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Influenza: uma vacina por ano

Produção do imunizante contra a gripe inclui estudos permanentes sobre a circulação global do vírus. Conheça como o Brasil contribui nesse esforço e entenda a importância da vacinação anual
Por Lucas Rocha20/06/2018 - Atualizado em 06/06/2023

A vacina contra gripe tem uma nova campanha a cada ano, mobilizando postos de saúde de todo o país. Isso acontece porque o vírus causador da doença tem uma taxa expressiva de mutações genéticas, exigindo que as vacinas tenham sua composição revisada periodicamente para que sua eficácia esteja mantida.

Definir a composição do imunizante não é nada simples: em todo o mundo, uma centena de Centros Nacionais de Influenza (NICs, na sigla em inglês) atuam no acompanhamento permanente das mudanças genéticas do vírus, a partir da análise de amostras de pacientes, e abastecem os dados do Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, o Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) cumpre esse papel, enquanto referência nacional para influenza junto ao Ministério da Saúde, num trabalho permanente de investigação do perfil genético do vírus articulado junto ao Instituto Adolfo Lutz (SP) e do Instituto Evandro Chagas (PA). No IOC, a equipe liderada pela virologista Marilda Siqueira - que tem quase 40 anos de experiência em vírus respiratórios - analisa amostras enviadas por unidades sentinelas espalhadas por todas as regiões do país.

Além de acompanhar a evolução dos distintos grupos de Influenza, por meio de análises filogenéticas, os pesquisadores atuam na identificação de cepas variantes dos vírus que circulam durante as epidemias sazonais - aquelas que acontecem a cada ano, principalmente no inverno.

Apenas no ano de 2017, os Centros Nacionais de Influenza coletaram e testaram mais de três milhões de amostras clínicas de pacientes. Estas informações são compartilhadas com os Centros Colaboradores sobre o tema da OMS.

"Nos Centros Colaboradores, que são laboratórios internacionais de alta complexidade, presentes nos Estados Unidos, Inglaterra, China, Japão e Austrália, cientistas realizam análises genéticas avançadas buscando compreender a dinâmica de circulação dos vírus Influenza", explica Siqueira.

"Todos os países com Centros Nacionais de Influenza são parte dessa engrenagem altamente complexa, que nos permite proteger a população mais vulnerável ao vírus a partir da formulação de composições da vacina atualizadas com o perfil genético do vírus que está em circulação", completa o pesquisador Fernando Motta, que atua no mesmo Laboratório.


Marilda Siqueira e Fernando Motta atuam no Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz. Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz


A receita da vacina

Para definir a composição das vacinas que serão aplicadas nas próximas temporadas de influenza, a OMS realiza reuniões com um grupo consultivo de especialistas duas vezes por ano.

Os encontros acontecem entre os meses de fevereiro e março para deliberar as recomendações voltadas para o hemisfério norte e, em setembro, para o hemisfério sul. Durante as reuniões, os especialistas analisam dados de vigilância produzidos pelos Centros Nacionais de Influenza, além de informações sobre a caracterização genética dos vírus e estudos de sorologia em humanos com vacinas de vírus inativado.

O grupo avalia, ainda, dados de resistência aos medicamentos antivirais e resultados da eficácia da vacina utilizada na temporada atual e nas anteriores. Com base no conjunto de análises, a OMS emite, ao término dos encontros, a recomendação das cepas que devem compor o imunizante.

O documento é usado por agências nacionais de regulamentação de vacinas e empresas farmacêuticas para desenvolver, produzir e licenciar vacinas contra o vírus. As epidemias sazonais são causadas principalmente por variações de três vírus Influenza: dois do tipo A (os subtipos H1N1 e H3N2) e um subtipo de influenza B (que, por sua vez, se divide entre as linhagens Yagamata e Victoria).

As vacinas trivalentes contra gripe são construídas para recobrir essas três variações, considerando sempre o perfil genético dos vírus predominantes na temporada anterior. Já as vacinas quadrivalentes possuem formulação idêntica, com o acréscimo da linhagem de influenza B restante.

Produção do imunizante contra a gripe inclui estudos permanentes sobre a circulação global do vírus. Conheça como o Brasil contribui nesse esforço e entenda a importância da vacinação anual
Por: 
lucas

A vacina contra gripe tem uma nova campanha a cada ano, mobilizando postos de saúde de todo o país. Isso acontece porque o vírus causador da doença tem uma taxa expressiva de mutações genéticas, exigindo que as vacinas tenham sua composição revisada periodicamente para que sua eficácia esteja mantida.

Definir a composição do imunizante não é nada simples: em todo o mundo, uma centena de Centros Nacionais de Influenza (NICs, na sigla em inglês) atuam no acompanhamento permanente das mudanças genéticas do vírus, a partir da análise de amostras de pacientes, e abastecem os dados do Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, o Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) cumpre esse papel, enquanto referência nacional para influenza junto ao Ministério da Saúde, num trabalho permanente de investigação do perfil genético do vírus articulado junto ao Instituto Adolfo Lutz (SP) e do Instituto Evandro Chagas (PA). No IOC, a equipe liderada pela virologista Marilda Siqueira - que tem quase 40 anos de experiência em vírus respiratórios - analisa amostras enviadas por unidades sentinelas espalhadas por todas as regiões do país.

Além de acompanhar a evolução dos distintos grupos de Influenza, por meio de análises filogenéticas, os pesquisadores atuam na identificação de cepas variantes dos vírus que circulam durante as epidemias sazonais - aquelas que acontecem a cada ano, principalmente no inverno.

Apenas no ano de 2017, os Centros Nacionais de Influenza coletaram e testaram mais de três milhões de amostras clínicas de pacientes. Estas informações são compartilhadas com os Centros Colaboradores sobre o tema da OMS.

"Nos Centros Colaboradores, que são laboratórios internacionais de alta complexidade, presentes nos Estados Unidos, Inglaterra, China, Japão e Austrália, cientistas realizam análises genéticas avançadas buscando compreender a dinâmica de circulação dos vírus Influenza", explica Siqueira.

"Todos os países com Centros Nacionais de Influenza são parte dessa engrenagem altamente complexa, que nos permite proteger a população mais vulnerável ao vírus a partir da formulação de composições da vacina atualizadas com o perfil genético do vírus que está em circulação", completa o pesquisador Fernando Motta, que atua no mesmo Laboratório.

Marilda Siqueira e Fernando Motta atuam no Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz. Foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

A receita da vacina

Para definir a composição das vacinas que serão aplicadas nas próximas temporadas de influenza, a OMS realiza reuniões com um grupo consultivo de especialistas duas vezes por ano.

Os encontros acontecem entre os meses de fevereiro e março para deliberar as recomendações voltadas para o hemisfério norte e, em setembro, para o hemisfério sul. Durante as reuniões, os especialistas analisam dados de vigilância produzidos pelos Centros Nacionais de Influenza, além de informações sobre a caracterização genética dos vírus e estudos de sorologia em humanos com vacinas de vírus inativado.

O grupo avalia, ainda, dados de resistência aos medicamentos antivirais e resultados da eficácia da vacina utilizada na temporada atual e nas anteriores. Com base no conjunto de análises, a OMS emite, ao término dos encontros, a recomendação das cepas que devem compor o imunizante.

O documento é usado por agências nacionais de regulamentação de vacinas e empresas farmacêuticas para desenvolver, produzir e licenciar vacinas contra o vírus. As epidemias sazonais são causadas principalmente por variações de três vírus Influenza: dois do tipo A (os subtipos H1N1 e H3N2) e um subtipo de influenza B (que, por sua vez, se divide entre as linhagens Yagamata e Victoria).

As vacinas trivalentes contra gripe são construídas para recobrir essas três variações, considerando sempre o perfil genético dos vírus predominantes na temporada anterior. Já as vacinas quadrivalentes possuem formulação idêntica, com o acréscimo da linhagem de influenza B restante.

Edição: 
Raquel Aguiar

Imagem de capa: Flickr Creative Commons

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)