Faleceu nesta terça-feira, 26 de novembro, na Inglaterra, o virologista David Brown, aos 71 anos. Com carreira marcada por colaborações internacionais em busca de soluções para desafios da saúde pública, Brown dedicou anos de parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Sua chegada oficial ao IOC para atuar como pesquisador visitante ocorreu em 2014, a convite da pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC. [Confira entrevista concedida por Brown na época].
Em pouco tempo no Brasil, o virologista se viu diante da emergência sanitária provocada pelo vírus Zika (2015-2016) e por um caso suspeito de infecção pelo vírus ebola (2015).
Parceria antiga: em 2009, Brown conduziu palestra durante o evento ‘Pesquisa em Viroses no Instituto Oswaldo Cruz: história e impactos na saúde pública’. Foto: Gutemberg BritoDevido a sua experiência com patógenos de elevado risco biológico, Brown atuou diretamente no processamento da amostra suspeita do vírus ebola. Essa missão foi realizada no Laboratório de Biossegurança Nível 3 (NB3) do IOC e contou com a participação do pesquisador Fernando Motta, chefe substituto do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais.
Já na epidemia de Zika, o virologista também teve atuação de destaque. Em parceria com a pesquisadora Ana Bispo, chefe substituta do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos, Brown firmou pontes entre o Instituto e a comunidade científica europeia para o estabelecimento de importantes consórcios de pesquisa para elucidar dúvidas sobre os problemas causados pelo vírus Zika, em especial, sua relação com o então aumento de casos de microcefalia.
David Brown em sua chegada ao IOC, em 2014. Foto: Gutemberg BritoSua multiplicidade de atuação e saberes levou o pesquisador a contribuir com outros Laboratórios do IOC e da Fiocruz, e ainda com o Ministério da Saúde, do qual se tornou consultor de agravos como sarampo, rubéola, influenza, arboviroses e Covid-19.
Para além do extenso currículo, o virologista era constantemente lembrado pela sua simplicidade no convívio e capacidade de compartilhar sabedoria. Fernando Motta evoca com carinho o amigo inglês que a ciência lhe deu.
“Ele amava o Brasil. Poderia ter sido qualquer outro lugar, mas foi o Brasil que ele escolheu como seu segundo país e onde fez grandes contribuições em diversas áreas da virologia. Ele trabalhava em prol da saúde pública”, frisou.
“Ele exalava conhecimento. Era humilde, gostava de ensinar e era muito dedicado. Quem conversava com ele não imaginava que estava diante de um dos maiores especialistas em vírus do mundo e criador de um método inovador no diagnóstico do sarampo, implementado em vários países da África”, completou.
Para Ana Bispo, o legado de David Brown perpetuará no controle de dengue, Zika e chikungunya em território nacional.
"Toda a bagagem de conhecimento que ele tinha, a partir da sua formação e da experiência de anos no campo da virologia, principalmente realizando diagnóstico de viroses e apoiando programas de eliminação de doenças na Ásia e na África, pode ser aplicada para diferentes vírus, como, os arbovírus. Nós realizamos trabalhos em estreita parceria, em diagnóstico sorológico para Zika, inclusive participando de estudos soroepidemiológicos”, recordou.
Antes da passagem pelo Brasil, Brown ocupou cargos de destaque em instituições internacionais: foi diretor do Departamento de Referência em Vírus da Health Protection Agency e professor visitante da London School of Tropical Medicine and Hygiene, ambos no Reino Unido; liderou o Laboratório Global Especializado para Sarampo e Rubéola da OMS; e integrou o projeto Wellcome Trust na Índia.
Faleceu nesta terça-feira, 26 de novembro, na Inglaterra, o virologista David Brown, aos 71 anos. Com carreira marcada por colaborações internacionais em busca de soluções para desafios da saúde pública, Brown dedicou anos de parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Sua chegada oficial ao IOC para atuar como pesquisador visitante ocorreu em 2014, a convite da pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC. [Confira entrevista concedida por Brown na época].
Em pouco tempo no Brasil, o virologista se viu diante da emergência sanitária provocada pelo vírus Zika (2015-2016) e por um caso suspeito de infecção pelo vírus ebola (2015).
Parceria antiga: em 2009, Brown conduziu palestra durante o evento ‘Pesquisa em Viroses no Instituto Oswaldo Cruz: história e impactos na saúde pública’. Foto: Gutemberg BritoDevido a sua experiência com patógenos de elevado risco biológico, Brown atuou diretamente no processamento da amostra suspeita do vírus ebola. Essa missão foi realizada no Laboratório de Biossegurança Nível 3 (NB3) do IOC e contou com a participação do pesquisador Fernando Motta, chefe substituto do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais.
Já na epidemia de Zika, o virologista também teve atuação de destaque. Em parceria com a pesquisadora Ana Bispo, chefe substituta do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos, Brown firmou pontes entre o Instituto e a comunidade científica europeia para o estabelecimento de importantes consórcios de pesquisa para elucidar dúvidas sobre os problemas causados pelo vírus Zika, em especial, sua relação com o então aumento de casos de microcefalia.
David Brown em sua chegada ao IOC, em 2014. Foto: Gutemberg BritoSua multiplicidade de atuação e saberes levou o pesquisador a contribuir com outros Laboratórios do IOC e da Fiocruz, e ainda com o Ministério da Saúde, do qual se tornou consultor de agravos como sarampo, rubéola, influenza, arboviroses e Covid-19.
Para além do extenso currículo, o virologista era constantemente lembrado pela sua simplicidade no convívio e capacidade de compartilhar sabedoria. Fernando Motta evoca com carinho o amigo inglês que a ciência lhe deu.
“Ele amava o Brasil. Poderia ter sido qualquer outro lugar, mas foi o Brasil que ele escolheu como seu segundo país e onde fez grandes contribuições em diversas áreas da virologia. Ele trabalhava em prol da saúde pública”, frisou.
“Ele exalava conhecimento. Era humilde, gostava de ensinar e era muito dedicado. Quem conversava com ele não imaginava que estava diante de um dos maiores especialistas em vírus do mundo e criador de um método inovador no diagnóstico do sarampo, implementado em vários países da África”, completou.
Para Ana Bispo, o legado de David Brown perpetuará no controle de dengue, Zika e chikungunya em território nacional.
"Toda a bagagem de conhecimento que ele tinha, a partir da sua formação e da experiência de anos no campo da virologia, principalmente realizando diagnóstico de viroses e apoiando programas de eliminação de doenças na Ásia e na África, pode ser aplicada para diferentes vírus, como, os arbovírus. Nós realizamos trabalhos em estreita parceria, em diagnóstico sorológico para Zika, inclusive participando de estudos soroepidemiológicos”, recordou.
Antes da passagem pelo Brasil, Brown ocupou cargos de destaque em instituições internacionais: foi diretor do Departamento de Referência em Vírus da Health Protection Agency e professor visitante da London School of Tropical Medicine and Hygiene, ambos no Reino Unido; liderou o Laboratório Global Especializado para Sarampo e Rubéola da OMS; e integrou o projeto Wellcome Trust na Índia.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)