Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.
Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Especial Ciência e Criança: O desafio de falar sobre temas como nanotecnologia e paleontologia para crianças e jovens

Especial Ciência e Criança: O desafio de falar sobre temas como nanotecnologia e paleontologia para crianças e jovens

Nanotecnologia, paleontologia, mamíferos marinhos e ficção científica estiveram em destaque no encontro
Por Jornalismo IOC27/09/2007 - Atualizado em 29/09/2022

O relato de experiências práticas das ações de divulgação científica para o público infanto-juvenil foi o tema central do seminário "Ciência & criança: a divulgação científica para o público infanto-juvenil" na tarde do dia 24 de setembro.

O pesquisador Marcelo Knobel, da Unicamp, apresentou a "Nanoaventura", iniciativa que tem como objetivo despertar a curiosidade para o mundo das ciências, especialmente sobre a nanociência e a nanotecnologia. A experiência inovadora é desenvolvida por professores e pesquisadores da universidade, do Museu Exploratório de Ciências de Campinas e do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em parceria com a Prefeitura Municipal de Campinas e com o Instituto Sangari, e apoio da Fundação Vitae e da Fapesp.

Pesquisadores falaram sobre as experiências exitosas e debateram a divulgação científica voltada para o público infanto-juvenil. Foto: Gutemberg Brito

O pesquisador explicou que a "Nanoaventura" informa para as crianças noções básicas do nanomundo, como o conceito de escala e medida. A observação e manipulação de átomos e moléculas são apresentadas em forma de jogos eletrônicos, projeções 3D, performances, efeitos especiais e músicas. O projeto foi inaugurado em 2005 e é voltado para o público na faixa etária de 8 a 13 anos.

"A atividade é mais eficiente para crianças entre 10 e 11 anos", ressaltou. "Os jogos, além de interativos, demandam o trabalho em equipe e estimulam a colaboração entre as crianças", completou.

Marcelo destacou a diferença de gerações quanto à utilização das ferramentas disponíveis.

"Enquanto as crianças aprendem alguns em poucos minutos, os professores demoram muito mais para entender", lembrou.

Ele também comentou sobre a Oficina Desafio, cujo objetivo é que os alunos participantes desenvolvam soluções para problemas reais propostos, com a ajuda de monitores treinados e do equipamento da oficina ambulante. Desta forma, os jovens têm a oportunidade de trabalhar com as mãos e desenvolver sua própria tecnologia.

Paleontologia para crianças

A divulgação dos dinossauros e da paleontologia foi o tema da palestra realizada pelo pesquisador Alex Kellner, do Museu Nacional da UFRJ.

Ele relatou a experiência de uma exposição preparada para um congresso mundial de ciências que aconteceu no Rio de Janeiro em 1999, destacando como as crianças receberam as atividades preparadas pela equipe do Museu.

"São impressionantes as perguntas que surgem e como as crianças se interessem em escavar e saber como se dá o processo de identificação dos fósseis", afirmou.

Ele lamentou que ainda não haja uma cultura de divulgação científica na área no Brasil, o que pode ser verificado pelo fato de haver apenas um dinossauro brasileiro montado no país.

Alex alertou que é preciso haver uma maior interatividade entre instituições de pesquisa e os interessados na divulgação científica.

"Estamos muito atrasados. Estive recentemente em uma exposição em Stuttgart e as diferenças são notáveis. Enquanto a exposição de Stuttgart teve 756 dias de planejamento, R$ 5 milhões em investimento e 2 mil m² de área, a do Brasil teve 20 dias de elaboração, R$ 40 mil de investimento e 150 m² de área", comparou.

O pesquisador ressaltou que a principal contribuição da divulgação científica na paleontologia é mostrar para as crianças que existe uma diversidade da vida no passado e que cada fóssil tem sua contribuição para o presente.

"Por trás da réplica de um dinossauro ou de outro animal extinto, as crianças puderam ver que há um processo de pesquisa, que começa com a escavação”, concluiu.

Curiosidade pelo mar

O pesquisador Salvatore Siciliano, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) da Fiocruz, falou sobre as atividades de divulgação científica para crianças e jovens realizadas pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos) da ENSP.

Entre outras ações, o grupo participa do Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, que acontece há 15 anos no Brasil. O evento, que conta com a participação de voluntários, ocorre todos os anos no terceiro sábado de setembro.

Para Salvatore, surgem em ações como esta os primeiros questionamentos dos participantes.

"Por que as baleias são tão grandes? Porque comem muito? É a partir de perguntas como estas do público que conseguimos mostrar que há diferentes formas de baleias e que se alimentam de diferentes formas. Mostramos que existem, na verdade, 15 espécies de cetáceos com uma extrema diversidade de formas", explicou.

Salvatore destacou que é possível, a partir deste tema, falar sobre geologia, oceanografia e outros assuntos afins.

Afinidades entre ciência e ficção

A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Nilma Gonçalves Lacerda, abordou o tema a partir do uso da ficção na divulgação científica.

Nilma ressaltou que os recursos disponibilizados para a divulgação da ciência no Brasil são poucos, se comparado com outros gastos internos e com os gastos de outros países no mundo.

Ela criticou a divulgação científica que não investe em qualidade. Citando Oswald de Andrade - que, ao comentar a possibilidade de que o grande público viesse um dia a apreciar suas obras, disse "A massa ainda comerá o biscoito fino que eu fabrico" -, Nilma fez um paralelo: “Temos a massa e é da massa que tiramos o biscoito fino.

Enquanto temos uma televisão que foi pensada para emburrecer as pessoas, com gastos enormes com filmes estúpidos, nos acostumamos a ser pobres na divulgação científica”, afirmou. E deu a dica: “É preciso acreditar, cobrar e ir trabalhando. Não conseguiremos sem ser visionários e acreditar no futuro”.

 

Reportagem: Gustavo Barreto

Nanotecnologia, paleontologia, mamíferos marinhos e ficção científica estiveram em destaque no encontro
Por: 
jornalismo

O relato de experiências práticas das ações de divulgação científica para o público infanto-juvenil foi o tema central do seminário "Ciência & criança: a divulgação científica para o público infanto-juvenil" na tarde do dia 24 de setembro.

O pesquisador Marcelo Knobel, da Unicamp, apresentou a "Nanoaventura", iniciativa que tem como objetivo despertar a curiosidade para o mundo das ciências, especialmente sobre a nanociência e a nanotecnologia. A experiência inovadora é desenvolvida por professores e pesquisadores da universidade, do Museu Exploratório de Ciências de Campinas e do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em parceria com a Prefeitura Municipal de Campinas e com o Instituto Sangari, e apoio da Fundação Vitae e da Fapesp.

Pesquisadores falaram sobre as experiências exitosas e debateram a divulgação científica voltada para o público infanto-juvenil. Foto: Gutemberg Brito

O pesquisador explicou que a "Nanoaventura" informa para as crianças noções básicas do nanomundo, como o conceito de escala e medida. A observação e manipulação de átomos e moléculas são apresentadas em forma de jogos eletrônicos, projeções 3D, performances, efeitos especiais e músicas. O projeto foi inaugurado em 2005 e é voltado para o público na faixa etária de 8 a 13 anos.

"A atividade é mais eficiente para crianças entre 10 e 11 anos", ressaltou. "Os jogos, além de interativos, demandam o trabalho em equipe e estimulam a colaboração entre as crianças", completou.

Marcelo destacou a diferença de gerações quanto à utilização das ferramentas disponíveis.

"Enquanto as crianças aprendem alguns em poucos minutos, os professores demoram muito mais para entender", lembrou.

Ele também comentou sobre a Oficina Desafio, cujo objetivo é que os alunos participantes desenvolvam soluções para problemas reais propostos, com a ajuda de monitores treinados e do equipamento da oficina ambulante. Desta forma, os jovens têm a oportunidade de trabalhar com as mãos e desenvolver sua própria tecnologia.

Paleontologia para crianças

A divulgação dos dinossauros e da paleontologia foi o tema da palestra realizada pelo pesquisador Alex Kellner, do Museu Nacional da UFRJ.

Ele relatou a experiência de uma exposição preparada para um congresso mundial de ciências que aconteceu no Rio de Janeiro em 1999, destacando como as crianças receberam as atividades preparadas pela equipe do Museu.

"São impressionantes as perguntas que surgem e como as crianças se interessem em escavar e saber como se dá o processo de identificação dos fósseis", afirmou.

Ele lamentou que ainda não haja uma cultura de divulgação científica na área no Brasil, o que pode ser verificado pelo fato de haver apenas um dinossauro brasileiro montado no país.

Alex alertou que é preciso haver uma maior interatividade entre instituições de pesquisa e os interessados na divulgação científica.

"Estamos muito atrasados. Estive recentemente em uma exposição em Stuttgart e as diferenças são notáveis. Enquanto a exposição de Stuttgart teve 756 dias de planejamento, R$ 5 milhões em investimento e 2 mil m² de área, a do Brasil teve 20 dias de elaboração, R$ 40 mil de investimento e 150 m² de área", comparou.

O pesquisador ressaltou que a principal contribuição da divulgação científica na paleontologia é mostrar para as crianças que existe uma diversidade da vida no passado e que cada fóssil tem sua contribuição para o presente.

"Por trás da réplica de um dinossauro ou de outro animal extinto, as crianças puderam ver que há um processo de pesquisa, que começa com a escavação”, concluiu.

Curiosidade pelo mar

O pesquisador Salvatore Siciliano, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) da Fiocruz, falou sobre as atividades de divulgação científica para crianças e jovens realizadas pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMM-Lagos) da ENSP.

Entre outras ações, o grupo participa do Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias, que acontece há 15 anos no Brasil. O evento, que conta com a participação de voluntários, ocorre todos os anos no terceiro sábado de setembro.

Para Salvatore, surgem em ações como esta os primeiros questionamentos dos participantes.

"Por que as baleias são tão grandes? Porque comem muito? É a partir de perguntas como estas do público que conseguimos mostrar que há diferentes formas de baleias e que se alimentam de diferentes formas. Mostramos que existem, na verdade, 15 espécies de cetáceos com uma extrema diversidade de formas", explicou.

Salvatore destacou que é possível, a partir deste tema, falar sobre geologia, oceanografia e outros assuntos afins.

Afinidades entre ciência e ficção

A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Nilma Gonçalves Lacerda, abordou o tema a partir do uso da ficção na divulgação científica.

Nilma ressaltou que os recursos disponibilizados para a divulgação da ciência no Brasil são poucos, se comparado com outros gastos internos e com os gastos de outros países no mundo.

Ela criticou a divulgação científica que não investe em qualidade. Citando Oswald de Andrade - que, ao comentar a possibilidade de que o grande público viesse um dia a apreciar suas obras, disse "A massa ainda comerá o biscoito fino que eu fabrico" -, Nilma fez um paralelo: “Temos a massa e é da massa que tiramos o biscoito fino.

Enquanto temos uma televisão que foi pensada para emburrecer as pessoas, com gastos enormes com filmes estúpidos, nos acostumamos a ser pobres na divulgação científica”, afirmou. E deu a dica: “É preciso acreditar, cobrar e ir trabalhando. Não conseguiremos sem ser visionários e acreditar no futuro”.

 

Reportagem: Gustavo Barreto

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)