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Malária em foco: Seminário Laveran & Deane, 16ª edição

Reunidos na ilha de Itacuruçá (RJ), 18 alunos de pós e 15 docentes estiveram reunidos no Seminário, contribuindo para aprimorar projetos de pesquisa desenvolvidos na área de malariologia
Por Jornalismo IOC19/09/2011 - Atualizado em 04/10/2022

Há 16 anos, o Seminário Laveran & Deane Sobre Malária, promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), reúne alunos de doutorado e mestrado de diferentes universidades e centros de pesquisas brasileiros com pesquisadores sêniores de instituições nacionais e internacionais para discutir projetos e resultados de teses em desenvolvimento.

A edição de 2011 foi realizada entre os dias 12 e 16 de setembro, na Ilha de Itacuruçá (RJ) e contou com a participação de estudantes dos estados do Pará, Amazonas, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O Seminário é destinado aos alunos de pós-graduação que fazem parte de projetos de pesquisa da malariologia brasileira.

"No primeiro encontro, foram cinco estudantes selecionados. Hoje, são 15. Além disso, existem os estudantes que são convidados como ouvintes para que no próximo ano possam participar como estudantes regulares", pontua o idealizador do evento, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisas em Malária do IOC, que organiza o Seminário ao lado da pesquisadora Maria de Fátima Ferreira da Cruz, do mesmo Laboratório.

Segundo o idealizador do Seminário, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, o Laveran & Deane se tornou um fórum permanente de avaliação crítica de projetos de pesquisa em malária. Foto: Gutemberg Brito

Segundo o especialista, a característica fundamental do encontro é que os estudantes falem e os professores ouçam.

"O evento é dos alunos. O primeiro a falar é o estudante e, depois da sua apresentação, quem inicia a discussão é outro aluno, chamado iniciador, ou seja, aquele que comenta o tema abrindo o debate daquela conferência", diz.

Na etapa seguinte, o aluno-apresentador, inserido em um dos três grupos de discussão, ouve comentários e, ao final, recebe sugestões por escrito.

"A avaliação final, coordenada pelos tutores dos grupos, não permite que o orientador do estudante, se ele porventura estiver presente no Seminário, fazer interferências no processo. O sucesso do encontro está justamente no fato de que, se estamos analisando e contribuindo para o trabalho do aluno, estamos impactando positivamente um projeto de pesquisa brasileiro sobre malária já que praticamente todo projeto de pesquisa tem um aluno de pós-graduação. O Seminário se tornou, assim, um fórum permanente de avaliação crítica de projetos de pesquisa na área", afirma.

Um dos professores convidados para a edição de 2011, o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Maurício Martins Rodrigues, ficou impressionado com a qualidade dos trabalhos apresentados.

"Integrar os pesquisadores e alunos que trabalham na área de malária é fundamental", destaca.

"O Laveran & Deane apresenta uma grande diversidade de abordagens e todo ano o resultado é excepcional", avalia Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Polarização Centro-Sul

A predominância de estudos científicos da região Sudeste é grande. Nos últimos 16 anos, mais de 70% vieram da região extra-amazônica. O maior percentual de participação de estudantes no Laveran Deane é de São Paulo: quase 36%. O Rio de Janeiro vem em segundo lugar com cerca de 24%, seguido do Pará, com aproximadamente 13%.

Cerca de 80% dos estudantes que já participaram do Laveran & Deane continuam trabalhando com pesquisas em malária. Foto: Gutemberg Brito

"Em 2011, dos 15 projetos, 11 estão distribuídos por SP, MG, RJ e DF. Mais uma vez, o estado de São Paulo apresentou oito trabalhos acadêmicos. O Amazonas três e o Pará, um. A região Norte tem cerca de 20% de pesquisadores dos centros de pesquisa brasileiros em malária e aproximadamente menos de 10% do PIB, e esta distribuição iníqua faz com que tenhamos que proteger e estimular a participação da região amazônica. O Laveran & Deane não deixa ninguém desta região de fora", sublinha Claudio Ribeiro.

Qual seria o motivo desta diferença, num país onde a malária está fortemente presente na região amazônica?

"É justamente lá onde não se estruturou, ao longo do tempo, o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema. 99% desta doença acontece no Norte do país", responde o especialista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Segundo ele, a situação epidemiológica da malária no planeta vem mudando de forma muito rápida e não é diferente no Brasil.

"Na região Norte o desenvolvimento de projetos é lento e gradual. Novos grupos de pesquisadores têm tentado fortalecer as pesquisas clínicas e básicas em malária naquele território com parcerias entre universidades e a Fiocruz Amazônia. Toda a infraestrutura de pesquisa ainda é forte no Sudeste do país, mas, mesmo nesta região, os interesses dos pesquisadores já são norteados por interesses reais no norte do Brasil, especialmente sobre P. vivax", diz.

Lacerda afirma que, hoje, a malária causada por P. vivax é a que mais chama a atenção dos cientistas no Brasil.

"A malária causada por P. falciparum, a mais grave, era a mais estudada pelos cientistas da área, até porque era muito prevalente no Brasil. Hoje isso mudou e a doença causada por P.vivax é prioridade", avalia.

Divisor de águas

'Polimorfismos de genes associados à resposta humoral em indivíduos naturalmente infectados pelo Plasmodium vivax no Estado do Pará' foi o tema do trabalho apresentado por Gustavo Capatti Cassiano, de apenas 28 anos e doutorando em Genética pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).

O jovem cientista destacou a importância deste evento na área de malariologia.

"É uma dinâmica única e totalmente diferente de outros eventos de que participei. Ficamos isolados por uma semana numa ilha discutindo intensamente sobre malária, tendo contato direto com os principais pesquisadores da área, estabelecendo parcerias, tirando dúvidas e aprendendo tanto a ser crítico quanto a escutar críticas", frisa.

Gustavo já participou do encontro quando era aluno de mestrado, em 2008, e vem estudando o tema há seis anos.

"O Laveran & Deane foi um divisor de águas em minha vida acadêmica. Gostaria muito de voltar ao evento como pesquisador para que os conhecimentos adquiridos possam ser repassados aos futuros alunos", finaliza.

Uma pausa rápida para a tradicional foto: integrantes da 16ª edição do Seminário posam no encerramento do evento. Foto: Gutemberg Brito

Desde 1995, 210 alunos de pós-graduação, de diferentes universidades e centros de pesquisas brasileiros, já se beneficiaram da contribuição de especialistas da área de malariologia, em uma maratona de cinco dias de apresentações, avaliações e debates para discutir projetos em desenvolvimento e resultados sobre a temática da malária, em suas diversas abordagens.

Já foi contabilizado 34 participações de monitores (atualmente chamados professores relatores), 188 de professores, 34 de ouvintes e 13 de observadores.

Mais de 80% dos estudantes que participaram do seminário continuam trabalhando com pesquisas em malária.

Reunidos na ilha de Itacuruçá (RJ), 18 alunos de pós e 15 docentes estiveram reunidos no Seminário, contribuindo para aprimorar projetos de pesquisa desenvolvidos na área de malariologia
Por: 
jornalismo

Há 16 anos, o Seminário Laveran & Deane Sobre Malária, promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), reúne alunos de doutorado e mestrado de diferentes universidades e centros de pesquisas brasileiros com pesquisadores sêniores de instituições nacionais e internacionais para discutir projetos e resultados de teses em desenvolvimento.

A edição de 2011 foi realizada entre os dias 12 e 16 de setembro, na Ilha de Itacuruçá (RJ) e contou com a participação de estudantes dos estados do Pará, Amazonas, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O Seminário é destinado aos alunos de pós-graduação que fazem parte de projetos de pesquisa da malariologia brasileira.

"No primeiro encontro, foram cinco estudantes selecionados. Hoje, são 15. Além disso, existem os estudantes que são convidados como ouvintes para que no próximo ano possam participar como estudantes regulares", pontua o idealizador do evento, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisas em Malária do IOC, que organiza o Seminário ao lado da pesquisadora Maria de Fátima Ferreira da Cruz, do mesmo Laboratório.

Segundo o idealizador do Seminário, Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, o Laveran & Deane se tornou um fórum permanente de avaliação crítica de projetos de pesquisa em malária. Foto: Gutemberg Brito

Segundo o especialista, a característica fundamental do encontro é que os estudantes falem e os professores ouçam.

"O evento é dos alunos. O primeiro a falar é o estudante e, depois da sua apresentação, quem inicia a discussão é outro aluno, chamado iniciador, ou seja, aquele que comenta o tema abrindo o debate daquela conferência", diz.

Na etapa seguinte, o aluno-apresentador, inserido em um dos três grupos de discussão, ouve comentários e, ao final, recebe sugestões por escrito.

"A avaliação final, coordenada pelos tutores dos grupos, não permite que o orientador do estudante, se ele porventura estiver presente no Seminário, fazer interferências no processo. O sucesso do encontro está justamente no fato de que, se estamos analisando e contribuindo para o trabalho do aluno, estamos impactando positivamente um projeto de pesquisa brasileiro sobre malária já que praticamente todo projeto de pesquisa tem um aluno de pós-graduação. O Seminário se tornou, assim, um fórum permanente de avaliação crítica de projetos de pesquisa na área", afirma.

Um dos professores convidados para a edição de 2011, o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Maurício Martins Rodrigues, ficou impressionado com a qualidade dos trabalhos apresentados.

"Integrar os pesquisadores e alunos que trabalham na área de malária é fundamental", destaca.

"O Laveran & Deane apresenta uma grande diversidade de abordagens e todo ano o resultado é excepcional", avalia Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Polarização Centro-Sul

A predominância de estudos científicos da região Sudeste é grande. Nos últimos 16 anos, mais de 70% vieram da região extra-amazônica. O maior percentual de participação de estudantes no Laveran Deane é de São Paulo: quase 36%. O Rio de Janeiro vem em segundo lugar com cerca de 24%, seguido do Pará, com aproximadamente 13%.

Cerca de 80% dos estudantes que já participaram do Laveran & Deane continuam trabalhando com pesquisas em malária. Foto: Gutemberg Brito

"Em 2011, dos 15 projetos, 11 estão distribuídos por SP, MG, RJ e DF. Mais uma vez, o estado de São Paulo apresentou oito trabalhos acadêmicos. O Amazonas três e o Pará, um. A região Norte tem cerca de 20% de pesquisadores dos centros de pesquisa brasileiros em malária e aproximadamente menos de 10% do PIB, e esta distribuição iníqua faz com que tenhamos que proteger e estimular a participação da região amazônica. O Laveran & Deane não deixa ninguém desta região de fora", sublinha Claudio Ribeiro.

Qual seria o motivo desta diferença, num país onde a malária está fortemente presente na região amazônica?

"É justamente lá onde não se estruturou, ao longo do tempo, o desenvolvimento de novas pesquisas sobre o tema. 99% desta doença acontece no Norte do país", responde o especialista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Segundo ele, a situação epidemiológica da malária no planeta vem mudando de forma muito rápida e não é diferente no Brasil.

"Na região Norte o desenvolvimento de projetos é lento e gradual. Novos grupos de pesquisadores têm tentado fortalecer as pesquisas clínicas e básicas em malária naquele território com parcerias entre universidades e a Fiocruz Amazônia. Toda a infraestrutura de pesquisa ainda é forte no Sudeste do país, mas, mesmo nesta região, os interesses dos pesquisadores já são norteados por interesses reais no norte do Brasil, especialmente sobre P. vivax", diz.

Lacerda afirma que, hoje, a malária causada por P. vivax é a que mais chama a atenção dos cientistas no Brasil.

"A malária causada por P. falciparum, a mais grave, era a mais estudada pelos cientistas da área, até porque era muito prevalente no Brasil. Hoje isso mudou e a doença causada por P.vivax é prioridade", avalia.

Divisor de águas

'Polimorfismos de genes associados à resposta humoral em indivíduos naturalmente infectados pelo Plasmodium vivax no Estado do Pará' foi o tema do trabalho apresentado por Gustavo Capatti Cassiano, de apenas 28 anos e doutorando em Genética pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).

O jovem cientista destacou a importância deste evento na área de malariologia.

"É uma dinâmica única e totalmente diferente de outros eventos de que participei. Ficamos isolados por uma semana numa ilha discutindo intensamente sobre malária, tendo contato direto com os principais pesquisadores da área, estabelecendo parcerias, tirando dúvidas e aprendendo tanto a ser crítico quanto a escutar críticas", frisa.

Gustavo já participou do encontro quando era aluno de mestrado, em 2008, e vem estudando o tema há seis anos.

"O Laveran & Deane foi um divisor de águas em minha vida acadêmica. Gostaria muito de voltar ao evento como pesquisador para que os conhecimentos adquiridos possam ser repassados aos futuros alunos", finaliza.

Uma pausa rápida para a tradicional foto: integrantes da 16ª edição do Seminário posam no encerramento do evento. Foto: Gutemberg Brito

Desde 1995, 210 alunos de pós-graduação, de diferentes universidades e centros de pesquisas brasileiros, já se beneficiaram da contribuição de especialistas da área de malariologia, em uma maratona de cinco dias de apresentações, avaliações e debates para discutir projetos em desenvolvimento e resultados sobre a temática da malária, em suas diversas abordagens.

Já foi contabilizado 34 participações de monitores (atualmente chamados professores relatores), 188 de professores, 34 de ouvintes e 13 de observadores.

Mais de 80% dos estudantes que participaram do seminário continuam trabalhando com pesquisas em malária.

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)