Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectaram a presença do vírus influenza A, subtipo H11N2, em pinguins nas Ilhas Shetland do Sul, na Antártica. Recém-publicado na revista científica ‘Microbiology Spectrum’, o achado corrobora a descoberta anterior desse subtipo no continente. Segundo os cientistas, os dados sugerem a circulação contínua do patógeno na região e reforçam a necessidade da vigilância constante da gripe aviária na Antártica.
Primeira autora do artigo, a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e integrante do Projeto Fioantar, Maria Ogrzewalska, explica que a escassez de estudos sobre o vírus influenza em aves na América do Sul dificulta traçar a origem do H11N2.
“É importante, em termos de vigilância, saber o que está acontecendo lá, mas também temos a necessidade de saber o que acontece aqui, onde temos uma biodiversidade enorme em aves”, comenta Maria.
Estudo analisou amostras coletadas em oito pontos das Ilhas Shetland do Sul. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzDesde 2019, a Fiocruz desenvolve pesquisas na Antártica, através do Projeto Fioantar, que investiga a ocorrência de patógenos e realiza ações de bioprospecção no continente gelado. O vírus H11N2 – causador de gripe aviária – foi identificado em pinguins-de-adélia (Pygoscelis adeliae) e de-barbicha (Pygoscelis antarcticus) na Ilha Pinguim, que integra o arquipélago das Ilhas Shetland do Sul.
Os cientistas analisaram 95 amostras de fezes coletadas em colônias de pinguins em oito pontos das Ilhas Shetland do Sul nas expedições realizadas entre novembro de 2019 e janeiro de 2020. Cinco em sete amostras da Ilha Pinguim foram positivas para vírus de gripe aviária. A análise genética de quatro delas revelou a presença do H11N2.
Foi a primeira vez que o vírus foi identificado nesta ilha. O mesmo subtipo já tinha sido detectado na década de 2010 em outros pontos do arquipélago e da península Antártica.
A cada primavera, mais de 100 milhões de aves (principalmente pinguins, mas também skuas e gaivotas, entre outros) se reproduzem ao redor da costa rochosa da Antártida e nas ilhas do continente. Durante o inverno, muitas migram para a América do Sul, África, ou áreas mais distantes, como Austrália e Nova Zelândia.
De acordo com os cientistas, o vírus H11N2 não causa doença grave nos pinguins, mas não se sabe como agiria em outros animais.
“O conhecimento desse vírus é importante porque ele ainda não foi identificado aqui, no Brasil. É importante para o acervo porque vai dando uma noção da diversidade do influenza e do que pode estar circulando naquelas espécies animais”, explica o pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC e integrante do projeto Fioantar, Fernando Couto Motta.
“Vivemos um momento de muita alteração no ambiente antártico e periantártico. O conhecimento do que existe lá permite que, numa situação em que ocorra um desequilíbrio, possamos entender o tamanho desse desequilíbrio e suas consequências”, completa o pesquisador, que é um dos autores do estudo.
Além de pesquisadores do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo, o estudo contou com a participação de cientistas do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC e da Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre da Fiocruz.
O Fioantar integra o Programa Antártico Brasileiro, conduzido pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), da Marinha do Brasil. O projeto foi aprovado em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), em dezembro de 2018, com duração prevista de quatro anos, de 2019 a 2023. Saiba mais no site do projeto.
*Com informações de Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias).
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectaram a presença do vírus influenza A, subtipo H11N2, em pinguins nas Ilhas Shetland do Sul, na Antártica. Recém-publicado na revista científica ‘Microbiology Spectrum’, o achado corrobora a descoberta anterior desse subtipo no continente. Segundo os cientistas, os dados sugerem a circulação contínua do patógeno na região e reforçam a necessidade da vigilância constante da gripe aviária na Antártica.
Primeira autora do artigo, a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e integrante do Projeto Fioantar, Maria Ogrzewalska, explica que a escassez de estudos sobre o vírus influenza em aves na América do Sul dificulta traçar a origem do H11N2.
“É importante, em termos de vigilância, saber o que está acontecendo lá, mas também temos a necessidade de saber o que acontece aqui, onde temos uma biodiversidade enorme em aves”, comenta Maria.
Estudo analisou amostras coletadas em oito pontos das Ilhas Shetland do Sul. Foto: Peter Ilicciev/FiocruzDesde 2019, a Fiocruz desenvolve pesquisas na Antártica, através do Projeto Fioantar, que investiga a ocorrência de patógenos e realiza ações de bioprospecção no continente gelado. O vírus H11N2 – causador de gripe aviária – foi identificado em pinguins-de-adélia (Pygoscelis adeliae) e de-barbicha (Pygoscelis antarcticus) na Ilha Pinguim, que integra o arquipélago das Ilhas Shetland do Sul.
Os cientistas analisaram 95 amostras de fezes coletadas em colônias de pinguins em oito pontos das Ilhas Shetland do Sul nas expedições realizadas entre novembro de 2019 e janeiro de 2020. Cinco em sete amostras da Ilha Pinguim foram positivas para vírus de gripe aviária. A análise genética de quatro delas revelou a presença do H11N2.
Foi a primeira vez que o vírus foi identificado nesta ilha. O mesmo subtipo já tinha sido detectado na década de 2010 em outros pontos do arquipélago e da península Antártica.
A cada primavera, mais de 100 milhões de aves (principalmente pinguins, mas também skuas e gaivotas, entre outros) se reproduzem ao redor da costa rochosa da Antártida e nas ilhas do continente. Durante o inverno, muitas migram para a América do Sul, África, ou áreas mais distantes, como Austrália e Nova Zelândia.
De acordo com os cientistas, o vírus H11N2 não causa doença grave nos pinguins, mas não se sabe como agiria em outros animais.
“O conhecimento desse vírus é importante porque ele ainda não foi identificado aqui, no Brasil. É importante para o acervo porque vai dando uma noção da diversidade do influenza e do que pode estar circulando naquelas espécies animais”, explica o pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC e integrante do projeto Fioantar, Fernando Couto Motta.
“Vivemos um momento de muita alteração no ambiente antártico e periantártico. O conhecimento do que existe lá permite que, numa situação em que ocorra um desequilíbrio, possamos entender o tamanho desse desequilíbrio e suas consequências”, completa o pesquisador, que é um dos autores do estudo.
Além de pesquisadores do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo, o estudo contou com a participação de cientistas do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC e da Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre da Fiocruz.
O Fioantar integra o Programa Antártico Brasileiro, conduzido pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), da Marinha do Brasil. O projeto foi aprovado em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), em dezembro de 2018, com duração prevista de quatro anos, de 2019 a 2023. Saiba mais no site do projeto.
*Com informações de Cristina Azevedo (Agência Fiocruz de Notícias).
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