O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras
Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.

vw_cabecalho_novo

Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Jornada científica pelos sistemas imune e neural

Jornada científica pelos sistemas imune e neural

Evento promovido pelo IOC e Academia Nacional de Medicina reúne neurocientistas e imunologistas para discutir temáticas em cognição imune e neural
Por Jornalismo IOC12/08/2011 - Atualizado em 17/12/2024

Há exatos dois anos, a primeira Jornada Fluminense sobre Cognição Imune e Neural convidava os participantes a uma imersão por temas relacionados ao cérebro e ao sistema imune. Não foi diferente na segunda edição do evento, realizada nesta quinta-feira (11/08). O objetivo é colocar estudiosos relacionados ao sistema nervoso e imune para discutir aspectos do 'conhecer' e 'reconhecer' nos dois sistemas. A iniciativa, resultado de parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Academia Nacional de Medicina (ANM), debateu temas como ‘Visão neurocognitiva da psicoanálise’, ‘Psicofármacos para o aprimoramento cognitivo’ e ‘A distinção entre o próprio e o não próprio pelo sistema imune específico’. A jornada conta com patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Capes, além de contar com apoio da revista Neurociências.

 

Foto: Gutemberg Brito

O público, que marcou presença no anfiteatro da Academia Nacional de Medicina, participou ativamente fazendo perguntas e expondo opiniões junto aos conferencistas do evento.

 

Neurônios e genética

Os fenômenos elétricos e bioquímicos que ocorrem no sistema nervoso foi o tom da palestra ‘Plasticidade sináptica como substrato da cognição neural’, de Ricardo Augusto de Melo Reis (UFRJ). O conferencista afirmou que as interlocuções entre os neurônios aumentam de acordo com o avanço da idade dos indivíduos, contribuindo para o desenvolvimento cerebral. No princípio da vida humana, os genes que ganhamos dos nossos genitores são, numa primeira fase, importantes no desenvolvimento neural. Com o passar dos anos, as conexões sinápticas são refinadas por experiências sensoriais e motoras e contribuem para o desenvolvimento do cérebro, conta. Segundo o pesquisador, no pico da época embrionária (e em condições normais da saúde da mãe), são gerados em média 250 mil neurônios por minuto. O palestrante enfatizou o risco potencial do uso da Cannabis sativa em mulheres grávidas.

 

Foto: Gutemberg Brito

O biólogo Ricardo Augusto de Melo Reis, que participou pela primeira vez, ficou muito agradecido com o convite da organização do evento. Ter liberdade de expressão num ambiente onde você pode trocar conhecimento é fundamental para todos nós", disse.

 

Ao longo da manhã houve uma série de apresentações. O cientista Nelson Monteiro Vaz (UFMG) ministrou a palestra 'Imunologia e intencionalidade'. Em seguida, foi a vez de Sidarta Tolledal Gomes Ribeiro (UFRN) apresentar o trabalho 'Visão neurocognitiva da psicoanálise'. Alberto Nóbrega, pesquisador da UFRJ, falou sobre 'Atividade imunológica natural’. Ricardo Augusto de Melo Reis (UFRJ) fechou a primeira parte do evento.

Parasitas e hospedeiros

Diante de uma plateia de pesquisadores, professores e estudantes, foi apresentado à tarde o tema ‘A recorrente composição antigênica do universo biológico e o desafio da tolerância aos autoantígenos’, do imunologista do IOC, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro. De acordo com o especialista, parasitos e hospedeiros podem, do ponto de vista de suas composições em proteínas, portanto em antígenos, ser parecidos.
 

 

Foto: Gutemberg Brito

Chefe do Laboratório de Pesquisas em Malária e pesquisador do IOC, o médico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro é o idealizador da Jornada Fluminense sobre Cognição Imune e Neural.

 

O pesquisador chamou atenção para o fenômeno de mimetismo molecular que consiste no compartilhamento antigênico entre parasitas e seus hospedeiros e pode resultar no benefício dos parasitos, "uma vez que, estes, assemelhando-se antigenicamente aos hospedeiros, têm menos chances de serem reconhecidos imunologicamente e 'expulsos'", afirma. "A coevolução de parasitos e hospedeiros que tendem simultaneamente a se adequar e vencer as barreiras que uns impõem à sobrevivência dos outros, resultou na proposta da hipótese da Rainha Vermelha (pelo biologista evolucionista Van Leiden) inspirada no conselho que esta dá à Alice, no livro 'Alice no País dos Espelhos': a "correr o máximo que pode para ficar no mesmo lugar", explica. A hipótese é utilizada para descrever situações nas quais há uma constante taxa de mudança evolucionária em resposta a um ambiente em contínua transformação. De acordo com Cláudio, a ilustração deste fenômeno pode ser encontrada na coevolução tanto de parasitos e seus hospedeiros e de quanto de predadores e suas presas, como por exemplo, na coexistência de uma espécie de serpente e uma pequena salamandra, que tem uma potente neurotoxina em sua pele, em regiões da América do Norte e Central. "A salamandra tem o veneno cada vez mais tóxico em sua pele e a serpente adapta-se cada vez mais para tolerar essa toxina", finaliza.

Para apresentar a palestra, o pesquisador analisou artigos sobre micro-organismos com semelhanças antigênicas publicados por diversos cientistas durante diferentes períodos do século XX e na atualidade.

Outros pesquisadores também ministraram palestras dando continuidade ao evento, como Luiz Carlos de Lima Silveira e José Luiz Martins do Nascimento, ambos da UFPA, e Marcelo Barcinski e Jorge Kalil, da USP, que finalizaram a Jornada apresentando suas falas na sessão ordinária da Academia Nacional de Medicina.

Avaliação

O idealizador do evento, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, que organizou a segunda Jornada junto com o neurocientista José Luiz Martins do Nascimento, da Universidade Federal do Pará (UFPA), comentou sobre as motivações de organizar a Jornada. Não sei se é necessário termos uma finalidade para todas as coisas que fazemos, mas, com certeza, em muitos casos, temos uma boa justificativa. No caso da Jornada, uma delas é aprender com a sua organização e realização. Já consideramos transformar a próxima Jornada em um simpósio de dois dias para termos um espaço para melhor aproveitamento das discussões", avaliou.

Aprendizado

De olho no futuro, o estudante do 6º período de Biofísica da UFRJ e bolsista do Laboratório de Bioenergética, Thiago Cordeiro Moulin, avaliou o evento como uma janela para aprofundar o conhecimento de técnicas que possam ser utilizadas por ele no dia-a-dia do laboratório.

 

Foto: Gutemberg Brito

Com apenas 20 anos e cheio de energia o aluno de graduação Thiago Cordeiro Moulin afirmou ter aproveitado bastante o dia dedicado exclusivamente à jornada científica.

 

Achei muito interessantes os temas que os conferencistas apresentaram nas palestras e a interdisciplinaridade de duas áreas distintas, relatou o aluno que estuda a memória e tem como orientador o professor adjunto do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, Olavo Bohrer Amaral, que por sua vez é discípulo de Ivan Izquierdo, um dos pioneiros no estudo da neurobiologia da memória e do aprendizado.

João Paulo Soldati

12/08/2011

.

Evento promovido pelo IOC e Academia Nacional de Medicina reúne neurocientistas e imunologistas para discutir temáticas em cognição imune e neural
Por: 
jornalismo

Há exatos dois anos, a primeira Jornada Fluminense sobre Cognição Imune e Neural convidava os participantes a uma imersão por temas relacionados ao cérebro e ao sistema imune. Não foi diferente na segunda edição do evento, realizada nesta quinta-feira (11/08). O objetivo é colocar estudiosos relacionados ao sistema nervoso e imune para discutir aspectos do 'conhecer' e 'reconhecer' nos dois sistemas. A iniciativa, resultado de parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Academia Nacional de Medicina (ANM), debateu temas como ‘Visão neurocognitiva da psicoanálise’, ‘Psicofármacos para o aprimoramento cognitivo’ e ‘A distinção entre o próprio e o não próprio pelo sistema imune específico’. A jornada conta com patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Capes, além de contar com apoio da revista Neurociências.

 

Foto: Gutemberg Brito

O público, que marcou presença no anfiteatro da Academia Nacional de Medicina, participou ativamente fazendo perguntas e expondo opiniões junto aos conferencistas do evento.

 

Neurônios e genética

Os fenômenos elétricos e bioquímicos que ocorrem no sistema nervoso foi o tom da palestra ‘Plasticidade sináptica como substrato da cognição neural’, de Ricardo Augusto de Melo Reis (UFRJ). O conferencista afirmou que as interlocuções entre os neurônios aumentam de acordo com o avanço da idade dos indivíduos, contribuindo para o desenvolvimento cerebral. No princípio da vida humana, os genes que ganhamos dos nossos genitores são, numa primeira fase, importantes no desenvolvimento neural. Com o passar dos anos, as conexões sinápticas são refinadas por experiências sensoriais e motoras e contribuem para o desenvolvimento do cérebro, conta. Segundo o pesquisador, no pico da época embrionária (e em condições normais da saúde da mãe), são gerados em média 250 mil neurônios por minuto. O palestrante enfatizou o risco potencial do uso da Cannabis sativa em mulheres grávidas.

 

Foto: Gutemberg Brito

O biólogo Ricardo Augusto de Melo Reis, que participou pela primeira vez, ficou muito agradecido com o convite da organização do evento. Ter liberdade de expressão num ambiente onde você pode trocar conhecimento é fundamental para todos nós", disse.

 

Ao longo da manhã houve uma série de apresentações. O cientista Nelson Monteiro Vaz (UFMG) ministrou a palestra 'Imunologia e intencionalidade'. Em seguida, foi a vez de Sidarta Tolledal Gomes Ribeiro (UFRN) apresentar o trabalho 'Visão neurocognitiva da psicoanálise'. Alberto Nóbrega, pesquisador da UFRJ, falou sobre 'Atividade imunológica natural’. Ricardo Augusto de Melo Reis (UFRJ) fechou a primeira parte do evento.

Parasitas e hospedeiros

Diante de uma plateia de pesquisadores, professores e estudantes, foi apresentado à tarde o tema ‘A recorrente composição antigênica do universo biológico e o desafio da tolerância aos autoantígenos’, do imunologista do IOC, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro. De acordo com o especialista, parasitos e hospedeiros podem, do ponto de vista de suas composições em proteínas, portanto em antígenos, ser parecidos.
 

 

Foto: Gutemberg Brito

Chefe do Laboratório de Pesquisas em Malária e pesquisador do IOC, o médico Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro é o idealizador da Jornada Fluminense sobre Cognição Imune e Neural.

 

O pesquisador chamou atenção para o fenômeno de mimetismo molecular que consiste no compartilhamento antigênico entre parasitas e seus hospedeiros e pode resultar no benefício dos parasitos, "uma vez que, estes, assemelhando-se antigenicamente aos hospedeiros, têm menos chances de serem reconhecidos imunologicamente e 'expulsos'", afirma. "A coevolução de parasitos e hospedeiros que tendem simultaneamente a se adequar e vencer as barreiras que uns impõem à sobrevivência dos outros, resultou na proposta da hipótese da Rainha Vermelha (pelo biologista evolucionista Van Leiden) inspirada no conselho que esta dá à Alice, no livro 'Alice no País dos Espelhos': a "correr o máximo que pode para ficar no mesmo lugar", explica. A hipótese é utilizada para descrever situações nas quais há uma constante taxa de mudança evolucionária em resposta a um ambiente em contínua transformação. De acordo com Cláudio, a ilustração deste fenômeno pode ser encontrada na coevolução tanto de parasitos e seus hospedeiros e de quanto de predadores e suas presas, como por exemplo, na coexistência de uma espécie de serpente e uma pequena salamandra, que tem uma potente neurotoxina em sua pele, em regiões da América do Norte e Central. "A salamandra tem o veneno cada vez mais tóxico em sua pele e a serpente adapta-se cada vez mais para tolerar essa toxina", finaliza.

Para apresentar a palestra, o pesquisador analisou artigos sobre micro-organismos com semelhanças antigênicas publicados por diversos cientistas durante diferentes períodos do século XX e na atualidade.

Outros pesquisadores também ministraram palestras dando continuidade ao evento, como Luiz Carlos de Lima Silveira e José Luiz Martins do Nascimento, ambos da UFPA, e Marcelo Barcinski e Jorge Kalil, da USP, que finalizaram a Jornada apresentando suas falas na sessão ordinária da Academia Nacional de Medicina.

Avaliação

O idealizador do evento, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, que organizou a segunda Jornada junto com o neurocientista José Luiz Martins do Nascimento, da Universidade Federal do Pará (UFPA), comentou sobre as motivações de organizar a Jornada. Não sei se é necessário termos uma finalidade para todas as coisas que fazemos, mas, com certeza, em muitos casos, temos uma boa justificativa. No caso da Jornada, uma delas é aprender com a sua organização e realização. Já consideramos transformar a próxima Jornada em um simpósio de dois dias para termos um espaço para melhor aproveitamento das discussões", avaliou.

Aprendizado

De olho no futuro, o estudante do 6º período de Biofísica da UFRJ e bolsista do Laboratório de Bioenergética, Thiago Cordeiro Moulin, avaliou o evento como uma janela para aprofundar o conhecimento de técnicas que possam ser utilizadas por ele no dia-a-dia do laboratório.

 

Foto: Gutemberg Brito

Com apenas 20 anos e cheio de energia o aluno de graduação Thiago Cordeiro Moulin afirmou ter aproveitado bastante o dia dedicado exclusivamente à jornada científica.

 

Achei muito interessantes os temas que os conferencistas apresentaram nas palestras e a interdisciplinaridade de duas áreas distintas, relatou o aluno que estuda a memória e tem como orientador o professor adjunto do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, Olavo Bohrer Amaral, que por sua vez é discípulo de Ivan Izquierdo, um dos pioneiros no estudo da neurobiologia da memória e do aprendizado.

João Paulo Soldati

12/08/2011

.

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.