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Dois anos da declaração da pandemia de Covid-19

Instituto reafirma solidariedade às vítimas da doença e reforça compromisso de contribuir para a resposta brasileira à maior crise sanitária da história
Por Maíra Menezes11/03/2022 - Atualizado em 08/07/2022

A pandemia de Covid-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março do 2020, completa dois anos com a trágica marca de mais de 6 milhões de vidas perdidas e cerca de 450 milhões de casos registrados em todo o mundo. No Brasil, mais de 654 mil pessoas morreram e o número de casos confirmados passa de 29 milhões.

Nesta data, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) reafirma a sua solidariedade a todas as pessoas afetadas pela doença e o seu compromisso de contribuir para a resposta brasileira à maior crise sanitária da história. Mobilizados desde a emergência do SARS-CoV-2 em Wuhan, na China, os profissionais do IOC seguem atuando na referência laboratorial, em pesquisas científicas, na inovação e no desenvolvimento tecnológico, assim como no ensino, tendo como prioridade a defesa da vida.

Referência em vírus respiratórios junto ao Ministério da Saúde há décadas, o Instituto foi designado, pela OMS, como referência em Covid-19 nas Américas. Além disso, por meio da virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, integra o Grupo Consultivo Técnico da OMS sobre Evolução do Vírus SARS-CoV-2, um seleto comitê de especialistas que avalia as mutações no genoma do coronavírus e a emergência de variantes virais.

Contribuições de excelência

Pesquisas lideradas pelo IOC ou realizadas em colaboração com outras instituições expandiram a compreensão sobre a Covid-19, contemplando desde aspectos moleculares e celulares até fatores sociais e geográficos envolvidos na disseminação da doença.

Antes mesmo da chegada do coronavírus ao Brasil, pesquisadores do Instituto estabeleceram o diagnóstico da infecção no país. Para ampliar o acesso ao exame, os profissionais realizaram o treinamento de equipes de diversos estados brasileiros e de países da América Latina. Em parceria com instituições internacionais, desenvolveram também um novo protocolo para sequenciamento genético do patógeno e estudos sobre variantes virais, incluindo o trabalho que apontou maior risco de reinfecção pela cepa delta.

O sequenciamento genético de amostras do coronavírus é uma das ações desenvolvidas pelo IOC no enfrentamento da pandemia. Foto: Josué Damacena

No começo da pandemia, análises de genomas do coronavírus sugeriram que o vírus circulou de forma oculta, antes da detecção dos primeiros casos de infecção, tanto na China, como na Europa e nas Américas, incluindo o Brasil. Recentemente, por exemplo, confirmaram os primeiros casos da linhagem BA.2 da variante ômicron do coronavírus no Rio de Janeiro e em Santa Catarina.

Considerando a relevância do acompanhamento do genoma do SARS-CoV-2, pesquisadores de todas as unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil e de instituições parceiras se uniram na Rede Genômica Fiocruz, que vem contribuindo para caracterizar a circulação de variantes virais no país. Graças a essa união, pesquisadores da Rede Genômica acumulam contribuições de excelência. Por exemplo, os especialistas identificaram, ainda, que a variante ômicron representava mais de 95% dos casos sequenciados em janeiro deste ano no país.

Profissionais de nove países realizaram capacitação para diagnóstico da Covid-19 no IOC em fevereiro de 2020. Na época, não havia recomendação de uso de máscaras. Foto: Josué Damacena

Em parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), o IOC desenvolveu dois novos testes de diagnóstico que tiveram registro submetido à Anvisa este ano, sendo um para diferenciar os vírus da Influenza A, B e SARS-CoV-2 e outro para detectar as variantes alfa, beta, gama, delta e ômicron do SARS-CoV-2.

Trabalho que não para

Mecanismos biológicos envolvidos na Covid-19 também fizeram parte da gama de respostas de especialistas do IOC à pandemia. Em imagens de microscopia, com ampliação de até 200 mil vezes, os pesquisadores conseguiram registrar o momento exato de entrada do vírus nas células e observar um tipo de alteração na estrutura celular, provocada pelo SARS-CoV-2, que pode maximizar o processo de infecção.

Um estudo mostrou os efeitos da infecção no sistema imunológico, incluindo o envelhecimento de células de defesa chamadas de linfócitos T e a ativação de neutrófilos – um tipo de célula de defesa que pode influenciar a formação excessiva de coágulos sanguíneos. Impactos do vírus na dinâmica sanguínea também foram descritos pelos cientistas, que identificaram processos ligados à ativação de plaquetas em casos graves e óbitos.

Células infectadas apresentam prolongamentos de membrana, que promovem comunicação com células vizinhas. Em azul, partículas virias. Foto: LMMV/IOC/Fiocruz, LVRS/IOC/Fiocruz e Nulam/Inmetro

A importância dos distúrbios de coagulação na Covid-19 foi destacada em um artigo, que sugeriu a classificação da doença como febre viral trombótica. Outra publicação chamou atenção para as possíveis consequências da infecção na saúde mental, uma vez que alterações neurais, imunes e endócrinas estão relacionadas à infecção e ao distanciamento social.

Analisando a dinâmica da disseminação do coronavírus, cientistas identificaram fatores que o espalhamento da doença no território brasileiro foi favorecido pela introdução do vírus em grandes metrópoles, pelo livre tráfego nas rodovias e pela desigualdade na distribuição de leitos de terapia intensiva. Outra pesquisa indicou que, durante o primeiro ano da pandemia, as crianças atuaram pouco como fonte de infecção nas famílias, sendo mais frequentemente infectadas pelos adultos.

Análise de amostras de pacientes com diferentes apresentações da Covid-19 revelou impactos na dinâmica sanguínea. Foto: Josué Damacena

As evidências sobre a possibilidade de infecção de animais pelo SARS-CoV-2 foram reforçadas pelo achado de anticorpos contra o vírus em um cachorro e um gato no Rio de Janeiro.

Da vigilância ao tratamento

Estratégias de vigilância, prevenção, diagnóstico e tratamento da Covid-19 também estiveram no foco dos cientistas do IOC e parceiros. Um estudo realizado em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, mostrou, de forma pioneira, que monitorar a presença do SARS-CoV-2 em amostras de esgoto pode ser um sistema de alerta precoce para o surgimento de novos casos de Covid-19, permitindo ações de saúde pública e medidas de prevenção mais rápidas.

Atualmente em curso, uma pesquisa analisa a intercambialidade de vacinas da Covid-19, investigando a intensidade da resposta imune e a segurança das combinações dos imunizantes CoronaVac e AstraZeneca nas cinco regiões do Brasil. A eficácia das máscaras de proteção facial para impedir a transmissão do coronavírus foi reforçada em importante pesquisa. O estudo detectou partículas virais apenas na parte interna dos acessórios utilizados por pessoas infectadas, sugerindo bloqueio da transmissão.

Detecção de fragmentos do genoma do coronavírus em amostras de esgoto pode alertar para circulação da doença. Foto: Josué Damacena

Outra medida de prevenção da Covid-19, a higiene das mãos foi tema de um jogo online desenvolvido por cientistas e premiado no Concurso Rebeldias, promovido pela Rede Brasileira de Estudos Lúdicos (Rebel). Uma iniciativa inovadora para a higienização de superfícies também se mostrou promissora na etapa inicial de pesquisa, que confirmou o potencial da película de detergente para inativar um coronavírus aviário, semelhante ao SARS-CoV-2.

Além dos kits de diagnóstico recentemente desenvolvidos em parceria com Biomanguinhos/Fiocruz, duas inovações podem reduzir o custo e ampliar o acesso aos testes para detecção do SARS-CoV-2. Uma metodologia que torna mais barato o exame de RT-PCR, atualmente considerado como padrão-ouro para o diagnóstico da infecção, foi validada pelos pesquisadores e divulgada em artigo científico. Já um kit para diagnóstico que pode ser aplicado diretamente em unidades básicas de saúde, fornecendo resultado de forma rápida, barata e com alta precisão, foi desenvolvido e teve patente solicitada no Brasil.

Na busca por tratamentos capazes de agir contra o coronavírus, pesquisas avaliaram novas moléculas e substâncias já aplicadas em outras doenças. Responsáveis por regular diversas funções fisiológicas, dois neuropeptídeos mostraram-se capazes de inibir a replicação do SARS-CoV-2 em células do sistema imunológico e do tecido pulmonar. Experimentos com células também evidenciaram que os antivirais daclastavir, usado tratamento da hepatite C, e atazanavir, aplicado na terapia do HIV, foram capazes de inibir a replicação viral.

Testes de compostos contra o coronavírus foram realizados em laboratório com nível de biossegurança 3 (NB3). Foto: Josué Damacena

Por outro lado, a pesquisa CloroCovid-19 apontou que altas doses do medicamento cloroquina – usado tradicionalmente no tratamento da malária e de doenças reumáticas – não deverim ser administradas para pacientes com quadros graves de Covid-19 devido aos riscos de segurança.

Alertas e publicações

Com base em dados do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC, que atua na rede de monitoramento da resistência microbiana estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde, pesquisadores chamaram atenção para a alta de 300% na detecção de bactérias resistentes aos antibióticos durante a pandemia. Os cientistas enfatizaram a necessidade de conter o uso indiscriminado dos fármacos para combater a disseminação das chamadas superbactérias.

Diferentes publicações apresentaram ainda alertas relacionados ao risco de transmissão de doenças de origem animal, chamadas de zoonoses, que podem resultar em novas pandemias no futuro. Em um artigo, cientistas apontaram retrocessos nas políticas sociais e ambientais brasileiras e defenderam a criação de um sistema integrado de vigilância de doenças silvestres.

Número de amostras de bactérias resistentes a antibióticos recebidas em laboratório de referência triplicou na pandemia. Foto: Gutemberg Brito

Em outra publicação, destacaram a alta taxa de extinção de espécies e enfatizaram a importância de estudos de síntese científica, que integram diversas metodologias, para a proteção da biodiversidade e da saúde pública. Um guia com orientações sobre uso público e pesquisa científica em unidades de conservação e outros ambientes naturais também foi divulgado com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação nestas atividades.

No contexto de suspensão da maior parte das atividades escolares devido ao distanciamento social, uma Nota Técnica produzida com participação de docentes e discentes do IOC apresentou orientações para subsidiar ações de gestores e profissionais da educação na reestruturação do espaço escolar no contexto do pós-pandemia. Expressões artísticas relacionadas à pandemia, produzidas por estudantes, professores e pesquisadores do IOC e de outras instituições de ensino e pesquisa, também foram reunidas em um livro digital disponível para download gratuito.

O IOC agiu ainda para acelerar a divulgação de resultados científicos relacionados à pandemia e impulsionar o desenvolvimento de projetos inovadores. Mantido pelo Instituto, o periódico ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’ instituiu uma via expressa para publicação de artigos relacionados ao coronavírus, com divulgação em 24 horas. Inovações que contribuem para a resposta à emergência em saúde pública foram reunidas na ‘Vitrine Tecnológica IOC Covid-19’, que tem como objetivo aumentar a visibilidade das iniciativas e fomentar parcerias para a geração de produtos e processos.

Instituto reafirma solidariedade às vítimas da doença e reforça compromisso de contribuir para a resposta brasileira à maior crise sanitária da história
Por: 
maira

A pandemia de Covid-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março do 2020, completa dois anos com a trágica marca de mais de 6 milhões de vidas perdidas e cerca de 450 milhões de casos registrados em todo o mundo. No Brasil, mais de 654 mil pessoas morreram e o número de casos confirmados passa de 29 milhões.

Nesta data, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) reafirma a sua solidariedade a todas as pessoas afetadas pela doença e o seu compromisso de contribuir para a resposta brasileira à maior crise sanitária da história. Mobilizados desde a emergência do SARS-CoV-2 em Wuhan, na China, os profissionais do IOC seguem atuando na referência laboratorial, em pesquisas científicas, na inovação e no desenvolvimento tecnológico, assim como no ensino, tendo como prioridade a defesa da vida.

Referência em vírus respiratórios junto ao Ministério da Saúde há décadas, o Instituto foi designado, pela OMS, como referência em Covid-19 nas Américas. Além disso, por meio da virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, integra o Grupo Consultivo Técnico da OMS sobre Evolução do Vírus SARS-CoV-2, um seleto comitê de especialistas que avalia as mutações no genoma do coronavírus e a emergência de variantes virais.

Contribuições de excelência

Pesquisas lideradas pelo IOC ou realizadas em colaboração com outras instituições expandiram a compreensão sobre a Covid-19, contemplando desde aspectos moleculares e celulares até fatores sociais e geográficos envolvidos na disseminação da doença.

Antes mesmo da chegada do coronavírus ao Brasil, pesquisadores do Instituto estabeleceram o diagnóstico da infecção no país. Para ampliar o acesso ao exame, os profissionais realizaram o treinamento de equipes de diversos estados brasileiros e de países da América Latina. Em parceria com instituições internacionais, desenvolveram também um novo protocolo para sequenciamento genético do patógeno e estudos sobre variantes virais, incluindo o trabalho que apontou maior risco de reinfecção pela cepa delta.

O sequenciamento genético de amostras do coronavírus é uma das ações desenvolvidas pelo IOC no enfrentamento da pandemia. Foto: Josué Damacena

No começo da pandemia, análises de genomas do coronavírus sugeriram que o vírus circulou de forma oculta, antes da detecção dos primeiros casos de infecção, tanto na China, como na Europa e nas Américas, incluindo o Brasil. Recentemente, por exemplo, confirmaram os primeiros casos da linhagem BA.2 da variante ômicron do coronavírus no Rio de Janeiro e em Santa Catarina.

Considerando a relevância do acompanhamento do genoma do SARS-CoV-2, pesquisadores de todas as unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil e de instituições parceiras se uniram na Rede Genômica Fiocruz, que vem contribuindo para caracterizar a circulação de variantes virais no país. Graças a essa união, pesquisadores da Rede Genômica acumulam contribuições de excelência. Por exemplo, os especialistas identificaram, ainda, que a variante ômicron representava mais de 95% dos casos sequenciados em janeiro deste ano no país.

Profissionais de nove países realizaram capacitação para diagnóstico da Covid-19 no IOC em fevereiro de 2020. Na época, não havia recomendação de uso de máscaras. Foto: Josué Damacena

Em parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), o IOC desenvolveu dois novos testes de diagnóstico que tiveram registro submetido à Anvisa este ano, sendo um para diferenciar os vírus da Influenza A, B e SARS-CoV-2 e outro para detectar as variantes alfa, beta, gama, delta e ômicron do SARS-CoV-2.

Trabalho que não para

Mecanismos biológicos envolvidos na Covid-19 também fizeram parte da gama de respostas de especialistas do IOC à pandemia. Em imagens de microscopia, com ampliação de até 200 mil vezes, os pesquisadores conseguiram registrar o momento exato de entrada do vírus nas células e observar um tipo de alteração na estrutura celular, provocada pelo SARS-CoV-2, que pode maximizar o processo de infecção.

Um estudo mostrou os efeitos da infecção no sistema imunológico, incluindo o envelhecimento de células de defesa chamadas de linfócitos T e a ativação de neutrófilos – um tipo de célula de defesa que pode influenciar a formação excessiva de coágulos sanguíneos. Impactos do vírus na dinâmica sanguínea também foram descritos pelos cientistas, que identificaram processos ligados à ativação de plaquetas em casos graves e óbitos.

Células infectadas apresentam prolongamentos de membrana, que promovem comunicação com células vizinhas. Em azul, partículas virias. Foto: LMMV/IOC/Fiocruz, LVRS/IOC/Fiocruz e Nulam/Inmetro

A importância dos distúrbios de coagulação na Covid-19 foi destacada em um artigo, que sugeriu a classificação da doença como febre viral trombótica. Outra publicação chamou atenção para as possíveis consequências da infecção na saúde mental, uma vez que alterações neurais, imunes e endócrinas estão relacionadas à infecção e ao distanciamento social.

Analisando a dinâmica da disseminação do coronavírus, cientistas identificaram fatores que o espalhamento da doença no território brasileiro foi favorecido pela introdução do vírus em grandes metrópoles, pelo livre tráfego nas rodovias e pela desigualdade na distribuição de leitos de terapia intensiva. Outra pesquisa indicou que, durante o primeiro ano da pandemia, as crianças atuaram pouco como fonte de infecção nas famílias, sendo mais frequentemente infectadas pelos adultos.

Análise de amostras de pacientes com diferentes apresentações da Covid-19 revelou impactos na dinâmica sanguínea. Foto: Josué Damacena

As evidências sobre a possibilidade de infecção de animais pelo SARS-CoV-2 foram reforçadas pelo achado de anticorpos contra o vírus em um cachorro e um gato no Rio de Janeiro.

Da vigilância ao tratamento

Estratégias de vigilância, prevenção, diagnóstico e tratamento da Covid-19 também estiveram no foco dos cientistas do IOC e parceiros. Um estudo realizado em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, mostrou, de forma pioneira, que monitorar a presença do SARS-CoV-2 em amostras de esgoto pode ser um sistema de alerta precoce para o surgimento de novos casos de Covid-19, permitindo ações de saúde pública e medidas de prevenção mais rápidas.

Atualmente em curso, uma pesquisa analisa a intercambialidade de vacinas da Covid-19, investigando a intensidade da resposta imune e a segurança das combinações dos imunizantes CoronaVac e AstraZeneca nas cinco regiões do Brasil. A eficácia das máscaras de proteção facial para impedir a transmissão do coronavírus foi reforçada em importante pesquisa. O estudo detectou partículas virais apenas na parte interna dos acessórios utilizados por pessoas infectadas, sugerindo bloqueio da transmissão.

Detecção de fragmentos do genoma do coronavírus em amostras de esgoto pode alertar para circulação da doença. Foto: Josué Damacena

Outra medida de prevenção da Covid-19, a higiene das mãos foi tema de um jogo online desenvolvido por cientistas e premiado no Concurso Rebeldias, promovido pela Rede Brasileira de Estudos Lúdicos (Rebel). Uma iniciativa inovadora para a higienização de superfícies também se mostrou promissora na etapa inicial de pesquisa, que confirmou o potencial da película de detergente para inativar um coronavírus aviário, semelhante ao SARS-CoV-2.

Além dos kits de diagnóstico recentemente desenvolvidos em parceria com Biomanguinhos/Fiocruz, duas inovações podem reduzir o custo e ampliar o acesso aos testes para detecção do SARS-CoV-2. Uma metodologia que torna mais barato o exame de RT-PCR, atualmente considerado como padrão-ouro para o diagnóstico da infecção, foi validada pelos pesquisadores e divulgada em artigo científico. Já um kit para diagnóstico que pode ser aplicado diretamente em unidades básicas de saúde, fornecendo resultado de forma rápida, barata e com alta precisão, foi desenvolvido e teve patente solicitada no Brasil.

Na busca por tratamentos capazes de agir contra o coronavírus, pesquisas avaliaram novas moléculas e substâncias já aplicadas em outras doenças. Responsáveis por regular diversas funções fisiológicas, dois neuropeptídeos mostraram-se capazes de inibir a replicação do SARS-CoV-2 em células do sistema imunológico e do tecido pulmonar. Experimentos com células também evidenciaram que os antivirais daclastavir, usado tratamento da hepatite C, e atazanavir, aplicado na terapia do HIV, foram capazes de inibir a replicação viral.

Testes de compostos contra o coronavírus foram realizados em laboratório com nível de biossegurança 3 (NB3). Foto: Josué Damacena

Por outro lado, a pesquisa CloroCovid-19 apontou que altas doses do medicamento cloroquina – usado tradicionalmente no tratamento da malária e de doenças reumáticas – não deverim ser administradas para pacientes com quadros graves de Covid-19 devido aos riscos de segurança.

Alertas e publicações

Com base em dados do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do IOC, que atua na rede de monitoramento da resistência microbiana estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde, pesquisadores chamaram atenção para a alta de 300% na detecção de bactérias resistentes aos antibióticos durante a pandemia. Os cientistas enfatizaram a necessidade de conter o uso indiscriminado dos fármacos para combater a disseminação das chamadas superbactérias.

Diferentes publicações apresentaram ainda alertas relacionados ao risco de transmissão de doenças de origem animal, chamadas de zoonoses, que podem resultar em novas pandemias no futuro. Em um artigo, cientistas apontaram retrocessos nas políticas sociais e ambientais brasileiras e defenderam a criação de um sistema integrado de vigilância de doenças silvestres.

Número de amostras de bactérias resistentes a antibióticos recebidas em laboratório de referência triplicou na pandemia. Foto: Gutemberg Brito

Em outra publicação, destacaram a alta taxa de extinção de espécies e enfatizaram a importância de estudos de síntese científica, que integram diversas metodologias, para a proteção da biodiversidade e da saúde pública. Um guia com orientações sobre uso público e pesquisa científica em unidades de conservação e outros ambientes naturais também foi divulgado com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação nestas atividades.

No contexto de suspensão da maior parte das atividades escolares devido ao distanciamento social, uma Nota Técnica produzida com participação de docentes e discentes do IOC apresentou orientações para subsidiar ações de gestores e profissionais da educação na reestruturação do espaço escolar no contexto do pós-pandemia. Expressões artísticas relacionadas à pandemia, produzidas por estudantes, professores e pesquisadores do IOC e de outras instituições de ensino e pesquisa, também foram reunidas em um livro digital disponível para download gratuito.

O IOC agiu ainda para acelerar a divulgação de resultados científicos relacionados à pandemia e impulsionar o desenvolvimento de projetos inovadores. Mantido pelo Instituto, o periódico ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’ instituiu uma via expressa para publicação de artigos relacionados ao coronavírus, com divulgação em 24 horas. Inovações que contribuem para a resposta à emergência em saúde pública foram reunidas na ‘Vitrine Tecnológica IOC Covid-19’, que tem como objetivo aumentar a visibilidade das iniciativas e fomentar parcerias para a geração de produtos e processos.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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