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SNCT 2022: IOC promove atividades de imersão na ciência

Participação do Instituto no retorno presencial da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz foi marcada pela criatividade para aproximar o público da produção científica
Por Max Gomes27/10/2022 - Atualizado em 08/11/2022
 
Pesquisadora se fantasia de 'Aedes aegypti' para atrair atenção das crianças para os cuidados na prevenção da dengue, Zika e Chikungunya. Foto: Ricardo Schmidt

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) voltou ao formato presencial após dois anos de realização remota em consequência da pandemia do coronavírus.

E para deixar esse aguardado retorno ainda mais encantador, pesquisadores e estudantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) se dedicaram a transformar suas pesquisas científicas em atividades interativas que proporcionassem entretenimento e novos conhecimentos para centenas de visitantes que passaram pelo campus Manguinhos-Maré da Fiocruz entre os dias 18 e 21 de outubro.

Neste ano, o tema escolhido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) – que promove a iniciativa – foi “Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil”. A proposta que oportunizou a reflexão sobre a construção do conhecimento para a soberania nacional foi aliada aos 150 anos de nascimento de Oswaldo Cruz, patrono da Fiocruz e do IOC, e grande ícone da ciência.

Diretoria do IOC visitou o evento e interagiu com as atividades
desenvolvidas pelo Instituto. Foto: Bernardo Portella

Na tenda e espaços propostos pela Fiocruz, atividades como jogos, oficinas, rodas de conversa e exposições fizeram parte da diversa programação desenvolvida pelo IOC. Olhares atentos e curiosos se encantavam com vidrarias e microscópios dos laboratórios, bem como com espécimes históricas de museus e coleções biológicas do Instituto.

“Os grupos do IOC foram bastante criativos na elaboração das atividades. A diversidade e a ludicidade das ações trouxeram uma forma única de viver a ciência e aprender com ela, despertando a curiosidade do público e apresentando de forma didática o trabalho que fazemos aqui”, destacou Ademir Martins Junior, vice-diretor adjunto de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto.

A combinação de ciência com brincadeira foi um dos atrativos para o casal Carina e Renato Bellato, que levarem seus filhos Daniel, Miguel e Helena para se divertirem e aprenderem na SNCT na Fiocruz.

“Queremos que eles tenham contato com diferentes formas de adquirir conhecimento. Com a pandemia da Covid-19, eles ficaram muito tempo dentro de casa e não tiveram oportunidades de estarem próximos do que aprenderam através da tela do computador. Aqui eles puderam interagir com vários segmentos da ciência e estavam cercados de estímulos”, revelou Carina.

A pequena Helena, de 5 anos, observava exemplares vivos de cimicídeos, conhecidos como ‘percevejos de cama’, através da lente acoplada na caixa de isopor. Foto: Ricardo Schmidt

“Há uma ampla quantidade de atividades e todas elas muito didáticas para que pessoas de todas as idades consigam aprender sobre os assuntos. E elas realmente estão atraindo todos os públicos. Enquanto a Helena pintava um desenho de inseto, Daniel e Miguel prestavam atenção na explicação sobre os cuidados que precisamos ter em relação a eles”, completou Renato.

Para os gêmeos Daniel e Miguel, de 10 anos, aprender sobre ciência na prática foi uma experiência divertida. Os pequenos fizeram questão de passar por todas as atividades disponíveis.

“É tudo interessante. Achei essa parte de insetos bem diferente”, contou Daniel. “Aprendi que alguns insetos podem causar alergia e outros transmitir doenças. É para ficar atento”, disse Miguel.

Daniel (à esquerda) e Miguel (à direita) descobrem mais sobre os triatomíneos, conhecidos como “barbeiros”, e cimicídeos, chamados de ‘percevejos de cama’. Foto: Ricardo Schmidt

Além daqueles que foram levados pelos pais, outras dezenas de crianças e adolescentes, estudantes das redes pública e privada de ensino, passaram pela SNCT 2022 na Fiocruz acompanhados por seus professores.

Enquanto os alunos expandiam os aprendizados adquiridos em sala de aula, os educadores tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre o projeto “IOC + Escolas”. A iniciativa dissemina o conhecimento científico produzido na unidade para a população através de ações de divulgação científica – entre elas, algumas presentes na programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

“Foi uma ótima ocasião para aproximarmos os professores do nosso programa ‘IOC + Escolas’. Tivemos um espaço dedicado especialmente para apresentar a iniciativa para os educadores, divulgando o nosso catálogo de ações e incentivando a solicitação dessas atividades em suas escolas”, comentou o vice-diretor de Ensino do Instituto.

Espaço disponível para educadores realizarem cadastro na atividade. Foto: Ricardo Schmidt

 

Confira as atividades do IOC na SNCT:

• Atenção com os mosquitos

Público comparou diferenças entre mosquitos urbanos e silvestres na atividade “Independência com ciência: tire os mosquitos da sua convivência”. Foto: Ricardo Schmidt

Os mosquitos, tão presentes em nosso dia a dia, marcaram presença em mais uma edição da SNCT. As atividades focaram em apresentar as diferentes espécies e conscientizar sobre os cuidados que precisam ser tomados nas casas para que a quantidade de insetos vetores de doenças, como o Aedes aegypti (responsável pela transmissão da dengue, Zika e Chikungunya), não aumente.

Na atividade “Independência com ciência: tire os mosquitos da sua convivência”, promovida pelo Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, o público analisou exemplares de mosquitos urbanos e silvestres com o auxílio de lupa e microscópio. As amostras eram oriundas da Coleção de Culicidae da unidade, que abriga mais de 4 mil exemplares.

Conhecendo um pouco mais sobre os aspectos físicos e hábitos desses insetos, o público foi convidado a testar seus conhecimentos sobre os cuidados para evitar a proliferação do Aedes aegypti, conhecido por possuir hábitos oportunistas e se adaptar bem aos humanos. 

Uma maquete de casa com focos de água parada com larvas do mosquito chamou atenção para a necessidade de a população estar sempre atenta aos locais que podem servir de criadouros.


Mosquitos vivos e maquetes ajudaram o público a perceber a presença do 'Aedes aegypti' nas casas. Foto: Ricardo Schmidt

Ampliando o conhecimento sobre a espécie, a ação “Conhecendo o Aedes aegypti” levou exemplares de ovos, larvas, pupas e mosquitos adultos para que o público pudesse ver mais atentamente cada fase da vida do Aedes. Desenvolvida pelo Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, a atividade explicou a importância de combater o Aedes aegypti antes que ele alcance a fase adulta.

Também foram desempenhadas dinâmicas que mostravam a sensibilidade das larvas à luz, que se escondem quando expostas à luminosidade, o que pode dificultar encontrá-las na rotina de limpeza. Foi mostrada ainda a forma correta de descartar ovos, larvas e pupa, caso sejam encontradas nas casas.

Direcionando o foco para as arboviroses transmitidas pelo Aedes, a atividade “Os vírus: dengue, Zika, febre amarela e chikungunya”, do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral, apostou em uma série de atividades lúdicas. Jogos de tabuleiro, microscópios e computadores com games de perguntas e respostas estiveram à disposição do público. 

Uma oficina sobre a estrutura dos vírus forneceu massinha de modelar, miçangas e palitos para que os participantes reproduzissem características desses microrganismos.

Jogos em formato de quiz aprofundaram conhecimentos adquiridos na SNCT. Foto: Ricardo Schmidt

• Desvendando os insetos
O Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos participou com a atividade “Curiosidades da criação de insetos”, que explicou melhor a biologia desses seres e apresentou diversos microrganismos capazes de serem transmitidos.

Cativando principalmente os olhares das crianças, a ação contou com microscópios para uma observação detalhada dos parasitos e apresentou exemplares de insetos como os triatomíneos (barbeiros) e os flebotomíneos (mosquitos-palha).

‘Curiosidades da criação de insetos’ levou alguns insetos para observação. Foto: Ricardo Schmidt

Os flebotomíneos também foram tema da atividade “Vetores das Leishmanioses”, ação promovida pelo Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Díptera e Hemíptera. O grupo participou com jogos interativos e insetos em lâminas com o propósito de educar sobre o controle integrado das doenças causadas pelos protozoários do gênero Leishmania.

Modelos de biscuit no formato do parasito e do inseto estavam à disposição para serem tocadas, com o objetivo de tornar a atividade mais acessível e inclusive para as pessoas com deficiência visual.

O Laboratório participou também com outras duas atividades: “Olho vivo no barbeiro no caminhar da independência” e “Percevejo de cama desde a independência até os dias de hoje”. Na primeira, uma maquete destacava como os triatomíneos avançaram por algumas regiões do Brasil acompanhando explorações de território desde antes da independência do país e reforçou os cuidados necessários para com esse grupo de inseto de grande importância médica.

A segunda, focou nos cimicídeos: família de inseto conhecida como “percevejo de cama” e sem grande importância médica, com picadas que provocam alergias locais. Por meio de maquetes, o grupo reforçou a importância de ficar atento a possíveis infestações em sofás e camas.

Apresentando a grande biodiversidade da classe Insecta, parte do acervo histórico da Coleção Entomológica marcou presença com a atividade “A ciência e tecnologia dos insetos”. Foram apresentados diferentes exemplares desses animais, que chamavam atenção tanto pela beleza quanto pela importância médica.

• Cuidados com doenças parasitárias 

Com o título inspirado na música “Roda Viva”, de Chico Buarque, a atividade “O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração” se inspirou no tema da SNCT 2022 e nos 150 anos de nascimento de Oswaldo Cruz para retratar as mais de quatro décadas do Laboratório de Doenças Parasitárias.

O grupo apostou na curiosidade do público pelos elementos estudados no Laboratório e levou aparatos que representam as pesquisas em malária, doença de Chagas, esquistossomose e leishmaniose. Entre eles, materiais fossilizados, modelos aumentados que representam os insetos e equipamentos como microscópios e lupas com mais de 60 anos.

Apoiado nas mudanças de tecnologia e rede sociais, um espaço foi desenvolvido para que o público pudesse gravar vídeos respondendo perguntas sobre os assuntos abordados.

Modelos de insetos atraíam a atenção das crianças. Foto: Ricardo Schmidt

A esquistossomose também foi destaque em “Moluscos: qual a sua importância?”, conduzido pelo Laboratório de Malacologia. Os visitantes puderam aprender mais sobre a doença e sobre o seu vetor, um caramujo de água doce, e conhecer também outros moluscos, como o caramujo africano, uma praga urbana. Os visitantes mais destemidos tiveram a oportunidade de segurar um desses bichanos com o auxílio de luvas.

Visitante pega caramujo africano na atividade “Moluscos: qual a sua importância?”: Ricardo Schmidt

Mais parasitos foram apresentados na atividade “Conhecendo os vermes”. O Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios expôs roedores e marsupiais entalhados, bem como alguns vermes que podem parasitar esses mamíferos e, também, os humanos. Após observar os exemplares, o público pôde reproduzir os vermes em massinha de modelar e desenhar o que mais chamou atenção na exposição.

Diversidade do reino dos fungos 

Uma mesa repleta de objetos coloridos e de formatos peculiares atraiu os olhares da criançada ao longo da semana: era a atividade “Fungos centenários mais modernos do que nunca”, que colocou massinhas estilizadas em placas para representar a grande diversidade do Reino Fungi. 

Levada pela Coleção de Fungos, que completou 100 anos em 2022, a ação ajudou a desmistificar esses organismos, normalmente ligados a produtos estragados, e mostrar como também são úteis no dia a dia – como as leveduras que participam da fermentação biológica, presentes no pão.

Amostras de fungos também estavam à disposição para serem observadas com mais detalhe através do microscópio.

Formas e cores atraíram crianças e adolescentes. Foto: Ricardo Schmidt

Conscientização e prevenção

O jogo “PreventHIVo: sobre HIV/AIDS”, desenvolvido pelo Laboratório de AIDS e Imunologia Molecular, ajudou a tirar dúvidas do público e atualizar percepções sobre o HIV.

Para os menores de 12 anos, as interações foram focadas na partícula viral, com uma maquete de isopor que representava a estrutura do vírus.

Já os adolescentes e adultos participaram de um jogo interativo com cards que testava seus conhecimentos sobre as formas de contração do vírus.

A atividade abriu o diálogo sobre a AIDS e ajudou o público a entender a doença e como se prevenir.

Ação teve jogo com cards, maquete de vírus e conscientização sobre preservativos. Fotos: Ricardo Schmidt

A atividade “Bactérias e antibióticos: uma corrida contra o tempo”, levada pelo Laboratório de Microbiologia Celular, contou com uma variedade de jogos que explicaram sobre o uso de antibiótico e como eles agem contra os microrganismos.

No formato de “tiro ao alvo”, um dos jogos propunha o desafio de acertar uma bactéria causadora de doença com um antibiótico, porém o participante precisava ter o cuidado para não acertar outros microrganismos que fazem parte da microbiota e são essenciais para o ser humano.

Outra ação que atraiu bastante a atenção dos pequenos foi um jogo de tabuleiro, no qual os participantes eram as próprias peças. Para avançar no trajeto, eles precisavam responder perguntas sobre antibióticos. 

Reforçando os cuidados necessários com alimentos e higienes de animais domésticos, o Laboratório de Toxoplasmose e outras Protozooses participou com “Toxoplasmose: conhecer para prevenir”. A ação explicou o que é o protozoário Toxoplasma Gondii e destacou como ocorre a infecção, lembrando que os felinos também são vítimas e que não devem ser tratados como vilões no ciclo de transmissão.

Atividade mostrou como evitar ser infectado pelo parasito da Toxoplasmose. Foto: Ricardo Schmidt

Ainda na temática animais de estimações, o Laboratório de Imunoparasitologia promoveu a atividade “Você conhece as doenças que são compartilhadas entre os pets e as pessoas?”, que salientou os cuidados necessários ter quando decidirem cuidar de um animal.

Os conhecimentos foram passados por meio de jogos de tabuleiro e de memória, além de uma atividade sobre a importância de lavar as mãos, na qual os visitantes tinham os olhos vendados e eram testados a checar se realizavam a ação da forma correta. 
A importância da vacinação foi abordada em formato de roda de conversa pelos membros do Laboratório de Biologia das Interações na atividade “Ciências, vacinas e independência”.

O público assistiu a vídeos sobre doenças cujos índices de imunização estão baixos e por isso vêm apresentando um constante aumento nos casos de infecção, como a poliomielite. 

Pesquisadores e estudantes conversaram sobre períodos históricos, como a revolta da vacina, e o impacto de disseminação de fake news na saúde pública brasileira.

• Arte e reciclagem

A oficina “Brotando Passarinhos”, desenvolvida na Pós-graduação de Ensino em Biociências e Saúde, debateu questões ambientais e ensinou sobre reciclagem de alimentos a partir da produção de peças artísticas feitas com o caroço da manga. 

Enquanto pintavam pássaros na semente da fruta, os visitantes aprendiam que além da polpa servir de alimento, a casca da manga pode ser usada como adubo em plantações. 

• Vida em meio à poluição

Atividade abordou adaptação de espécies e conscientizou sobre a importância de preservar o meio ambiente. Foto:  Ricardo Schmidt

O debate sobre a conservação da natureza foi levantado pela atividade “Peixes Ninjas: como sobreviver em ambientes cronicamente poluídos?”, do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática.

Em um aquário, foram expostos peixes coletados no poluído Canal do Cunha que apresentam má-formação visível na coluna vertebral. 

A atividade contou também com vídeos que mostravam o momento da coleta dos peixes para a realização de estudos e fotos que exibiam mais detalhadamente as más-formações desses animais em decorrência da degradação ambiental.

O espaço serviu para debate sobre a existência de vida em ambientes poluídos e como a poluição afeta a biodiversidade local.

• Reconhecendo os órgãos do corpo humano

O centenário Museu da Patologia do IOC apostou na ludicidade para aprofundar saberes sobre os órgãos do corpo humano e as doenças que os afetam. Desenvolvido especialmente para a SNCT, um jogo de tabuleiro trouxe o mapa do campus Manguinhos-Maré da Fiocruz a ser percorrido pelos participantes enquanto respondiam perguntas sobre anatomia.

A partir de jogos, crianças e adolescentes aprenderam mais sobre órgãos do corpo humano. Foto: Ricardo Schmidt

Outra atividade foi o “Jogo da memória anatômico”, que desafiava duplas a encontrarem cards com órgãos semelhantes, que, por sua vez, estavam disponíveis para serem coloridos na atividade “Colorindo as células e os tecidos”.

Completando as ações, um torso estava à disposição para que os visitantes pudessem ver a posição no corpo humano dos órgãos utilizados nos jogos. Também foi levado uma peça histórica do museu para observação.

Participação do Instituto no retorno presencial da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz foi marcada pela criatividade para aproximar o público da produção científica
Por: 
max.gomes
 
Pesquisadora se fantasia de 'Aedes aegypti' para atrair atenção das crianças para os cuidados na prevenção da dengue, Zika e Chikungunya. Foto: Ricardo Schmidt

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) voltou ao formato presencial após dois anos de realização remota em consequência da pandemia do coronavírus.

E para deixar esse aguardado retorno ainda mais encantador, pesquisadores e estudantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) se dedicaram a transformar suas pesquisas científicas em atividades interativas que proporcionassem entretenimento e novos conhecimentos para centenas de visitantes que passaram pelo campus Manguinhos-Maré da Fiocruz entre os dias 18 e 21 de outubro.

Neste ano, o tema escolhido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) – que promove a iniciativa – foi “Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil”. A proposta que oportunizou a reflexão sobre a construção do conhecimento para a soberania nacional foi aliada aos 150 anos de nascimento de Oswaldo Cruz, patrono da Fiocruz e do IOC, e grande ícone da ciência.

Diretoria do IOC visitou o evento e interagiu com as atividades
desenvolvidas pelo Instituto. Foto: Bernardo Portella

Na tenda e espaços propostos pela Fiocruz, atividades como jogos, oficinas, rodas de conversa e exposições fizeram parte da diversa programação desenvolvida pelo IOC. Olhares atentos e curiosos se encantavam com vidrarias e microscópios dos laboratórios, bem como com espécimes históricas de museus e coleções biológicas do Instituto.

“Os grupos do IOC foram bastante criativos na elaboração das atividades. A diversidade e a ludicidade das ações trouxeram uma forma única de viver a ciência e aprender com ela, despertando a curiosidade do público e apresentando de forma didática o trabalho que fazemos aqui”, destacou Ademir Martins Junior, vice-diretor adjunto de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto.

A combinação de ciência com brincadeira foi um dos atrativos para o casal Carina e Renato Bellato, que levarem seus filhos Daniel, Miguel e Helena para se divertirem e aprenderem na SNCT na Fiocruz.

“Queremos que eles tenham contato com diferentes formas de adquirir conhecimento. Com a pandemia da Covid-19, eles ficaram muito tempo dentro de casa e não tiveram oportunidades de estarem próximos do que aprenderam através da tela do computador. Aqui eles puderam interagir com vários segmentos da ciência e estavam cercados de estímulos”, revelou Carina.

A pequena Helena, de 5 anos, observava exemplares vivos de cimicídeos, conhecidos como ‘percevejos de cama’, através da lente acoplada na caixa de isopor. Foto: Ricardo Schmidt

“Há uma ampla quantidade de atividades e todas elas muito didáticas para que pessoas de todas as idades consigam aprender sobre os assuntos. E elas realmente estão atraindo todos os públicos. Enquanto a Helena pintava um desenho de inseto, Daniel e Miguel prestavam atenção na explicação sobre os cuidados que precisamos ter em relação a eles”, completou Renato.

Para os gêmeos Daniel e Miguel, de 10 anos, aprender sobre ciência na prática foi uma experiência divertida. Os pequenos fizeram questão de passar por todas as atividades disponíveis.

“É tudo interessante. Achei essa parte de insetos bem diferente”, contou Daniel. “Aprendi que alguns insetos podem causar alergia e outros transmitir doenças. É para ficar atento”, disse Miguel.

Daniel (à esquerda) e Miguel (à direita) descobrem mais sobre os triatomíneos, conhecidos como “barbeiros”, e cimicídeos, chamados de ‘percevejos de cama’. Foto: Ricardo Schmidt

Além daqueles que foram levados pelos pais, outras dezenas de crianças e adolescentes, estudantes das redes pública e privada de ensino, passaram pela SNCT 2022 na Fiocruz acompanhados por seus professores.

Enquanto os alunos expandiam os aprendizados adquiridos em sala de aula, os educadores tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre o projeto “IOC + Escolas”. A iniciativa dissemina o conhecimento científico produzido na unidade para a população através de ações de divulgação científica – entre elas, algumas presentes na programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

“Foi uma ótima ocasião para aproximarmos os professores do nosso programa ‘IOC + Escolas’. Tivemos um espaço dedicado especialmente para apresentar a iniciativa para os educadores, divulgando o nosso catálogo de ações e incentivando a solicitação dessas atividades em suas escolas”, comentou o vice-diretor de Ensino do Instituto.

Espaço disponível para educadores realizarem cadastro na atividade. Foto: Ricardo Schmidt

 

Confira as atividades do IOC na SNCT:

• Atenção com os mosquitos

Público comparou diferenças entre mosquitos urbanos e silvestres na atividade “Independência com ciência: tire os mosquitos da sua convivência”. Foto: Ricardo Schmidt

Os mosquitos, tão presentes em nosso dia a dia, marcaram presença em mais uma edição da SNCT. As atividades focaram em apresentar as diferentes espécies e conscientizar sobre os cuidados que precisam ser tomados nas casas para que a quantidade de insetos vetores de doenças, como o Aedes aegypti (responsável pela transmissão da dengue, Zika e Chikungunya), não aumente.

Na atividade “Independência com ciência: tire os mosquitos da sua convivência”, promovida pelo Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, o público analisou exemplares de mosquitos urbanos e silvestres com o auxílio de lupa e microscópio. As amostras eram oriundas da Coleção de Culicidae da unidade, que abriga mais de 4 mil exemplares.

Conhecendo um pouco mais sobre os aspectos físicos e hábitos desses insetos, o público foi convidado a testar seus conhecimentos sobre os cuidados para evitar a proliferação do Aedes aegypti, conhecido por possuir hábitos oportunistas e se adaptar bem aos humanos. 

Uma maquete de casa com focos de água parada com larvas do mosquito chamou atenção para a necessidade de a população estar sempre atenta aos locais que podem servir de criadouros.


Mosquitos vivos e maquetes ajudaram o público a perceber a presença do 'Aedes aegypti' nas casas. Foto: Ricardo Schmidt

Ampliando o conhecimento sobre a espécie, a ação “Conhecendo o Aedes aegypti” levou exemplares de ovos, larvas, pupas e mosquitos adultos para que o público pudesse ver mais atentamente cada fase da vida do Aedes. Desenvolvida pelo Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, a atividade explicou a importância de combater o Aedes aegypti antes que ele alcance a fase adulta.

Também foram desempenhadas dinâmicas que mostravam a sensibilidade das larvas à luz, que se escondem quando expostas à luminosidade, o que pode dificultar encontrá-las na rotina de limpeza. Foi mostrada ainda a forma correta de descartar ovos, larvas e pupa, caso sejam encontradas nas casas.

Direcionando o foco para as arboviroses transmitidas pelo Aedes, a atividade “Os vírus: dengue, Zika, febre amarela e chikungunya”, do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral, apostou em uma série de atividades lúdicas. Jogos de tabuleiro, microscópios e computadores com games de perguntas e respostas estiveram à disposição do público. 

Uma oficina sobre a estrutura dos vírus forneceu massinha de modelar, miçangas e palitos para que os participantes reproduzissem características desses microrganismos.

Jogos em formato de quiz aprofundaram conhecimentos adquiridos na SNCT. Foto: Ricardo Schmidt

• Desvendando os insetos
O Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos participou com a atividade “Curiosidades da criação de insetos”, que explicou melhor a biologia desses seres e apresentou diversos microrganismos capazes de serem transmitidos.

Cativando principalmente os olhares das crianças, a ação contou com microscópios para uma observação detalhada dos parasitos e apresentou exemplares de insetos como os triatomíneos (barbeiros) e os flebotomíneos (mosquitos-palha).

‘Curiosidades da criação de insetos’ levou alguns insetos para observação. Foto: Ricardo Schmidt

Os flebotomíneos também foram tema da atividade “Vetores das Leishmanioses”, ação promovida pelo Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Díptera e Hemíptera. O grupo participou com jogos interativos e insetos em lâminas com o propósito de educar sobre o controle integrado das doenças causadas pelos protozoários do gênero Leishmania.

Modelos de biscuit no formato do parasito e do inseto estavam à disposição para serem tocadas, com o objetivo de tornar a atividade mais acessível e inclusive para as pessoas com deficiência visual.

O Laboratório participou também com outras duas atividades: “Olho vivo no barbeiro no caminhar da independência” e “Percevejo de cama desde a independência até os dias de hoje”. Na primeira, uma maquete destacava como os triatomíneos avançaram por algumas regiões do Brasil acompanhando explorações de território desde antes da independência do país e reforçou os cuidados necessários para com esse grupo de inseto de grande importância médica.

A segunda, focou nos cimicídeos: família de inseto conhecida como “percevejo de cama” e sem grande importância médica, com picadas que provocam alergias locais. Por meio de maquetes, o grupo reforçou a importância de ficar atento a possíveis infestações em sofás e camas.

Apresentando a grande biodiversidade da classe Insecta, parte do acervo histórico da Coleção Entomológica marcou presença com a atividade “A ciência e tecnologia dos insetos”. Foram apresentados diferentes exemplares desses animais, que chamavam atenção tanto pela beleza quanto pela importância médica.

• Cuidados com doenças parasitárias 

Com o título inspirado na música “Roda Viva”, de Chico Buarque, a atividade “O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração” se inspirou no tema da SNCT 2022 e nos 150 anos de nascimento de Oswaldo Cruz para retratar as mais de quatro décadas do Laboratório de Doenças Parasitárias.

O grupo apostou na curiosidade do público pelos elementos estudados no Laboratório e levou aparatos que representam as pesquisas em malária, doença de Chagas, esquistossomose e leishmaniose. Entre eles, materiais fossilizados, modelos aumentados que representam os insetos e equipamentos como microscópios e lupas com mais de 60 anos.

Apoiado nas mudanças de tecnologia e rede sociais, um espaço foi desenvolvido para que o público pudesse gravar vídeos respondendo perguntas sobre os assuntos abordados.

Modelos de insetos atraíam a atenção das crianças. Foto: Ricardo Schmidt

A esquistossomose também foi destaque em “Moluscos: qual a sua importância?”, conduzido pelo Laboratório de Malacologia. Os visitantes puderam aprender mais sobre a doença e sobre o seu vetor, um caramujo de água doce, e conhecer também outros moluscos, como o caramujo africano, uma praga urbana. Os visitantes mais destemidos tiveram a oportunidade de segurar um desses bichanos com o auxílio de luvas.

Visitante pega caramujo africano na atividade “Moluscos: qual a sua importância?”: Ricardo Schmidt

Mais parasitos foram apresentados na atividade “Conhecendo os vermes”. O Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios expôs roedores e marsupiais entalhados, bem como alguns vermes que podem parasitar esses mamíferos e, também, os humanos. Após observar os exemplares, o público pôde reproduzir os vermes em massinha de modelar e desenhar o que mais chamou atenção na exposição.

Diversidade do reino dos fungos 

Uma mesa repleta de objetos coloridos e de formatos peculiares atraiu os olhares da criançada ao longo da semana: era a atividade “Fungos centenários mais modernos do que nunca”, que colocou massinhas estilizadas em placas para representar a grande diversidade do Reino Fungi. 

Levada pela Coleção de Fungos, que completou 100 anos em 2022, a ação ajudou a desmistificar esses organismos, normalmente ligados a produtos estragados, e mostrar como também são úteis no dia a dia – como as leveduras que participam da fermentação biológica, presentes no pão.

Amostras de fungos também estavam à disposição para serem observadas com mais detalhe através do microscópio.

Formas e cores atraíram crianças e adolescentes. Foto: Ricardo Schmidt

Conscientização e prevenção

O jogo “PreventHIVo: sobre HIV/AIDS”, desenvolvido pelo Laboratório de AIDS e Imunologia Molecular, ajudou a tirar dúvidas do público e atualizar percepções sobre o HIV.

Para os menores de 12 anos, as interações foram focadas na partícula viral, com uma maquete de isopor que representava a estrutura do vírus.

Já os adolescentes e adultos participaram de um jogo interativo com cards que testava seus conhecimentos sobre as formas de contração do vírus.

A atividade abriu o diálogo sobre a AIDS e ajudou o público a entender a doença e como se prevenir.

Ação teve jogo com cards, maquete de vírus e conscientização sobre preservativos. Fotos: Ricardo Schmidt

A atividade “Bactérias e antibióticos: uma corrida contra o tempo”, levada pelo Laboratório de Microbiologia Celular, contou com uma variedade de jogos que explicaram sobre o uso de antibiótico e como eles agem contra os microrganismos.

No formato de “tiro ao alvo”, um dos jogos propunha o desafio de acertar uma bactéria causadora de doença com um antibiótico, porém o participante precisava ter o cuidado para não acertar outros microrganismos que fazem parte da microbiota e são essenciais para o ser humano.

Outra ação que atraiu bastante a atenção dos pequenos foi um jogo de tabuleiro, no qual os participantes eram as próprias peças. Para avançar no trajeto, eles precisavam responder perguntas sobre antibióticos. 

Reforçando os cuidados necessários com alimentos e higienes de animais domésticos, o Laboratório de Toxoplasmose e outras Protozooses participou com “Toxoplasmose: conhecer para prevenir”. A ação explicou o que é o protozoário Toxoplasma Gondii e destacou como ocorre a infecção, lembrando que os felinos também são vítimas e que não devem ser tratados como vilões no ciclo de transmissão.

Atividade mostrou como evitar ser infectado pelo parasito da Toxoplasmose. Foto: Ricardo Schmidt

Ainda na temática animais de estimações, o Laboratório de Imunoparasitologia promoveu a atividade “Você conhece as doenças que são compartilhadas entre os pets e as pessoas?”, que salientou os cuidados necessários ter quando decidirem cuidar de um animal.

Os conhecimentos foram passados por meio de jogos de tabuleiro e de memória, além de uma atividade sobre a importância de lavar as mãos, na qual os visitantes tinham os olhos vendados e eram testados a checar se realizavam a ação da forma correta. 
A importância da vacinação foi abordada em formato de roda de conversa pelos membros do Laboratório de Biologia das Interações na atividade “Ciências, vacinas e independência”.

O público assistiu a vídeos sobre doenças cujos índices de imunização estão baixos e por isso vêm apresentando um constante aumento nos casos de infecção, como a poliomielite. 

Pesquisadores e estudantes conversaram sobre períodos históricos, como a revolta da vacina, e o impacto de disseminação de fake news na saúde pública brasileira.

• Arte e reciclagem

A oficina “Brotando Passarinhos”, desenvolvida na Pós-graduação de Ensino em Biociências e Saúde, debateu questões ambientais e ensinou sobre reciclagem de alimentos a partir da produção de peças artísticas feitas com o caroço da manga. 

Enquanto pintavam pássaros na semente da fruta, os visitantes aprendiam que além da polpa servir de alimento, a casca da manga pode ser usada como adubo em plantações. 

• Vida em meio à poluição

Atividade abordou adaptação de espécies e conscientizou sobre a importância de preservar o meio ambiente. Foto:  Ricardo Schmidt

O debate sobre a conservação da natureza foi levantado pela atividade “Peixes Ninjas: como sobreviver em ambientes cronicamente poluídos?”, do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática.

Em um aquário, foram expostos peixes coletados no poluído Canal do Cunha que apresentam má-formação visível na coluna vertebral. 

A atividade contou também com vídeos que mostravam o momento da coleta dos peixes para a realização de estudos e fotos que exibiam mais detalhadamente as más-formações desses animais em decorrência da degradação ambiental.

O espaço serviu para debate sobre a existência de vida em ambientes poluídos e como a poluição afeta a biodiversidade local.

• Reconhecendo os órgãos do corpo humano

O centenário Museu da Patologia do IOC apostou na ludicidade para aprofundar saberes sobre os órgãos do corpo humano e as doenças que os afetam. Desenvolvido especialmente para a SNCT, um jogo de tabuleiro trouxe o mapa do campus Manguinhos-Maré da Fiocruz a ser percorrido pelos participantes enquanto respondiam perguntas sobre anatomia.

A partir de jogos, crianças e adolescentes aprenderam mais sobre órgãos do corpo humano. Foto: Ricardo Schmidt

Outra atividade foi o “Jogo da memória anatômico”, que desafiava duplas a encontrarem cards com órgãos semelhantes, que, por sua vez, estavam disponíveis para serem coloridos na atividade “Colorindo as células e os tecidos”.

Completando as ações, um torso estava à disposição para que os visitantes pudessem ver a posição no corpo humano dos órgãos utilizados nos jogos. Também foi levado uma peça histórica do museu para observação.

Edição: 
Vinicius Ferreira

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