Eu me preocupo muito com a nossa relação com a sociedade. É ela quem paga o nosso salário e precisa ter um retorno, saber o que estamos fazendo. Foi assim que o pesquisador Eloi Garcia defendeu, durante o lançamento de seu mais recente livro, a necessidade de uma maior integração entre pesquisadores e sociedade.
Esta preocupação tem sido um motor importante nos últimos anos para a obra do pesquisador, seja escrevendo artigos para jornais e revistas ou publicando livros de divulgação científica, como Ciência, Arte e Realidade, Gene: fatos e fantasias, Um olhar sobre a ciência e Crônicas Despaginadas.
Desde sexta-feira, dia 06 de novembro, sua bibliografia de divulgação científica conta com um novo reforço, Diálogos com Cientistas. O livro, lançado durante edição do Centro de Estudos do IOC, após a palestra Lapidação de Talentos, apresentada pelo pesquisador, aborda diferentes situações, como a preparação de uma apresentação sobre ciência e arte, uma conversa na Filadélfia com os dirigentes da Thomson Reuters ou um jantar com o criador do Institute for Scientific Information (ISI), para mostrar ao leitor, em linguagem simples e envolvente, a importância, o dia a dia e a beleza do fazer ciência.
Mostrando um cientista mais humanizado, com forte interação com seus estudantes e preocupado com a educação e o desenvolvimento do país e da sociedade, Eloi consegue atingir um de seus objetivos, destacado no prefácio do livro: Tentei mostrar o sentimento pela ciência de outra maneira, um modo mais intenso e romântico de vê-la. Como que jogando um foco de luz sobre o artista, ajudando a ver detalhes do cenário. Gostaria que, de repente, qualquer pessoa que lesse o livro se emocionasse e descobrisse algo, uma espécie de sentimento de amor, e visse aqui alguma coisa muito diferente do que se tem escrito sobre ciência até agora.
Sociedade
Durante sua palestra, o pesquisador reforçou alguns dos pontos presentes no livro, como a interação ciência e sociedade. Eloi contou que há muitos anos ele, no ônibus a caminho da Fiocruz, no Rio de Janeiro, foi perguntado por um passageiro se as pessoas que trabalhavam na Fundação eram malucas. Muitos ainda têm esta imagem distorcida da ciência e dos cientistas. Isso se combate com a formação de recursos humanos em todos os níveis da educação.
Segundo ele, uma das primeiras obrigações dos cientistas é transmitir a elegância da ciência para seus estudantes e passar o conhecimento necessário para a sociedade entender o nosso cotidiano. A seu ver, estas são as formas para se combater o estereótipo dos cientistas, ainda presente no imaginário da população.
Arte
Outro ponto bastante presente no livro e também debatido durante a palestra foi a necessária aproximação entre ciência e arte. Eloi compara a redação de um artigo científico à criação de uma música ou de uma poesia. Cada linha de um paper é como um verso de uma poesia ou de uma música. Há um sofrimento por trás de cada um destes trabalhos e uma beleza final.
Eloi cita ainda a repetição e a busca pela perfeição como características compartilhadas entre artistas e cientistas. Picasso pintou 60 quadros para chegar à versão final de Guernica. O cientista também repete exaustivamente seus experimentos para chegar ao resultado final, comparou.
Ele analisa, porém, que ainda falta um reconhecimento maior às pesquisas: Um quadro de Van Gogh ou uma música de Chico Buarque são valorizados como peças únicas, mas os cientistas ainda não conseguiram o mesmo reconhecimento pelas suas pesquisas. Os pesquisadores também são únicos, eles lutam pelo desenvolvimento do país e da saúde da população e precisam ser reconhecidos.
Orientação
O papel do orientador, tema presente no livro, também foi debatido por Eloi em sua palestra. O orientador é a pessoa mais importante no processo educacional, sua relação com o estudante deve servir como exemplo. Assim como dizia Einstein, o exemplo não é a principal maneira de influenciar os demais, é a única.
A seu ver, orientar é estabelecer uma relação intima de confiança, respeito e informalidade. Não é somente coexistir e sim conviver. É lapidar um diamante bruto sem o controle do produto final.
Ele acrescenta que é bom que seja assim, pois conseguimos uma grande variação de tipos de diamantes.
Aos estudantes, o conselho de Eloi é acreditar nas suas idéias e ser contestador. Este comportamento é importante para que haja constante estímulo e troca com os orientadores, defendeu.
O livro foi editado pela Interciência: http://www.editorainterciencia.com.br/
09/11/09
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Eu me preocupo muito com a nossa relação com a sociedade. É ela quem paga o nosso salário e precisa ter um retorno, saber o que estamos fazendo. Foi assim que o pesquisador Eloi Garcia defendeu, durante o lançamento de seu mais recente livro, a necessidade de uma maior integração entre pesquisadores e sociedade.
Esta preocupação tem sido um motor importante nos últimos anos para a obra do pesquisador, seja escrevendo artigos para jornais e revistas ou publicando livros de divulgação científica, como Ciência, Arte e Realidade, Gene: fatos e fantasias, Um olhar sobre a ciência e Crônicas Despaginadas.
Desde sexta-feira, dia 06 de novembro, sua bibliografia de divulgação científica conta com um novo reforço, Diálogos com Cientistas. O livro, lançado durante edição do Centro de Estudos do IOC, após a palestra Lapidação de Talentos, apresentada pelo pesquisador, aborda diferentes situações, como a preparação de uma apresentação sobre ciência e arte, uma conversa na Filadélfia com os dirigentes da Thomson Reuters ou um jantar com o criador do Institute for Scientific Information (ISI), para mostrar ao leitor, em linguagem simples e envolvente, a importância, o dia a dia e a beleza do fazer ciência.
Mostrando um cientista mais humanizado, com forte interação com seus estudantes e preocupado com a educação e o desenvolvimento do país e da sociedade, Eloi consegue atingir um de seus objetivos, destacado no prefácio do livro: Tentei mostrar o sentimento pela ciência de outra maneira, um modo mais intenso e romântico de vê-la. Como que jogando um foco de luz sobre o artista, ajudando a ver detalhes do cenário. Gostaria que, de repente, qualquer pessoa que lesse o livro se emocionasse e descobrisse algo, uma espécie de sentimento de amor, e visse aqui alguma coisa muito diferente do que se tem escrito sobre ciência até agora.
Sociedade
Durante sua palestra, o pesquisador reforçou alguns dos pontos presentes no livro, como a interação ciência e sociedade. Eloi contou que há muitos anos ele, no ônibus a caminho da Fiocruz, no Rio de Janeiro, foi perguntado por um passageiro se as pessoas que trabalhavam na Fundação eram malucas. Muitos ainda têm esta imagem distorcida da ciência e dos cientistas. Isso se combate com a formação de recursos humanos em todos os níveis da educação.
Segundo ele, uma das primeiras obrigações dos cientistas é transmitir a elegância da ciência para seus estudantes e passar o conhecimento necessário para a sociedade entender o nosso cotidiano. A seu ver, estas são as formas para se combater o estereótipo dos cientistas, ainda presente no imaginário da população.
Arte
Outro ponto bastante presente no livro e também debatido durante a palestra foi a necessária aproximação entre ciência e arte. Eloi compara a redação de um artigo científico à criação de uma música ou de uma poesia. Cada linha de um paper é como um verso de uma poesia ou de uma música. Há um sofrimento por trás de cada um destes trabalhos e uma beleza final.
Eloi cita ainda a repetição e a busca pela perfeição como características compartilhadas entre artistas e cientistas. Picasso pintou 60 quadros para chegar à versão final de Guernica. O cientista também repete exaustivamente seus experimentos para chegar ao resultado final, comparou.
Ele analisa, porém, que ainda falta um reconhecimento maior às pesquisas: Um quadro de Van Gogh ou uma música de Chico Buarque são valorizados como peças únicas, mas os cientistas ainda não conseguiram o mesmo reconhecimento pelas suas pesquisas. Os pesquisadores também são únicos, eles lutam pelo desenvolvimento do país e da saúde da população e precisam ser reconhecidos.
Orientação
O papel do orientador, tema presente no livro, também foi debatido por Eloi em sua palestra. O orientador é a pessoa mais importante no processo educacional, sua relação com o estudante deve servir como exemplo. Assim como dizia Einstein, o exemplo não é a principal maneira de influenciar os demais, é a única.
A seu ver, orientar é estabelecer uma relação intima de confiança, respeito e informalidade. Não é somente coexistir e sim conviver. É lapidar um diamante bruto sem o controle do produto final.
Ele acrescenta que é bom que seja assim, pois conseguimos uma grande variação de tipos de diamantes.
Aos estudantes, o conselho de Eloi é acreditar nas suas idéias e ser contestador. Este comportamento é importante para que haja constante estímulo e troca com os orientadores, defendeu.
O livro foi editado pela Interciência: http://www.editorainterciencia.com.br/
09/11/09
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Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)