Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.
Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Núcleo de Estudos Avançados discute perspectivas para COP 30 na Amazônia

Núcleo de Estudos Avançados discute perspectivas para COP 30 na Amazônia

Evento abordou desafios e possibilidades para avanços na conferência que ocorrerá em Belém
Por Maíra Menezes28/10/2025 - Atualizado em 03/11/2025

A 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, em novembro, foi o ponto de partida do debate no Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) no dia 23 de outubro. 

A sessão integrou a programação em homenagem aos 125 anos do Instituto e foi marcada pelo anúncio da adesão do Núcleo de Estudos Avançados do IOC ao Fórum Brasileiro de Estudos Avançados (Fobreav). 

Com o tema ‘Sobrevivência no planeta: COP 30, o futuro do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas’, o evento teve como palestrante Eduardo Brondizio, professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, ganhador do Prêmio Tyler de Conquista Ambiental 2025.  A sessão contou ainda com participação de seis debatedores de diferentes instituições. 

Assista à íntegra do evento. 

A urgência e a relevância da conferência em Belém foram destacadas pelo coordenador do Núcleo de Estudos Avançados e pesquisador emérito da Fiocruz, Renato Cordeiro, na abertura do evento. 

“O aumento de temperatura e a intensificação de eventos extremos, como seca, inundações e ondas de calor, não são previsões, são a nossa realidade. É nesse cenário de urgência que se insere a COP 30, em Belém. Pela primeira vez, a principal discussão global sobre o clima será realizada dentro da maior floresta tropical do planeta. Esperamos que a COP coloque no centro do debate as populações tradicionais, povos indígenas e comunidades ribeirinhas, que são os guardiões da floresta e os mais vulneráveis às mudanças climáticas”, disse Renato. 

Ao analisar o contexto da COP, Brondizio considerou três dimensões: a crise do multilateralismo e de confiança nas instituições que antecede o evento; os diferentes níveis de governança das ações contra mudanças climáticas e as questões da Amazônia, que podem ser compreendidas como um microcosmos dos dilemas globais. 

Citando exemplos de leis ambientais que tiveram impactos significativos, como melhoria da qualidade da água, o pesquisador avaliou que os avanços obtidos pela ação coletiva no passado têm sido esquecidos, o que reforça a apatia da população frente à erosão de conquistas. 

Ele ponderou que além da cooperação nos acordos internacionais, existem ações relevantes contra mudanças climáticas por parte de redes de cidades, setores econômicos e lideranças comunitárias. 

Sobre a Amazônia, Brondizio afirmou que a solução dos problemas ambientais não pode ser dissociada do enfrentamento das questões sociais.

"Cerca de 70% da população em Belém e Manaus vivem em aglomerados subnormais, onde os impactos das mudanças climáticas se entrelaçam com a pobreza, falta de saneamento e diversas vulnerabilidades. O crime organizado é um problema hoje na Amazônia”, pontou o pesquisador.  

O especialista afirmou que a Amazônia depende tanto de soluções globais para bloquear o aquecimento global quanto de ações regionais para enfrentar o desmatamento e a degradação ambiental. 

“A reafirmação do compromisso global é fundamental e seria um dos grandes produtos da COP. Por outro lado, não é uma panaceia. Não se pode ter ilusão de que isso vai resolver todos os problemas. A COP tem potencial muito grande de ser um catalisador para mudar a dinâmica que temos agora. É preciso fortalecer diferentes atores para uma agenda mais completa”, avaliou Brondizio. 

A desconexão entre as sociedades modernas e a natureza, a visão histórica e atual da Amazônia como fronteira de expansão da produção capitalista nacional, a desconfiança de populações locais em relação a propostas externas para a região, as alternativas de desenvolvimento sustentável e as pesquisas científicas realizadas pelo IOC no bioma foram temas abordados no debate após a palestra.  

A atividade contou com a participação de Cristiana Seixas, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Nepam/Unicamp); Emmanuel Zagury Tourinho, ex-reitor e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA); Marilene Correa, professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e ex-reitora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Roberto Araujo, pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi; Tatiana Sá, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e ex-chefe da Embrapa Amazônia Oriental; e Tereza Favre, pesquisadora e coordenadora da Câmara Técnica de Ambiente e Saúde do IOC. 

Evento abordou desafios e possibilidades para avanços na conferência que ocorrerá em Belém
Por: 
maira

A 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, em novembro, foi o ponto de partida do debate no Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) no dia 23 de outubro. 

A sessão integrou a programação em homenagem aos 125 anos do Instituto e foi marcada pelo anúncio da adesão do Núcleo de Estudos Avançados do IOC ao Fórum Brasileiro de Estudos Avançados (Fobreav). 

Com o tema ‘Sobrevivência no planeta: COP 30, o futuro do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas’, o evento teve como palestrante Eduardo Brondizio, professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, ganhador do Prêmio Tyler de Conquista Ambiental 2025.  A sessão contou ainda com participação de seis debatedores de diferentes instituições. 

Assista à íntegra do evento. 

A urgência e a relevância da conferência em Belém foram destacadas pelo coordenador do Núcleo de Estudos Avançados e pesquisador emérito da Fiocruz, Renato Cordeiro, na abertura do evento. 

“O aumento de temperatura e a intensificação de eventos extremos, como seca, inundações e ondas de calor, não são previsões, são a nossa realidade. É nesse cenário de urgência que se insere a COP 30, em Belém. Pela primeira vez, a principal discussão global sobre o clima será realizada dentro da maior floresta tropical do planeta. Esperamos que a COP coloque no centro do debate as populações tradicionais, povos indígenas e comunidades ribeirinhas, que são os guardiões da floresta e os mais vulneráveis às mudanças climáticas”, disse Renato. 

Ao analisar o contexto da COP, Brondizio considerou três dimensões: a crise do multilateralismo e de confiança nas instituições que antecede o evento; os diferentes níveis de governança das ações contra mudanças climáticas e as questões da Amazônia, que podem ser compreendidas como um microcosmos dos dilemas globais. 

Citando exemplos de leis ambientais que tiveram impactos significativos, como melhoria da qualidade da água, o pesquisador avaliou que os avanços obtidos pela ação coletiva no passado têm sido esquecidos, o que reforça a apatia da população frente à erosão de conquistas. 

Ele ponderou que além da cooperação nos acordos internacionais, existem ações relevantes contra mudanças climáticas por parte de redes de cidades, setores econômicos e lideranças comunitárias. 

Sobre a Amazônia, Brondizio afirmou que a solução dos problemas ambientais não pode ser dissociada do enfrentamento das questões sociais.

"Cerca de 70% da população em Belém e Manaus vivem em aglomerados subnormais, onde os impactos das mudanças climáticas se entrelaçam com a pobreza, falta de saneamento e diversas vulnerabilidades. O crime organizado é um problema hoje na Amazônia”, pontou o pesquisador.  

O especialista afirmou que a Amazônia depende tanto de soluções globais para bloquear o aquecimento global quanto de ações regionais para enfrentar o desmatamento e a degradação ambiental. 

“A reafirmação do compromisso global é fundamental e seria um dos grandes produtos da COP. Por outro lado, não é uma panaceia. Não se pode ter ilusão de que isso vai resolver todos os problemas. A COP tem potencial muito grande de ser um catalisador para mudar a dinâmica que temos agora. É preciso fortalecer diferentes atores para uma agenda mais completa”, avaliou Brondizio. 

A desconexão entre as sociedades modernas e a natureza, a visão histórica e atual da Amazônia como fronteira de expansão da produção capitalista nacional, a desconfiança de populações locais em relação a propostas externas para a região, as alternativas de desenvolvimento sustentável e as pesquisas científicas realizadas pelo IOC no bioma foram temas abordados no debate após a palestra.  

A atividade contou com a participação de Cristiana Seixas, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Nepam/Unicamp); Emmanuel Zagury Tourinho, ex-reitor e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA); Marilene Correa, professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e ex-reitora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Roberto Araujo, pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi; Tatiana Sá, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e ex-chefe da Embrapa Amazônia Oriental; e Tereza Favre, pesquisadora e coordenadora da Câmara Técnica de Ambiente e Saúde do IOC. 

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)