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As múltiplas possibilidades da pesquisa com peixe-zebra

Perspectivas sobre o uso da espécie como modelo para o desenvolvimento de pesquisas vão da obesidade ao estudo de doenças neurodegenerativas
Por Lucas Rocha15/10/2019 - Atualizado em 17/10/2019

Conhecida popularmente como peixe-zebra (zebrafish) ou paulistinha, a espécie Danio rerio tem sido utilizada com um propósito importante para a ciência. Características como a transparência de embriões e larvas, a semelhança genética com os seres humanos e o rápido ciclo reprodutivo têm favorecido o uso do peixe-zebra como modelo para o desenvolvimento de estudos científicos nas mais diversas áreas do conhecimento, como obesidade, alcoolismo e doenças neurodegenerativas. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz) realizaram, no dia 14/10, o primeiro encontro sobre o tema, com o objetivo de apresentar à comunidade científica e acadêmica estudos realizados com o método alternativo.

Na cerimônia de abertura, o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correa, e o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto, ressaltaram a importância do investimento na área. Para o vice-presidente da Fiocruz, o encontro representou um avanço na busca pela ampliação das pesquisas com zebrafish na instituição. “Há um compromisso da Presidência da Fiocruz para a implantação de uma plataforma para a utilização de zebrafish, levando em consideração o planejamento e construção de estruturas adequadas e o acompanhamento imprescindível do comitê de ética”, destacou Rodrigo.

Já o vice-diretor do IOC pontuou que a busca pela excelência na qualidade dos animais de experimentação é um desafio para biotérios em todo o mundo. “Chegou o momento de assumir a posição de investir no desenvolvimento de projetos que utilizam o peixe-zebra. Do ponto de vista da pós-graduação, as pesquisas de mestrado e doutorado, com duração de dois e quatro anos, têm muito a ganhar. Os processos do ciclo biológico do peixe-zebra são bem mais rápidos em relação a outros modelos”, ressaltou Marcelo.
Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz


Importância do investimento no zebrafish como modelo para pesquisas científicas foi destaque das falas da mesa de abertura (Foto: Gutemberg Brito)

Também presentes na mesa de abertura, a vice-diretora de Ensino e Pesquisa do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB/Fiocruz), Fátima Fandinho, e o coordenador da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA/Fiocruz), Octavio Presgrave, destacaram as múltiplas possibilidades do método. “Nos últimos anos, o modelo zebrafish ganhou notoriedade a partir da possibilidade de desenvolvimento de uma gama de aplicações. Apesar de não ser um modelo de substituição do uso de animais, cumpre bem o papel de redução e refinamento uma vez que permite, em pouquíssimo tempo, o alcance de resultados que, trabalhando com mamíferos, levaria um tempo muito maior”, pontuou Octavio.

“Precisamos estar atualizados e trabalhar junto à Presidência da Fiocruz para a institucionalização desse modelo nas nossas unidades. Uma das ideias é auxiliar pesquisadores na adequação de projetos, estrutura e financiamento. É um biomodelo promissor, utilizado internacionalmente, com resultados brilhantes em várias áreas, como toxicologia, genética, microbioma, vigilância sanitária e tratamentos individualizados”, acrescentou Fátima.

O método no dia-a-dia

No encontro, foram apresentadas diferentes aplicações do modelo peixe-zebra em pesquisas. Professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Luis David Murgas desenvolve estudos sobre o tema há dez anos. Entre as características favoráveis à pesquisa com o peixe-zebra, o especialista aponta a alta semelhança genética com o ser humano (cerca de 70%), a transparência dos embriões e larvas, o rápido desenvolvimento e a possibilidade de utilização para pesquisa em todos os estágios de vida.

“O estudo da genética do peixe-zebra mostra que 84% dos genes que manifestam doenças nos seres humanos estão presentes na espécie. Características fisiológicas e anatômicas semelhantes tornam o peixe-zebra um modelo bastante interessante”, explicou Luis. Na oportunidade, o pesquisador destacou a variedade de pesquisas desenvolvidas com o uso de peixe-zebra no Departamento de Medicina Veterinária da UFLA, com destaque para análises comportamentais e ecotoxicológicas e estudos sobre genética do alcoolismo, obesidade e toxicidade de plantas.
Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz


O pesquisador da Universidade Federal de Lavras, Luis David Murgas, e a doutoranda Melissa Talita Wiprich, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, apresentaram estudos desenvolvidos com o peixe-zebra (Foto: Gutemberg Brito)

Já a aluna de doutorado Melissa Talita Wiprich, da Pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), mostrou como a utilização do peixe-zebra tem permitido avanços no estudo de doenças neurodegenerativas, como a Doença de Huntington (DH). Segundo Melissa, os modelos animais da DH são classificados em genéticos e farmacológicos. Na ocasião, ela apresentou resultados do estudo de um modelo farmacológico que avaliou parâmetros comportamentais no peixe-zebra, nos estágios larval e adulto. A pesquisa teve por objetivo estabelecer um modelo para a DH induzida com o uso do ácido-3-nitropropiônico (3- NPA), que é capaz de reproduzir as alterações motoras e bioquímicas ocorridas na doença.

“Os dados encontrados sugerem que, no estágio larval, o peixe-zebra é um modelo viável para estudar as características da fase de pré-manifestação da DH e, no estágio adulto, identificamos através do tratamento a longo prazo com o 3-NPA um novo modelo animal para estudar as características fenotípicas do estágio tardio da DH”, explicou a doutoranda, que atua no Laboratório de Neuroquímica e Psicofarmacologia. A Doença de Huntington é hereditária e afeta o sistema nervoso central, levando a alterações progressivas das funções motora, cognitiva e comportamental.

O encontro também contou com a participação da pesquisadora Aloa Machado de Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que abordou a avaliação de extrato de Cannabis para o tratamento da Doença de Parkinson em modelo de peixe-zebra, e do pesquisador Enrico Saggioro, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), que apresentou estudos sobre o efeito de contaminantes emergentes em peixe-zebra.

Perspectivas sobre o uso da espécie como modelo para o desenvolvimento de pesquisas vão da obesidade ao estudo de doenças neurodegenerativas
Por: 
lucas

Conhecida popularmente como peixe-zebra (zebrafish) ou paulistinha, a espécie Danio rerio tem sido utilizada com um propósito importante para a ciência. Características como a transparência de embriões e larvas, a semelhança genética com os seres humanos e o rápido ciclo reprodutivo têm favorecido o uso do peixe-zebra como modelo para o desenvolvimento de estudos científicos nas mais diversas áreas do conhecimento, como obesidade, alcoolismo e doenças neurodegenerativas. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz) realizaram, no dia 14/10, o primeiro encontro sobre o tema, com o objetivo de apresentar à comunidade científica e acadêmica estudos realizados com o método alternativo.

Na cerimônia de abertura, o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correa, e o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto, ressaltaram a importância do investimento na área. Para o vice-presidente da Fiocruz, o encontro representou um avanço na busca pela ampliação das pesquisas com zebrafish na instituição. “Há um compromisso da Presidência da Fiocruz para a implantação de uma plataforma para a utilização de zebrafish, levando em consideração o planejamento e construção de estruturas adequadas e o acompanhamento imprescindível do comitê de ética”, destacou Rodrigo.

Já o vice-diretor do IOC pontuou que a busca pela excelência na qualidade dos animais de experimentação é um desafio para biotérios em todo o mundo. “Chegou o momento de assumir a posição de investir no desenvolvimento de projetos que utilizam o peixe-zebra. Do ponto de vista da pós-graduação, as pesquisas de mestrado e doutorado, com duração de dois e quatro anos, têm muito a ganhar. Os processos do ciclo biológico do peixe-zebra são bem mais rápidos em relação a outros modelos”, ressaltou Marcelo.
Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz


Importância do investimento no zebrafish como modelo para pesquisas científicas foi destaque das falas da mesa de abertura (Foto: Gutemberg Brito)

Também presentes na mesa de abertura, a vice-diretora de Ensino e Pesquisa do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB/Fiocruz), Fátima Fandinho, e o coordenador da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA/Fiocruz), Octavio Presgrave, destacaram as múltiplas possibilidades do método. “Nos últimos anos, o modelo zebrafish ganhou notoriedade a partir da possibilidade de desenvolvimento de uma gama de aplicações. Apesar de não ser um modelo de substituição do uso de animais, cumpre bem o papel de redução e refinamento uma vez que permite, em pouquíssimo tempo, o alcance de resultados que, trabalhando com mamíferos, levaria um tempo muito maior”, pontuou Octavio.

“Precisamos estar atualizados e trabalhar junto à Presidência da Fiocruz para a institucionalização desse modelo nas nossas unidades. Uma das ideias é auxiliar pesquisadores na adequação de projetos, estrutura e financiamento. É um biomodelo promissor, utilizado internacionalmente, com resultados brilhantes em várias áreas, como toxicologia, genética, microbioma, vigilância sanitária e tratamentos individualizados”, acrescentou Fátima.

O método no dia-a-dia

No encontro, foram apresentadas diferentes aplicações do modelo peixe-zebra em pesquisas. Professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Luis David Murgas desenvolve estudos sobre o tema há dez anos. Entre as características favoráveis à pesquisa com o peixe-zebra, o especialista aponta a alta semelhança genética com o ser humano (cerca de 70%), a transparência dos embriões e larvas, o rápido desenvolvimento e a possibilidade de utilização para pesquisa em todos os estágios de vida.

“O estudo da genética do peixe-zebra mostra que 84% dos genes que manifestam doenças nos seres humanos estão presentes na espécie. Características fisiológicas e anatômicas semelhantes tornam o peixe-zebra um modelo bastante interessante”, explicou Luis. Na oportunidade, o pesquisador destacou a variedade de pesquisas desenvolvidas com o uso de peixe-zebra no Departamento de Medicina Veterinária da UFLA, com destaque para análises comportamentais e ecotoxicológicas e estudos sobre genética do alcoolismo, obesidade e toxicidade de plantas.
Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz


O pesquisador da Universidade Federal de Lavras, Luis David Murgas, e a doutoranda Melissa Talita Wiprich, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, apresentaram estudos desenvolvidos com o peixe-zebra (Foto: Gutemberg Brito)

Já a aluna de doutorado Melissa Talita Wiprich, da Pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), mostrou como a utilização do peixe-zebra tem permitido avanços no estudo de doenças neurodegenerativas, como a Doença de Huntington (DH). Segundo Melissa, os modelos animais da DH são classificados em genéticos e farmacológicos. Na ocasião, ela apresentou resultados do estudo de um modelo farmacológico que avaliou parâmetros comportamentais no peixe-zebra, nos estágios larval e adulto. A pesquisa teve por objetivo estabelecer um modelo para a DH induzida com o uso do ácido-3-nitropropiônico (3- NPA), que é capaz de reproduzir as alterações motoras e bioquímicas ocorridas na doença.

“Os dados encontrados sugerem que, no estágio larval, o peixe-zebra é um modelo viável para estudar as características da fase de pré-manifestação da DH e, no estágio adulto, identificamos através do tratamento a longo prazo com o 3-NPA um novo modelo animal para estudar as características fenotípicas do estágio tardio da DH”, explicou a doutoranda, que atua no Laboratório de Neuroquímica e Psicofarmacologia. A Doença de Huntington é hereditária e afeta o sistema nervoso central, levando a alterações progressivas das funções motora, cognitiva e comportamental.

O encontro também contou com a participação da pesquisadora Aloa Machado de Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que abordou a avaliação de extrato de Cannabis para o tratamento da Doença de Parkinson em modelo de peixe-zebra, e do pesquisador Enrico Saggioro, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), que apresentou estudos sobre o efeito de contaminantes emergentes em peixe-zebra.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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