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Combinação de antirretrovirais contra a Aids é mais eficaz

IOC colaborou no estudo sobre transmissão vertical do HIV, desenvolvido pelo Ipec e pela Universidade da Califórnia
Por Jornalismo IOC17/08/2012 - Atualizado em 10/12/2024

IOC colaborou no estudo sobre transmissão vertical do HIV, desenvolvido pelo Ipec e pela Universidade da Califórnia

Concluída a primeira fase, o estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) em parceira com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, já tem resultados que podem ajudar a reduzir pela metade o índice de bebês infectados pelo HIV no mundo. Os testes clínicos realizados com humanos comprovaram que a combinação de dois ou três antirretrovirais (nevirapina, nelfinavir e lamivudina) nas primeiras 48h de vida é duas vezes mais eficaz do que o uso de zidovudina (AZT) no corte da transmissão vertical. Atualmente, o uso do AZT é considerado o método mais eficaz de prevenção pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O artigo foi publicado na revista científica norte-americana The New England Journal of Medicine.

 

Gutemberg Brito

Combinação de antirretrovirais pode reduzir pela metade índice de infecções em recém-nascidos

 

A pesquisa teve início em 2004 e contou com a participação de 1.684 bebês nascidos de mães soropositivas que descobriram a doença pouco antes do parto e, por isso, não foram tratadas durante a gestação. Cerca de 70% das crianças eram brasileiras e coube ao Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC realizar todos os testes moleculares envolvendo diagnóstico e contagem da carga viral. O restante dos participantes era oriundo de países onde o AZT também é utilizado como principal método de prevenção: África do Sul, Argentina e EUA.

De acordo com a chefe do laboratório, Mariza Morgado, atual vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Instituto, a segunda fase dos estudos vai enfocar na análise da genotipagem dos bebês e das gestantes. Ela ressalta o aprendizado que a pesquisa propiciou. Esses estudos internacionais são extremamente rígidos e nossa participação nos proporcionou uma importante capacitação e um diferencial para a Instituição, o que permitirá integrar outros estudos internacionais do mesmo porte no futuro, disse.

Segundo o Boletim Epidemiológico da Aids de 2011, nos últimos dez anos houve uma queda de 40% nos casos notificados de transmissão vertical. No entanto, a incidência vem aumentando nas regiões Norte e Nordeste, e o número de bebês infectados por ano gira em torno de 500.


IOC na linha de frente contra o HIV

Do isolamento do vírus ao desenvolvimento de jogos educativos, há 25 anos o Instituto Oswaldo Cruz se dedica à produção de conhecimento na área.

Em 1987, o imunologista Bernardo Galvão e sua equipe de pesquisadores do IOC realizavam o primeiro isolamento do HIV-1 na América Latina, integrando um conjunto de estudos pioneiros na área tanto dentro como fora de Manguinhos. Desde então, já foram registrados 600 mil casos da doença somente no Brasil, a uma taxa de 34 mil novos casos ao ano. Hoje, pesquisadores de diversos laboratórios do IOC estão comprometidos com a produção de conhecimento na área. Resistência aos antirretrovirais, desenvolvimento de kits de diagnóstico, pesquisas clínicas sobre insumos, estudos experimentais sobre tipos e subtipos do vírus e coinfecção são algumas das abordagens realizadas.

 

Monika Barth/IOC

Vanguarda: primeira imagem brasileira do HIV foi obtida em 1987 pela pesquisadora Monika Barth, do Instituto Oswaldo Cruz

 

Uma das recentes conquistas na área foi o credenciamento do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que passou a ser Centro de Referência Nacional no Monitoramento da Resistência do HIV título que rendeu ao Brasil uma vaga na rede Global HIV Drug Resistance Network (HIVResnet).

Síndrome
No Laboratório de Aids e Imunologia Molecular, Mariza destaca a pesquisa sobre Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (Iris), que se manifesta em pacientes coinfectados com HIV e tuberculose ou outras comorbidades. A Iris é uma resposta inflamatória aguda do sistema imunológico, observada em pacientes que já estão respondendo positivamente à terapia antirretroviral. Paradoxalmente, a Iris agrava os sintomas das infecções, levando a uma piora do quadro geral. No Brasil, é observada uma ocorrência em torno de 10% dos casos de coinfecção HIV-tuberculose. No Camboja, já são 30%. Buscamos identificar os fenômenos imunológicos e os biomarcadores associados a este processo, além do impacto na evolução do quadro do paciente, explica Mariza. A pesquisa é apoiada pelo acordo Pasteur/Fiocruz e pela Agência Francesa de Pesquisas sobre Aids (ANRS) e é realizada em parceria com o Instituto Pasteur o primeiro, no mundo, a isolar e caracterizar o HIV-1.

Origens
No mesmo laboratório, o pesquisador Gonzalo Bello desenvolve estudos sobre evolução e dispersão geográfica do vírus. Em pesquisas recentes, ele verificou que o subtipo C, mais prevalente na região Sul do Brasil e no resto do mundo, corresponde à mesma variante que circula apenas em países do leste da África. Ou seja, uma localidade com a qual o Brasil nunca teve relações políticas ou sociais, por conta da ausência de ex-colônias portuguesas na região. Antes especulava-se que o vírus teria vindo da Angola ou de Moçambique. Agora, temos um enigma em mãos: saber como uma variante exclusiva daquela região chegou até o Brasil, disse. Já se sabe que o vírus foi introduzido no país entre 1970 e 1980 pelo Paraná e, logo depois, se disseminou para Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul, onde é responsável por 30% a 70% dos casos. Hoje, de acordo com Bello, o subtipo C está se espalhando para São Paulo, Rio de Janeiro e região Centro-Oeste.

Imunidade
O pesquisador Dumith Chequer Bou Habib, que integrou a equipe responsável pelo isolamento do vírus em 1987, lidera, hoje, no Laboratório de Pesquisa em Timo, estudos básicos e experimentais, voltados para a influência de células e moléculas da imunidade inata e adquirida sobre a replicação do HIV. De acordo com Bou Habib, algumas substâncias produzidas naturalmente pelo nosso sistema imunológico podem aumentar a replicação do vírus, enquanto outras produzem o efeito oposto, inibindo-a. No momento, estamos analisando o efeito que receptores do tipo Toll, além de neurotrofinas, neuropeptídeos e interleucinas, têm sobre o processo de replicação do HIV-1 em macrófagos e em linfócitos T, que são as células permissivas à infecção pelo vírus, explicou.

Coinfecção
No Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas, a coinfecção é o foco das investigações. A pesquisadora Alda Maria da Cruz destaca a recém concluída tese de doutorado da aluna Joana Reis Santos Oliveira, Imunopatogenia da coinfecção leishmania-HIV, orientada no programa de pós-graduação de Medicina Tropical. Foi constatado que tanto os portadores de leishmaniose visceral quanto os soropositivos sofrem uma diminuição da barreira imunológica do intestino, o que permite a passagem de toxinas produzidas pelas bactérias da flora para a circulação sanguínea. Esses produtos microbianos estimulam uma inflamação sistêmica e agravam a evolução da doença em casos de coinfecção, as consequências são ainda mais severas, explica Alda. Na pesquisa, foram analisadas as implicações do processo na resposta imunológica do paciente às terapias retrovirais. Tanto o Laboratório de Aids e Imunologia Molecular como o Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz), em Minas Gerais, atuam como parceiros nesta pesquisa.

Jogos educativos
Desenvolvidos pelo Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, o 'Zig-Zaids' e o 'Jogo da Onda' fornecem informações de forma lúdica e divertida, estimulando o debate sobre a transmissão e a prevenção do HIV/AIDS, bem como questões sociais e psicológicas relacionadas ao tema. Ressaltam, ainda, a importância da responsabilidade individual e coletiva, a relação da doença com as drogas e reforçam o respeito e a solidariedade que devem ser praticados com soropositivos. O 'Zig Zaids' é interativo e está disponível para download. Já o 'Jogo da Onda' tem o formato de cartas e tabuleiro. Saiba mais sobre ambos.

 

Isadora Marinho
17/08/2012

IOC colaborou no estudo sobre transmissão vertical do HIV, desenvolvido pelo Ipec e pela Universidade da Califórnia
Por: 
jornalismo

IOC colaborou no estudo sobre transmissão vertical do HIV, desenvolvido pelo Ipec e pela Universidade da Califórnia

Concluída a primeira fase, o estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) em parceira com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, já tem resultados que podem ajudar a reduzir pela metade o índice de bebês infectados pelo HIV no mundo. Os testes clínicos realizados com humanos comprovaram que a combinação de dois ou três antirretrovirais (nevirapina, nelfinavir e lamivudina) nas primeiras 48h de vida é duas vezes mais eficaz do que o uso de zidovudina (AZT) no corte da transmissão vertical. Atualmente, o uso do AZT é considerado o método mais eficaz de prevenção pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O artigo foi publicado na revista científica norte-americana The New England Journal of Medicine.

 

Gutemberg Brito

Combinação de antirretrovirais pode reduzir pela metade índice de infecções em recém-nascidos

 

A pesquisa teve início em 2004 e contou com a participação de 1.684 bebês nascidos de mães soropositivas que descobriram a doença pouco antes do parto e, por isso, não foram tratadas durante a gestação. Cerca de 70% das crianças eram brasileiras e coube ao Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC realizar todos os testes moleculares envolvendo diagnóstico e contagem da carga viral. O restante dos participantes era oriundo de países onde o AZT também é utilizado como principal método de prevenção: África do Sul, Argentina e EUA.

De acordo com a chefe do laboratório, Mariza Morgado, atual vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Instituto, a segunda fase dos estudos vai enfocar na análise da genotipagem dos bebês e das gestantes. Ela ressalta o aprendizado que a pesquisa propiciou. Esses estudos internacionais são extremamente rígidos e nossa participação nos proporcionou uma importante capacitação e um diferencial para a Instituição, o que permitirá integrar outros estudos internacionais do mesmo porte no futuro, disse.

Segundo o Boletim Epidemiológico da Aids de 2011, nos últimos dez anos houve uma queda de 40% nos casos notificados de transmissão vertical. No entanto, a incidência vem aumentando nas regiões Norte e Nordeste, e o número de bebês infectados por ano gira em torno de 500.

IOC na linha de frente contra o HIV

Do isolamento do vírus ao desenvolvimento de jogos educativos, há 25 anos o Instituto Oswaldo Cruz se dedica à produção de conhecimento na área.

Em 1987, o imunologista Bernardo Galvão e sua equipe de pesquisadores do IOC realizavam o primeiro isolamento do HIV-1 na América Latina, integrando um conjunto de estudos pioneiros na área tanto dentro como fora de Manguinhos. Desde então, já foram registrados 600 mil casos da doença somente no Brasil, a uma taxa de 34 mil novos casos ao ano. Hoje, pesquisadores de diversos laboratórios do IOC estão comprometidos com a produção de conhecimento na área. Resistência aos antirretrovirais, desenvolvimento de kits de diagnóstico, pesquisas clínicas sobre insumos, estudos experimentais sobre tipos e subtipos do vírus e coinfecção são algumas das abordagens realizadas.

 

Monika Barth/IOC

Vanguarda: primeira imagem brasileira do HIV foi obtida em 1987 pela pesquisadora Monika Barth, do Instituto Oswaldo Cruz

 

Uma das recentes conquistas na área foi o credenciamento do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que passou a ser Centro de Referência Nacional no Monitoramento da Resistência do HIV título que rendeu ao Brasil uma vaga na rede Global HIV Drug Resistance Network (HIVResnet).

Síndrome
No Laboratório de Aids e Imunologia Molecular, Mariza destaca a pesquisa sobre Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (Iris), que se manifesta em pacientes coinfectados com HIV e tuberculose ou outras comorbidades. A Iris é uma resposta inflamatória aguda do sistema imunológico, observada em pacientes que já estão respondendo positivamente à terapia antirretroviral. Paradoxalmente, a Iris agrava os sintomas das infecções, levando a uma piora do quadro geral. No Brasil, é observada uma ocorrência em torno de 10% dos casos de coinfecção HIV-tuberculose. No Camboja, já são 30%. Buscamos identificar os fenômenos imunológicos e os biomarcadores associados a este processo, além do impacto na evolução do quadro do paciente, explica Mariza. A pesquisa é apoiada pelo acordo Pasteur/Fiocruz e pela Agência Francesa de Pesquisas sobre Aids (ANRS) e é realizada em parceria com o Instituto Pasteur o primeiro, no mundo, a isolar e caracterizar o HIV-1.

Origens
No mesmo laboratório, o pesquisador Gonzalo Bello desenvolve estudos sobre evolução e dispersão geográfica do vírus. Em pesquisas recentes, ele verificou que o subtipo C, mais prevalente na região Sul do Brasil e no resto do mundo, corresponde à mesma variante que circula apenas em países do leste da África. Ou seja, uma localidade com a qual o Brasil nunca teve relações políticas ou sociais, por conta da ausência de ex-colônias portuguesas na região. Antes especulava-se que o vírus teria vindo da Angola ou de Moçambique. Agora, temos um enigma em mãos: saber como uma variante exclusiva daquela região chegou até o Brasil, disse. Já se sabe que o vírus foi introduzido no país entre 1970 e 1980 pelo Paraná e, logo depois, se disseminou para Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul, onde é responsável por 30% a 70% dos casos. Hoje, de acordo com Bello, o subtipo C está se espalhando para São Paulo, Rio de Janeiro e região Centro-Oeste.

Imunidade
O pesquisador Dumith Chequer Bou Habib, que integrou a equipe responsável pelo isolamento do vírus em 1987, lidera, hoje, no Laboratório de Pesquisa em Timo, estudos básicos e experimentais, voltados para a influência de células e moléculas da imunidade inata e adquirida sobre a replicação do HIV. De acordo com Bou Habib, algumas substâncias produzidas naturalmente pelo nosso sistema imunológico podem aumentar a replicação do vírus, enquanto outras produzem o efeito oposto, inibindo-a. No momento, estamos analisando o efeito que receptores do tipo Toll, além de neurotrofinas, neuropeptídeos e interleucinas, têm sobre o processo de replicação do HIV-1 em macrófagos e em linfócitos T, que são as células permissivas à infecção pelo vírus, explicou.

Coinfecção
No Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas, a coinfecção é o foco das investigações. A pesquisadora Alda Maria da Cruz destaca a recém concluída tese de doutorado da aluna Joana Reis Santos Oliveira, Imunopatogenia da coinfecção leishmania-HIV, orientada no programa de pós-graduação de Medicina Tropical. Foi constatado que tanto os portadores de leishmaniose visceral quanto os soropositivos sofrem uma diminuição da barreira imunológica do intestino, o que permite a passagem de toxinas produzidas pelas bactérias da flora para a circulação sanguínea. Esses produtos microbianos estimulam uma inflamação sistêmica e agravam a evolução da doença em casos de coinfecção, as consequências são ainda mais severas, explica Alda. Na pesquisa, foram analisadas as implicações do processo na resposta imunológica do paciente às terapias retrovirais. Tanto o Laboratório de Aids e Imunologia Molecular como o Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz), em Minas Gerais, atuam como parceiros nesta pesquisa.

Jogos educativos
Desenvolvidos pelo Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde, o 'Zig-Zaids' e o 'Jogo da Onda' fornecem informações de forma lúdica e divertida, estimulando o debate sobre a transmissão e a prevenção do HIV/AIDS, bem como questões sociais e psicológicas relacionadas ao tema. Ressaltam, ainda, a importância da responsabilidade individual e coletiva, a relação da doença com as drogas e reforçam o respeito e a solidariedade que devem ser praticados com soropositivos. O 'Zig Zaids' é interativo e está disponível para download. Já o 'Jogo da Onda' tem o formato de cartas e tabuleiro. Saiba mais sobre ambos.

 

Isadora Marinho
17/08/2012

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)