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Doença de Chagas: um dia contra a negligência

Primeiro Dia Mundial da Doença de Chagas chama atenção para agravo que atinge mais de sete milhões de pessoas no mundo. Muitos portadores fazem parte da população vulnerável à Covid-19. Tema foi discutido em roda de conversa online
Por Maíra Menezes13/04/2020 - Atualizado em 16/03/2021

Enquanto o mundo se mobiliza contra a pandemia de Covid-19, causada pelo coronavírus Sars-CoV-2, detectado na China há pouco mais de cem dias, o calendário mundial da saúde chama atenção, pela primeira vez, para uma doença descrita há mais de cem anos, que permanece negligenciada. O Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado em 14 de abril, destaca a necessidade de esforços contra a invisibilidade de uma agravo que afeta mais de sete milhões de pessoas no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 65 milhões de pessoas vivem em risco de contrair a enfermidade. Apenas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são estimados entre 1,9 milhões e 4,6 milhões de portadores.

No contexto da pandemia, muitos afetados pela doença de Chagas encontram-se vulneráveis. Problemas cardíacos, que afetam 30% dos portadores da forma crônica do agravo, são um fator de risco para casos graves e mortes na Covid-19. Para discutir essas e outras questões importantes, a Associação Rio Chagas realizou, no 14 de abril, a roda de conversa online ‘Falamos de Chagas 2020 durante a pandemia de Covid-19’. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi um dos parceiros da iniciativa.

Também visando contribuir para o esclarecimento de profissionais de saúde e pessoas afetadas, o Portal da Doença de Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicou um conjunto de perguntas e respostas sobre a Covid-19 e o agravo. O material elaborado por especialistas do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC em parceria com a organização internacional ‘Coalizão Chagas’ aborda sintomas da infecção pelo novo coronavírus, riscos para os portadores e orientações para quem realiza tratamento para doença de Chagas na fase aguda e crônica, entre outras questões.

Luta por visibilidade

A criação do Dia Mundial da Doença de Chagas foi aprovada, em maio do ano passado, pela 72ª Assembleia Mundial da Saúde, encontro que reúne delegações de todos os estados-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS). A mobilização pela visibilidade do agravo partiu dos pacientes, sendo liderada pela Federação Internacional de Associações de Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas (Findechagas). O movimento teve intenso apoio da comunidade científica e da saúde, inclusive no IOC e na Fiocruz. [Confira depoimentos de pesquisadores que trabalham por um mundo livre da doença de Chagas.]

A doença de Chagas é causada pelo parasito Trypanosoma cruzi, que pode ser transmitido pela picada de insetos triatomíneos, popularmente conhecidos como barbeiros, e pela contaminação de alimentos, seja pela presença do vetor ou de suas fezes. Se a mãe infectada não for tratada, o T. cruzi também passa da gestante para o filho durante a gravidez. Transfusões de sangue e transplantes de órgãos são outras vias possíveis de infecção, quando não são adotadas medidas adequadas de prevenção.

Logo após o contágio, medicamentos podem eliminar o parasito e levar à cura. Porém, a enfermidade frequentemente não apresenta sintomas na fase inicial e as pessoas afetadas têm baixo acesso aos serviços de saúde. Estimativas apontam que menos de 10% dos casos são diagnosticados oportunamente e apenas 1% recebe o tratamento adequado. Como resultado, após décadas de infecção, cerca de 30% dos indivíduos desenvolvem problemas cardíacos e 10% têm distúrbios digestivos, neurológicos ou mistos. As lesões prejudicam de forma significativa a qualidade de vida e podem levar à morte.

Dados da Findechagas apontam que, todos os anos, cerca de 9.000 crianças nascem infectadas pelo T. cruzi e mais de 12.000 pessoas morrem pela doença. No primeiro Dia Mundial da Doença de Chagas, a entidade ressalta a necessidade de esforços para controlar a transmissão; aprimorar e desenvolver novos métodos de diagnóstico e tratamento e expandir a cobertura de assistência para todas as pessoas com a doença ou em risco de contraí-la.

Descoberta no Brasil

Escolhido como Dia Mundial, o 14 de abril lembra a data de 1909 em que Carlos Chagas, pesquisador do IOC, identificou, pela primeira vez, o T. cruzi em uma paciente. Publicada na revista científica ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’, a descrição do ciclo da doença, incluindo caracterização do agente causador, do inseto transmissor e do conjunto de sintomas, foi um dos feitos mais emblemáticos da ciência brasileira.

Primeiro Dia Mundial da Doença de Chagas chama atenção para agravo que atinge mais de sete milhões de pessoas no mundo. Muitos portadores fazem parte da população vulnerável à Covid-19. Tema foi discutido em roda de conversa online
Por: 
maira

Enquanto o mundo se mobiliza contra a pandemia de Covid-19, causada pelo coronavírus Sars-CoV-2, detectado na China há pouco mais de cem dias, o calendário mundial da saúde chama atenção, pela primeira vez, para uma doença descrita há mais de cem anos, que permanece negligenciada. O Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado em 14 de abril, destaca a necessidade de esforços contra a invisibilidade de uma agravo que afeta mais de sete milhões de pessoas no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 65 milhões de pessoas vivem em risco de contrair a enfermidade. Apenas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são estimados entre 1,9 milhões e 4,6 milhões de portadores.

No contexto da pandemia, muitos afetados pela doença de Chagas encontram-se vulneráveis. Problemas cardíacos, que afetam 30% dos portadores da forma crônica do agravo, são um fator de risco para casos graves e mortes na Covid-19. Para discutir essas e outras questões importantes, a Associação Rio Chagas realizou, no 14 de abril, a roda de conversa online ‘Falamos de Chagas 2020 durante a pandemia de Covid-19’. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi um dos parceiros da iniciativa.

Também visando contribuir para o esclarecimento de profissionais de saúde e pessoas afetadas, o Portal da Doença de Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicou um conjunto de perguntas e respostas sobre a Covid-19 e o agravo. O material elaborado por especialistas do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC em parceria com a organização internacional ‘Coalizão Chagas’ aborda sintomas da infecção pelo novo coronavírus, riscos para os portadores e orientações para quem realiza tratamento para doença de Chagas na fase aguda e crônica, entre outras questões.

Luta por visibilidade

A criação do Dia Mundial da Doença de Chagas foi aprovada, em maio do ano passado, pela 72ª Assembleia Mundial da Saúde, encontro que reúne delegações de todos os estados-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS). A mobilização pela visibilidade do agravo partiu dos pacientes, sendo liderada pela Federação Internacional de Associações de Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas (Findechagas). O movimento teve intenso apoio da comunidade científica e da saúde, inclusive no IOC e na Fiocruz. [Confira depoimentos de pesquisadores que trabalham por um mundo livre da doença de Chagas.]

A doença de Chagas é causada pelo parasito Trypanosoma cruzi, que pode ser transmitido pela picada de insetos triatomíneos, popularmente conhecidos como barbeiros, e pela contaminação de alimentos, seja pela presença do vetor ou de suas fezes. Se a mãe infectada não for tratada, o T. cruzi também passa da gestante para o filho durante a gravidez. Transfusões de sangue e transplantes de órgãos são outras vias possíveis de infecção, quando não são adotadas medidas adequadas de prevenção.

Logo após o contágio, medicamentos podem eliminar o parasito e levar à cura. Porém, a enfermidade frequentemente não apresenta sintomas na fase inicial e as pessoas afetadas têm baixo acesso aos serviços de saúde. Estimativas apontam que menos de 10% dos casos são diagnosticados oportunamente e apenas 1% recebe o tratamento adequado. Como resultado, após décadas de infecção, cerca de 30% dos indivíduos desenvolvem problemas cardíacos e 10% têm distúrbios digestivos, neurológicos ou mistos. As lesões prejudicam de forma significativa a qualidade de vida e podem levar à morte.

Dados da Findechagas apontam que, todos os anos, cerca de 9.000 crianças nascem infectadas pelo T. cruzi e mais de 12.000 pessoas morrem pela doença. No primeiro Dia Mundial da Doença de Chagas, a entidade ressalta a necessidade de esforços para controlar a transmissão; aprimorar e desenvolver novos métodos de diagnóstico e tratamento e expandir a cobertura de assistência para todas as pessoas com a doença ou em risco de contraí-la.

Descoberta no Brasil

Escolhido como Dia Mundial, o 14 de abril lembra a data de 1909 em que Carlos Chagas, pesquisador do IOC, identificou, pela primeira vez, o T. cruzi em uma paciente. Publicada na revista científica ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’, a descrição do ciclo da doença, incluindo caracterização do agente causador, do inseto transmissor e do conjunto de sintomas, foi um dos feitos mais emblemáticos da ciência brasileira.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)