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Não se faz ciência e inovação sem cooperação

Colaboração internacional guia debates, conecta instituições e aponta novos caminhos para a ciência no 2º Encontro Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde
Por Yuri Neri19/11/2025 - Atualizado em 02/12/2025

“Em ciência e em inovação, nada se faz sem cooperação.” A frase da vice-reitora da Universidade de Lisboa, Cecília Rodrigues, apresentou o tom do 2º Encontro Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (II EICTIS), realizado nos dias 12 e 13/11 em Portugal, pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Plataforma Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS). 

O evento reuniu representantes da Fiocruz, das Universidades de Aveiro e de Lisboa e de outras instituições internacionais para fortalecer parcerias estratégicas e discutir temas de fronteira em saúde global. 

A mesa de abertura foi conduzida pelo coordenador de Relações Internacionais do Instituto, Carlos Eduardo Rocha. Além de Cecília Rodrigues, também compuseram a sessão o diretor executivo do IOC, Guilherme de Beaurepaire — representando a diretora Tania Araujo-Jorge, em missão na COP 30; o presidente da PICTIS e docente da Universidade de Aveiro, David Resende; e o vice-presidente de Saúde Global e Relações Internacionais da Fiocruz, Marcelo Pelajo.  


Eduardo Volotão, Carlos Eduardo Rocha, Norma Brandão e José Cordeiro, do IOC, ao lado da professora portuguesa Cecília Rodrigues e do vice-presidente adjunto de saúde global e relações internacionais da Fiocruz, Dr. Marcelo Pelajo. Foto: Acervo pessoal

Diante de um cenário internacional marcado por crises ambientais, novas epidemias e tensões geopolíticas, Marcelo Pelajo destacou que a cooperação internacional depende cada vez mais de estruturas sólidas e relações de confiança, capazes de sustentar projetos de longo prazo e transformar ciência em diplomacia da saúde. 

Já Cecília Rodrigues enfatizou que a colaboração se fortalece quando é articulada com diferentes nacionalidades, formações e perspectivas, criando ambientes em que saberes diversos se encontram. Para ela, é justamente essa pluralidade que amplia a capacidade de produzir respostas inovadoras para desafios contemporâneos. 

David Resende apontou que a PICTIS traduz essa perspectiva ao estabelecer uma estrutura permanente para o desenvolvimento de projetos conjuntos entre Brasil e Portugal. A iniciativa é fruto da parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz e a Universidade de Aveiro, voltada ao intercâmbio de conhecimento e à colaboração entre os dois países.  

Guilherme reforçou o papel estratégico da PICTIS para consolidar a presença internacional do IOC e ampliar o alcance das ações de pesquisa, formação e inovação conduzidas pelo Instituto. Assista, abaixo, à íntegra do primeiro dia de programação.

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Crise climática e saúde em foco 

As mudanças climáticas estão alterando padrões epidemiológicos e ampliando riscos diretos e indiretos à saúde humana no Brasil, em Portugal e em todo o mundo. 

Para discutir esta urgência, a mesa ‘Saúde Planetária – Mudanças Climáticas e Saúde’ reuniu a chefe do Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera do IOC, Elizabeth Rangel, e o climatologista Ricardo Machado Trigo, da Universidade de Lisboa, para analisar evidências sobre os impactos do aquecimento global na saúde e debater estratégias de resposta. 

Com moderação da pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Manaus), Alessandra Nava, a sessão abordou como o aquecimento global vem alterando a dinâmica das infecções e pressionando os sistemas de vigilância. 

Trigo e Rangel apresentaram evidências de que as mudanças climáticas já impactam diretamente a saúde humana, tanto pelo aumento de eventos extremos — como ondas de calor, secas e enchentes — quanto pela alteração na distribuição de vetores. Segundo os pesquisadores, esse processo tem favorecido a expansão de doenças como leishmanioses, oropouche e leptospirose para novas áreas e em novas intensidades. 

Apesar da urgência, Rangel destacou que ainda há espaço para ações coletivas contra o aquecimento global.  

“Então ainda temos tempo para trabalhar com consciência, governança e solidariedade”, disse. 

Alessandra Nava ressaltou que clima e saúde são dimensões inseparáveis e que seus impactos se estendem também à biodiversidade e aos ecossistemas, reforçando a urgência de respostas intersetoriais.  


Programação do II EICTIS reuniu palestras, workshops e oficinas. Foto: Acervo pessoal

Na sequência, a mesa ‘Vigilância em Saúde e o Projeto MOSAIC’ continuou as reflexões sobre os impactos das transformações ambientais na saúde, com foco nas estratégias de resposta e no papel da cooperação internacional.  

O debate apresentou o MOSAIC, projeto financiado pelo programa europeu ‘Horizon Europe’ e que reúne instituições de sete países — incluindo o IOC. A iniciativa desenvolve sistemas de informação para apoiar comunidades da Amazônia e do Leste da África na identificação dos efeitos ambientais sobre a saúde.  

O objetivo do projeto é fortalecer ações locais de prevenção, adaptação e mitigação diante das rápidas transformações climáticas e ecológicas. 

Ainda no primeiro dia, a assessora internacional da Coordenação de Relações Internacionais do IOC, Cecília Siliansky de Andreazzi, apresentou a conferência ‘Ecologia e saúde: soluções baseadas na natureza’. A pesquisadora reforçou que ações de restauração e conservação podem reduzir riscos à saúde, desde que levem em conta o contexto ecológico de cada território. 

Não existe ‘projeto do eu sozinho’ 

O segundo dia do encontro aprofundou os debates sobre cooperação internacional, trazendo discussão prática e estratégica sobre como instituições brasileiras podem acessar e executar projetos financiados pela União Europeia. 

Assista à íntegra do segundo dia.

Na sessão, foram detalhados critérios, exigências e nuances de editais europeus, como o Horizon Europe e o Erasmus+. 

David Resende ressaltou que a competitividade dos editais europeus exige planejamento rigoroso e clareza na definição de metas, evitando promessas inalcançáveis e priorizando objetivos factíveis dentro do orçamento disponível.  

Segundo ele, não existe ‘projeto do eu sozinho’: é indispensável construir redes sólidas, integrar múltiplas instituições europeias e latino-americanas e dominar as regras específicas de cada chamada para aumentar as chances de aprovação. 

Nesse contexto, a PICTIS foi apresentada como um mecanismo inovador de cooperação, capaz de articular a legislação e o regramento brasileiro com as exigências fiscais, jurídicas e diplomáticas europeias. 

Colaboração internacional guia debates, conecta instituições e aponta novos caminhos para a ciência no 2º Encontro Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde
Por: 
yuri.neri

“Em ciência e em inovação, nada se faz sem cooperação.” A frase da vice-reitora da Universidade de Lisboa, Cecília Rodrigues, apresentou o tom do 2º Encontro Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (II EICTIS), realizado nos dias 12 e 13/11 em Portugal, pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Plataforma Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS). 

O evento reuniu representantes da Fiocruz, das Universidades de Aveiro e de Lisboa e de outras instituições internacionais para fortalecer parcerias estratégicas e discutir temas de fronteira em saúde global. 

A mesa de abertura foi conduzida pelo coordenador de Relações Internacionais do Instituto, Carlos Eduardo Rocha. Além de Cecília Rodrigues, também compuseram a sessão o diretor executivo do IOC, Guilherme de Beaurepaire — representando a diretora Tania Araujo-Jorge, em missão na COP 30; o presidente da PICTIS e docente da Universidade de Aveiro, David Resende; e o vice-presidente de Saúde Global e Relações Internacionais da Fiocruz, Marcelo Pelajo.  


Eduardo Volotão, Carlos Eduardo Rocha, Norma Brandão e José Cordeiro, do IOC, ao lado da professora portuguesa Cecília Rodrigues e do vice-presidente adjunto de saúde global e relações internacionais da Fiocruz, Dr. Marcelo Pelajo. Foto: Acervo pessoal

Diante de um cenário internacional marcado por crises ambientais, novas epidemias e tensões geopolíticas, Marcelo Pelajo destacou que a cooperação internacional depende cada vez mais de estruturas sólidas e relações de confiança, capazes de sustentar projetos de longo prazo e transformar ciência em diplomacia da saúde. 

Já Cecília Rodrigues enfatizou que a colaboração se fortalece quando é articulada com diferentes nacionalidades, formações e perspectivas, criando ambientes em que saberes diversos se encontram. Para ela, é justamente essa pluralidade que amplia a capacidade de produzir respostas inovadoras para desafios contemporâneos. 

David Resende apontou que a PICTIS traduz essa perspectiva ao estabelecer uma estrutura permanente para o desenvolvimento de projetos conjuntos entre Brasil e Portugal. A iniciativa é fruto da parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz e a Universidade de Aveiro, voltada ao intercâmbio de conhecimento e à colaboração entre os dois países.  

Guilherme reforçou o papel estratégico da PICTIS para consolidar a presença internacional do IOC e ampliar o alcance das ações de pesquisa, formação e inovação conduzidas pelo Instituto. Assista, abaixo, à íntegra do primeiro dia de programação.

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Crise climática e saúde em foco 

As mudanças climáticas estão alterando padrões epidemiológicos e ampliando riscos diretos e indiretos à saúde humana no Brasil, em Portugal e em todo o mundo. 

Para discutir esta urgência, a mesa ‘Saúde Planetária – Mudanças Climáticas e Saúde’ reuniu a chefe do Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera do IOC, Elizabeth Rangel, e o climatologista Ricardo Machado Trigo, da Universidade de Lisboa, para analisar evidências sobre os impactos do aquecimento global na saúde e debater estratégias de resposta. 

Com moderação da pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Manaus), Alessandra Nava, a sessão abordou como o aquecimento global vem alterando a dinâmica das infecções e pressionando os sistemas de vigilância. 

Trigo e Rangel apresentaram evidências de que as mudanças climáticas já impactam diretamente a saúde humana, tanto pelo aumento de eventos extremos — como ondas de calor, secas e enchentes — quanto pela alteração na distribuição de vetores. Segundo os pesquisadores, esse processo tem favorecido a expansão de doenças como leishmanioses, oropouche e leptospirose para novas áreas e em novas intensidades. 

Apesar da urgência, Rangel destacou que ainda há espaço para ações coletivas contra o aquecimento global.  

“Então ainda temos tempo para trabalhar com consciência, governança e solidariedade”, disse. 

Alessandra Nava ressaltou que clima e saúde são dimensões inseparáveis e que seus impactos se estendem também à biodiversidade e aos ecossistemas, reforçando a urgência de respostas intersetoriais.  


Programação do II EICTIS reuniu palestras, workshops e oficinas. Foto: Acervo pessoal

Na sequência, a mesa ‘Vigilância em Saúde e o Projeto MOSAIC’ continuou as reflexões sobre os impactos das transformações ambientais na saúde, com foco nas estratégias de resposta e no papel da cooperação internacional.  

O debate apresentou o MOSAIC, projeto financiado pelo programa europeu ‘Horizon Europe’ e que reúne instituições de sete países — incluindo o IOC. A iniciativa desenvolve sistemas de informação para apoiar comunidades da Amazônia e do Leste da África na identificação dos efeitos ambientais sobre a saúde.  

O objetivo do projeto é fortalecer ações locais de prevenção, adaptação e mitigação diante das rápidas transformações climáticas e ecológicas. 

Ainda no primeiro dia, a assessora internacional da Coordenação de Relações Internacionais do IOC, Cecília Siliansky de Andreazzi, apresentou a conferência ‘Ecologia e saúde: soluções baseadas na natureza’. A pesquisadora reforçou que ações de restauração e conservação podem reduzir riscos à saúde, desde que levem em conta o contexto ecológico de cada território. 

Não existe ‘projeto do eu sozinho’ 

O segundo dia do encontro aprofundou os debates sobre cooperação internacional, trazendo discussão prática e estratégica sobre como instituições brasileiras podem acessar e executar projetos financiados pela União Europeia. 

Assista à íntegra do segundo dia.

Na sessão, foram detalhados critérios, exigências e nuances de editais europeus, como o Horizon Europe e o Erasmus+. 

David Resende ressaltou que a competitividade dos editais europeus exige planejamento rigoroso e clareza na definição de metas, evitando promessas inalcançáveis e priorizando objetivos factíveis dentro do orçamento disponível.  

Segundo ele, não existe ‘projeto do eu sozinho’: é indispensável construir redes sólidas, integrar múltiplas instituições europeias e latino-americanas e dominar as regras específicas de cada chamada para aumentar as chances de aprovação. 

Nesse contexto, a PICTIS foi apresentada como um mecanismo inovador de cooperação, capaz de articular a legislação e o regramento brasileiro com as exigências fiscais, jurídicas e diplomáticas europeias. 

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)