Em 2022, Andréia da Silva (47 anos) saiu de São Paulo rumo ao Rio de Janeiro para tentar dar um novo rumo à vida. Com ela, vieram quatro filhos e o ex-marido. Após a separação, conheceu um novo parceiro, e o que até então era um sonho virou pesadelo. Adquiriu vício no craque, perdeu tudo, foi morar na rua. Atualmente, está tentando se reerguer.
Assim como Andréia - que fez questão de participar dessa reportagem -, milhares de outras pessoas em situação de rua, muitas vezes invisibilizadas pela sociedade, possuem histórias, famílias, desejos, ambições. Mas como superar as dificuldades e as barreiras impostas pela vida?
"Quero ser a protagonista da sua reportagem", disse Andréia ao perceber que havia jornalistas cobrindo a ação do IOC no evento. Foto: Rudson Amorim
Com o objetivo de promover cidadania e saúde às pessoas em situação de rua, foi promovido, entre os dias 26 e 28 de agosto, o PopRuaJud 2025.
A ação social, organizada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), reuniu cerca de 60 instituições e empresas públicas e privadas na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, que ofertaram dezenas de serviços gratuitos.
Pelo terceiro ano consecutivo, pesquisadores e estudantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) marcaram presença no evento, reafirmando o compromisso institucional de promover saúde para quem mais precisa. A participação do IOC foi organizada pela Diretoria Executiva e contou com parceria da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e da Fundação de apoio à Fiocruz (Fiotec).
Por meio do Ambulatório de Hepatites Virais do IOC foram realizados mais de 360 atendimentos, cerca de 1.430 testes rápidos para detecção do vírus HIV, sífilis e hepatites B e C, além de diversas orientações e distribuição de medicamentos.
No mutirão, foram ofertados ainda serviços como emissão e regularização de documentação, cadastro em banco de emprego, assistência jurídica, matrícula em escolas e cursos profissionalizantes, atendimentos médicos e oftalmológicos, vacinação, exames, castração de pets, banho, corte de cabelo e distribuição de alimentos e refeições.
Mais de 1.400 testes foram realizados nos três dias de mutirão. Foto: Rudson Amorim
“Eventos como esse são uma oportunidade única, principalmente pra gente que mora na rua. Podemos cuidar da saúde e tirar documentos”, comemorou Andréia.
A essência do trabalho desenvolvido pelo IOC com a população foi frisada pelo diretor executivo, Guilherme de Beaurepaire Pereira da Silva.
“Promover saúde para a sociedade, principalmente para quem mais precisa, está no DNA do IOC. Voltando ao início da nossa criação, podemos lembrar do trabalho de Carlos Chagas que se empenhava em ir a campo para solucionar os problemas de saúde da época. Tudo o que fazemos, seja no atendimento à população ou nas bancadas dos laboratórios, é em prol do SUS, em prol da saúde do Brasil”, comentou o diretor.
O diretor executivo, Guilherme de Beaurepaire, participando do mutirão. Foto: Rudson Amorim
A grandiosidade dos números relativos a atendimentos e testes foi destacada pela chefe do Ambulatório de Hepatites Virais do IOC, a médica Lia Lewis.
“Nesta edição do PopRuaJud, batemos o recorde de atendimentos de todos os eventos que já participamos ou realizamos até hoje. Nossos testes identificaram 41 pessoas infectadas com o vírus HIV, cinco casos de hepatite C, dois de hepatite B e 83 de sífilis. A partir de agora, um dos desafios é garantir o início e a adesão ao tratamento, que é específico para cada uma dessas infecções. Além da possibilidade de serem atendidos nos consultórios de rua da Prefeitura do Rio, esses indivíduos também podem ser acompanhados na Fiocruz. Nossas portas estão e sempre estarão abertas para essa população que tanto necessita de cuidado e atenção”, ressaltou a pesquisadora.
O trabalho realizado pelo IOC no evento foi prestigiado de perto pelo embaixador da Saúde do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o ex-atleta Robson Caetano. Durante visita ao estande de atendimento e testagem, ele reforçou a importância das ações realizadas pelo Instituto.
Ao centro, Robson Caetano com parte da equipe do Ambulatório de Hepatites Virais. Foto: Rudson Amorim
“Promover esses testes rápidos é super importante, porque, primeiro, é estabelecido um vínculo com a população de rua e, segundo, porque é possível prevenir a transmissão de uma série de patologias. É necessário dar a oportunidade dessas pessoas terem a consciência de como está a saúde delas e a Fundação tem papel fundamental nisso. Aliás, haja visto o trabalho de prevenção realizado por Oswaldo Cruz. Como diz o ditado, é melhor prevenir do que remediar”, comentou o medalhista olímpico.
Vivendo nas imediações da Rua do Senado, no centro do Rio, Joilson Teixeira Lima (45 anos) também fez questão de comparecer ao evento e realizar os testes rápidos.
“Aqui, me sinto importante, com tudo o que fazem pela gente. Na rua, as vezes extrapolamos. Com esses testes podemos cuidar da saúde e vigiar”, disse.
Joilson realizando teste rápido na tenda do IOC. Foto: Rudson Amorim
“A população em situação de rua possui grande dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Eventos como esse são fundamentais para que essas pessoas tenham sua cidadania garantida. Ficamos muito felizes em poder contribuir com essa iniciativa. O engajamento da equipe do Ambulatório e dos voluntários que atuaram conosco foi primordial para o sucesso da nossa participação. Atendemos a todos com muito amor. Essa população é invisível para grande parte da sociedade, mas para nós não é”, finalizou Lia Lewis, destacando que a rotina do Ambulatório também contempla outros grupos vulnerabilizados, como pessoas atendidas nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e povos indígenas.
Em tendas fornecidas pelo Exército Brasileiro, equipe e voluntariado do Ambulatório de Hepatites atuaram intensamente por três dias. Foto: Rudson Amorim
Em 2022, Andréia da Silva (47 anos) saiu de São Paulo rumo ao Rio de Janeiro para tentar dar um novo rumo à vida. Com ela, vieram quatro filhos e o ex-marido. Após a separação, conheceu um novo parceiro, e o que até então era um sonho virou pesadelo. Adquiriu vício no craque, perdeu tudo, foi morar na rua. Atualmente, está tentando se reerguer.
Assim como Andréia - que fez questão de participar dessa reportagem -, milhares de outras pessoas em situação de rua, muitas vezes invisibilizadas pela sociedade, possuem histórias, famílias, desejos, ambições. Mas como superar as dificuldades e as barreiras impostas pela vida?
"Quero ser a protagonista da sua reportagem", disse Andréia ao perceber que havia jornalistas cobrindo a ação do IOC no evento. Foto: Rudson Amorim
Com o objetivo de promover cidadania e saúde às pessoas em situação de rua, foi promovido, entre os dias 26 e 28 de agosto, o PopRuaJud 2025.
A ação social, organizada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), reuniu cerca de 60 instituições e empresas públicas e privadas na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, que ofertaram dezenas de serviços gratuitos.
Pelo terceiro ano consecutivo, pesquisadores e estudantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) marcaram presença no evento, reafirmando o compromisso institucional de promover saúde para quem mais precisa. A participação do IOC foi organizada pela Diretoria Executiva e contou com parceria da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e da Fundação de apoio à Fiocruz (Fiotec).
Por meio do Ambulatório de Hepatites Virais do IOC foram realizados mais de 360 atendimentos, cerca de 1.430 testes rápidos para detecção do vírus HIV, sífilis e hepatites B e C, além de diversas orientações e distribuição de medicamentos.
No mutirão, foram ofertados ainda serviços como emissão e regularização de documentação, cadastro em banco de emprego, assistência jurídica, matrícula em escolas e cursos profissionalizantes, atendimentos médicos e oftalmológicos, vacinação, exames, castração de pets, banho, corte de cabelo e distribuição de alimentos e refeições.
Mais de 1.400 testes foram realizados nos três dias de mutirão. Foto: Rudson Amorim
“Eventos como esse são uma oportunidade única, principalmente pra gente que mora na rua. Podemos cuidar da saúde e tirar documentos”, comemorou Andréia.
A essência do trabalho desenvolvido pelo IOC com a população foi frisada pelo diretor executivo, Guilherme de Beaurepaire Pereira da Silva.
“Promover saúde para a sociedade, principalmente para quem mais precisa, está no DNA do IOC. Voltando ao início da nossa criação, podemos lembrar do trabalho de Carlos Chagas que se empenhava em ir a campo para solucionar os problemas de saúde da época. Tudo o que fazemos, seja no atendimento à população ou nas bancadas dos laboratórios, é em prol do SUS, em prol da saúde do Brasil”, comentou o diretor.
O diretor executivo, Guilherme de Beaurepaire, participando do mutirão. Foto: Rudson Amorim
A grandiosidade dos números relativos a atendimentos e testes foi destacada pela chefe do Ambulatório de Hepatites Virais do IOC, a médica Lia Lewis.
“Nesta edição do PopRuaJud, batemos o recorde de atendimentos de todos os eventos que já participamos ou realizamos até hoje. Nossos testes identificaram 41 pessoas infectadas com o vírus HIV, cinco casos de hepatite C, dois de hepatite B e 83 de sífilis. A partir de agora, um dos desafios é garantir o início e a adesão ao tratamento, que é específico para cada uma dessas infecções. Além da possibilidade de serem atendidos nos consultórios de rua da Prefeitura do Rio, esses indivíduos também podem ser acompanhados na Fiocruz. Nossas portas estão e sempre estarão abertas para essa população que tanto necessita de cuidado e atenção”, ressaltou a pesquisadora.
O trabalho realizado pelo IOC no evento foi prestigiado de perto pelo embaixador da Saúde do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o ex-atleta Robson Caetano. Durante visita ao estande de atendimento e testagem, ele reforçou a importância das ações realizadas pelo Instituto.
Ao centro, Robson Caetano com parte da equipe do Ambulatório de Hepatites Virais. Foto: Rudson Amorim
“Promover esses testes rápidos é super importante, porque, primeiro, é estabelecido um vínculo com a população de rua e, segundo, porque é possível prevenir a transmissão de uma série de patologias. É necessário dar a oportunidade dessas pessoas terem a consciência de como está a saúde delas e a Fundação tem papel fundamental nisso. Aliás, haja visto o trabalho de prevenção realizado por Oswaldo Cruz. Como diz o ditado, é melhor prevenir do que remediar”, comentou o medalhista olímpico.
Vivendo nas imediações da Rua do Senado, no centro do Rio, Joilson Teixeira Lima (45 anos) também fez questão de comparecer ao evento e realizar os testes rápidos.
“Aqui, me sinto importante, com tudo o que fazem pela gente. Na rua, as vezes extrapolamos. Com esses testes podemos cuidar da saúde e vigiar”, disse.
Joilson realizando teste rápido na tenda do IOC. Foto: Rudson Amorim
“A população em situação de rua possui grande dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Eventos como esse são fundamentais para que essas pessoas tenham sua cidadania garantida. Ficamos muito felizes em poder contribuir com essa iniciativa. O engajamento da equipe do Ambulatório e dos voluntários que atuaram conosco foi primordial para o sucesso da nossa participação. Atendemos a todos com muito amor. Essa população é invisível para grande parte da sociedade, mas para nós não é”, finalizou Lia Lewis, destacando que a rotina do Ambulatório também contempla outros grupos vulnerabilizados, como pessoas atendidas nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e povos indígenas.
Em tendas fornecidas pelo Exército Brasileiro, equipe e voluntariado do Ambulatório de Hepatites atuaram intensamente por três dias. Foto: Rudson Amorim
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)