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Pesquisa científica em busca de avanços na abordagem da doença de Chagas

Segundo encontro do 7° Ciclo Carlos Chagas de Palestras discutiu experiências do Brasil e Espanha, além de estudos desenvolvidos por estudantes do IOC
Por Maíra Menezes23/05/2019 - Atualizado em 26/03/2021

Experiências da Espanha e do Brasil no enfrentamento da doença de Chagas foram discutidas no segundo encontro do 7º Ciclo Carlos Chagas de Palestras. Realizado na sexta-feira, 17 de maio, de forma integrada ao Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o evento teve participação do pesquisador Leonardo de La Torre, do Hospital de Clínicas de Barcelona, e do professor Alberto Novaes, da Universidade Federal do Ceará.

A atividade também contou com apresentações orais de pesquisas desenvolvidas no IOC em diferentes campos de estudos sobre o agravo, incluindo aspectos ligados à interação entre parasito e célula, informação e comunicação, terapias e vetores. Em alusão aos 110 anos da descrição da doença de Chagas, o 7º Ciclo Carlos Chagas de Palestras traz atividades mensais entre abril e julho de 2019.

Ao lado dos pesquisadores Alberto Novaes e Leonardo de La Torre, Joseli Lannes enfatizou a importância de estratégias para promover o diagnóstico e tratamento da doença de Chagas. Foto: Gutemberg Brito

Considerando que a Espanha é o país com maior número de portadores da doença de Chagas na Europa, o projeto ‘Pasa la voz’ (‘Passa a palavra’, em tradução livre) busca expandir a conscientização sobre a infecção, ampliando o acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Um dos coordenadores da ação, Leonardo de La Torre ressaltou o engajamento de diversos atores, como comunidades de migrantes, pacientes, associações de pacientes e profissionais de saúde, desde a fase de concepção das ações de Informação, Comunicação e Educação.

“Começamos o projeto pelo ato de escutar, ouvindo as demandas reais da população para responder a elas por meio da pesquisa. Assim, partimos da demanda social, em lugar da agenda científica”, contou ele. O pesquisador apontou que, entre as demandas detectadas estava, por exemplo, a realização de exames para diagnóstico da infecção pelo Trypanosoma cruzi em mulheres em idade fértil, para evitar a transmissão vertical do agravo.

A palestra de Alberto Novaes abordou os desafios do enfrentamento da doença de Chagas no atual contexto epidemiológico do Brasil. O professor enfatizou que o agravo permanece como um importante problema de saúde pública no país, que demanda respostas nas áreas de gestão, vigilância e controle, diagnóstico, tratamento, prevenção, reabilitação, educação e comunicação.

“Quando o Brasil recebeu o certificado da Opas [Organização Pan-Americana de Saúde] pela eliminação do Triatoma infestans, houve um problema de tradução equivocada, que sugeriu que a doença estaria erradicada no Brasil. Mas além dos casos agudos, que continuam ocorrendo, temos ainda um enorme número de pacientes crônicos. A doença de Chagas é uma condição sistematicamente silenciada, porque ocorre em contextos de negligência”, afirmou Novaes.

Estudantes do IOC apresentaram pesquisas ligadas à interação entre parasito e célula, informação e comunicação, terapias e vetores. Foto: Gutemberg Brito / Arte: Jefferson Mendes

Os estudos discutidos na sessão de apresentações orais foram selecionados por uma banca composta por cerca de vinte pesquisadores de diversas instituições científicas entre dezenas de resumos enviados para o congresso. As estudantes do Programa de Vocação Científica (Provoc) Analuz Cunha de Sá Freire Sermarini e Hosana Figueiredo de Athayde, do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC, apresentaram uma análise de documentos oficiais de Brasil, Bolívia, Argentina e México, que identificou carência nas orientações sobre abordagens educativas voltadas para a população.

A estudante do Programa de Iniciação Científica Letícia Paschoaletto, do Laboratório de Biodiversidade Entomológica do IOC, discutiu resultados do estudo sobre a cópula de insetos triatomíneos do complexo Triatoma brasiliensis e a possibilidade de surgimento de vetores híbridos. Com pesquisas realizadas em camundongos, considerados modelos para estudo da doença de Chagas crônica, a doutoranda do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC Priscila Farani, do Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas do IOC, abordou a ativação de genes que podem ser marcadores da evolução do agravo e o pós-doutorando Roberto Rodrigues Ferreira, do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática, discutiu o potencial de novas moléculas no tratamento da fibrose cardíaca.

“As apresentações mostram que muitos temas ainda precisam ser pesquisados para avançar na busca por melhorias nas condições de vida dos portadores”, afirmou a pesquisadora Joseli Lannes, chefe do Laboratório de Biologia das Interações do IOC, que organiza o 7º Ciclo Carlos Chagas de Palestras juntamente com a pesquisadora Marli Lima, chefe do Laboratório de Ecoepidemiologia da Doença de Chagas do IOC.

Segundo encontro do 7° Ciclo Carlos Chagas de Palestras discutiu experiências do Brasil e Espanha, além de estudos desenvolvidos por estudantes do IOC
Por: 
maira

Experiências da Espanha e do Brasil no enfrentamento da doença de Chagas foram discutidas no segundo encontro do 7º Ciclo Carlos Chagas de Palestras. Realizado na sexta-feira, 17 de maio, de forma integrada ao Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o evento teve participação do pesquisador Leonardo de La Torre, do Hospital de Clínicas de Barcelona, e do professor Alberto Novaes, da Universidade Federal do Ceará.

A atividade também contou com apresentações orais de pesquisas desenvolvidas no IOC em diferentes campos de estudos sobre o agravo, incluindo aspectos ligados à interação entre parasito e célula, informação e comunicação, terapias e vetores. Em alusão aos 110 anos da descrição da doença de Chagas, o 7º Ciclo Carlos Chagas de Palestras traz atividades mensais entre abril e julho de 2019.

Ao lado dos pesquisadores Alberto Novaes e Leonardo de La Torre, Joseli Lannes enfatizou a importância de estratégias para promover o diagnóstico e tratamento da doença de Chagas. Foto: Gutemberg Brito

Considerando que a Espanha é o país com maior número de portadores da doença de Chagas na Europa, o projeto ‘Pasa la voz’ (‘Passa a palavra’, em tradução livre) busca expandir a conscientização sobre a infecção, ampliando o acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Um dos coordenadores da ação, Leonardo de La Torre ressaltou o engajamento de diversos atores, como comunidades de migrantes, pacientes, associações de pacientes e profissionais de saúde, desde a fase de concepção das ações de Informação, Comunicação e Educação.

“Começamos o projeto pelo ato de escutar, ouvindo as demandas reais da população para responder a elas por meio da pesquisa. Assim, partimos da demanda social, em lugar da agenda científica”, contou ele. O pesquisador apontou que, entre as demandas detectadas estava, por exemplo, a realização de exames para diagnóstico da infecção pelo Trypanosoma cruzi em mulheres em idade fértil, para evitar a transmissão vertical do agravo.

A palestra de Alberto Novaes abordou os desafios do enfrentamento da doença de Chagas no atual contexto epidemiológico do Brasil. O professor enfatizou que o agravo permanece como um importante problema de saúde pública no país, que demanda respostas nas áreas de gestão, vigilância e controle, diagnóstico, tratamento, prevenção, reabilitação, educação e comunicação.

“Quando o Brasil recebeu o certificado da Opas [Organização Pan-Americana de Saúde] pela eliminação do Triatoma infestans, houve um problema de tradução equivocada, que sugeriu que a doença estaria erradicada no Brasil. Mas além dos casos agudos, que continuam ocorrendo, temos ainda um enorme número de pacientes crônicos. A doença de Chagas é uma condição sistematicamente silenciada, porque ocorre em contextos de negligência”, afirmou Novaes.

Estudantes do IOC apresentaram pesquisas ligadas à interação entre parasito e célula, informação e comunicação, terapias e vetores. Foto: Gutemberg Brito / Arte: Jefferson Mendes

Os estudos discutidos na sessão de apresentações orais foram selecionados por uma banca composta por cerca de vinte pesquisadores de diversas instituições científicas entre dezenas de resumos enviados para o congresso. As estudantes do Programa de Vocação Científica (Provoc) Analuz Cunha de Sá Freire Sermarini e Hosana Figueiredo de Athayde, do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC, apresentaram uma análise de documentos oficiais de Brasil, Bolívia, Argentina e México, que identificou carência nas orientações sobre abordagens educativas voltadas para a população.

A estudante do Programa de Iniciação Científica Letícia Paschoaletto, do Laboratório de Biodiversidade Entomológica do IOC, discutiu resultados do estudo sobre a cópula de insetos triatomíneos do complexo Triatoma brasiliensis e a possibilidade de surgimento de vetores híbridos. Com pesquisas realizadas em camundongos, considerados modelos para estudo da doença de Chagas crônica, a doutoranda do Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC Priscila Farani, do Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas do IOC, abordou a ativação de genes que podem ser marcadores da evolução do agravo e o pós-doutorando Roberto Rodrigues Ferreira, do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática, discutiu o potencial de novas moléculas no tratamento da fibrose cardíaca.

“As apresentações mostram que muitos temas ainda precisam ser pesquisados para avançar na busca por melhorias nas condições de vida dos portadores”, afirmou a pesquisadora Joseli Lannes, chefe do Laboratório de Biologia das Interações do IOC, que organiza o 7º Ciclo Carlos Chagas de Palestras juntamente com a pesquisadora Marli Lima, chefe do Laboratório de Ecoepidemiologia da Doença de Chagas do IOC.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)