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Especial Ciência e Criança: O papel dos museus de ciência na divulgação

Atividades debateram sobre a educação não-formal e divertida de ciências para crianças e pré-adolescentes
Por Jornalismo IOC27/09/2007 - Atualizado em 29/09/2022

As primeiras atividades do seminário "Ciência & criança: a divulgação científica para o público infanto-juvenil", no dia 24 de setembro, reuniram profissionais de Barcelona, São Paulo e Rio de Janeiro para o debate sobre a educação não-formal e divertida de ciências para crianças e pré-adolescentes.

O diretor do Museu Cosmo de La Caixa, em Barcelona, Jorge Wagensberg, apresentou a palestra "Nuevos espacios de ciência para niños" e descreveu a experiência da instituição, que em 1988 criou o primeiro ambiente museológico voltado exclusivamente para o público infantil – a sala Click, que recebe crianças de até 6 anos.

“Um museu é uma concentração de realidades construídas a partir de estímulos, conversação e compreensão. A sala Click é uma concentração de fenômenos, de estímulos que incitam a conversação e a produção de sentidos. A partir desta experiência, surgiu também a sala Flash, para crianças de 6 a 11 anos”, Wagensberg explicou.

Jorge Wagensberg relatou a experiência do Museu Cosmo de La Caixa, em Barcelona. Foto: Gutemberg Brito

Segundo o especialista, é fundamental preparar nos museus espaços diferenciados de acordo com a com faixa etária.

“Museologicamente, uma criança de 11 anos pode visitar sozinha galerias e exposições e deve por isso receber atendimento diferenciado. Infantilizar o ambiente, por exemplo, é um erro recorrente. Para crianças mais crescidas, a estética de desenho animado confere caráter fantasioso às informações, comprometendo a credibilidade das atividades”.

Para garantir o sucesso de uma iniciativa de divulgação científica para o público infanto-juvenil, Wagensberg ressaltou a  observação de crianças e adolescentes fora de museus. Um exemplo desta estratégia é uma instalação do Museu Cosmo de La Caixa, que dá aos visitantes-mirins a oportunidade de alterar o curso de um rio através da arrumação de pedras e sedimentos de diversos tipos. A atividade é inspirada no interesse natural de crianças por brincadeiras que envolvem água e tem grande aceitação de público.

Martha Marandino (à esquerda), Isabel Mendes, Douglas Falcão e Denise Stuard apresentaram suas experiências em divulgação científica para o público infanto-juvenil na mesa-redonda Uma visita aos museus. Foto: Gutemberg Brito

Após a palestra, a mesa-redonda "Uma visita aos museus", coordenada por Isabel Mendes, do Museu da Vida, corroborou a apresentação de Wagensberg.

Martha Marandino, da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou a necessidade de se definir exposições e roteiros de visitação com características distintas, atendendo interesses específicos de acordo com o público a ser atingido.

Martha destacou a evolução das mediações feitas por monitores – hoje mais propositivas e interrogativas. O físico Douglas Falcão, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no Rio de Janeiro, concorda.

“É preciso adequar forma e conteúdo ao público infantil. Esse é o papel do mediador: saber para quem falar e de que forma”, sintetizou.

Douglas apresentou também diferentes formas de apreensão do conhecimento identificadas entre os visitantes-mirins.

A partir desta tipologia da interpretação – que inclui a representação descritiva, divergente, emotiva e avaliativa da atividade – Douglas propõe estilos de aprendizagem adequados a cada perfil.

Para ele, porém, o maior desafio dos profissionais é inserir no cotidiano dos museus os resultados de avaliações.

Denise Studart, do Museu da Vida, apresentou os resultados de pesquisa realizada durante seu doutorado na Inglaterra que avalia a percepção do público infantil de museus através de desenhos representativos das atividades desenvolvidas.

“Desenhos são uma importante fonte de informação sobre o pensamento infantil, pois permitem que a criança expresse suas impressões livremente, integrando os contextos pessoal, social e físico da visita”, Denise argumentou.

A pesquisa, que combinou a análise de 120 desenhos a entrevistas com 150 crianças com idade entre 7 e 11 anos, permitiu a identificação dos aspectos mais apreciados pelo público, como aplicação de conhecimentos de ciência e tecnologia no dia-a-dia, e a associação entre peças e atividades de diferentes exposições em uma mesma representação.

Bel Levy

Atividades debateram sobre a educação não-formal e divertida de ciências para crianças e pré-adolescentes
Por: 
jornalismo

As primeiras atividades do seminário "Ciência & criança: a divulgação científica para o público infanto-juvenil", no dia 24 de setembro, reuniram profissionais de Barcelona, São Paulo e Rio de Janeiro para o debate sobre a educação não-formal e divertida de ciências para crianças e pré-adolescentes.

O diretor do Museu Cosmo de La Caixa, em Barcelona, Jorge Wagensberg, apresentou a palestra "Nuevos espacios de ciência para niños" e descreveu a experiência da instituição, que em 1988 criou o primeiro ambiente museológico voltado exclusivamente para o público infantil – a sala Click, que recebe crianças de até 6 anos.

“Um museu é uma concentração de realidades construídas a partir de estímulos, conversação e compreensão. A sala Click é uma concentração de fenômenos, de estímulos que incitam a conversação e a produção de sentidos. A partir desta experiência, surgiu também a sala Flash, para crianças de 6 a 11 anos”, Wagensberg explicou.

Jorge Wagensberg relatou a experiência do Museu Cosmo de La Caixa, em Barcelona. Foto: Gutemberg Brito

Segundo o especialista, é fundamental preparar nos museus espaços diferenciados de acordo com a com faixa etária.

“Museologicamente, uma criança de 11 anos pode visitar sozinha galerias e exposições e deve por isso receber atendimento diferenciado. Infantilizar o ambiente, por exemplo, é um erro recorrente. Para crianças mais crescidas, a estética de desenho animado confere caráter fantasioso às informações, comprometendo a credibilidade das atividades”.

Para garantir o sucesso de uma iniciativa de divulgação científica para o público infanto-juvenil, Wagensberg ressaltou a  observação de crianças e adolescentes fora de museus. Um exemplo desta estratégia é uma instalação do Museu Cosmo de La Caixa, que dá aos visitantes-mirins a oportunidade de alterar o curso de um rio através da arrumação de pedras e sedimentos de diversos tipos. A atividade é inspirada no interesse natural de crianças por brincadeiras que envolvem água e tem grande aceitação de público.

Martha Marandino (à esquerda), Isabel Mendes, Douglas Falcão e Denise Stuard apresentaram suas experiências em divulgação científica para o público infanto-juvenil na mesa-redonda Uma visita aos museus. Foto: Gutemberg Brito

Após a palestra, a mesa-redonda "Uma visita aos museus", coordenada por Isabel Mendes, do Museu da Vida, corroborou a apresentação de Wagensberg.

Martha Marandino, da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou a necessidade de se definir exposições e roteiros de visitação com características distintas, atendendo interesses específicos de acordo com o público a ser atingido.

Martha destacou a evolução das mediações feitas por monitores – hoje mais propositivas e interrogativas. O físico Douglas Falcão, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no Rio de Janeiro, concorda.

“É preciso adequar forma e conteúdo ao público infantil. Esse é o papel do mediador: saber para quem falar e de que forma”, sintetizou.

Douglas apresentou também diferentes formas de apreensão do conhecimento identificadas entre os visitantes-mirins.

A partir desta tipologia da interpretação – que inclui a representação descritiva, divergente, emotiva e avaliativa da atividade – Douglas propõe estilos de aprendizagem adequados a cada perfil.

Para ele, porém, o maior desafio dos profissionais é inserir no cotidiano dos museus os resultados de avaliações.

Denise Studart, do Museu da Vida, apresentou os resultados de pesquisa realizada durante seu doutorado na Inglaterra que avalia a percepção do público infantil de museus através de desenhos representativos das atividades desenvolvidas.

“Desenhos são uma importante fonte de informação sobre o pensamento infantil, pois permitem que a criança expresse suas impressões livremente, integrando os contextos pessoal, social e físico da visita”, Denise argumentou.

A pesquisa, que combinou a análise de 120 desenhos a entrevistas com 150 crianças com idade entre 7 e 11 anos, permitiu a identificação dos aspectos mais apreciados pelo público, como aplicação de conhecimentos de ciência e tecnologia no dia-a-dia, e a associação entre peças e atividades de diferentes exposições em uma mesma representação.

Bel Levy

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)