Portuguese English Spanish
Interface
Adjust the interface to make it easier to use for different conditions.
This renders the document in high contrast mode.
This renders the document as white on black
This can help those with trouble processing rapid screen movements.
This loads a font easier to read for people with dyslexia.
Busca Avançada
Você está aqui: Notícias » Pesquisa identifica proteínas essenciais à hanseníase

Pesquisa identifica proteínas essenciais à hanseníase

Iniciativa abre novas perspectivas para a investigação de métodos diagnósticos e vacinas para a doença que registra 300 mil novos casos por ano no mundo, segundo dados da OMS.
Por Jornalismo IOC04/03/2008 - Atualizado em 06/04/2023

Uma iniciativa promovida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) em parceria com a Universidade do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, dá novo impulso ao estudo do agente etiológico causador da hanseníase – a micobactéria Mycobacterium leprae – ao colocar em prática uma abordagem até então pouco utilizada na área: a proteômica.

A partir do seqüenciamento genético da bactéria, realizado em 2001 pelo Instituto Pasteur, na França, pesquisadores do IOC deram início a análises proteômicas do patógeno, a fim de identificar proteínas essenciais à expressão da micobactéria e ao desenvolvimento da hanseníase, indicando novos caminhos para a investigação de métodos diagnósticos e vacinas para a doença que registra 300 mil novos casos por ano no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“O seqüenciamento do genoma da M. leprae abriu novas perspectivas para o estudo da biologia deste patógeno ao revelar algumas peculiaridades, como um número reduzido de genes em relação à bactéria ancestral que o originou. Esta redução é resultado, provavelmente, de um processo de seleção natural que teria eliminado parte do genoma da bactéria ancestral, preservando apenas os genes essenciais à sobrevivência da M. leprae. A partir desta informação, aplicamos técnicas proteômicas sobre o material genético da micobactéria a fim de identificar as proteínas expressas pelos genes preservados, essenciais para a evolução da bactéria no organismo hospedeiro”, apresenta a bioquímica Maria Cristina Vidal Pessolani, pesquisadora do Laboratório de Microbiologia Celular do IOC e coordenadora do estudo.

 
Análises proteômicas in vivo indicam quais as proteínas essenciais para a evolução da M. leprae no organismo hospedeiro, apontando alvos terapêuticos e marcadores imunobiológicos da hanseníase. Foto: Gutemberg Brito

A equipe de pesquisadores precisou ultrapassar um importante obstáculo ao estudo da M. leprae: não há cultura in vitro da micobactéria, que apenas se desenvolve no sistema nervoso periférico humano. Também não existe modelo experimental animal que reflita fielmente a infecção no homem.

A amostra utilizada na pesquisa, preparada pela Universidade do Estado do Colorado, foi purificada a partir de tecido de tatus infectados em laboratório, único animal artificialmente suscetível à doença.

Vencido o desafio, tiveram início as análises proteômicas in vivo, no Laboratório de Toxinologia do IOC.

“A tecnologia proteômica permite identificar e quantificar simultaneamente as proteínas expressas por um determinado organismo. É uma ferramenta estratégica, especialmente para o estudo da M. leprae, em que nem todas as proteínas são expressas pelo código genético. A contribuição da proteômica neste caso é fundamental porque permite determinar quais as proteínas realmente são expressas pelo genoma, isto é, quais as estruturas imprescindíveis à sobrevivência da micobactéria e ao estabelecimento da infecção, informações de grande valor para o estudo de doenças infecciosas, como a hanseníase. E, como a amostra utilizada é proveniente do tecido de um animal infectado em laboratório, podemos dizer que executamos análises proteômicas in vivo, o que confere maior segurança aos dados obtidos” garante Jonas Perales, chefe do Laboratório de Toxinologia do IOC.

Agora, o objetivo dos pesquisadores é identificar, a partir do resultado das análises proteômicas, possíveis alvos para a investigação de marcadores imunobiológicos que subsidiem o desenvolvimento de um método diagnóstico para a identificação precoce da hanseníase.

Assim, será possível iniciar o tratamento anteriormente à evolução da doença e ao aparecimento de sintomas, interrompendo o quanto antes a transmissão e evitando seqüelas graves.

Pesquisa contribui também para estudo de micobactéria causadora da tuberculose

A análise proteômica in vivo da M. leprae produz resultados também para o estudo da Mycobacterium tuberculosis, agente etiológico causador da tuberculose.

As duas micobactérias provêm de uma mesma bactéria ancestral e apresentam genomas semelhantes: dos 1600 genes que compõem a M. leprae, 1450 são encontrados na M. tuberculosis. A partir da premissa de que se os dois patógenos compartilham genes e proteínas, é possível que desfrutem dos mesmos alvos terapêuticos e marcadores imunobiológicos.

Assim, os pesquisadores do IOC acreditam poder sugerir indiretamente novos alvos para a pesquisa em tuberculose, a partir do conhecimento sobre a M. leprae.

“Devido ao compartilhamento genético e proteômico das duas micobactérias, podemos deduzir que as proteínas expressas pela M. leprae, que regulam seu ciclo de vida e o desenvolvimento da hanseníase, sejam as mesmas expressas pela M. tuberculosis. Portanto, podemos supor que as proteínas identificadas como alvos terapêuticos e marcadores imunobiológicos para a hanseníase podem ser aplicadas também para a tuberculose”, Maria Cristina explica.

“De forma análoga ao estudo da hanseníase, a grande vantagem desta pesquisa para a produção de conhecimento sobre tuberculose é a análise in vivo das proteínas que compõem as micobactérias, o que nos dá a certeza de que os dados obtidos são realmente referentes às patologias em questão”, Perales comemora.

Iniciativa abre novas perspectivas para a investigação de métodos diagnósticos e vacinas para a doença que registra 300 mil novos casos por ano no mundo, segundo dados da OMS.
Por: 
jornalismo

Uma iniciativa promovida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) em parceria com a Universidade do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, dá novo impulso ao estudo do agente etiológico causador da hanseníase – a micobactéria Mycobacterium leprae – ao colocar em prática uma abordagem até então pouco utilizada na área: a proteômica.

A partir do seqüenciamento genético da bactéria, realizado em 2001 pelo Instituto Pasteur, na França, pesquisadores do IOC deram início a análises proteômicas do patógeno, a fim de identificar proteínas essenciais à expressão da micobactéria e ao desenvolvimento da hanseníase, indicando novos caminhos para a investigação de métodos diagnósticos e vacinas para a doença que registra 300 mil novos casos por ano no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“O seqüenciamento do genoma da M. leprae abriu novas perspectivas para o estudo da biologia deste patógeno ao revelar algumas peculiaridades, como um número reduzido de genes em relação à bactéria ancestral que o originou. Esta redução é resultado, provavelmente, de um processo de seleção natural que teria eliminado parte do genoma da bactéria ancestral, preservando apenas os genes essenciais à sobrevivência da M. leprae. A partir desta informação, aplicamos técnicas proteômicas sobre o material genético da micobactéria a fim de identificar as proteínas expressas pelos genes preservados, essenciais para a evolução da bactéria no organismo hospedeiro”, apresenta a bioquímica Maria Cristina Vidal Pessolani, pesquisadora do Laboratório de Microbiologia Celular do IOC e coordenadora do estudo.

 
Análises proteômicas in vivo indicam quais as proteínas essenciais para a evolução da M. leprae no organismo hospedeiro, apontando alvos terapêuticos e marcadores imunobiológicos da hanseníase. Foto: Gutemberg Brito

A equipe de pesquisadores precisou ultrapassar um importante obstáculo ao estudo da M. leprae: não há cultura in vitro da micobactéria, que apenas se desenvolve no sistema nervoso periférico humano. Também não existe modelo experimental animal que reflita fielmente a infecção no homem.

A amostra utilizada na pesquisa, preparada pela Universidade do Estado do Colorado, foi purificada a partir de tecido de tatus infectados em laboratório, único animal artificialmente suscetível à doença.

Vencido o desafio, tiveram início as análises proteômicas in vivo, no Laboratório de Toxinologia do IOC.

“A tecnologia proteômica permite identificar e quantificar simultaneamente as proteínas expressas por um determinado organismo. É uma ferramenta estratégica, especialmente para o estudo da M. leprae, em que nem todas as proteínas são expressas pelo código genético. A contribuição da proteômica neste caso é fundamental porque permite determinar quais as proteínas realmente são expressas pelo genoma, isto é, quais as estruturas imprescindíveis à sobrevivência da micobactéria e ao estabelecimento da infecção, informações de grande valor para o estudo de doenças infecciosas, como a hanseníase. E, como a amostra utilizada é proveniente do tecido de um animal infectado em laboratório, podemos dizer que executamos análises proteômicas in vivo, o que confere maior segurança aos dados obtidos” garante Jonas Perales, chefe do Laboratório de Toxinologia do IOC.

Agora, o objetivo dos pesquisadores é identificar, a partir do resultado das análises proteômicas, possíveis alvos para a investigação de marcadores imunobiológicos que subsidiem o desenvolvimento de um método diagnóstico para a identificação precoce da hanseníase.

Assim, será possível iniciar o tratamento anteriormente à evolução da doença e ao aparecimento de sintomas, interrompendo o quanto antes a transmissão e evitando seqüelas graves.

Pesquisa contribui também para estudo de micobactéria causadora da tuberculose

A análise proteômica in vivo da M. leprae produz resultados também para o estudo da Mycobacterium tuberculosis, agente etiológico causador da tuberculose.

As duas micobactérias provêm de uma mesma bactéria ancestral e apresentam genomas semelhantes: dos 1600 genes que compõem a M. leprae, 1450 são encontrados na M. tuberculosis. A partir da premissa de que se os dois patógenos compartilham genes e proteínas, é possível que desfrutem dos mesmos alvos terapêuticos e marcadores imunobiológicos.

Assim, os pesquisadores do IOC acreditam poder sugerir indiretamente novos alvos para a pesquisa em tuberculose, a partir do conhecimento sobre a M. leprae.

“Devido ao compartilhamento genético e proteômico das duas micobactérias, podemos deduzir que as proteínas expressas pela M. leprae, que regulam seu ciclo de vida e o desenvolvimento da hanseníase, sejam as mesmas expressas pela M. tuberculosis. Portanto, podemos supor que as proteínas identificadas como alvos terapêuticos e marcadores imunobiológicos para a hanseníase podem ser aplicadas também para a tuberculose”, Maria Cristina explica.

“De forma análoga ao estudo da hanseníase, a grande vantagem desta pesquisa para a produção de conhecimento sobre tuberculose é a análise in vivo das proteínas que compõem as micobactérias, o que nos dá a certeza de que os dados obtidos são realmente referentes às patologias em questão”, Perales comemora.

Reportagem Bel Levy

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)