Faleceu na quarta-feira, 20 de novembro, aos 87 anos, o pesquisador aposentado Ernesto Hofer, um dos maiores especialistas em microbiologia do Brasil.
Aluno na década de 1960 dos Cursos de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), iniciativa considerada a raiz da pós-graduação brasileira, Ernesto seguiu longa e produtiva carreira no Instituto, onde ingressou em 1962.
Graduado em veterinária pela Escola Nacional de Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), ele escolheu a bacteriologia para trilhar sua carreira científica no IOC, onde atuou como chefe do Departamento de Bacteriologia (1980-1991) e do Laboratório de Zoonoses Bacterianas (1994-2015), com diversos artigos publicados e alunos orientados.
Hofer fez especialização em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e livre docências de Bacteriologia Médica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e de Higiene em Saúde Pública pela UFRRJ.
O bacteriologista atuou na formação de estudantes em diversas partes do país. Foi professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e UFRRJ.
Recentemente, Ernesto foi homenageado na terceira edição do projeto de memória 'Somos Manguinhos', que abordou a importância dos Cursos de Aplicação do IOC na formação de especialistas para a Ciência e a Saúde nacionais.
Em momento de descontração durante o 'Somos Manguinhos', Ernesto relembrou suas vivências durante as aulas dos Cursos de Aplicação. Foto: Gutemberg BritoNa ocasião, ele contou que ingressou no Instituto a partir de convite do sanitarista Domingos Arthur Machado Filho e que foi trabalhar com o pesquisador Gobert Araújo Costa na então Seção de Bacteriologia do Instituto Oswaldo Cruz.
“Tentei estudar para a parte de anatomia patológica, mas não tive a oportunidade de seguir. Quando tive contato com o Dr. Gobert, comentei que queria fazer leptospirose. Mas ele disse que não tinha leptospira e me direcionou para enterobactérias”, lembrou, sinalizando a forma ‘acidental’ que ingressou nos Cursos de Aplicação e no campo de estudo que o levou a ser um dos expoentes da área.
"Foi muito bom, tirei muito proveito. Conhecemos toda a estrutura do IOC com os melhores especialistas. Estavam nos ofertando os melhores ensinamentos”, recordou sobre as aulas.
Ernesto também detalhou um pouco a rotina de estudos e pesquisas.
“Na parte da manhã, havia a frequência em laboratório. À tarde, tínhamos como obrigatoriedade o curso, sem hora para acabar, porque, às vezes, tínhamos surpresas. O professor Olympio da Fonseca Filho trazia ratazanas da área do cais do porto para que fizéssemos coleta de material para pesquisa de protozoários intestinais”, comentou.
Durante a homenagem, a atual chefe do Laboratório de Zoonoses Bacterianas, Deyse Christina Vallim da Silva, expressou seu agradecimento pelos anos de aprendizado ao lado de Ernesto.
"Passei no concurso de 2006 e fui para o Laboratório de Zoonoses Bacterianas e me apresentei para o Dr. Ernesto. Foi muita emoção. Para mim, ele sempre foi o ‘Papa da Microbiologia’. Ele me acolheu de uma forma muito carinhosa e atenciosa”, disse.
“Dr. Ernesto sempre chegava muito cedo e passava pelas salas contando histórias. Ficávamos ansiosos por esse momento”, rememorou.
“Ele sempre foi um visionário. Desde a década de 1970, mantinha e preservava culturas de Listeria, que hoje representam a biodiversidade e a histórica da Listeriose no país”, afirmou Deyse, que atua como curadora da Coleção de Listeria, cujo acervo é composto por mais de 2 mil cepas de bactérias, isoladas de diversas fontes e diversos estados.
Ernesto e equipe do Laboratório de Zoonoses Bacterianas. Foto: Gutemberg Brito"Atualmente, estou chefe do Laboratório e espero manter o legado que ele nos deixou e fazer o melhor possível”, disse emocionada.
Faleceu na quarta-feira, 20 de novembro, aos 87 anos, o pesquisador aposentado Ernesto Hofer, um dos maiores especialistas em microbiologia do Brasil.
Aluno na década de 1960 dos Cursos de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), iniciativa considerada a raiz da pós-graduação brasileira, Ernesto seguiu longa e produtiva carreira no Instituto, onde ingressou em 1962.
Graduado em veterinária pela Escola Nacional de Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), ele escolheu a bacteriologia para trilhar sua carreira científica no IOC, onde atuou como chefe do Departamento de Bacteriologia (1980-1991) e do Laboratório de Zoonoses Bacterianas (1994-2015), com diversos artigos publicados e alunos orientados.
Hofer fez especialização em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e livre docências de Bacteriologia Médica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e de Higiene em Saúde Pública pela UFRRJ.
O bacteriologista atuou na formação de estudantes em diversas partes do país. Foi professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e UFRRJ.
Recentemente, Ernesto foi homenageado na terceira edição do projeto de memória 'Somos Manguinhos', que abordou a importância dos Cursos de Aplicação do IOC na formação de especialistas para a Ciência e a Saúde nacionais.
Em momento de descontração durante o 'Somos Manguinhos', Ernesto relembrou suas vivências durante as aulas dos Cursos de Aplicação. Foto: Gutemberg BritoNa ocasião, ele contou que ingressou no Instituto a partir de convite do sanitarista Domingos Arthur Machado Filho e que foi trabalhar com o pesquisador Gobert Araújo Costa na então Seção de Bacteriologia do Instituto Oswaldo Cruz.
“Tentei estudar para a parte de anatomia patológica, mas não tive a oportunidade de seguir. Quando tive contato com o Dr. Gobert, comentei que queria fazer leptospirose. Mas ele disse que não tinha leptospira e me direcionou para enterobactérias”, lembrou, sinalizando a forma ‘acidental’ que ingressou nos Cursos de Aplicação e no campo de estudo que o levou a ser um dos expoentes da área.
"Foi muito bom, tirei muito proveito. Conhecemos toda a estrutura do IOC com os melhores especialistas. Estavam nos ofertando os melhores ensinamentos”, recordou sobre as aulas.
Ernesto também detalhou um pouco a rotina de estudos e pesquisas.
“Na parte da manhã, havia a frequência em laboratório. À tarde, tínhamos como obrigatoriedade o curso, sem hora para acabar, porque, às vezes, tínhamos surpresas. O professor Olympio da Fonseca Filho trazia ratazanas da área do cais do porto para que fizéssemos coleta de material para pesquisa de protozoários intestinais”, comentou.
Durante a homenagem, a atual chefe do Laboratório de Zoonoses Bacterianas, Deyse Christina Vallim da Silva, expressou seu agradecimento pelos anos de aprendizado ao lado de Ernesto.
"Passei no concurso de 2006 e fui para o Laboratório de Zoonoses Bacterianas e me apresentei para o Dr. Ernesto. Foi muita emoção. Para mim, ele sempre foi o ‘Papa da Microbiologia’. Ele me acolheu de uma forma muito carinhosa e atenciosa”, disse.
“Dr. Ernesto sempre chegava muito cedo e passava pelas salas contando histórias. Ficávamos ansiosos por esse momento”, rememorou.
“Ele sempre foi um visionário. Desde a década de 1970, mantinha e preservava culturas de Listeria, que hoje representam a biodiversidade e a histórica da Listeriose no país”, afirmou Deyse, que atua como curadora da Coleção de Listeria, cujo acervo é composto por mais de 2 mil cepas de bactérias, isoladas de diversas fontes e diversos estados.
Ernesto e equipe do Laboratório de Zoonoses Bacterianas. Foto: Gutemberg Brito"Atualmente, estou chefe do Laboratório e espero manter o legado que ele nos deixou e fazer o melhor possível”, disse emocionada.
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)