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Presidência da Fiocruz concede honrarias a pesquisador e a teses do Instituto

Reconhecimentos foram entregues durante Semana da Educação na Fundação
Por Maíra Menezes18/10/2024 - Atualizado em 24/10/2024

A Semana da Educação na Fiocruz 2024 destacou a trajetória acadêmica do chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, ganhador da Medalha Virginia Schall de Mérito Educacional.  

Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro foi laureado com a Medalha Virginia Schall de Mérito Educacional. Foto: Peter Ilicciev

O evento reconheceu também a alta qualidade de quatro teses desenvolvidas em programas de pós-graduação do IOC ou orientadas por pesquisadores da unidade, ganhadoras de menções honrosas no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses e no Prêmio Capes de Tese.  

A cerimônia, promovida pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, foi realizada no dia 15 de outubro, no Auditório do Museu da Vida, no campus da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro. 

Evento homenageou o ganhador da Medalha Virginia Schall e os vencedores dos Prêmios Oswaldo Cruz de Teses e Capes de Tese. Foto: Peter Ilicciev

A mesa de abertura do evento reuniu o presidente da Fiocruz, Mario Moreira; a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fundação, Cristiani Vieira Machado; a coordenadora geral de Educação da Fiocruz, Eduarda Cesse; a coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas da Fundação, Hilda Gomes; a integrante da diretoria da Associação de Pós-graduandos da Fiocruz do Rio de Janeiro (APG-Fiocruz/RJ), Suzana Pacheco; o diretor secretário geral da Asfoc, Luis Claudio Muniz Pereira; a presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM), Eliete Bouskela, e o presidente da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Acamerj), Luiz Augusto de Freitas Pinheiro. 

Mérito educacional  

Os componentes da mesa ressaltaram a relevância da educação na Fiocruz para a formação de pesquisadores para o enfrentamento dos desafios de saúde do Brasil e salientaram o papel de Cláudio na formação de gerações de malariologistas. 

“Cláudio é um dos ícones da produção científica e da luta contra a malária, para que a gente debele essa doença da nossa lista de doenças sociodeterminadas, que atingem populações em condições de vulnerabilidade. A trajetória da Fiocruz é feita por história, memória e símbolos. Cláudio é um símbolo para nós, no qual a pesquisa e a educação se juntam”, declarou o presidente da Fiocruz. 

Assista à íntegra da cerimônia:

Em sua sétima edição, a Medalha Virginia Schall é concedida anualmente com o objetivo de reconhecer e valorizar esforços educacionais de servidores da Fiocruz, destacando trajetórias acadêmicas de elevado mérito na educação no campo da saúde. 

Ao apresentar a trajetória de Cláudio, a chefe substituta do Laboratório de Pesquisa em Malária, Maria de Fatima Ferreira da Cruz, resumiu o percurso profissional do pesquisador. Também lembrou histórias pessoais e relatou depoimentos de colegas e ex-alunos. 

“A trajetória de Cláudio despertou quando recebeu seu primeiro estojo escolar, do seu pai, Airton, que o comprara numa lojinha do Ministério da Educação, com a aprovação de sua mãe, Lia, que era educadora e professora na mesma escola primária onde Cláudio e seus irmãos, Cássia, Regina, Marcos e Airton, estudaram. O ganho do estojo aliado ao incentivo dos pais foram as catapultas de sua formação profissional e acadêmica no campo de saúde”, contou Maria de Fátima. 

Graduado em medicina pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Claudio cursou mestrado e doutorado em biologia humana na Universidade de Paris VI (Pierre et Marie Curie, atual Sorbonne), na França. 

Ingressou na Fiocruz em 1983, como pesquisador do IOC. Foi diretor da unidade e chefe dos Departamentos de Imunologia e de Ensino, além de chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária.  

Desde 2004, coordena o Centro de Pesquisa, Diagnóstico e Treinamento em Malária (CPD-Mal), que atua como laboratório de referência para malária na região extra-amazônica junto ao Ministério da Saúde.  

Maria de Fátima Ferreira da Cruz apresentou a trajetória acadêmica de Cláudio Ribeiro. Foto: Peter Ilicciev

A relevância dessa trajetória para a formação de malariologistas foi ressaltada em diversos depoimentos lidos por Maria de Fátima. 

“Quando Cláudio foi incorporado ao IOC, o estudo da malária no Instituto era inexistente. Hoje, uma legião de malariologistas formada direta ou indiretamente por ele povoa universidades, unidades do SUS Brasil afora e a América Latina", afirmou Maria de Fátima, citando depoimento do pesquisador do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, Ricardo Lourenço de Oliveira. 

Além da atuação na Fiocruz, foi destacada a importância da atuação de Cláudio na criação do Seminário Laveran Deane sobre Malária, que contribui para a qualificação de projetos de pesquisa de mestrandos e doutorandos na área da malariologia, e da Reunião Nacional de Pesquisa em Malária, que promove o debate e a integração da pesquisa e do combate à malária no país. 

“Muitos são os que transitam pelos caminhos, mas poucos os que os constroem. Cláudio é um construtor de caminhos. A pesquisa e o controle da malária no Brasil têm duas fases, antes e depois dessas duas iniciativas dele", disse Maria de Fátima, relatando depoimento do professor emérito da Universidade de Brasília (UNB) e decano do Seminário Laveran e Deane, Carlos Eduardo Tosta.   

Traduzindo em alguns números a atuação do pesquisador, Maria de Fátima citou o total de 43 pós-graduandos e 87 profissionais de vários níveis formados e mais de 200 artigos publicados.  

A pesquisadora listou também reconhecimentos recebidos por Cláudio, que é membro titular da ANM, da Acamerj e da Academia Fluminense de Letras (AFL), além de membro associado da Academia Nacional de Medicina da França. 

Foi agraciado com as medalhas Oswaldo Cruz, concedida pela Sociedade Brasileira de Higiene e Saúde Pública (Sobrahsp); Henrique Aragão, oferecida pela Fiocruz; e da Société Française de Pathologie Exotique.  

Recebeu ainda os títulos de doutor honoris causa da Universidade Nova de Lisboa e de chevalier des palmes académiques do Ministério da Educação Nacional da França. 

Multiplicação do conhecimento 

Após receber a medalha, Cláudio iniciou seu discurso com uma homenagem à pesquisadora Virginia Schall, lembrando sua atuação marcante nos campos da divulgação científica e dos estudos das relações da sociedade com a ciência. Ressaltou também a gratidão pela honraria.  

“Ninguém recebe uma láruea dessa magnitude por fazer uma trajetória só”, disse o pesquisador. 

Solenidade de entrega da medalha foi conduzida pela presidência da Fiocruz com participação de integrantes da Asfoc, APG/Fiocruz, ANM e Acamerj. Foto: Petter Ilicciev

O malariologista refletiu sobre a formação de pesquisadores no Brasil, discutindo o propósito e o formato dos cursos de mestrado e doutorado, ressaltando a necessidade de medidas para acelerar e ampliar a titulação de doutores. 

Também ponderou sobre o papel da educação na atualidade, quando o volume de informações facilmente acessíveis é cada vez maior. Citando Cláudio José Struchiner, Humberto Maturana e Rubem Alves, o pesquisador salientou a importância de “ensinar a aprender” e “ensinar a ver”, apontando “os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana”, inclusive nos resultados científicos. 

A troca entre professores e estudantes foi destacada.  

“As orientações de monografias, dissertações e teses são verdadeiros e prazerosos cursos de aprofundamento do saber. A interação plena de aprendizados para orientando e orientador – ou, se preferirmos, alunos jovens e alunos mais velhos – são oportunidades de crescimento diante do desafio de sermos surpreendidos por suas perguntas e insights”, disse. 

De suas contribuições na área de ensino, Cláudio destacou três projetos pelo impacto na formação de recursos humanos e para a pós-graduação do país.  

O primeiro deles foi o Curso Internacional de Malariologia, promovido em 1990, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da então Superintendência de Campanhas de Saúde Pública do Ministério da Saúde (Sucam).  

“Vários alunos se tornaram coordenadores de programas municipais e estaduais de controle da malária e de outras doenças endêmicas", apontou o pesquisador. 

O segundo projeto citado foi o Doutorado Interinstitucional (Dinter) estabelecido pelo IOC com três instituições científicas do Pará em 2004, antes mesmo da oficialização desse tipo de iniciativa pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).  

“Em 2010, houve a defesa da 14ª tese em Belém. Todos os ex-alunos formaram novos doutores no Pará”, comemorou Cláudio. 

Membros da comunidade da Fiocruz, familiares e amigos do pesquisador prestigiaram a cerimônia. Foto: Peter Ilicciev

A terceira iniciativa listada foi a criação do Seminário Laveran e Deane sobre Malária. Entre 1995 e 2024, a iniciativa recebeu 373 estudantes de mestrado e doutorado, contando com a participação de 152 professores para analisar e debater os projetos de pesquisa em desenvolvimento. 

O pesquisador agradeceu aos parceiros de todas as iniciativas, ressaltando a colaboração de quase 30 anos com Maria de Fátima Ferreira da Cruz, que foi presenteada com flores. 

Também expressou sua gratidão ao Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC, pela indicação à Medalha Viginia Schall, e aos alunos e colegas do Laboratório de Pesquisa em Malária. 

A honraria recebida foi dedicada pelo cientista à sua família, especialmente aos pais, irmãos, filhos e esposa. 

Produção científica de excelência 

A cerimônia de premiações também destacou estudantes e pesquisadores do IOC pela excelência da produção acadêmica na Pós-graduação, com a homenagem aos ganhadores do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses e do Prêmio Capes de Tese. 

Concedido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, o Prêmio Oswaldo Cruz de Teses destaca pesquisas de elevado valor para o avanço do campo da saúde nas áreas temáticas de atuação da Fundação. 

Já o Prêmio Capes de Tese é promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para reconhecer os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros. 

A partir da esquerda: Liz Frizzola, Vanessa de Paula e Suzana Pacheco. Foto: Peter Ilicciev

Na categoria ‘Medicina’, o Prêmio Oswaldo Cruz concedeu menção honrosa ao estudo “Papilomavirus humano (HPV) en mujeres jóvenes: frecuencia tipo-especifica, comportamiento de riesgo y evaluación de la efectividad de la vacuna tetravalente en paraguay”, de Maria Liz Bobadilla Frizzola.  

A pesquisa foi realizada na Pós-graduação em Medicina Tropical do IOC, com orientação de Vanessa Salete de Paula, do Laboratório de Virologia e Parasitologia Molecular do Instituto, e Gerardo Daniel Deluca, da National University of the Northeast, da Argentina.

Este estudo integrou turma especial do Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul), parceria da Fiocruz com instituição Paraguaia, fundamental para recursos humanos na região. 

A partir da esquerda: Roberto Rodrigues Ferreira, Luciana Garzoni, Tania Cremonini de Araujo-Jorge, Taiana Lílian Costa de Oliveira e Cristiani Vieira Machado. Foto: Peter Ilicciev

A tese “Cenografia na saúde e educação não formal: concepção, itinerância e avaliação da instalação Por Dentro do Sangue com Arteciência”, de Taiana Lílian Costa de Oliveira, foi contemplada com menção honrosa na categoria 'Saúde Coletiva'. 

Desenvolvido na Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, o estudo foi orientado por Tania Cremonini de Araujo-Jorge, Luciana Lopes de Almeida Ribeiro Garzoni e  e Roberto Rodrigues Ferreira, do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do Instituto. 

A partir da esquerda: Luis Claudio Muniz Pereira, Enrico Mendes Saggioro, Gabriel de Farias Araujo e Fabio Veríssimo Correia. Foto: Peter Ilicciev

A menção honrosa da categoria 'Ciências Biológicas aplicadas e Biomedicina' foi para a tese ‘Monitoramento e avaliação ecotoxicológica de níveis ambientais de cocaína e benzoilecgonina em águas fluviais no Rio de Janeiro’, de Gabriel de Farias Araujo. 

Com orientação dos pesquisadores Enrico Mendes Saggioro e Fabio Veríssimo Correia, do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC, o trabalho foi realizado no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). 

A partir da esquerda: Leonardo Soares Bastos, Fernanda Garrides e Rosane Harter Griep. Foto: Peter Ilicciev

A pesquisa “Desigualdades raciais na ocorrência de multimorbidade entre adultos e idosos brasileiros: 10 anos do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)”, de Fernanda Garrides, foi reconhecida pela menção honrosa no Prêmio Capes de Teses.  

O estudo teve coorientação da pesquisadora Rosane Harter Griep, chefe do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do IOC, e orientação do pesquisador Leonardo Soares Bastos, do Programa de Computação Científica (PROCC/Fiocruz), sendo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da Ensp. 

Confira o histórico das honrarias recebidas pelos programas de pós-graduação do IOC no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses:

2024
Menção honrosa
:: Maria Liz Bobadilla Frizzola, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categora 'Medicina'
:: Taiana Lílian Costa de Oliveira, da Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde - categoria 'Saúde Coletiva'.

2023
Premiação
:: Jaline Alves Cabral da Costa, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria ‘Medicina’

Menção honrosa
:: Nathália Alves Araujo de Almeida, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria ‘Ciências biológicas aplicadas e biomedicina’

2022
Premiação
:: Priscila Silva Grijó Farani, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria ‘Ciências biológicas aplicadas e biomedicina’

Menção honrosa
:: Jéssica Vasques Raposo Vedovi, da Pós-graduação em Biologia Parasitária - categoria ‘Medicina’

2021
Premiação
:: Jéssica Badolato Corrêa da Silva, da Pós-graduação em Biologia Parasitária - categoria 'Ciências Biológicas aplicadas e Biomedicina'

Menção honrosa
:: Sabrina Alves dos Reis, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Ciências Biológicas aplicadas e Biomedicina'
:: João Ramalho Ortigão Farias, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Ciências Biológicas aplicadas e Biomedicina'

2020
Menção honrosa
:: Larissa Vasconcelos Fontes, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Ciências Biológicas Aplicadas, Biomedicina e Medicina'

2019
Premiação
:: Luana Lorena Silva Rodrigues, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria ‘Medicina’
:: Andréa Marques Vieira da Silva, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria ‘Ciências Biológicas aplicadas à saúde e Biomedicina’

Menção honrosa
:: Ana Carolina Proença da Fonseca, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Saúde coletiva'

2018
Premiação
:: Carolina Araújo Moraes, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria Ciências 'Biológicas aplicadas à saúde e Biomedicina'

Menção honrosa
:: Thaís Faggioni, da Pós-graduação em Ensino de Biociências e Saúde - categoria ‘Medicina’
:: Gabriela de Azambuja Garcia, da Pós-graduação em Biologia Parasitária - categoria Ciências 'Biológicas aplicadas à saúde e Biomedicina'
:: Bianca Della Líbera da Silva, da Pós-graduação em Ensino de Biociências e Saúde - categoria 'Ciências Humanas e Sociais'

2017
Premiação
:: Mauricio Lisboa Nobre, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria 'Saúde coletiva'
:: Bruno Jorge de Andrade Silva, da Pós-graduação em Biologia Parasitária - categoria 'Medicina'
:: Caroline Xavier de Carvalho, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Ciências Biológicas aplicadas à Saúde e Biomedicina'

Menção honrosa
:: Sheila Soares de Assis, da Pós-graduação em Ensino de Biociências e Saúde - categoria 'Ciências Humanas e Sociais'
:: Beatriz Coronato Nunes, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria 'Medicina'

Reconhecimentos foram entregues durante Semana da Educação na Fundação
Por: 
maira

A Semana da Educação na Fiocruz 2024 destacou a trajetória acadêmica do chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, ganhador da Medalha Virginia Schall de Mérito Educacional.  

Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro foi laureado com a Medalha Virginia Schall de Mérito Educacional. Foto: Peter Ilicciev

O evento reconheceu também a alta qualidade de quatro teses desenvolvidas em programas de pós-graduação do IOC ou orientadas por pesquisadores da unidade, ganhadoras de menções honrosas no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses e no Prêmio Capes de Tese.  

A cerimônia, promovida pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, foi realizada no dia 15 de outubro, no Auditório do Museu da Vida, no campus da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro. 

Evento homenageou o ganhador da Medalha Virginia Schall e os vencedores dos Prêmios Oswaldo Cruz de Teses e Capes de Tese. Foto: Peter Ilicciev

A mesa de abertura do evento reuniu o presidente da Fiocruz, Mario Moreira; a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fundação, Cristiani Vieira Machado; a coordenadora geral de Educação da Fiocruz, Eduarda Cesse; a coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas da Fundação, Hilda Gomes; a integrante da diretoria da Associação de Pós-graduandos da Fiocruz do Rio de Janeiro (APG-Fiocruz/RJ), Suzana Pacheco; o diretor secretário geral da Asfoc, Luis Claudio Muniz Pereira; a presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM), Eliete Bouskela, e o presidente da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Acamerj), Luiz Augusto de Freitas Pinheiro. 

Mérito educacional  

Os componentes da mesa ressaltaram a relevância da educação na Fiocruz para a formação de pesquisadores para o enfrentamento dos desafios de saúde do Brasil e salientaram o papel de Cláudio na formação de gerações de malariologistas. 

“Cláudio é um dos ícones da produção científica e da luta contra a malária, para que a gente debele essa doença da nossa lista de doenças sociodeterminadas, que atingem populações em condições de vulnerabilidade. A trajetória da Fiocruz é feita por história, memória e símbolos. Cláudio é um símbolo para nós, no qual a pesquisa e a educação se juntam”, declarou o presidente da Fiocruz. 

Assista à íntegra da cerimônia:

Em sua sétima edição, a Medalha Virginia Schall é concedida anualmente com o objetivo de reconhecer e valorizar esforços educacionais de servidores da Fiocruz, destacando trajetórias acadêmicas de elevado mérito na educação no campo da saúde. 

Ao apresentar a trajetória de Cláudio, a chefe substituta do Laboratório de Pesquisa em Malária, Maria de Fatima Ferreira da Cruz, resumiu o percurso profissional do pesquisador. Também lembrou histórias pessoais e relatou depoimentos de colegas e ex-alunos. 

“A trajetória de Cláudio despertou quando recebeu seu primeiro estojo escolar, do seu pai, Airton, que o comprara numa lojinha do Ministério da Educação, com a aprovação de sua mãe, Lia, que era educadora e professora na mesma escola primária onde Cláudio e seus irmãos, Cássia, Regina, Marcos e Airton, estudaram. O ganho do estojo aliado ao incentivo dos pais foram as catapultas de sua formação profissional e acadêmica no campo de saúde”, contou Maria de Fátima. 

Graduado em medicina pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Claudio cursou mestrado e doutorado em biologia humana na Universidade de Paris VI (Pierre et Marie Curie, atual Sorbonne), na França. 

Ingressou na Fiocruz em 1983, como pesquisador do IOC. Foi diretor da unidade e chefe dos Departamentos de Imunologia e de Ensino, além de chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária.  

Desde 2004, coordena o Centro de Pesquisa, Diagnóstico e Treinamento em Malária (CPD-Mal), que atua como laboratório de referência para malária na região extra-amazônica junto ao Ministério da Saúde.  

Maria de Fátima Ferreira da Cruz apresentou a trajetória acadêmica de Cláudio Ribeiro. Foto: Peter Ilicciev

A relevância dessa trajetória para a formação de malariologistas foi ressaltada em diversos depoimentos lidos por Maria de Fátima. 

“Quando Cláudio foi incorporado ao IOC, o estudo da malária no Instituto era inexistente. Hoje, uma legião de malariologistas formada direta ou indiretamente por ele povoa universidades, unidades do SUS Brasil afora e a América Latina", afirmou Maria de Fátima, citando depoimento do pesquisador do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, Ricardo Lourenço de Oliveira. 

Além da atuação na Fiocruz, foi destacada a importância da atuação de Cláudio na criação do Seminário Laveran Deane sobre Malária, que contribui para a qualificação de projetos de pesquisa de mestrandos e doutorandos na área da malariologia, e da Reunião Nacional de Pesquisa em Malária, que promove o debate e a integração da pesquisa e do combate à malária no país. 

“Muitos são os que transitam pelos caminhos, mas poucos os que os constroem. Cláudio é um construtor de caminhos. A pesquisa e o controle da malária no Brasil têm duas fases, antes e depois dessas duas iniciativas dele", disse Maria de Fátima, relatando depoimento do professor emérito da Universidade de Brasília (UNB) e decano do Seminário Laveran e Deane, Carlos Eduardo Tosta.   

Traduzindo em alguns números a atuação do pesquisador, Maria de Fátima citou o total de 43 pós-graduandos e 87 profissionais de vários níveis formados e mais de 200 artigos publicados.  

A pesquisadora listou também reconhecimentos recebidos por Cláudio, que é membro titular da ANM, da Acamerj e da Academia Fluminense de Letras (AFL), além de membro associado da Academia Nacional de Medicina da França. 

Foi agraciado com as medalhas Oswaldo Cruz, concedida pela Sociedade Brasileira de Higiene e Saúde Pública (Sobrahsp); Henrique Aragão, oferecida pela Fiocruz; e da Société Française de Pathologie Exotique.  

Recebeu ainda os títulos de doutor honoris causa da Universidade Nova de Lisboa e de chevalier des palmes académiques do Ministério da Educação Nacional da França. 

Multiplicação do conhecimento 

Após receber a medalha, Cláudio iniciou seu discurso com uma homenagem à pesquisadora Virginia Schall, lembrando sua atuação marcante nos campos da divulgação científica e dos estudos das relações da sociedade com a ciência. Ressaltou também a gratidão pela honraria.  

“Ninguém recebe uma láruea dessa magnitude por fazer uma trajetória só”, disse o pesquisador. 

Solenidade de entrega da medalha foi conduzida pela presidência da Fiocruz com participação de integrantes da Asfoc, APG/Fiocruz, ANM e Acamerj. Foto: Petter Ilicciev

O malariologista refletiu sobre a formação de pesquisadores no Brasil, discutindo o propósito e o formato dos cursos de mestrado e doutorado, ressaltando a necessidade de medidas para acelerar e ampliar a titulação de doutores. 

Também ponderou sobre o papel da educação na atualidade, quando o volume de informações facilmente acessíveis é cada vez maior. Citando Cláudio José Struchiner, Humberto Maturana e Rubem Alves, o pesquisador salientou a importância de “ensinar a aprender” e “ensinar a ver”, apontando “os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana”, inclusive nos resultados científicos. 

A troca entre professores e estudantes foi destacada.  

“As orientações de monografias, dissertações e teses são verdadeiros e prazerosos cursos de aprofundamento do saber. A interação plena de aprendizados para orientando e orientador – ou, se preferirmos, alunos jovens e alunos mais velhos – são oportunidades de crescimento diante do desafio de sermos surpreendidos por suas perguntas e insights”, disse. 

De suas contribuições na área de ensino, Cláudio destacou três projetos pelo impacto na formação de recursos humanos e para a pós-graduação do país.  

O primeiro deles foi o Curso Internacional de Malariologia, promovido em 1990, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da então Superintendência de Campanhas de Saúde Pública do Ministério da Saúde (Sucam).  

“Vários alunos se tornaram coordenadores de programas municipais e estaduais de controle da malária e de outras doenças endêmicas", apontou o pesquisador. 

O segundo projeto citado foi o Doutorado Interinstitucional (Dinter) estabelecido pelo IOC com três instituições científicas do Pará em 2004, antes mesmo da oficialização desse tipo de iniciativa pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).  

“Em 2010, houve a defesa da 14ª tese em Belém. Todos os ex-alunos formaram novos doutores no Pará”, comemorou Cláudio. 

Membros da comunidade da Fiocruz, familiares e amigos do pesquisador prestigiaram a cerimônia. Foto: Peter Ilicciev

A terceira iniciativa listada foi a criação do Seminário Laveran e Deane sobre Malária. Entre 1995 e 2024, a iniciativa recebeu 373 estudantes de mestrado e doutorado, contando com a participação de 152 professores para analisar e debater os projetos de pesquisa em desenvolvimento. 

O pesquisador agradeceu aos parceiros de todas as iniciativas, ressaltando a colaboração de quase 30 anos com Maria de Fátima Ferreira da Cruz, que foi presenteada com flores. 

Também expressou sua gratidão ao Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC, pela indicação à Medalha Viginia Schall, e aos alunos e colegas do Laboratório de Pesquisa em Malária. 

A honraria recebida foi dedicada pelo cientista à sua família, especialmente aos pais, irmãos, filhos e esposa. 

Produção científica de excelência 

A cerimônia de premiações também destacou estudantes e pesquisadores do IOC pela excelência da produção acadêmica na Pós-graduação, com a homenagem aos ganhadores do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses e do Prêmio Capes de Tese. 

Concedido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, o Prêmio Oswaldo Cruz de Teses destaca pesquisas de elevado valor para o avanço do campo da saúde nas áreas temáticas de atuação da Fundação. 

Já o Prêmio Capes de Tese é promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para reconhecer os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros. 

A partir da esquerda: Liz Frizzola, Vanessa de Paula e Suzana Pacheco. Foto: Peter Ilicciev

Na categoria ‘Medicina’, o Prêmio Oswaldo Cruz concedeu menção honrosa ao estudo “Papilomavirus humano (HPV) en mujeres jóvenes: frecuencia tipo-especifica, comportamiento de riesgo y evaluación de la efectividad de la vacuna tetravalente en paraguay”, de Maria Liz Bobadilla Frizzola.  

A pesquisa foi realizada na Pós-graduação em Medicina Tropical do IOC, com orientação de Vanessa Salete de Paula, do Laboratório de Virologia e Parasitologia Molecular do Instituto, e Gerardo Daniel Deluca, da National University of the Northeast, da Argentina.

Este estudo integrou turma especial do Focem (Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul), parceria da Fiocruz com instituição Paraguaia, fundamental para recursos humanos na região. 

A partir da esquerda: Roberto Rodrigues Ferreira, Luciana Garzoni, Tania Cremonini de Araujo-Jorge, Taiana Lílian Costa de Oliveira e Cristiani Vieira Machado. Foto: Peter Ilicciev

A tese “Cenografia na saúde e educação não formal: concepção, itinerância e avaliação da instalação Por Dentro do Sangue com Arteciência”, de Taiana Lílian Costa de Oliveira, foi contemplada com menção honrosa na categoria 'Saúde Coletiva'. 

Desenvolvido na Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, o estudo foi orientado por Tania Cremonini de Araujo-Jorge, Luciana Lopes de Almeida Ribeiro Garzoni e  e Roberto Rodrigues Ferreira, do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do Instituto. 

A partir da esquerda: Luis Claudio Muniz Pereira, Enrico Mendes Saggioro, Gabriel de Farias Araujo e Fabio Veríssimo Correia. Foto: Peter Ilicciev

A menção honrosa da categoria 'Ciências Biológicas aplicadas e Biomedicina' foi para a tese ‘Monitoramento e avaliação ecotoxicológica de níveis ambientais de cocaína e benzoilecgonina em águas fluviais no Rio de Janeiro’, de Gabriel de Farias Araujo. 

Com orientação dos pesquisadores Enrico Mendes Saggioro e Fabio Veríssimo Correia, do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC, o trabalho foi realizado no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). 

A partir da esquerda: Leonardo Soares Bastos, Fernanda Garrides e Rosane Harter Griep. Foto: Peter Ilicciev

A pesquisa “Desigualdades raciais na ocorrência de multimorbidade entre adultos e idosos brasileiros: 10 anos do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)”, de Fernanda Garrides, foi reconhecida pela menção honrosa no Prêmio Capes de Teses.  

O estudo teve coorientação da pesquisadora Rosane Harter Griep, chefe do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do IOC, e orientação do pesquisador Leonardo Soares Bastos, do Programa de Computação Científica (PROCC/Fiocruz), sendo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da Ensp. 

Confira o histórico das honrarias recebidas pelos programas de pós-graduação do IOC no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses:

2024
Menção honrosa
:: Maria Liz Bobadilla Frizzola, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categora 'Medicina'
:: Taiana Lílian Costa de Oliveira, da Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde - categoria 'Saúde Coletiva'.

2023
Premiação
:: Jaline Alves Cabral da Costa, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria ‘Medicina’

Menção honrosa
:: Nathália Alves Araujo de Almeida, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria ‘Ciências biológicas aplicadas e biomedicina’

2022
Premiação
:: Priscila Silva Grijó Farani, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria ‘Ciências biológicas aplicadas e biomedicina’

Menção honrosa
:: Jéssica Vasques Raposo Vedovi, da Pós-graduação em Biologia Parasitária - categoria ‘Medicina’

2021
Premiação
:: Jéssica Badolato Corrêa da Silva, da Pós-graduação em Biologia Parasitária - categoria 'Ciências Biológicas aplicadas e Biomedicina'

Menção honrosa
:: Sabrina Alves dos Reis, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Ciências Biológicas aplicadas e Biomedicina'
:: João Ramalho Ortigão Farias, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Ciências Biológicas aplicadas e Biomedicina'

2020
Menção honrosa
:: Larissa Vasconcelos Fontes, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Ciências Biológicas Aplicadas, Biomedicina e Medicina'

2019
Premiação
:: Luana Lorena Silva Rodrigues, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria ‘Medicina’
:: Andréa Marques Vieira da Silva, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria ‘Ciências Biológicas aplicadas à saúde e Biomedicina’

Menção honrosa
:: Ana Carolina Proença da Fonseca, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Saúde coletiva'

2018
Premiação
:: Carolina Araújo Moraes, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria Ciências 'Biológicas aplicadas à saúde e Biomedicina'

Menção honrosa
:: Thaís Faggioni, da Pós-graduação em Ensino de Biociências e Saúde - categoria ‘Medicina’
:: Gabriela de Azambuja Garcia, da Pós-graduação em Biologia Parasitária - categoria Ciências 'Biológicas aplicadas à saúde e Biomedicina'
:: Bianca Della Líbera da Silva, da Pós-graduação em Ensino de Biociências e Saúde - categoria 'Ciências Humanas e Sociais'

2017
Premiação
:: Mauricio Lisboa Nobre, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria 'Saúde coletiva'
:: Bruno Jorge de Andrade Silva, da Pós-graduação em Biologia Parasitária - categoria 'Medicina'
:: Caroline Xavier de Carvalho, da Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular - categoria 'Ciências Biológicas aplicadas à Saúde e Biomedicina'

Menção honrosa
:: Sheila Soares de Assis, da Pós-graduação em Ensino de Biociências e Saúde - categoria 'Ciências Humanas e Sociais'
:: Beatriz Coronato Nunes, da Pós-graduação em Medicina Tropical - categoria 'Medicina'

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)