Além de desenvolver pesquisas em malária entre os Yanomamis, com o objetivo de contribuir para a definição de estratégias de controle, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) tem atuado na capacitação de equipes multiprofissionais de saúde indígena para o enfrentamento da doença.
Realizado em outubro de 2022, o ‘Curso para o controle da malária na área Yanomami’ teve a participação de cerca de 40 profissionais, dos sete polos do distrito sanitário indígena com maior incidência da doença.
O treinamento foi promovido pelo IOC em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI Yanomami), Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai/MS) e Secretaria de Estado de Saúde de Roraima (Sesau/RR). As atividades foram realizadas no campus da UFRR.
Os profissionais das equipes multidisciplinares de saúde indígena, que participaram do curso, são responsáveis por ações de diagnóstico, vigilância e tratamento da malária nas aldeias. Foto: AcervoAs pesquisadoras do IOC Martha Mutis, chefe do Laboratórios de Doenças Parasitárias, e Joseli Oliveira Ferreira, do Laboratório de Imunoparasitologia, coordenaram o curso. O convite para a realização do curso foi feito pelo pesquisador Paulo Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), que tem atuação de longa data na área.
Em duas semanas, os profissionais participaram de aulas teóricas e desenvolveram um plano para o controle da malária nas suas áreas de atuação. Entre os temas foram abordados os diferentes tipos de parasitos da malária, os casos graves e a recorrência da doença, além de formas de diagnóstico e tratamento.
De acordo com a pesquisadora Martha Mutis, chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC e coordenadora do curso, o objetivo foi consolidar conhecimentos sobre questões importantes para a tomada de decisões no dia a dia das equipes.
“As aldeias Yanomamis são isoladas e os profissionais que atuam nesses territórios precisam tomar as decisões em campo, com as ferramentas disponíveis. Por isso, é muito importante o treinamento das equipes”, ressalta a pesquisadora.
Após as aulas teóricas, as equipes receberam apoio dos docentes para elaboração de planos locais para controle da malária. Foto: AcervoA elaboração de planos para controle da malária na região busca adequar as estratégias à realidade das localidades.
“É necessário olhar para os determinantes de malária em cada área, como a presença do garimpo, atuação de missionários e outras características. Também é preciso considerar as condições de trabalho, como organizar as visitas a aldeias que ficam a dias de distância e o que fazer no campo em diferentes situações”, detalha a pesquisadora, acrescentando que a falta de infraestrutura para o combate à malária foi um problema relatado pelos participantes do curso.
Assim como o restante da população brasileira, os indígenas têm direito à atenção integral à saúde dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Para contemplar a diversidade social, cultural, geográfica e histórica dos povos indígenas, o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena foi estabelecido em 1999 e a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas foi publicada em 2002.
Para garantir esse atendimento, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas são divididos em polos-base, que devem contar com equipes multiprofissionais de saúde. Além disso, agentes indígenas de saúde devem atuar nas aldeias.
No DSEI Yanomami são 37 polos-base. Porém, nos últimos anos, alguns foram fechados por falta de segurança devido à atuação de garimpeiros, conforme foi constatado na missão exploratória à região realizada em janeiro por autoridades do Governo Federal e por especialista em saúde.
“O garimpo limitou muito o trabalho das equipes de saúde na Terra Yanomami. Para reduzir os índices de malária, é preciso enfrentar esse problema, além de garantir os insumos e ter profissionais bem treinados”, ressaltou Martha.
A falta de insumos e de profissionais também prejudica a atenção à saúde dos povos indígenas. “O polo base não deveria ficar descoberto, mas, muitas vezes, fica sem equipe por um tempo. Além disso, durante o curso, os profissionais reclamaram da falta de itens fundamentais para os atendimentos como medicamentos, barcos e gasolina para as visitas às aldeias”, explicou Martha.
A partir da experiência, as pesquisadoras trabalham para levar a capacitação para outros polos da Terra Yanomami e para outros distritos sanitários indígenas.
“Queremos desenvolver um pacote tecnológico, para que esse curso possa ser replicado em outras realidades. A malária no Brasil atualmente está concentrada nas áreas indígenas. Os determinantes da doença são diferentes em comparação com as áreas não indígenas e é fundamental ter interculturalidade para a construção de políticas de saúde que considerem as perspectivas dos povos originários”, afirmou Martha.
Além de desenvolver pesquisas em malária entre os Yanomamis, com o objetivo de contribuir para a definição de estratégias de controle, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) tem atuado na capacitação de equipes multiprofissionais de saúde indígena para o enfrentamento da doença.
Realizado em outubro de 2022, o ‘Curso para o controle da malária na área Yanomami’ teve a participação de cerca de 40 profissionais, dos sete polos do distrito sanitário indígena com maior incidência da doença.
O treinamento foi promovido pelo IOC em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI Yanomami), Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai/MS) e Secretaria de Estado de Saúde de Roraima (Sesau/RR). As atividades foram realizadas no campus da UFRR.
Os profissionais das equipes multidisciplinares de saúde indígena, que participaram do curso, são responsáveis por ações de diagnóstico, vigilância e tratamento da malária nas aldeias. Foto: AcervoAs pesquisadoras do IOC Martha Mutis, chefe do Laboratórios de Doenças Parasitárias, e Joseli Oliveira Ferreira, do Laboratório de Imunoparasitologia, coordenaram o curso. O convite para a realização do curso foi feito pelo pesquisador Paulo Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), que tem atuação de longa data na área.
Em duas semanas, os profissionais participaram de aulas teóricas e desenvolveram um plano para o controle da malária nas suas áreas de atuação. Entre os temas foram abordados os diferentes tipos de parasitos da malária, os casos graves e a recorrência da doença, além de formas de diagnóstico e tratamento.
De acordo com a pesquisadora Martha Mutis, chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC e coordenadora do curso, o objetivo foi consolidar conhecimentos sobre questões importantes para a tomada de decisões no dia a dia das equipes.
“As aldeias Yanomamis são isoladas e os profissionais que atuam nesses territórios precisam tomar as decisões em campo, com as ferramentas disponíveis. Por isso, é muito importante o treinamento das equipes”, ressalta a pesquisadora.
Após as aulas teóricas, as equipes receberam apoio dos docentes para elaboração de planos locais para controle da malária. Foto: AcervoA elaboração de planos para controle da malária na região busca adequar as estratégias à realidade das localidades.
“É necessário olhar para os determinantes de malária em cada área, como a presença do garimpo, atuação de missionários e outras características. Também é preciso considerar as condições de trabalho, como organizar as visitas a aldeias que ficam a dias de distância e o que fazer no campo em diferentes situações”, detalha a pesquisadora, acrescentando que a falta de infraestrutura para o combate à malária foi um problema relatado pelos participantes do curso.
Assim como o restante da população brasileira, os indígenas têm direito à atenção integral à saúde dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Para contemplar a diversidade social, cultural, geográfica e histórica dos povos indígenas, o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena foi estabelecido em 1999 e a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas foi publicada em 2002.
Para garantir esse atendimento, os Distritos Sanitários Especiais Indígenas são divididos em polos-base, que devem contar com equipes multiprofissionais de saúde. Além disso, agentes indígenas de saúde devem atuar nas aldeias.
No DSEI Yanomami são 37 polos-base. Porém, nos últimos anos, alguns foram fechados por falta de segurança devido à atuação de garimpeiros, conforme foi constatado na missão exploratória à região realizada em janeiro por autoridades do Governo Federal e por especialista em saúde.
“O garimpo limitou muito o trabalho das equipes de saúde na Terra Yanomami. Para reduzir os índices de malária, é preciso enfrentar esse problema, além de garantir os insumos e ter profissionais bem treinados”, ressaltou Martha.
A falta de insumos e de profissionais também prejudica a atenção à saúde dos povos indígenas. “O polo base não deveria ficar descoberto, mas, muitas vezes, fica sem equipe por um tempo. Além disso, durante o curso, os profissionais reclamaram da falta de itens fundamentais para os atendimentos como medicamentos, barcos e gasolina para as visitas às aldeias”, explicou Martha.
A partir da experiência, as pesquisadoras trabalham para levar a capacitação para outros polos da Terra Yanomami e para outros distritos sanitários indígenas.
“Queremos desenvolver um pacote tecnológico, para que esse curso possa ser replicado em outras realidades. A malária no Brasil atualmente está concentrada nas áreas indígenas. Os determinantes da doença são diferentes em comparação com as áreas não indígenas e é fundamental ter interculturalidade para a construção de políticas de saúde que considerem as perspectivas dos povos originários”, afirmou Martha.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)