungunya, leishmanioses e outras doenças infecciosas estão presentes nessa agenda.
O Brasil é um país formado por imigrantes e apresenta fluxos de pessoas com destino em diferentes continentes. A situação de saúde de todas essas populações que são consideradas minoritárias no contexto de migrantes, no Brasil ou nos países para onde migram brasileiros, é um tema negligenciado atualmente tanto em pesquisa como em políticas públicas. O Instituto de Saúde Global de Barcelona está liderando esse debate na Espanha e, em outros países, as Sociedades de Medicina Tropical incorporaram o tema da saúde internacional em suas agendas de trabalho e em suas denominações, observa a pesquisadora.
Como o Brasil já tem abordado essa questão através da ANVISA e dos debates promovidos pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, e considerando que o país se prepara para receber populações de todo o mundo no contexto dos grandes eventos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, manter a Fiocruz sintonizada com os debates que ocorrem nesse campo é um dever e um compromisso institucional. O Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS) da Fiocruz articulará o conjunto de ações e desafios para os quais o IOC e as demais Unidades da Fiocruz deverão ser ativamente convocados a atuar, finaliza.
10/03/2011
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Nos últimos dias, três eventos sequenciais em Barcelona, Espanha, discutiram a doença de Chagas e sua situação global na atualidade. A intensificação dos fluxos de pessoas entre países e continentes e seus impactos sobre o cenário epidemiológico da doença foi um dos principais tópicos em discussão.
A maratona de eventos incluiu o VII Taller sobre Enfermedad de Chagas (VII Oficina sobre doença de Chagas), a primeira reunião da Red NHEPACHA (Rede Iberolatinoamericana sobre novas ferramentas para o manejo e cuidado de pacientes com doença de Chagas) e o simpósio Migrant Health and imported diseases: meeting research challenges (Saúde de imigrantes e doenças importadas: de frente para os desafios de pesquisa). O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi representado nos três encontros por sua diretora, Tania Araújo-Jorge, convidada como palestrante em dois deles.
Tema global
Eventos como estes trazem à tona as doenças infecciosas tratadas no campo da medicina tropical e que, agora, são vistas como problemas globais dos sistemas de saúde também de países desenvolvidos, devido a migrações e viagens cada vez mais frequentes em todo o mundo, comenta a pesquisadora.
Ela ressalta que a Europa, em particular, está extremamente desafiada pelo fato de que os imigrantes da América Latina podem ser portadores de infecções crônicas. Muitos países da Europa hoje precisam manejar pacientes com doença de Chagas em seus sistemas de saúde. Um levantamento feito em 2008 indicava na Espanha mais de 50 mil casos, afirma. O impacto na Espanha gerou medidas de controle introduzidas no sistema de saúde, como o diagnóstico pré-natal em gestantes latinoamericanas, o treinamento de profissionais de saúde no manejo e tratamento da doença de Chagas, a inclusão de métodos diagnósticos para controle de bancos de sangue e transplantes e o acompanhamento de reações adversas ao tratamento com benzonidazol.
Na Oficina sobre doença de Chagas, o foco de debate são as atuais e novas ferramentas de diagnóstico e a experiência clínica dos serviços de saúde espanhóis. Palestrantes de países da América Latina incluindo Bolívia, Argentina e Colômbia, além do Brasil foram convidados para reportar experiências locais. Tania apresentou no evento os resultados dos estudos de imunomodulação por selênio, com os resultados pré-clínicos e o estudo clínico atualmente em curso na Fiocruz.
A pesquisadora informa que os debates ocorridos na oficina serão disseminados junto à Área de Pesquisa em Doença de Chagas do IOC e ao Programa Integrado de Doença de Chagas (PIDC) da Fiocruz. Ela anuncia novidades para os nove grupos associados ao PIDC que já atuam na rede NHEPACHA com projetos em biomarcadores, tratamento, diagnóstico e atenção integral ao portador de doença de Chagas. O desenho das atividades da rede foi atualizado, com perspectiva de interação com um maior número de grupos brasileiros, informa.
Fluxos internacionais
No simpósio sobre saúde de imigrantes, os desafios colocados no campo da pesquisa foram pontuados. A escolha do professor de Psicologia Intercultural na Universidade de Utrecht, Holanda, David Ingleby, para a conferência de abertura deu uma demonstração da abordagem que nortearia o encontro, que pautou questões relativas a iniquidades, direitos de minorias, descriminação e diagnóstico das condições de saúde, dos determinantes biológicos e sociais da saúde de populações e das condições de acesso aos serviços de saúde. HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose, sarampo, hepatites, helmintíases, malária, doença de Chagas, dengue, febre do Oeste do Nilo, chikungunya, leishmanioses e outras doenças infecciosas estão presentes nessa agenda.
O Brasil é um país formado por imigrantes e apresenta fluxos de pessoas com destino em diferentes continentes. A situação de saúde de todas essas populações que são consideradas minoritárias no contexto de migrantes, no Brasil ou nos países para onde migram brasileiros, é um tema negligenciado atualmente tanto em pesquisa como em políticas públicas. O Instituto de Saúde Global de Barcelona está liderando esse debate na Espanha e, em outros países, as Sociedades de Medicina Tropical incorporaram o tema da saúde internacional em suas agendas de trabalho e em suas denominações, observa a pesquisadora.
Como o Brasil já tem abordado essa questão através da ANVISA e dos debates promovidos pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, e considerando que o país se prepara para receber populações de todo o mundo no contexto dos grandes eventos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, manter a Fiocruz sintonizada com os debates que ocorrem nesse campo é um dever e um compromisso institucional. O Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS) da Fiocruz articulará o conjunto de ações e desafios para os quais o IOC e as demais Unidades da Fiocruz deverão ser ativamente convocados a atuar, finaliza.
10/03/2011
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Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)