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Monkeypox: saiba mais sobre a doença

Infecção pertence ao mesmo grupo da varíola humana. Doença já se espalhou por mais de 88 países, com mais de 30 mil infectados
Por Max Gomes09/06/2022 - Atualizado em 09/08/2022

Partícula viral de monkeypox. Foto: CDC/ Cynthia S. Goldsmith, Russell Regnery
 

Inchaço dos gânglios linfáticos, aparecimento de lesões na pele, febre, fraqueza, além de dores intensas de cabeça e no corpo. Esses são alguns dos sintomas da doença infecciosa causada pelo vírus monkeypox (MPXV), que tem se espalhado por diversas regiões. De acordo com dados do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/EUA), atualizados em 08 de agosto de 2022, já foram confirmados mais de 30 mil casos em 88 países.

Na região das Américas há casos confirmados nas Bahamas (1), Barbados (1), Bermuda (1), Guadalupe (1), Martinica (1), Venezuela (1), Panamá (1), Guatemala (2), Uruguai (2), Bolivia (3), Costa Rica (3), Jamaica (3), República Dominicana (4), Equador (7), Colômbia (22), Argentina (31), Chile (91), México (91), Peru (505), Canadá (957) e Estados Unidos (8.933). No Brasil, o Ministério da Saúde aponta mais de 2.000 registros.

Com o constante aumento dos casos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no dia 23 de julho, o atual surto como Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. 

Pertencente ao gênero Orthopoxvirus, que também compreende os patógenos responsáveis pelas varíolas humana e bovina, o MPXV foi descoberto em 1958, quando pesquisadores investigavam um surto infeccioso em macacos oriundos da África que estavam sendo estudados na Dinamarca. O patógeno até então desconhecido recebeu o nome de Monkeypoxvirus por ter sido encontrado em amostras desses primatas.

Posteriormente, cientistas verificaram que os macacos não participavam da dinâmica da infecção como animais reservatórios do vírus e que também eram afetados pelo patógeno assim como outros mamíferos. Ainda hoje não se sabe com exatidão as espécies reservatórias do MPXV, nem como sua circulação é mantida na natureza.

“Os sistemas de saúde estão em alerta pelo cenário incomum de circulação em regiões não endêmicas, sendo necessária a capacitação de laboratórios ao redor do mundo para reconhecer infecção e realizar o diagnóstico da MPXV. Não há motivos para pânico e pensar que o vírus será disseminado de forma descontrolada, como o SARS-CoV-2, visto que essa não é uma de suas características”, ressaltou Edson Elias, chefe do Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), referência do Ministério da Saúde em monkeypox.

O primeiro caso humano da doença data de 1970, na República Democrática do Congo. O primeiro surto em território não endêmico ocorreu em 2003, nos Estados Unidos. Ratos e arganazes importados de Gana, compartilharam o mesmo espaço que cães de estimação, que foram infectados e transmitiram o vírus para os humanos, levando a mais de 70 casos, sem óbitos.

A partir de maio de 2022, notificações de monkeypox fora do território onde a infecção se manifesta com frequência, e sem relação com viagens para essas localidades, acenderam o alerta para possíveis transmissões autóctones, ou seja, com circulação estabelecida da doença, em países onde a sua presença é incomum.

A linhagem que tem sido identificada nas amostras de países não endêmicos é a da África Ocidental. Além dela, o MPXV possui uma outra linhagem, a da África Central (Bacia do Congo). Historicamente, o vírus Ocidental causa manifestações clínicas mais leves e é considerado menos transmissível.

Diante do cenário atual de casos, o principal desafio são as incertezas sobre o comportamento do vírus em populações que não haviam tido contato com o MPXV previamente. Outro aspecto peculiar do enfrentamento é a concomitância de emergências de saúde pública internacional, com a presença da Covid-19 e outros agravos.

“A prioridade, no momento, é que os laboratórios de diversas regiões sejam capazes de identificar o vírus. Ainda não se sabe tudo o que está ocorrendo e precisamos encontrar respostas para questões sobre transmissão, dinâmica do vírus em áreas não endêmicas e susceptibilidade de populações”, afirmou Edson.

Transmissão, sintomas e prevenção

Do animal para o humano, a transmissão do vírus pode ocorrer por meio  de mordida ou arranhadura, pelo manuseio de caça selvagem ou pelo uso de produtos feitos desses animais.

A transmissão de pessoa para pessoa ocorre principalmente através do contato direto, seja por meio do beijo ou abraço, ou por feridas infecciosas, crostas ou fluidos corporais. Também pode haver transmissão por secreções respiratórias durante o contato pessoal prolongado.

O período de incubação do vírus é de 5 a 21 dias, com a transmissibilidade sendo do início dos sintomas até o desaparecimento das lesões na pele.

Os sintomas da doença podem incluir lesões na pele, febre, dor no corpo e dor de cabeça, entre outros. A letalidade é estimada entre 1% e 10%, com quadros mais graves em crianças e pessoas com imunidade reduzida.

Segundo a OMS, no atual surto, muitos pacientes estão apresentando erupções cutâneas concentradas em áreas mucosas, como a genital, perianal e oral. Embora as feridas orais permaneçam uma característica comum em combinação com febre e linfonodos inchados, as outras áreas sugerem o contato físico próximo como a via provável de transmissão durante o contato sexual. Desta forma, ainda que não haja confirmação, nem descrição na literatura médica, está sendo investigada a possibilidade de transmissão sexual no atual cenário de dispersão do vírus.

Os sintomas geralmente desaparecem de forma natural e o tratamento é concentrado em aliviar os quadros clínicos, gerenciando possíveis complicações e prevenindo sequelas a longo prazo. O cuidado com as erupções na pele é essencial, deixando-as secar ou cobrindo-as com um curativo úmido para proteger a área afetada.

As orientações para prevenção da monkeypox levam em consideração o contato com a pessoa infectada. Desta forma, evitar contato direto com pessoas com diagnóstico positivo (similar à Covid-19) e realizar a higiene das mãos são ações fundamentais. Qualquer sintoma, ou se tomar conhecimento de contato com pessoa com sintomas característicos de Monkeypox (principalmente lesões na pele), ou material infectado, procurar imediatamente um serviço de saúde.

Diagnóstico

A confirmação da infecção ocorre apenas por meio de teste molecular (q-PCR) seguido da técnica de sequenciamento, realizados com amostras coletadas de SWAB cutânea e SWAB oral.

O diagnóstico diferencial clínico deve ser considerado e inclui outras doenças que também provocam erupções na pele, como varicela, sarampo, infecções bacterianas da pele, escabiose (sarna), sífilis e reações alérgicas. O inchaço dos gânglios linfáticos pode ser uma característica clínica para distinguir monkeypox da varicela ou de outros agravos. No Brasil, é importante levar em consideração também a varíola bovina, cujos sintomas e lesões na pele são muito semelhantes ao quadro descrito para a monkeypox.

Desde 14 de junho, o Laboratório de Enterovírus do IOC atua como Laboratório de Referência do Ministério da Saúde em monkeypox, analisando amostras suspeitas de infecção pelo MPXV provenientes de toda a região Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), além de pacientes atendidos no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz.

Vacinação

Apesar de a vacina contra varíola (erradicada nas Américas graças a um intenso esforço global de vacinação) apresentar alta eficácia contra o MPXV, a vacinação universal não é indicada. Isso se dá porque os casos da infecção são raros e a capacidade de disseminação do MPXV é relativamente baixa, se comparado com outros vírus de alta transmissibilidade, como o SARS-CoV-2.

A orientação atual para a vacinação é direcionar a imunização a profissionais de laboratórios que atuam no diagnóstico de amostras suspeitas de Monkeypox e profissionais da saúde que atuam no atendimento a pacientes infectados.

Infecção pertence ao mesmo grupo da varíola humana. Doença já se espalhou por mais de 88 países, com mais de 30 mil infectados
Por: 
max.gomes

Partícula viral de monkeypox. Foto: CDC/ Cynthia S. Goldsmith, Russell Regnery
 

Inchaço dos gânglios linfáticos, aparecimento de lesões na pele, febre, fraqueza, além de dores intensas de cabeça e no corpo. Esses são alguns dos sintomas da doença infecciosa causada pelo vírus monkeypox (MPXV), que tem se espalhado por diversas regiões. De acordo com dados do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/EUA), atualizados em 08 de agosto de 2022, já foram confirmados mais de 30 mil casos em 88 países.

Na região das Américas há casos confirmados nas Bahamas (1), Barbados (1), Bermuda (1), Guadalupe (1), Martinica (1), Venezuela (1), Panamá (1), Guatemala (2), Uruguai (2), Bolivia (3), Costa Rica (3), Jamaica (3), República Dominicana (4), Equador (7), Colômbia (22), Argentina (31), Chile (91), México (91), Peru (505), Canadá (957) e Estados Unidos (8.933). No Brasil, o Ministério da Saúde aponta mais de 2.000 registros.

Com o constante aumento dos casos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no dia 23 de julho, o atual surto como Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. 

Pertencente ao gênero Orthopoxvirus, que também compreende os patógenos responsáveis pelas varíolas humana e bovina, o MPXV foi descoberto em 1958, quando pesquisadores investigavam um surto infeccioso em macacos oriundos da África que estavam sendo estudados na Dinamarca. O patógeno até então desconhecido recebeu o nome de Monkeypoxvirus por ter sido encontrado em amostras desses primatas.

Posteriormente, cientistas verificaram que os macacos não participavam da dinâmica da infecção como animais reservatórios do vírus e que também eram afetados pelo patógeno assim como outros mamíferos. Ainda hoje não se sabe com exatidão as espécies reservatórias do MPXV, nem como sua circulação é mantida na natureza.

“Os sistemas de saúde estão em alerta pelo cenário incomum de circulação em regiões não endêmicas, sendo necessária a capacitação de laboratórios ao redor do mundo para reconhecer infecção e realizar o diagnóstico da MPXV. Não há motivos para pânico e pensar que o vírus será disseminado de forma descontrolada, como o SARS-CoV-2, visto que essa não é uma de suas características”, ressaltou Edson Elias, chefe do Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), referência do Ministério da Saúde em monkeypox.

O primeiro caso humano da doença data de 1970, na República Democrática do Congo. O primeiro surto em território não endêmico ocorreu em 2003, nos Estados Unidos. Ratos e arganazes importados de Gana, compartilharam o mesmo espaço que cães de estimação, que foram infectados e transmitiram o vírus para os humanos, levando a mais de 70 casos, sem óbitos.

A partir de maio de 2022, notificações de monkeypox fora do território onde a infecção se manifesta com frequência, e sem relação com viagens para essas localidades, acenderam o alerta para possíveis transmissões autóctones, ou seja, com circulação estabelecida da doença, em países onde a sua presença é incomum.

A linhagem que tem sido identificada nas amostras de países não endêmicos é a da África Ocidental. Além dela, o MPXV possui uma outra linhagem, a da África Central (Bacia do Congo). Historicamente, o vírus Ocidental causa manifestações clínicas mais leves e é considerado menos transmissível.

Diante do cenário atual de casos, o principal desafio são as incertezas sobre o comportamento do vírus em populações que não haviam tido contato com o MPXV previamente. Outro aspecto peculiar do enfrentamento é a concomitância de emergências de saúde pública internacional, com a presença da Covid-19 e outros agravos.

“A prioridade, no momento, é que os laboratórios de diversas regiões sejam capazes de identificar o vírus. Ainda não se sabe tudo o que está ocorrendo e precisamos encontrar respostas para questões sobre transmissão, dinâmica do vírus em áreas não endêmicas e susceptibilidade de populações”, afirmou Edson.

Transmissão, sintomas e prevenção

Do animal para o humano, a transmissão do vírus pode ocorrer por meio  de mordida ou arranhadura, pelo manuseio de caça selvagem ou pelo uso de produtos feitos desses animais.

A transmissão de pessoa para pessoa ocorre principalmente através do contato direto, seja por meio do beijo ou abraço, ou por feridas infecciosas, crostas ou fluidos corporais. Também pode haver transmissão por secreções respiratórias durante o contato pessoal prolongado.

O período de incubação do vírus é de 5 a 21 dias, com a transmissibilidade sendo do início dos sintomas até o desaparecimento das lesões na pele.

Os sintomas da doença podem incluir lesões na pele, febre, dor no corpo e dor de cabeça, entre outros. A letalidade é estimada entre 1% e 10%, com quadros mais graves em crianças e pessoas com imunidade reduzida.

Segundo a OMS, no atual surto, muitos pacientes estão apresentando erupções cutâneas concentradas em áreas mucosas, como a genital, perianal e oral. Embora as feridas orais permaneçam uma característica comum em combinação com febre e linfonodos inchados, as outras áreas sugerem o contato físico próximo como a via provável de transmissão durante o contato sexual. Desta forma, ainda que não haja confirmação, nem descrição na literatura médica, está sendo investigada a possibilidade de transmissão sexual no atual cenário de dispersão do vírus.

Os sintomas geralmente desaparecem de forma natural e o tratamento é concentrado em aliviar os quadros clínicos, gerenciando possíveis complicações e prevenindo sequelas a longo prazo. O cuidado com as erupções na pele é essencial, deixando-as secar ou cobrindo-as com um curativo úmido para proteger a área afetada.

As orientações para prevenção da monkeypox levam em consideração o contato com a pessoa infectada. Desta forma, evitar contato direto com pessoas com diagnóstico positivo (similar à Covid-19) e realizar a higiene das mãos são ações fundamentais. Qualquer sintoma, ou se tomar conhecimento de contato com pessoa com sintomas característicos de Monkeypox (principalmente lesões na pele), ou material infectado, procurar imediatamente um serviço de saúde.

Diagnóstico

A confirmação da infecção ocorre apenas por meio de teste molecular (q-PCR) seguido da técnica de sequenciamento, realizados com amostras coletadas de SWAB cutânea e SWAB oral.

O diagnóstico diferencial clínico deve ser considerado e inclui outras doenças que também provocam erupções na pele, como varicela, sarampo, infecções bacterianas da pele, escabiose (sarna), sífilis e reações alérgicas. O inchaço dos gânglios linfáticos pode ser uma característica clínica para distinguir monkeypox da varicela ou de outros agravos. No Brasil, é importante levar em consideração também a varíola bovina, cujos sintomas e lesões na pele são muito semelhantes ao quadro descrito para a monkeypox.

Desde 14 de junho, o Laboratório de Enterovírus do IOC atua como Laboratório de Referência do Ministério da Saúde em monkeypox, analisando amostras suspeitas de infecção pelo MPXV provenientes de toda a região Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), além de pacientes atendidos no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz.

Vacinação

Apesar de a vacina contra varíola (erradicada nas Américas graças a um intenso esforço global de vacinação) apresentar alta eficácia contra o MPXV, a vacinação universal não é indicada. Isso se dá porque os casos da infecção são raros e a capacidade de disseminação do MPXV é relativamente baixa, se comparado com outros vírus de alta transmissibilidade, como o SARS-CoV-2.

A orientação atual para a vacinação é direcionar a imunização a profissionais de laboratórios que atuam no diagnóstico de amostras suspeitas de Monkeypox e profissionais da saúde que atuam no atendimento a pacientes infectados.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitido a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)