
Além da língua portuguesa e da imensa riqueza cultural, Brasil e Angola também compartilham desafios comuns — entre eles, o enfrentamento de doenças transmitidas por vetores, como malária, dengue e chikungunya.
Visando à troca de experiências e conhecimentos entre as duas nações, sete profissionais angolanos participaram, entre 14 e 25 de julho, de uma qualificação teórico-prática promovida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O treinamento faz parte de um projeto internacional para atualizar o mapa entomológico de Angola.
O curso teve como objetivo a identificação de insetos transmissores de doenças e o monitoramento da resistência desses vetores aos inseticidas utilizados em ações de controle.
Segundo o chefe do Laboratório de Biologia, Controle e Vigilância de Insetos Vetores do IOC, José Bento Pereira Lima, essas duas áreas são fundamentais para o sucesso da vigilância entomológica.
“Uma das partes fundamentais do controle de doenças como malária e dengue é conhecer bem os vetores — saber quem são, onde estão e como os inseticidas estão agindo sobre eles. Sem esse tipo de avaliação, não dá para garantir eficiência no campo”, explicou.
Dividida em duas etapas, a qualificação começou com uma semana de práticas de biologia molecular no campus de Manguinhos, com foco na detecção de marcadores genéticos, que indicam resistência das espécies aos inseticidas.
Na semana seguinte, os participantes realizaram ensaios biológicos para testar a eficácia de diferentes inseticidas sobre mosquitos e outros vetores de importância médica em Angola.
A atualização do mapa entomológico de Angola é essencial para orientar políticas de prevenção e controle de doenças transmitidas por insetos no país. A iniciativa faz parte da quarta fase do Projeto de Aprimoramento dos Sistemas Regionais de Vigilância de Doenças (REDISSE), financiado pelo Banco Mundial e conduzido em parceria com o Ministério da Saúde de Angola.
O objetivo principal é ampliar a capacidade de resposta a surtos de doenças transmissíveis e outras ameaças à saúde pública no país africano.

A primeira etapa da ação ocorreu entre 14 de abril e 2 de maio, quando pesquisadores da Fiocruz — incluindo nove profissionais do IOC — estiveram no país africano para iniciar as coletas que ajudarão a compor o mapa entomológico. Também foram realizadas atividades educativas voltadas aos profissionais locais.
“A Fiocruz sempre busca deixar um legado de formação nos territórios onde atua. Além das coletas, nós trabalhamos para qualificar os profissionais locais, para que possam continuar o trabalho de forma autônoma”, frisou o pesquisador Ademir Martins.
Além disso, a própria convivência com os profissionais angolanos durante a missão no país africano revelou os temas que seriam incorporados à qualificação.
“A partir do contato com os profissionais angolanos, fomos percebendo outras necessidades de formação, como o uso de técnicas moleculares para detecção de parasitos e o monitoramento da resistência a inseticidas. Portanto, nós organizamos uma qualificação aqui no Brasil com base em outros cursos que já fazemos”, complementou.
Mais do que compartilhar conhecimento técnico, a qualificação promovida no Rio de Janeiro foi marcada por trocas intensas entre os profissionais brasileiros e angolanos. Para Bento, iniciativas como essa deixam um legado que vai além do laboratório.
“Nossa função aqui no IOC é tentar ajudar como podemos — e também aprender. Nós compartilhamos o que sabemos, eles mostram o que conhecem e, ao fim, todos saem mais ricos de conhecimento”, refletiu.
O pesquisador também destacou o potencial de desdobramentos acadêmicos e institucionais da parceria. Uma das participantes da qualificação, por exemplo, demonstrou interesse em ingressar no mestrado no IOC, o que, segundo ele, reforça a importância de iniciativas como essa para fortalecer os laços entre os países — o que está alinhado à Política de Internacionalização da Fiocruz.
“Essa colaboração abre portas. Já temos uma participante interessada em fazer mestrado aqui no IOC, e acredito que outros também possam seguir esse caminho. Isso contribui não só para a formação individual, mas também para a aproximação entre as instituições”, avaliou.

Na prática, a convivência entre os grupos mostrou que, apesar das realidades distintas, Brasil e Angola compartilham desafios semelhantes na vigilância de vetores. A malária, por exemplo, é o foco principal das ações em Angola, enquanto no Brasil, especialmente fora da Amazônia, o esforço se concentra no enfrentamento das arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. Ainda assim, ambos os países lidam com a complexidade de integrar equipes e estratégias para o controle simultâneo de múltiplas doenças.
“Nós discutimos muito aqui no Brasil como é difícil fazer um controle integrado, já que, normalmente, há equipes diferentes cuidando de vetores diferentes — e elas nem sempre se comunicam bem. Isso se repete em Angola. A nossa troca é muito rica justamente por termos problemas semelhantes”, ressaltou Ademir.
A percepção positiva da troca também veio dos participantes. O médico do Ministério da Saúde de Angola e especialista em saúde pública, Pedro Mbueno Nzila, destacou o valor da parceria para fortalecer o uso adequado de inseticidas.
“Esta troca tem muita importância devido à experiência brasileira no combate a vetores. É uma parceria que vai nos ajudar muito, sobretudo no manuseio dos inseticidas”, avaliou o médico, que integra o Programa de Controle da Doença do Sono do país africano.

Já a biomédica Luzala Garcia, que atua no Programa Nacional de Controle da Malária de Angola, também ressaltou o aprendizado técnico proporcionado pela formação. Segundo ela, o grupo teve contato com práticas inéditas — como os bioensaios com larvas — que agora poderão ser incorporadas às rotinas laboratoriais em Angola.
“Não conhecíamos a técnica de bioensaios para as larvas. Foi ótimo. Todos nós saímos com maior apreciação da técnica, que vamos aplicar para fortalecer nosso país”, afirmou.
Além do grupo que esteve no Rio de Janeiro, cinco profissionais do Ministério da Saúde de Angola também participaram de uma capacitação técnico-científica realizada pela Fiocruz Rondônia e pela Fiocruz Amazônia, entre os dias 7 e 18 de julho. O curso foi voltado à detecção molecular de patógenos em artrópodes e faz parte das ações do mesmo projeto internacional.

Além da língua portuguesa e da imensa riqueza cultural, Brasil e Angola também compartilham desafios comuns — entre eles, o enfrentamento de doenças transmitidas por vetores, como malária, dengue e chikungunya.
Visando à troca de experiências e conhecimentos entre as duas nações, sete profissionais angolanos participaram, entre 14 e 25 de julho, de uma qualificação teórico-prática promovida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro. O treinamento faz parte de um projeto internacional para atualizar o mapa entomológico de Angola.
O curso teve como objetivo a identificação de insetos transmissores de doenças e o monitoramento da resistência desses vetores aos inseticidas utilizados em ações de controle.
Segundo o chefe do Laboratório de Biologia, Controle e Vigilância de Insetos Vetores do IOC, José Bento Pereira Lima, essas duas áreas são fundamentais para o sucesso da vigilância entomológica.
“Uma das partes fundamentais do controle de doenças como malária e dengue é conhecer bem os vetores — saber quem são, onde estão e como os inseticidas estão agindo sobre eles. Sem esse tipo de avaliação, não dá para garantir eficiência no campo”, explicou.
Dividida em duas etapas, a qualificação começou com uma semana de práticas de biologia molecular no campus de Manguinhos, com foco na detecção de marcadores genéticos, que indicam resistência das espécies aos inseticidas.
Na semana seguinte, os participantes realizaram ensaios biológicos para testar a eficácia de diferentes inseticidas sobre mosquitos e outros vetores de importância médica em Angola.
A atualização do mapa entomológico de Angola é essencial para orientar políticas de prevenção e controle de doenças transmitidas por insetos no país. A iniciativa faz parte da quarta fase do Projeto de Aprimoramento dos Sistemas Regionais de Vigilância de Doenças (REDISSE), financiado pelo Banco Mundial e conduzido em parceria com o Ministério da Saúde de Angola.
O objetivo principal é ampliar a capacidade de resposta a surtos de doenças transmissíveis e outras ameaças à saúde pública no país africano.

A primeira etapa da ação ocorreu entre 14 de abril e 2 de maio, quando pesquisadores da Fiocruz — incluindo nove profissionais do IOC — estiveram no país africano para iniciar as coletas que ajudarão a compor o mapa entomológico. Também foram realizadas atividades educativas voltadas aos profissionais locais.
“A Fiocruz sempre busca deixar um legado de formação nos territórios onde atua. Além das coletas, nós trabalhamos para qualificar os profissionais locais, para que possam continuar o trabalho de forma autônoma”, frisou o pesquisador Ademir Martins.
Além disso, a própria convivência com os profissionais angolanos durante a missão no país africano revelou os temas que seriam incorporados à qualificação.
“A partir do contato com os profissionais angolanos, fomos percebendo outras necessidades de formação, como o uso de técnicas moleculares para detecção de parasitos e o monitoramento da resistência a inseticidas. Portanto, nós organizamos uma qualificação aqui no Brasil com base em outros cursos que já fazemos”, complementou.
Mais do que compartilhar conhecimento técnico, a qualificação promovida no Rio de Janeiro foi marcada por trocas intensas entre os profissionais brasileiros e angolanos. Para Bento, iniciativas como essa deixam um legado que vai além do laboratório.
“Nossa função aqui no IOC é tentar ajudar como podemos — e também aprender. Nós compartilhamos o que sabemos, eles mostram o que conhecem e, ao fim, todos saem mais ricos de conhecimento”, refletiu.
O pesquisador também destacou o potencial de desdobramentos acadêmicos e institucionais da parceria. Uma das participantes da qualificação, por exemplo, demonstrou interesse em ingressar no mestrado no IOC, o que, segundo ele, reforça a importância de iniciativas como essa para fortalecer os laços entre os países — o que está alinhado à Política de Internacionalização da Fiocruz.
“Essa colaboração abre portas. Já temos uma participante interessada em fazer mestrado aqui no IOC, e acredito que outros também possam seguir esse caminho. Isso contribui não só para a formação individual, mas também para a aproximação entre as instituições”, avaliou.

Na prática, a convivência entre os grupos mostrou que, apesar das realidades distintas, Brasil e Angola compartilham desafios semelhantes na vigilância de vetores. A malária, por exemplo, é o foco principal das ações em Angola, enquanto no Brasil, especialmente fora da Amazônia, o esforço se concentra no enfrentamento das arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. Ainda assim, ambos os países lidam com a complexidade de integrar equipes e estratégias para o controle simultâneo de múltiplas doenças.
“Nós discutimos muito aqui no Brasil como é difícil fazer um controle integrado, já que, normalmente, há equipes diferentes cuidando de vetores diferentes — e elas nem sempre se comunicam bem. Isso se repete em Angola. A nossa troca é muito rica justamente por termos problemas semelhantes”, ressaltou Ademir.
A percepção positiva da troca também veio dos participantes. O médico do Ministério da Saúde de Angola e especialista em saúde pública, Pedro Mbueno Nzila, destacou o valor da parceria para fortalecer o uso adequado de inseticidas.
“Esta troca tem muita importância devido à experiência brasileira no combate a vetores. É uma parceria que vai nos ajudar muito, sobretudo no manuseio dos inseticidas”, avaliou o médico, que integra o Programa de Controle da Doença do Sono do país africano.

Já a biomédica Luzala Garcia, que atua no Programa Nacional de Controle da Malária de Angola, também ressaltou o aprendizado técnico proporcionado pela formação. Segundo ela, o grupo teve contato com práticas inéditas — como os bioensaios com larvas — que agora poderão ser incorporadas às rotinas laboratoriais em Angola.
“Não conhecíamos a técnica de bioensaios para as larvas. Foi ótimo. Todos nós saímos com maior apreciação da técnica, que vamos aplicar para fortalecer nosso país”, afirmou.
Além do grupo que esteve no Rio de Janeiro, cinco profissionais do Ministério da Saúde de Angola também participaram de uma capacitação técnico-científica realizada pela Fiocruz Rondônia e pela Fiocruz Amazônia, entre os dias 7 e 18 de julho. O curso foi voltado à detecção molecular de patógenos em artrópodes e faz parte das ações do mesmo projeto internacional.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)