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Revista ‘Memórias’ avança para promover ciência aberta e reprodutível

Publicação abriu processo de revisão por pares e ingressou na Rede Brasileira de Reprodutibilidade
Por Maíra Menezes11/06/2025 - Atualizado em 18/06/2025

Duas novas iniciativas destacam a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz na promoção da ciência aberta e reprodutível. O periódico mantido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) publicou os primeiros artigos com revisão por pares aberta e ingressou na Rede Brasileira de Reprodutibilidade (RBR).  

As ações são mais um marco nas celebrações pelos 125 anos do IOC, completados em 25 de maio, e ressaltam o pioneirismo da revista, fundada em 1909, que se mantém entre as mais relevantes publicações científicas internacionais sobre doenças infecciosas. 

Transparência para os leitores 

Os dois primeiros artigos com revisão por pares aberta foram publicados no final de maio no site do periódico [confira aqui e aqui] e estarão disponíveis em breve na plataforma Scielo. 

Confira comentário do editor de Memórias sobre a medida. 

A abertura da revisão por pares revela uma etapa central da publicação científica. Funciona da seguinte forma: ao receber um artigo para publicação, o editor do periódico envia o trabalho para um especialista da área, que emite um parecer com avaliação e questionamentos.  

Este parecer é encaminhado para o autor, que responde ao revisor, com explicações, ajustes no artigo ou, até mesmo, dados de novos experimentos realizados para solucionar dúvidas.  

A conversa entre revisor e autor pode ter idas e vindas, até que o artigo seja considerado adequado ou inadequado, o que leva à publicação ou à recusa pelo periódico. 

Com a abertura da revisão por pares, os pareceres do revisor e as respostas do autor passam a ser divulgados junto com o artigo científico, tornando público o debate que antes permanecia oculto. 

“Isso aumenta a transparência do processo editorial. Os leitores podem analisar se o trabalho foi bem avaliado, e os revisores tendem a ser mais meticulosos nos seus pareceres. Indiretamente, a revisão por pares aberta contribui para a qualidade da revista e da ciência”, afirma o editor chefe de ‘Memórias’, Adeilton Brandão. 

Com 116 anos completados em abril, a publicação é uma das primeiras do Brasil a adotar esta prática e está entre as pioneiras no campo biomédico internacional. 

“Na plataforma Scielo, que reúne periódicos de acesso aberto de 16 países, identificamos somente cerca de dez publicações com revisão por pares aberta até o momento. Mais uma vez, ‘Memórias’ se coloca na vanguarda da ciência aberta”, declara Adeilton. 

Contribuição para reprodutibilidade 

O ingresso da revista ‘Memórias’ na Rede Brasileira de Reprodutibilidade também ocorreu em maio. A publicação integra o primeiro grupo de periódicos a aderir à iniciativa, fundada em 2023 com participação de diferentes atores da ciência, incluindo pesquisadores, grupos e instituições científicas, entre elas, a Fiocruz. 

Em linhas gerais, a reprodutibilidade significa que uma pesquisa reproduzida de forma independente por outros cientistas deverá chegar a resultados semelhantes ao estudo original. 

Embora este seja um princípio do método científico, o debate sobre o tema cresceu nos últimos anos com base em pesquisas que mostraram que muitos artigos científicos publicados não são reprodutíveis.  

No Brasil, a Iniciativa Brasileira de Reprodutibilidade, que deu origem à Rede, reuniu cientistas de 56 laboratórios para realizar replicações de dezenas de estudos do campo biomédico.  

Iniciado em 2018, o trabalho teve resultados divulgados em abril deste ano na plataforma de preprint BiorXiv, que permite a divulgação imediata de artigos, sem o processo de revisão por pares.  

Em 97 replicações de 47 estudos, foram obtidos resultados semelhantes aos originais entre 15% e 45% das vezes, dependendo do critério estatístico utilizado para estabelecer o que caracteriza um resultado semelhante. 

Segundo os autores, outras análises são necessárias para identificar por que muitos experimentos não foram reprodutíveis, porém os índices obtidos estão alinhados às estimativas de pesquisas internacionais do campo biomédico, reforçando a importância de ações para ampliar a reprodutibilidade da ciência. 

O editor de ‘Memórias’ participou de dois encontros da Rede em maio, sendo um com diversos membros e outro exclusivamente voltado para editores das dez publicações científicas convidadas a integrar o grupo. 

“Os periódicos podem dar contribuições importantes para ampliar a reprodutibilidade das pesquisas, estabelecendo parâmetros para os artigos que favoreçam a replicação, como padronizações de redação e de descrição dos materiais e métodos utilizados. Dessa forma, nosso primeiro objetivo na Rede será preparar recomendações para a editoração científica", conta Adeilton. 

O editor ressalta ainda a necessidade de abrir espaço para publicação de estudos de replicação, que geralmente são preteridos em favor de pesquisas originais, indicando a possibilidade de publicação de uma série temática em ‘Memórias’. 

Séries de artigos comemorativos 

Em celebração pelos 125 anos do IOC, ‘Memórias’ vai publicar quatro séries comemorativas de artigos, exclusivamente com trabalhos de pesquisadores do Instituto, que podem ter colaboração de autores externos. 

O projeto, que tem chamada para submissão de artigos atualmente aberta, oferece possibilidade de publicação em temas que atualmente estão no escopo da atuação do IOC, para além das doenças infeciosas. As temáticas incluem: 

  • Série 1 | Biologia Celular, Molecular, Diagnóstico, Terapias e Biomodelos
  • Série 2 | Microbiologia, Imunologia e Interações parasito-hospedeiro
  • Série 3 | Ambiente, Biodiversidade e Vigilância em Saúde, Vetores e Reservatórios
  • Série 4 | Saúde, Educação e Sociedade 

De acordo com Adeilton, além de celebrar o jubileu secular de prata do IOC, a iniciativa vai contribuir para preparação de um projeto piloto visando a implementação de uma futura “plataforma de publicação científica” do Instituto. 

“A plataforma de publicação científica é um novo modelo de divulgação de pesquisas, que tem sido adotado por grandes entidades internacionais como Gates Foundation e Wellcome Trust. Memórias tem situação privilegiada do ponto de vista estrutural, em comparação com outros periódicos do Brasil, porque, há 116 anos, o IOC faz o esforço necessário para manter essa publicação. Isso nos permite experimentar e dar passos que poucas revistas podem se permitir", afirma o editor. 

Publicação abriu processo de revisão por pares e ingressou na Rede Brasileira de Reprodutibilidade
Por: 
maira

Duas novas iniciativas destacam a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz na promoção da ciência aberta e reprodutível. O periódico mantido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) publicou os primeiros artigos com revisão por pares aberta e ingressou na Rede Brasileira de Reprodutibilidade (RBR).  

As ações são mais um marco nas celebrações pelos 125 anos do IOC, completados em 25 de maio, e ressaltam o pioneirismo da revista, fundada em 1909, que se mantém entre as mais relevantes publicações científicas internacionais sobre doenças infecciosas. 

Transparência para os leitores 

Os dois primeiros artigos com revisão por pares aberta foram publicados no final de maio no site do periódico [confira aqui e aqui] e estarão disponíveis em breve na plataforma Scielo. 

Confira comentário do editor de Memórias sobre a medida. 

A abertura da revisão por pares revela uma etapa central da publicação científica. Funciona da seguinte forma: ao receber um artigo para publicação, o editor do periódico envia o trabalho para um especialista da área, que emite um parecer com avaliação e questionamentos.  

Este parecer é encaminhado para o autor, que responde ao revisor, com explicações, ajustes no artigo ou, até mesmo, dados de novos experimentos realizados para solucionar dúvidas.  

A conversa entre revisor e autor pode ter idas e vindas, até que o artigo seja considerado adequado ou inadequado, o que leva à publicação ou à recusa pelo periódico. 

Com a abertura da revisão por pares, os pareceres do revisor e as respostas do autor passam a ser divulgados junto com o artigo científico, tornando público o debate que antes permanecia oculto. 

“Isso aumenta a transparência do processo editorial. Os leitores podem analisar se o trabalho foi bem avaliado, e os revisores tendem a ser mais meticulosos nos seus pareceres. Indiretamente, a revisão por pares aberta contribui para a qualidade da revista e da ciência”, afirma o editor chefe de ‘Memórias’, Adeilton Brandão. 

Com 116 anos completados em abril, a publicação é uma das primeiras do Brasil a adotar esta prática e está entre as pioneiras no campo biomédico internacional. 

“Na plataforma Scielo, que reúne periódicos de acesso aberto de 16 países, identificamos somente cerca de dez publicações com revisão por pares aberta até o momento. Mais uma vez, ‘Memórias’ se coloca na vanguarda da ciência aberta”, declara Adeilton. 

Contribuição para reprodutibilidade 

O ingresso da revista ‘Memórias’ na Rede Brasileira de Reprodutibilidade também ocorreu em maio. A publicação integra o primeiro grupo de periódicos a aderir à iniciativa, fundada em 2023 com participação de diferentes atores da ciência, incluindo pesquisadores, grupos e instituições científicas, entre elas, a Fiocruz. 

Em linhas gerais, a reprodutibilidade significa que uma pesquisa reproduzida de forma independente por outros cientistas deverá chegar a resultados semelhantes ao estudo original. 

Embora este seja um princípio do método científico, o debate sobre o tema cresceu nos últimos anos com base em pesquisas que mostraram que muitos artigos científicos publicados não são reprodutíveis.  

No Brasil, a Iniciativa Brasileira de Reprodutibilidade, que deu origem à Rede, reuniu cientistas de 56 laboratórios para realizar replicações de dezenas de estudos do campo biomédico.  

Iniciado em 2018, o trabalho teve resultados divulgados em abril deste ano na plataforma de preprint BiorXiv, que permite a divulgação imediata de artigos, sem o processo de revisão por pares.  

Em 97 replicações de 47 estudos, foram obtidos resultados semelhantes aos originais entre 15% e 45% das vezes, dependendo do critério estatístico utilizado para estabelecer o que caracteriza um resultado semelhante. 

Segundo os autores, outras análises são necessárias para identificar por que muitos experimentos não foram reprodutíveis, porém os índices obtidos estão alinhados às estimativas de pesquisas internacionais do campo biomédico, reforçando a importância de ações para ampliar a reprodutibilidade da ciência. 

O editor de ‘Memórias’ participou de dois encontros da Rede em maio, sendo um com diversos membros e outro exclusivamente voltado para editores das dez publicações científicas convidadas a integrar o grupo. 

“Os periódicos podem dar contribuições importantes para ampliar a reprodutibilidade das pesquisas, estabelecendo parâmetros para os artigos que favoreçam a replicação, como padronizações de redação e de descrição dos materiais e métodos utilizados. Dessa forma, nosso primeiro objetivo na Rede será preparar recomendações para a editoração científica", conta Adeilton. 

O editor ressalta ainda a necessidade de abrir espaço para publicação de estudos de replicação, que geralmente são preteridos em favor de pesquisas originais, indicando a possibilidade de publicação de uma série temática em ‘Memórias’. 

Séries de artigos comemorativos 

Em celebração pelos 125 anos do IOC, ‘Memórias’ vai publicar quatro séries comemorativas de artigos, exclusivamente com trabalhos de pesquisadores do Instituto, que podem ter colaboração de autores externos. 

O projeto, que tem chamada para submissão de artigos atualmente aberta, oferece possibilidade de publicação em temas que atualmente estão no escopo da atuação do IOC, para além das doenças infeciosas. As temáticas incluem: 

  • Série 1 | Biologia Celular, Molecular, Diagnóstico, Terapias e Biomodelos
  • Série 2 | Microbiologia, Imunologia e Interações parasito-hospedeiro
  • Série 3 | Ambiente, Biodiversidade e Vigilância em Saúde, Vetores e Reservatórios
  • Série 4 | Saúde, Educação e Sociedade 

De acordo com Adeilton, além de celebrar o jubileu secular de prata do IOC, a iniciativa vai contribuir para preparação de um projeto piloto visando a implementação de uma futura “plataforma de publicação científica” do Instituto. 

“A plataforma de publicação científica é um novo modelo de divulgação de pesquisas, que tem sido adotado por grandes entidades internacionais como Gates Foundation e Wellcome Trust. Memórias tem situação privilegiada do ponto de vista estrutural, em comparação com outros periódicos do Brasil, porque, há 116 anos, o IOC faz o esforço necessário para manter essa publicação. Isso nos permite experimentar e dar passos que poucas revistas podem se permitir", afirma o editor. 

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)