Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.
Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Parceria entre Fiocruz e iniciativa privada obtém suplemento alimentar veterinário

Parceria entre Fiocruz e iniciativa privada obtém suplemento alimentar veterinário

Pesquisa para desenvolver fitoterápico humano à base de planta abriu portas para produto disponível para cães e gatos
Por Maíra Menezes e Yuri Neri30/09/2025 - Atualizado em 07/10/2025
Gastroband: suplemento alimentar vem em seringas e é destinado a pets. Foto: Rudson Amorim

Um novo suplemento alimentar para cães e gatos foi obtido a partir de uma tecnologia desenvolvida em conjunto com a Fiocruz. Com o nome ‘Gastroband’, o produto da Fiocruz em parceria com a empresa Omnilab utiliza extratos de plantas medicinais, visando complementar a alimentação de pets, com foco na saúde gastrointestinal. A comercialização do suplemento é realizada pela Omnilab e as informações estão disponíveis no website da empresa.   

Na Fiocruz, o projeto é desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz). A parceria entre as unidades da Fundação foi estabelecida em 1996, com objetivo de desenvolver um medicamento fitoterápico para uso humano. 

Pesquisador do IOC/Fiocruz e idealizador do projeto, Valber Frutuoso ressalta o diferencial da pesquisa ter evoluído para um produto veterinário.  

“A partir desse projeto, com foco em saúde humana, surgiu, paralelamente, uma parceria para a produção do suplemento alimentar para animais. Consideramos essa iniciativa como uma oportunidade que agrega valor à nossa pesquisa, enquanto permanecemos empenhados no desenvolvimento do medicamento humano”, afirma Valber.  

Pesquisadora de Farmanguinhos/Fiocruz, Alessandra Viçosa esteve à frente do desenvolvimento da formulação e otimização do processo de preparo da planta e destaca a parceria.  

“O desenvolvimento conjunto do Gastroband com a empresa Omnilab foi bastante desafiador e envolveu muitas pesquisas e experimentos para se chegar a uma formulação estável”, conta.  

“O processo de preparo foi também otimizado de forma a tornar a produção industrial facilitada para obtenção de um produto que atenda aos critérios de qualidade exigidos pelo mercado. Houve um aprendizado mútuo e salutar entre as empresas”, completa.  

Nova alternativa para a saúde digestiva de animais   

Ao longo dos estudos para desenvolvimento do fitoterápico humano, os pesquisadores aprimoraram as metodologias das etapas de cultivo da planta, obtenção do extrato e caracterização e determinação químicas da espécie vegetal para alcançar a produção do insumo farmacêutico ativo vegetal (IFAv) em escala piloto. 

Ensaios em modelos experimentais confirmaram os efeitos do IFAv como analgésico e gastroprotetor e a segurança da sua administração, sem registros de efeitos colaterais. 

O acordo para desenvolvimento do suplemento alimentar foi inicialmente firmado pela Fiocruz com a empresa Inovet, em 2019. Posteriormente, a empresa cedeu os direitos de fabricação para a Omnilab, atual parceira para oferta do produto no mercado.  

Os primeiros lotes foram elaborados com extrato vegetal produzido pela Fiocruz a partir do cultivo da respectiva planta na Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos de Farmanguinhos/Fiocruz, no campus Fiocruz Mata Atlântica, em Jacarepaguá, na zona Oeste do Rio de Janeiro.   

Os pesquisadores Valber Furtuoso, do IOC, e Sandra Aurora, de Farmanguinhos, ao lado de Aline Moraes, do Núcleo de Inovação Tecnológica. Foto: Rudson Amorim

Pesquisadora de Farmanguinhos/Fiocruz, Maria Raquel destaca a importância do uso sustentável da biodiversidade brasileira.

“O crescente reconhecimento do valor da biodiversidade, especialmente em países com ampla diversidade biológica, aliado aos avanços tecnológicos, tem ampliado a valorização do natural. O aprofundamento dos estudos em biodiversidade pode se consolidar como um eixo essencial de crescimento em diferentes áreas”, afirma.

“Explorar os recursos naturais de forma sustentável é uma das estratégias mais eficazes para promover inovação, fortalecer a indústria e melhorar as condições de vida da população”, complementa.

Em conjunto, foi alcançada uma formulação estável com odor e sabor adequados para facilitar a aceitação pelos animais. A apresentação do suplemento alimentar é feita em seringas de 15 gramas. A forma de administração é indicada na bula e pode ser orientada pelo médico veterinário.  

“Como suplementos alimentares não são medicamentos, não são indicados para o tratamento de doenças. Esses produtos têm o objetivo de oferecer nutrientes ou substâncias bioativas, que podem trazer benefícios para o organismo”, pontua Valber.  

Atualmente, os pesquisadores realizam análises de estabilidade do IFAv para produção do medicamento fitoterápico humano e iniciam conversas com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para avaliar as exigências dos ensaios clínicos.  

Os cientistas destacam o caráter multidisciplinar da pesquisa, que, recentemente, passou a contar também com participação do Instituto Nacional de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).   

“Nesse projeto, temos união de pesquisadores em farmacologia, farmacotécnica, agronomia, metodologias analíticas e toxicologia, além de especialistas em gestão e inovação tecnológica. O trabalho integrado é fundamental para sair da pesquisa e trabalhar no desenvolvimento de um produto”, ressalta Valber.  

Ao longo dos anos, o projeto contou com o apoio de diversas iniciativas da Fiocruz para fomento à inovação, como o Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para Saúde (PDTIS) e o Programa Inova Fiocruz. Também recebeu recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Atualmente, o braço fitoterápico do projeto obteve financiamento do edital Inova Ceis. 

Da pesquisa ao mercado 

O desenvolvimento de tecnologias inovadoras já faz parte da rotina do IOC. Produtos como kits diagnósticos e métodos de controle de vetores nasceram a partir das pesquisas realizadas nos laboratórios do Instituto, tornando-se soluções aplicáveis à saúde pública.  

Segundo a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), Aline Morais, a colaboração entre instituições públicas e empresas privadas é uma via estratégica para transformar pesquisa em soluções acessíveis à população. 

“Essas interações beneficiam a todos, sobretudo, a população brasileira, que passa a ter acesso a produtos de qualidade e com comprovação científica, capazes de melhorar a saúde humana e a veterinária”, aponta.  

Em agosto, a patente do produto foi depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em cotitularidade: 50% Fiocruz e 50% Omnilab. Aline destaca que, com a entrada do produto no mercado, os royalties serão reinvestidos no projeto original do medicamento fitoterápico para uso humano. 

Equipes Fiocruz e Omnilab durante lançamento do Gastroband. Foto: Rudson Amorim

Para a coordenadora, a experiência também tem valor institucional. Além de abrir uma frente na área veterinária, gera aprendizado na interface com a indústria e consolida práticas de inovação. 

“Esse resultado é muito importante, pois representa um fruto da pesquisa pública retornando ao mercado nacional. O processo trouxe ganho de experiência tanto para o IOC quanto para Farmanguinhos, além de gerar recursos que serão reinvestidos no projeto inicial”, conclui. 

A pesquisadora de Farmanguinhos, Sandra Aurora, destaca o rigor e a qualidade construída ao longo de cada etapa, desde a pesquisa inicial à chegada do produto ao mercado. 

“É um processo que leva tempo, exige amadurecimento e controle tecnológico. Temos muito orgulho de fazer parte dessa construção e de ter a Omnilab nessa parceria”, finaliza. 

O produto foi lançado no último dia 26/09 em uma feira internacional, no Rio de Janeiro. 

Pesquisa para desenvolver fitoterápico humano à base de planta abriu portas para produto disponível para cães e gatos
Por: 
maira
yuri.neri
Gastroband: suplemento alimentar vem em seringas e é destinado a pets. Foto: Rudson Amorim

Um novo suplemento alimentar para cães e gatos foi obtido a partir de uma tecnologia desenvolvida em conjunto com a Fiocruz. Com o nome ‘Gastroband’, o produto da Fiocruz em parceria com a empresa Omnilab utiliza extratos de plantas medicinais, visando complementar a alimentação de pets, com foco na saúde gastrointestinal. A comercialização do suplemento é realizada pela Omnilab e as informações estão disponíveis no website da empresa.   

Na Fiocruz, o projeto é desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz). A parceria entre as unidades da Fundação foi estabelecida em 1996, com objetivo de desenvolver um medicamento fitoterápico para uso humano. 

Pesquisador do IOC/Fiocruz e idealizador do projeto, Valber Frutuoso ressalta o diferencial da pesquisa ter evoluído para um produto veterinário.  

“A partir desse projeto, com foco em saúde humana, surgiu, paralelamente, uma parceria para a produção do suplemento alimentar para animais. Consideramos essa iniciativa como uma oportunidade que agrega valor à nossa pesquisa, enquanto permanecemos empenhados no desenvolvimento do medicamento humano”, afirma Valber.  

Pesquisadora de Farmanguinhos/Fiocruz, Alessandra Viçosa esteve à frente do desenvolvimento da formulação e otimização do processo de preparo da planta e destaca a parceria.  

“O desenvolvimento conjunto do Gastroband com a empresa Omnilab foi bastante desafiador e envolveu muitas pesquisas e experimentos para se chegar a uma formulação estável”, conta.  

“O processo de preparo foi também otimizado de forma a tornar a produção industrial facilitada para obtenção de um produto que atenda aos critérios de qualidade exigidos pelo mercado. Houve um aprendizado mútuo e salutar entre as empresas”, completa.  

Nova alternativa para a saúde digestiva de animais   

Ao longo dos estudos para desenvolvimento do fitoterápico humano, os pesquisadores aprimoraram as metodologias das etapas de cultivo da planta, obtenção do extrato e caracterização e determinação químicas da espécie vegetal para alcançar a produção do insumo farmacêutico ativo vegetal (IFAv) em escala piloto. 

Ensaios em modelos experimentais confirmaram os efeitos do IFAv como analgésico e gastroprotetor e a segurança da sua administração, sem registros de efeitos colaterais. 

O acordo para desenvolvimento do suplemento alimentar foi inicialmente firmado pela Fiocruz com a empresa Inovet, em 2019. Posteriormente, a empresa cedeu os direitos de fabricação para a Omnilab, atual parceira para oferta do produto no mercado.  

Os primeiros lotes foram elaborados com extrato vegetal produzido pela Fiocruz a partir do cultivo da respectiva planta na Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos de Farmanguinhos/Fiocruz, no campus Fiocruz Mata Atlântica, em Jacarepaguá, na zona Oeste do Rio de Janeiro.   

Os pesquisadores Valber Furtuoso, do IOC, e Sandra Aurora, de Farmanguinhos, ao lado de Aline Moraes, do Núcleo de Inovação Tecnológica. Foto: Rudson Amorim

Pesquisadora de Farmanguinhos/Fiocruz, Maria Raquel destaca a importância do uso sustentável da biodiversidade brasileira.

“O crescente reconhecimento do valor da biodiversidade, especialmente em países com ampla diversidade biológica, aliado aos avanços tecnológicos, tem ampliado a valorização do natural. O aprofundamento dos estudos em biodiversidade pode se consolidar como um eixo essencial de crescimento em diferentes áreas”, afirma.

“Explorar os recursos naturais de forma sustentável é uma das estratégias mais eficazes para promover inovação, fortalecer a indústria e melhorar as condições de vida da população”, complementa.

Em conjunto, foi alcançada uma formulação estável com odor e sabor adequados para facilitar a aceitação pelos animais. A apresentação do suplemento alimentar é feita em seringas de 15 gramas. A forma de administração é indicada na bula e pode ser orientada pelo médico veterinário.  

“Como suplementos alimentares não são medicamentos, não são indicados para o tratamento de doenças. Esses produtos têm o objetivo de oferecer nutrientes ou substâncias bioativas, que podem trazer benefícios para o organismo”, pontua Valber.  

Atualmente, os pesquisadores realizam análises de estabilidade do IFAv para produção do medicamento fitoterápico humano e iniciam conversas com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para avaliar as exigências dos ensaios clínicos.  

Os cientistas destacam o caráter multidisciplinar da pesquisa, que, recentemente, passou a contar também com participação do Instituto Nacional de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).   

“Nesse projeto, temos união de pesquisadores em farmacologia, farmacotécnica, agronomia, metodologias analíticas e toxicologia, além de especialistas em gestão e inovação tecnológica. O trabalho integrado é fundamental para sair da pesquisa e trabalhar no desenvolvimento de um produto”, ressalta Valber.  

Ao longo dos anos, o projeto contou com o apoio de diversas iniciativas da Fiocruz para fomento à inovação, como o Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para Saúde (PDTIS) e o Programa Inova Fiocruz. Também recebeu recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Atualmente, o braço fitoterápico do projeto obteve financiamento do edital Inova Ceis. 

Da pesquisa ao mercado 

O desenvolvimento de tecnologias inovadoras já faz parte da rotina do IOC. Produtos como kits diagnósticos e métodos de controle de vetores nasceram a partir das pesquisas realizadas nos laboratórios do Instituto, tornando-se soluções aplicáveis à saúde pública.  

Segundo a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), Aline Morais, a colaboração entre instituições públicas e empresas privadas é uma via estratégica para transformar pesquisa em soluções acessíveis à população. 

“Essas interações beneficiam a todos, sobretudo, a população brasileira, que passa a ter acesso a produtos de qualidade e com comprovação científica, capazes de melhorar a saúde humana e a veterinária”, aponta.  

Em agosto, a patente do produto foi depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em cotitularidade: 50% Fiocruz e 50% Omnilab. Aline destaca que, com a entrada do produto no mercado, os royalties serão reinvestidos no projeto original do medicamento fitoterápico para uso humano. 

Equipes Fiocruz e Omnilab durante lançamento do Gastroband. Foto: Rudson Amorim

Para a coordenadora, a experiência também tem valor institucional. Além de abrir uma frente na área veterinária, gera aprendizado na interface com a indústria e consolida práticas de inovação. 

“Esse resultado é muito importante, pois representa um fruto da pesquisa pública retornando ao mercado nacional. O processo trouxe ganho de experiência tanto para o IOC quanto para Farmanguinhos, além de gerar recursos que serão reinvestidos no projeto inicial”, conclui. 

A pesquisadora de Farmanguinhos, Sandra Aurora, destaca o rigor e a qualidade construída ao longo de cada etapa, desde a pesquisa inicial à chegada do produto ao mercado. 

“É um processo que leva tempo, exige amadurecimento e controle tecnológico. Temos muito orgulho de fazer parte dessa construção e de ter a Omnilab nessa parceria”, finaliza. 

O produto foi lançado no último dia 26/09 em uma feira internacional, no Rio de Janeiro. 

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)