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Vacinas, nanotecnologia e inteligência artificial a favor da vida

Simpósio recebeu importantes nomes da área científica que debateram como a tecnologia pode favorecer a promoção da saúde da população
Por Vinicius Ferreira21/05/2025 - Atualizado em 27/05/2025

:: Confira a cobertura especial

Gazzinelli, Silvia e Helder: cientistas mostraram como a tecnologia pode salvar e transformar vidas. Foto: Henrique Nobre

A parte da tarde do primeiro dia (20/05) do ‘Simpósio Jubileu IOC 125 anos’ foi dedicada a discussões sobre vacinas, nanotecnologia e inteligência artificial. 

As mesas-redondas, moderadas por pesquisadores do IOC, receberam importantes nomes da área científica que utilizam o que há de mais novo em tecnologia para desenvolver produtos e iniciativas capazes de levar saúde, cuidado e bem-estar à população.

Vacinas salvam vidas

A mesa-redonda “Vacinas no Brasil: contribuições e inovação” recebeu o pesquisador da Fiocruz-Minas e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ricardo Gazzinelli. A atividade foi moderada pela pesquisadora Ada Alves, chefe do Laboratório de Biotecnologia e Fisiologia de Infecções Virais do IOC. 

Em sua fala de abertura, Gazzinelli destacou o pioneirismo do Instituto Oswaldo Cruz no fazer científico. 

“É um prazer estar nessa Casa. O IOC é pioneiro na área de ciências biomédicas no Brasil e quase tudo que fazemos hoje tem um pouco da herança desse Instituto”, enalteceu. 

Localizado em Minas Gerais, o Centro Tecnológico de Vacinas coordenado por Ricardo Gazzinelli desenvolve estudos para produção de imunizantes para diversos agravos. Foto: Henrique Nobre

O pesquisador apresentou alguns dados sobre a SpiN-Tec, vacina 100% nacional contra a Covid-19, desenvolvida no Centro Tecnológico de Vacinas (CTVacinas) da UFMG, no qual é coordenador. 

A criação de um imunizante não é tarefa fácil. Para além da necessidade de produzir uma inovação que neutralize o patógeno (nesse caso, um vírus respiratório), o especialista apontou problemas graves que impedem e/ou atrasam o desenvolvimento de vacinas no Brasil. 

“Nosso país possui baixa infraestrutura para produção de lotes clínicos de vacinas, temos interação limitada com agências regulatórias, pouca experiência em ensaio clínico, além da falta de interação entre grupos de pesquisa e setor industrial”, comentou. 

Gazzinelli apontou que após os ensaios clínicos de fase 1 e 2, a SpiN-Tec apresentou resultados animadores, com baixo nível de efeitos colaterais, sem nenhum caso grave. 

“Atualmente, estamos na expectativa de começar os testes de fase 3”, contou, acrescentando que espera publicar, em breve, os dados sobre a definição de esquema de doses, segurança e índice de eficácia. 

Do nano ao macro 

“O que faz das nanopartículas tão especiais e com grande potencial de utilização na área da saúde?” 

Com essa indagação, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sílvia Guterres, abriu a mesa-redonda “Nanotecnologia: da pesquisa básica à inovação”. A moderação ficou a cargo da pesquisadora Andressa Bernardi, do Laboratório de Inflamação do IOC. 

Entusiasta da tecnologia, a especialista explicou que as nanopartículas são materiais altamente complexos e com capacidade de fazer direcionamentos seletivos no organismo, sendo capazes de compartimentalizar o fármaco com mais facilidade e promover proteção. Podem ser utilizadas em aplicações em diversas áreas, em especial, a área da saúde. 

Guterrez comentou que o campo da nanotecnologia é recente, com primeiro artigo sobre nanopartículas na área da saúde publicado há pouco mais de 50 anos. 

“O número de artigos que abordam nanotecnologia e desenvolvimento de alguma terapia saltou de 297 há alguns anos para mais de 21 mil em 2024 e segue se expandindo. É uma área da ciência que está em vasto crescimento”, frisou. 

Silvia Guterres é doutora em nanotecnologia farmacêutica pela Université de Paris XI e um dos nomes mais respeitados na área. Foto: Henrique Nobre

“Atualmente, há mais de 450 estudos em ensaios clínicos, com o maior foco em tratamento contra o câncer, sendo liderados no Hemisfério Norte do globo terrestre”, acrescentou. 

Silvia tem se dedicado a estudos sobre a eficácia do uso de nanocápsulas na formulação de terapias. Um dos exemplos de produtos em que Silvia e seu grupo contribuíram utilizando nanotecnologia é um fotoprotetor com nível 100 de proteção.  

“A ciência ganha valor quando alcança o mercado, a partir do interesse de grandes empresas farmacêuticas para a produção de medicamentos que beneficiem a sociedade”, salientou, complementando que existem cerca de 100 nanoprodutos no mercado, alguns deles até mesmo fornecidos pelo SUS, mesmo que seja via processo judicial tendo em vista seu valor ainda elevado. 

A especialista destacou que a inteligência artificial, os métodos alternativos e a impressão em 3D são algumas tendências transversais que podem contribuir para o futuro ainda mais promissor da nanotecnologia. 

“Temos uma grande quantidade de desafios a serem superados, como a toxicicidade apresentada em fase inicial, escolha errada do nanocarreador, fraca correlação entre os modelos pré-clínicos e clínicos, falta de qualidade de reprodutibilidade do processo produtivo e alta seleção de pacientes para os ensaios clínicos”, ponderou. 

Máquinas superinteligentes  

Fechando o primeiro dia de atividades, a mesa-redonda “A inteligência artificial e seu impacto na pesquisa biomédica” recebeu Helder Nakaya, pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. A moderação foi conduzida pela vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, Luciana Garzoni. 

Iniciando sua apresentação com uma reflexão sobre a comparação entre a saúde no início de 1900 e nos dias atuais, Helder chamou atenção para um ponto importante. 

“Muito além das doenças infecciosas e parasitárias circulantes e da falta de infraestrutura, a sociedade do início do século XX possuía tecnologia e conhecimentos rudimentares. Hoje, vivemos em um mundo altamente tecnológico e científico. E precisamos ter isso a nosso favor para promover saúde para a população”, elucidou. 

Helder Nakaya participa do desenvolvimento de diversas tecnologias que utilizam a inteligência artificial para beneficiar a população. Foto: Henrique Nobre

Helder dedica seus dias a desenvolver softwares capazes de facilitar a vida de médicos, biólogos, enfermeiros e demais profissionais de ciência e saúde.  

Seus projetos têm utilizado a tecnologia para desvendar perguntas científicas nas áreas de medicina de precisão, computação cognitiva, visão computacional, inteligência artificial generativa e epidemiologia.  

Uma das tecnologias que criou ajuda, por exemplo, a entender em poucos segundos o resultado de uma enorme quantidade de arquivos gerados na leitura de células em laboratório. 

Outro software destinado a cuidados neonatais permite identificar se recém-nascidos estão respirando corretamente ou se podem estar apresentando problemas respiratórios.  

A partir do uso da inteligência artificial ele liderou o primeiro estudo transcriptômico de célula única sobre leishmaniose cutânea, criou ferramenta que permite visualizar a produtividade acadêmica de forma prática e intuitiva, além de aplicativo contra a desinformação e muitos outros. 

Auditório lotado: compartilhamento de ideias e conhecimentos marcaram o primeiro dia do Simpósio comemorativo. Foto: Henrique Nobre

Para o especialista, a nova era da medicina será a partir da utilização de IA que vai ajudar pacientes a cuidarem da sua saúde. 

“Poderá ser a partir da ligação e/ou mensagem recebida por máquinas lembrando o paciente de tomar remédios ou marcar consultas”, comentou. 

Simpósio recebeu importantes nomes da área científica que debateram como a tecnologia pode favorecer a promoção da saúde da população
Por: 
viniciusferreira

:: Confira a cobertura especial

Gazzinelli, Silvia e Helder: cientistas mostraram como a tecnologia pode salvar e transformar vidas. Foto: Henrique Nobre

A parte da tarde do primeiro dia (20/05) do ‘Simpósio Jubileu IOC 125 anos’ foi dedicada a discussões sobre vacinas, nanotecnologia e inteligência artificial. 

As mesas-redondas, moderadas por pesquisadores do IOC, receberam importantes nomes da área científica que utilizam o que há de mais novo em tecnologia para desenvolver produtos e iniciativas capazes de levar saúde, cuidado e bem-estar à população.

Vacinas salvam vidas

A mesa-redonda “Vacinas no Brasil: contribuições e inovação” recebeu o pesquisador da Fiocruz-Minas e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ricardo Gazzinelli. A atividade foi moderada pela pesquisadora Ada Alves, chefe do Laboratório de Biotecnologia e Fisiologia de Infecções Virais do IOC. 

Em sua fala de abertura, Gazzinelli destacou o pioneirismo do Instituto Oswaldo Cruz no fazer científico. 

“É um prazer estar nessa Casa. O IOC é pioneiro na área de ciências biomédicas no Brasil e quase tudo que fazemos hoje tem um pouco da herança desse Instituto”, enalteceu. 

Localizado em Minas Gerais, o Centro Tecnológico de Vacinas coordenado por Ricardo Gazzinelli desenvolve estudos para produção de imunizantes para diversos agravos. Foto: Henrique Nobre

O pesquisador apresentou alguns dados sobre a SpiN-Tec, vacina 100% nacional contra a Covid-19, desenvolvida no Centro Tecnológico de Vacinas (CTVacinas) da UFMG, no qual é coordenador. 

A criação de um imunizante não é tarefa fácil. Para além da necessidade de produzir uma inovação que neutralize o patógeno (nesse caso, um vírus respiratório), o especialista apontou problemas graves que impedem e/ou atrasam o desenvolvimento de vacinas no Brasil. 

“Nosso país possui baixa infraestrutura para produção de lotes clínicos de vacinas, temos interação limitada com agências regulatórias, pouca experiência em ensaio clínico, além da falta de interação entre grupos de pesquisa e setor industrial”, comentou. 

Gazzinelli apontou que após os ensaios clínicos de fase 1 e 2, a SpiN-Tec apresentou resultados animadores, com baixo nível de efeitos colaterais, sem nenhum caso grave. 

“Atualmente, estamos na expectativa de começar os testes de fase 3”, contou, acrescentando que espera publicar, em breve, os dados sobre a definição de esquema de doses, segurança e índice de eficácia. 

Do nano ao macro 

“O que faz das nanopartículas tão especiais e com grande potencial de utilização na área da saúde?” 

Com essa indagação, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sílvia Guterres, abriu a mesa-redonda “Nanotecnologia: da pesquisa básica à inovação”. A moderação ficou a cargo da pesquisadora Andressa Bernardi, do Laboratório de Inflamação do IOC. 

Entusiasta da tecnologia, a especialista explicou que as nanopartículas são materiais altamente complexos e com capacidade de fazer direcionamentos seletivos no organismo, sendo capazes de compartimentalizar o fármaco com mais facilidade e promover proteção. Podem ser utilizadas em aplicações em diversas áreas, em especial, a área da saúde. 

Guterrez comentou que o campo da nanotecnologia é recente, com primeiro artigo sobre nanopartículas na área da saúde publicado há pouco mais de 50 anos. 

“O número de artigos que abordam nanotecnologia e desenvolvimento de alguma terapia saltou de 297 há alguns anos para mais de 21 mil em 2024 e segue se expandindo. É uma área da ciência que está em vasto crescimento”, frisou. 

Silvia Guterres é doutora em nanotecnologia farmacêutica pela Université de Paris XI e um dos nomes mais respeitados na área. Foto: Henrique Nobre

“Atualmente, há mais de 450 estudos em ensaios clínicos, com o maior foco em tratamento contra o câncer, sendo liderados no Hemisfério Norte do globo terrestre”, acrescentou. 

Silvia tem se dedicado a estudos sobre a eficácia do uso de nanocápsulas na formulação de terapias. Um dos exemplos de produtos em que Silvia e seu grupo contribuíram utilizando nanotecnologia é um fotoprotetor com nível 100 de proteção.  

“A ciência ganha valor quando alcança o mercado, a partir do interesse de grandes empresas farmacêuticas para a produção de medicamentos que beneficiem a sociedade”, salientou, complementando que existem cerca de 100 nanoprodutos no mercado, alguns deles até mesmo fornecidos pelo SUS, mesmo que seja via processo judicial tendo em vista seu valor ainda elevado. 

A especialista destacou que a inteligência artificial, os métodos alternativos e a impressão em 3D são algumas tendências transversais que podem contribuir para o futuro ainda mais promissor da nanotecnologia. 

“Temos uma grande quantidade de desafios a serem superados, como a toxicicidade apresentada em fase inicial, escolha errada do nanocarreador, fraca correlação entre os modelos pré-clínicos e clínicos, falta de qualidade de reprodutibilidade do processo produtivo e alta seleção de pacientes para os ensaios clínicos”, ponderou. 

Máquinas superinteligentes  

Fechando o primeiro dia de atividades, a mesa-redonda “A inteligência artificial e seu impacto na pesquisa biomédica” recebeu Helder Nakaya, pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. A moderação foi conduzida pela vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, Luciana Garzoni. 

Iniciando sua apresentação com uma reflexão sobre a comparação entre a saúde no início de 1900 e nos dias atuais, Helder chamou atenção para um ponto importante. 

“Muito além das doenças infecciosas e parasitárias circulantes e da falta de infraestrutura, a sociedade do início do século XX possuía tecnologia e conhecimentos rudimentares. Hoje, vivemos em um mundo altamente tecnológico e científico. E precisamos ter isso a nosso favor para promover saúde para a população”, elucidou. 

Helder Nakaya participa do desenvolvimento de diversas tecnologias que utilizam a inteligência artificial para beneficiar a população. Foto: Henrique Nobre

Helder dedica seus dias a desenvolver softwares capazes de facilitar a vida de médicos, biólogos, enfermeiros e demais profissionais de ciência e saúde.  

Seus projetos têm utilizado a tecnologia para desvendar perguntas científicas nas áreas de medicina de precisão, computação cognitiva, visão computacional, inteligência artificial generativa e epidemiologia.  

Uma das tecnologias que criou ajuda, por exemplo, a entender em poucos segundos o resultado de uma enorme quantidade de arquivos gerados na leitura de células em laboratório. 

Outro software destinado a cuidados neonatais permite identificar se recém-nascidos estão respirando corretamente ou se podem estar apresentando problemas respiratórios.  

A partir do uso da inteligência artificial ele liderou o primeiro estudo transcriptômico de célula única sobre leishmaniose cutânea, criou ferramenta que permite visualizar a produtividade acadêmica de forma prática e intuitiva, além de aplicativo contra a desinformação e muitos outros. 

Auditório lotado: compartilhamento de ideias e conhecimentos marcaram o primeiro dia do Simpósio comemorativo. Foto: Henrique Nobre

Para o especialista, a nova era da medicina será a partir da utilização de IA que vai ajudar pacientes a cuidarem da sua saúde. 

“Poderá ser a partir da ligação e/ou mensagem recebida por máquinas lembrando o paciente de tomar remédios ou marcar consultas”, comentou. 

Edição: 
Maíra Menezes

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)