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Instituto Oswaldo Cruz confirma primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus do país

Atividade liderada pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo seguiu protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde para identificação de caso suspeito
Por Vinicius Ferreira10/12/2020 - Atualizado em 28/06/2021

Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias de Estado de Saúde da Paraíba e do Rio Grande do Norte, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) do país.

As amostras, coletadas de uma profissional da saúde residente em Natal e que trabalha em ambos os estados, foram analisadas pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que atua como Centro de Referência Nacional em vírus respiratórios junto ao Ministério da Saúde e como referência para a Organização Mundial da Saúde em Covid-19 nas Américas.

O Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo desempenha papel estratégico na resposta brasileira ao novo coronavírus. Foto: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)

Este é considerado o primeiro caso confirmado de reinfecção do país, uma vez que todos os procedimentos adotados seguiram o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, de acordo com a Nota Técnica nº 52/2020-CGPNI/DEIDT/SVS/MS, que estabelece orientações preliminares sobre a conduta frente a um caso suspeito de reinfecção da Covid-19 no Brasil.

Segundo o documento, é considerado caso suspeito de reinfecção o indivíduo com dois resultados positivos por meio da técnica de RT-PCR em tempo real para o vírus SARS-CoV-2, com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios de infecção respiratória, independentemente da condição clínica observada nos dois episódios.

As amostras, ambas com resultados positivos por RT-PCR em tempo real, metodologia indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tinham intervalo de coleta superior a 100 dias. A primeira coleta foi realizada em 23 de junho e a segunda em 13 de outubro, após a paciente apresentar sintomas da doença. As amostras foram coletadas e analisadas pelo Laboratório de Vigilância Molecular Aplicada da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em trabalho conjunto com o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do estado.

Segundo o Ministério da Saúde, no intervalo entre as duas amostras, foi realizada uma coleta em 8 de setembro, que apresentou resultado não detectável pela metodologia RT-PCR em tempo real, realizado no Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A amostra não detectável não foi encaminhada ao Laboratório da Fiocruz.

Após requisição do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Norte (CIEVS-RN) para confirmação do caso suspeito de reinfecção, as amostras foram encaminhadas pelo estado da Paraíba para análise no Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), conforme fluxo estabelecido pelo Ministério da Saúde.

No Laboratório da Fiocruz, o material foi novamente processado para identificação do novo coronavírus por meio da técnica de RT-PCR em tempo real e de positividade pelo teste de antígeno, capaz de detectar uma proteína específica do vírus. As análises foram positivas para o SARS-CoV-2. Em seguida, as amostras foram submetidas à técnica de sequenciamento genético, onde foi constatada a presença de linhagens distintas do vírus, sendo o patógeno da amostra coletada em junho pertencente à linhagem B.1.1.33 e o da amostra de outubro derivado da linhagem B.1.1.28. Ambas as linhagens já haviam sido detectadas no país. Os resultados foram informados às Secretarias de Estado de Saúde e ao Ministério da Saúde.

O trabalho em conjunto entre a Fiocruz, o Lacen-PB, a UFPB, a UFRN e o MS foi fundamental para a rápida elucidação do caso. Foto: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)

Para a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz, a rápida resposta e o trabalho em conjunto entre o Instituto, o Lacen da Paraíba e as Universidades Federais do Rio Grande do Norte e da Paraíba, com o suporte do Ministério da Saúde, contribuem para que as autoridades de saúde locais e nacionais desenhem estratégias de vigilância ainda mais robustas. “Desde o início dos primeiros casos no mundo, o laboratório começou a se preparar para a possível chegada do patógeno em nosso país. Desenvolvemos protocolo de detecção próprio, ajudamos no desenvolvimento de kit de diagnóstico e capacitamos mais de uma dezena de laboratórios centrais de saúde pública do Brasil e técnicos de diversos países latino-americanos. Estamos em contato constante com a Organização Pan-Americana da Saúde e com a Organização Mundial da Saúde para estabelecimento e atualização de protocolos, estudos e procedimentos. Nosso objetivo é ajudar o Brasil e o mundo com respostas para esse problema de saúde jamais enfrentado pela humanidade”, enfatizou.

Atuação do Laboratório na pandemia

O Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz atuou na capacitação de laboratórios públicos para o diagnóstico do novo coronavírus para o enfrentamento da pandemia. A unidade realizou o treinamento de profissionais dos Institutos Adolfo Lutz e Evandro Chagas, centros de referências regionais. Posteriormente, ofereceu capacitação a equipes dos Lacens de Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas e Mato Grosso do Sul. A partir de solicitação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), profissionais de nove países da América Latina (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai) também receberam o treinamento.

O Laboratório participou do diagnóstico dos brasileiros repatriados da China, em fevereiro, e atuou no esclarecimento de casos de coronavírus de diversos estados, ainda no início da pandemia. A partir do estabelecimento de parcerias com diversas instituições, desenvolve pesquisas de reposicionamento de medicamentos contra o novo coronavírus. Além disso, elaborou novo protocolo de sequenciamento, considerado mais rápido, com menor custo e de alta cobertura da extensão do genoma.

A equipe da unidade é curadora de plataforma internacional de dados genômicos de influenza e do novo coronavírus e integra o comitê da Fiocruz para acompanhamento de projetos de vacinas para a Covid-19. O Laboratório foi nomeado Laboratório de Referência da Organização Mundial da Saúde para Covid-19 nas Américas e passou a realizar testes confirmatórios da doença na região, além de integrar a rede de especialistas em laboratório da entidade para a Covid-19.

Atividade liderada pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo seguiu protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde para identificação de caso suspeito
Por: 
viniciusferreira

Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias de Estado de Saúde da Paraíba e do Rio Grande do Norte, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) do país.

As amostras, coletadas de uma profissional da saúde residente em Natal e que trabalha em ambos os estados, foram analisadas pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que atua como Centro de Referência Nacional em vírus respiratórios junto ao Ministério da Saúde e como referência para a Organização Mundial da Saúde em Covid-19 nas Américas.

O Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo desempenha papel estratégico na resposta brasileira ao novo coronavírus. Foto: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)

Este é considerado o primeiro caso confirmado de reinfecção do país, uma vez que todos os procedimentos adotados seguiram o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, de acordo com a Nota Técnica nº 52/2020-CGPNI/DEIDT/SVS/MS, que estabelece orientações preliminares sobre a conduta frente a um caso suspeito de reinfecção da Covid-19 no Brasil.

Segundo o documento, é considerado caso suspeito de reinfecção o indivíduo com dois resultados positivos por meio da técnica de RT-PCR em tempo real para o vírus SARS-CoV-2, com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios de infecção respiratória, independentemente da condição clínica observada nos dois episódios.

As amostras, ambas com resultados positivos por RT-PCR em tempo real, metodologia indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tinham intervalo de coleta superior a 100 dias. A primeira coleta foi realizada em 23 de junho e a segunda em 13 de outubro, após a paciente apresentar sintomas da doença. As amostras foram coletadas e analisadas pelo Laboratório de Vigilância Molecular Aplicada da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em trabalho conjunto com o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do estado.

Segundo o Ministério da Saúde, no intervalo entre as duas amostras, foi realizada uma coleta em 8 de setembro, que apresentou resultado não detectável pela metodologia RT-PCR em tempo real, realizado no Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A amostra não detectável não foi encaminhada ao Laboratório da Fiocruz.

Após requisição do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Norte (CIEVS-RN) para confirmação do caso suspeito de reinfecção, as amostras foram encaminhadas pelo estado da Paraíba para análise no Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), conforme fluxo estabelecido pelo Ministério da Saúde.

No Laboratório da Fiocruz, o material foi novamente processado para identificação do novo coronavírus por meio da técnica de RT-PCR em tempo real e de positividade pelo teste de antígeno, capaz de detectar uma proteína específica do vírus. As análises foram positivas para o SARS-CoV-2. Em seguida, as amostras foram submetidas à técnica de sequenciamento genético, onde foi constatada a presença de linhagens distintas do vírus, sendo o patógeno da amostra coletada em junho pertencente à linhagem B.1.1.33 e o da amostra de outubro derivado da linhagem B.1.1.28. Ambas as linhagens já haviam sido detectadas no país. Os resultados foram informados às Secretarias de Estado de Saúde e ao Ministério da Saúde.

O trabalho em conjunto entre a Fiocruz, o Lacen-PB, a UFPB, a UFRN e o MS foi fundamental para a rápida elucidação do caso. Foto: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)

Para a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz, a rápida resposta e o trabalho em conjunto entre o Instituto, o Lacen da Paraíba e as Universidades Federais do Rio Grande do Norte e da Paraíba, com o suporte do Ministério da Saúde, contribuem para que as autoridades de saúde locais e nacionais desenhem estratégias de vigilância ainda mais robustas. “Desde o início dos primeiros casos no mundo, o laboratório começou a se preparar para a possível chegada do patógeno em nosso país. Desenvolvemos protocolo de detecção próprio, ajudamos no desenvolvimento de kit de diagnóstico e capacitamos mais de uma dezena de laboratórios centrais de saúde pública do Brasil e técnicos de diversos países latino-americanos. Estamos em contato constante com a Organização Pan-Americana da Saúde e com a Organização Mundial da Saúde para estabelecimento e atualização de protocolos, estudos e procedimentos. Nosso objetivo é ajudar o Brasil e o mundo com respostas para esse problema de saúde jamais enfrentado pela humanidade”, enfatizou.

Atuação do Laboratório na pandemia

O Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz atuou na capacitação de laboratórios públicos para o diagnóstico do novo coronavírus para o enfrentamento da pandemia. A unidade realizou o treinamento de profissionais dos Institutos Adolfo Lutz e Evandro Chagas, centros de referências regionais. Posteriormente, ofereceu capacitação a equipes dos Lacens de Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas e Mato Grosso do Sul. A partir de solicitação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), profissionais de nove países da América Latina (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai) também receberam o treinamento.

O Laboratório participou do diagnóstico dos brasileiros repatriados da China, em fevereiro, e atuou no esclarecimento de casos de coronavírus de diversos estados, ainda no início da pandemia. A partir do estabelecimento de parcerias com diversas instituições, desenvolve pesquisas de reposicionamento de medicamentos contra o novo coronavírus. Além disso, elaborou novo protocolo de sequenciamento, considerado mais rápido, com menor custo e de alta cobertura da extensão do genoma.

A equipe da unidade é curadora de plataforma internacional de dados genômicos de influenza e do novo coronavírus e integra o comitê da Fiocruz para acompanhamento de projetos de vacinas para a Covid-19. O Laboratório foi nomeado Laboratório de Referência da Organização Mundial da Saúde para Covid-19 nas Américas e passou a realizar testes confirmatórios da doença na região, além de integrar a rede de especialistas em laboratório da entidade para a Covid-19.

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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