Pesquisadores do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) divulgam manifesto no qual expressam preocupação com o enfrentamento da febre maculosa no Brasil, caracterizada por alta letalidade quando não diagnosticada e tratada precocemente com antimicrobianos específicos.
O documento alerta que a febre maculosa atinge principalmente populações vulneráveis e apresenta sintomas semelhantes aos de outras enfermidades prevalentes, como dengue e leptospirose — fator que aumenta o risco de atrasos no diagnóstico e de óbitos.
A iniciativa convida gestores, profissionais de saúde e a sociedade a apoiar o movimento por mais acesso e agilidade no diagnóstico e tratamento da febre maculosa. Os interessados podem aderir ao manifesto por meio do preenchimento de formulário online.
Referência regional junto ao Ministério da Saúde para febre maculosa e outras rickettsioses, o laboratório atua há mais de 25 anos no desenvolvimento de métodos diagnósticos, em pesquisas e no apoio à vigilância epidemiológica e à formação de profissionais de saúde.
Leia a íntegra do documento e apoie a iniciativa:
Manifesto pela acessibilidade terapêutica e diagnóstica da febre maculosa, uma doença negligenciada e de elevada letalidade
Nós, do Serviço de Referência Regional do Ministério da Saúde para Febre Maculosa e outras Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/ Fiocruz), com mais de 25 anos de experiência na área, manifestamos nossa profunda preocupação com a atual situação do diagnóstico e do tratamento dessa zoonose grave, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii — agente de risco biológico classe 3 — transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma.
Apesar da baixa incidência, a febre maculosa apresenta letalidade extremamente elevada na ausência de diagnóstico e tratamento antimicrobiano específico e precoce, atingindo, por exemplo, taxa de 62,7% na Região Sudeste em 2014 — índice muito superior ao observado em países endêmicos, como os Estados Unidos (3% a 5%).
Reconhecida no Brasil desde 1929, a febre maculosa vem registrando casos isolados e surtos cada vez mais frequentes, inclusive em áreas anteriormente não consideradas endêmicas. Em ambientes peridomiciliares, a doença atinge populações vulneráveis e se confunde clinicamente com outras enfermidades prevalentes, como dengue e leptospirose, o que aumenta o risco de atraso no diagnóstico e, consequentemente, de desfechos fatais.
Apesar da alta morbimortalidade, o impacto da febre maculosa na saúde pública brasileira é agravado por:
• Ausência de kit para diagnóstico sorológico registrado na Anvisa;
• Inexistência, na rede de vigilância, do teste de imunofluorescência indireta (padrão-ouro para febre maculosa) registrado na Anvisa, em contraste com mais de 15 kits diagnósticos já registrados no país para a doença de Lyme, enfermidade sem casos no Brasil;
• Dependência da importação de doxiciclina endovenosa para casos graves, medicamento essencial cujo fornecimento é vulnerável a desabastecimentos;
Esses fatores perpetuam um cenário alarmante, com óbitos totalmente evitáveis.
Diante disso, considerando que a febre maculosa reúne os critérios para ser classificada como doença negligenciada, nós solicitamos aos órgãos competentes:
1. Disponibilidade contínua e segura de ensaios sorológicos, em especial do teste de imunofluorescência indireta, preferencialmente de produção nacional e devidamente registrado na Anvisa, para uso na rede de vigilância após avaliação dos serviços de referência do Ministério da Saúde. É inadmissível que uma doença de elevada letalidade não disponha de teste sorológico registrado no país;
2. Busca ativa e rápida submissão de kits comerciais à Anvisa e investimento no desenvolvimento de testes sorológicos nacionais para diagnóstico da febre maculosa, suprindo uma lacuna que não é atendida pelo mercado privado.
3. Acesso imediato e garantido à doxiciclina endovenosa para o tratamento de casos graves, com autossuficiência nacional na produção, eliminando o risco recorrente de falta de abastecimento e assegurando tratamento oportuno.
4. Alocação adequada e efetiva de recursos para reduzir o impacto da negligência sobre uma doença tratável e curável que afeta, principalmente, populações vulneráveis.
Reiteramos a importância de medidas de controle, sensibilização da população e capacitação dos profissionais de saúde. A febre maculosa é um exemplo claro de doença que se enquadra no conceito de “Saúde Única”, exigindo ações integradas.
Solicitamos, portanto, maior atenção e visibilidade das autoridades de saúde e do poder público para este tema.
O Brasil precisa avançar na autossuficiência diagnóstica e terapêutica da febre maculosa. Acreditamos que vontade política é decisiva para reverter a atual situação, evitando mortes desnecessárias, fortalecendo o Sistema Único de Saúde (SUS), assegurando diagnóstico etiológico dos casos suspeitos e reduzindo complicações, internações, custos elevados e impactos sociais e emocionais para a população.
Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)
Pesquisadores do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) divulgam manifesto no qual expressam preocupação com o enfrentamento da febre maculosa no Brasil, caracterizada por alta letalidade quando não diagnosticada e tratada precocemente com antimicrobianos específicos.
O documento alerta que a febre maculosa atinge principalmente populações vulneráveis e apresenta sintomas semelhantes aos de outras enfermidades prevalentes, como dengue e leptospirose — fator que aumenta o risco de atrasos no diagnóstico e de óbitos.
A iniciativa convida gestores, profissionais de saúde e a sociedade a apoiar o movimento por mais acesso e agilidade no diagnóstico e tratamento da febre maculosa. Os interessados podem aderir ao manifesto por meio do preenchimento de formulário online.
Referência regional junto ao Ministério da Saúde para febre maculosa e outras rickettsioses, o laboratório atua há mais de 25 anos no desenvolvimento de métodos diagnósticos, em pesquisas e no apoio à vigilância epidemiológica e à formação de profissionais de saúde.
Leia a íntegra do documento e apoie a iniciativa:
Manifesto pela acessibilidade terapêutica e diagnóstica da febre maculosa, uma doença negligenciada e de elevada letalidade
Nós, do Serviço de Referência Regional do Ministério da Saúde para Febre Maculosa e outras Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/ Fiocruz), com mais de 25 anos de experiência na área, manifestamos nossa profunda preocupação com a atual situação do diagnóstico e do tratamento dessa zoonose grave, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii — agente de risco biológico classe 3 — transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma.
Apesar da baixa incidência, a febre maculosa apresenta letalidade extremamente elevada na ausência de diagnóstico e tratamento antimicrobiano específico e precoce, atingindo, por exemplo, taxa de 62,7% na Região Sudeste em 2014 — índice muito superior ao observado em países endêmicos, como os Estados Unidos (3% a 5%).
Reconhecida no Brasil desde 1929, a febre maculosa vem registrando casos isolados e surtos cada vez mais frequentes, inclusive em áreas anteriormente não consideradas endêmicas. Em ambientes peridomiciliares, a doença atinge populações vulneráveis e se confunde clinicamente com outras enfermidades prevalentes, como dengue e leptospirose, o que aumenta o risco de atraso no diagnóstico e, consequentemente, de desfechos fatais.
Apesar da alta morbimortalidade, o impacto da febre maculosa na saúde pública brasileira é agravado por:
• Ausência de kit para diagnóstico sorológico registrado na Anvisa;
• Inexistência, na rede de vigilância, do teste de imunofluorescência indireta (padrão-ouro para febre maculosa) registrado na Anvisa, em contraste com mais de 15 kits diagnósticos já registrados no país para a doença de Lyme, enfermidade sem casos no Brasil;
• Dependência da importação de doxiciclina endovenosa para casos graves, medicamento essencial cujo fornecimento é vulnerável a desabastecimentos;
Esses fatores perpetuam um cenário alarmante, com óbitos totalmente evitáveis.
Diante disso, considerando que a febre maculosa reúne os critérios para ser classificada como doença negligenciada, nós solicitamos aos órgãos competentes:
1. Disponibilidade contínua e segura de ensaios sorológicos, em especial do teste de imunofluorescência indireta, preferencialmente de produção nacional e devidamente registrado na Anvisa, para uso na rede de vigilância após avaliação dos serviços de referência do Ministério da Saúde. É inadmissível que uma doença de elevada letalidade não disponha de teste sorológico registrado no país;
2. Busca ativa e rápida submissão de kits comerciais à Anvisa e investimento no desenvolvimento de testes sorológicos nacionais para diagnóstico da febre maculosa, suprindo uma lacuna que não é atendida pelo mercado privado.
3. Acesso imediato e garantido à doxiciclina endovenosa para o tratamento de casos graves, com autossuficiência nacional na produção, eliminando o risco recorrente de falta de abastecimento e assegurando tratamento oportuno.
4. Alocação adequada e efetiva de recursos para reduzir o impacto da negligência sobre uma doença tratável e curável que afeta, principalmente, populações vulneráveis.
Reiteramos a importância de medidas de controle, sensibilização da população e capacitação dos profissionais de saúde. A febre maculosa é um exemplo claro de doença que se enquadra no conceito de “Saúde Única”, exigindo ações integradas.
Solicitamos, portanto, maior atenção e visibilidade das autoridades de saúde e do poder público para este tema.
O Brasil precisa avançar na autossuficiência diagnóstica e terapêutica da febre maculosa. Acreditamos que vontade política é decisiva para reverter a atual situação, evitando mortes desnecessárias, fortalecendo o Sistema Único de Saúde (SUS), assegurando diagnóstico etiológico dos casos suspeitos e reduzindo complicações, internações, custos elevados e impactos sociais e emocionais para a população.
Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)