Se a saúde pública é um desafio sem fronteiras, a ciência deve cruzar oceanos e idiomas para transformar descobertas em soluções compartilhadas que alcancem toda a população, em especial, aqueles que mais precisam.
Em sintonia com a nova Vice-Presidência de Saúde Global da Fiocruz (VPSGRI), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) implementou em sua estrutura organizacional a Coordenação de Relações Internacionais (CRI). A pasta nasce para ampliar as oportunidades de cooperação científica, fortalecer redes de pesquisa e projetar a ciência brasileira no cenário internacional.
À frente da nova estrutura, o gestor Carlos Eduardo Rocha explica que a Coordenação abre novos caminhos de colaboração e financiamento.
“O objetivo é alinhar o IOC à estratégia internacional da Fiocruz, coordenando as atividades de cooperação e promovendo novas parcerias com entidades do exterior, principalmente mirando a captação de recursos por meio de consórcios internacionais e projetos bilaterais ou multilaterais”, resume.
A iniciativa está de acordo com a Política de Internacionalização da Fiocruz, que reconhece a cooperação internacional como um vetor essencial para o fortalecimento da ciência, da educação, da inovação e da diplomacia da saúde.

Segundo Rocha, a tendência é que a Coordenação atue como uma ponte permanente, estimulando a criação de projetos globais em diferentes áreas do IOC.
“Queremos estar ao lado do pesquisador, não apenas na formalização de instrumentos, mas também provocando novas oportunidades”, complementa.
Integram a equipe os pesquisadores Anna Cristina Carvalho, José Carlos Couto e Vanessa Salete de Paula — como assessores científicos — e Cecília Siliansky de Andreazzi e José Cordeiro — como assessores internacionais. Completam o time as analistas de gestão Debora Parada e Lizandra Diniz.
A criação da Coordenação de Relações Internacionais é mais um capítulo de uma história que acompanha o Instituto Oswaldo Cruz desde a sua origem.
Como lembra a diretora Tania Araujo-Jorge, a vocação internacional do IOC remonta ao próprio Oswaldo Cruz, que se formou no Instituto Pasteur, em Paris, e foi indicado pela instituição francesa para dirigir o então Instituto Soroterápico, no início do século XX.
“Em 125 anos de história, acumulamos relações de pesquisa com o mundo todo, em todos os continentes, além de inúmeras parcerias de ensino”, conta Tania.
Ao citar o artigo ‘Notícia histórica sobre a fundação do Instituto Oswaldo Cruz’, escrito pelo ex-diretor Henrique Aragão e que conta a história dos primeiros anos do IOC, Tania explica que a internacionalização é pilar histórico do Instituto e foi, desde o início, estimulada por Oswaldo.
À frente do Instituto Soroterápico, Oswaldo enviou e recebeu pesquisadores em intercâmbio, acolheu missões científicas europeias e projetou resultados em exposições internacionais.
Desde então, a ciência feita em Manguinhos nunca ficou restrita às fronteiras nacionais.

Atualmente, o IOC conta com diversos cientistas e estudantes realizando pesquisas e estudos em laboratórios estrangeiros e possui acordos de cooperação com instituições da Europa, Estados Unidos, África e Ásia.
Para Tânia, esse histórico serve de alicerce para o novo momento, em que a internacionalização deixa de depender da iniciativa individual dos pesquisadores para ganhar planejamento e apoio institucional.
Com a nova equipe, as trocas científicas passam a ser estimuladas, registradas e articuladas pela Coordenação, garantindo mais fôlego para captar recursos e criar parcerias de longo prazo.
Entre as prioridades da Coordenação, está a Plataforma Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS). O projeto é coordenado pelo IOC e pela Universidade de Aveiro, em Portugal. Desde maio de 2021, opera com presença física em um escritório no Parque de Ciência e Inovação de Aveiro, com instalações preparadas para receber pesquisadores e pessoas inovadoras de todo o mundo.
Na prática, a plataforma funciona como centro de pesquisa, ensino, inovação, desenvolvimento tecnológico e empreendedorismo em saúde. Do ponto de vista técnico-jurídico, ela foi concebida sob o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil e constituída como ‘pessoa jurídica’ em Portugal, o que lhe permite acessar editais e receber financiamentos europeus.
“Toda a validação do processo foi fruto de muito diálogo com a delegação da União Europeia e com a Embaixada de Portugal em Brasília, além de negociações com outros consulados e com organismos multilaterais também que apoiam a iniciativa”, detalha Carlos Eduardo Rocha.

A presença física da plataforma em Portugal tem sido decisiva para solidificar os acordos internacionais. O pesquisador José Cordeiro, que é oriundo da Fiocruz Ceará, atualmente reside no país europeu e representa a nova Coordenação no continente, destaca o potencial da PICTIS em aproximar pesquisadores brasileiros de chamadas internacionais.
“Passamos de uma cooperação de idas e vindas para estar presente no dia a dia. A presença física foi uma virada de chave, porque podemos participar de missões oficiais, reuniões e eventos, além de estar visíveis para novos parceiros”, afirma.
O primeiro projeto captado pela PICTIS é o Mosaic, liderado pelo Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento da França (IRD, na sigla em francês) e composto por 15 organizações. A iniciativa atua em vigilância em saúde, relações entre saúde e ambiente, ciência aberta e fortalecimento de sistemas nacionais de saúde, com ações na Amazônia, África e Europa.

Tania aponta que o Mosaic alavancou a capacidade de relação do IOC com vários grupos no exterior. Experiências como essa, segundo ela, reforçam o propósito da nova Coordenação: organizar e ampliar uma tradição centenária de cooperação, preparando o IOC para enfrentar desafios globais.
“Com o Mosaic, construímos o caminho enquanto avançamos, seja na elaboração de projetos à captação de recursos, seja na gestão via PICTIS à descentralização de orçamento e ações. Estamos ganhando muito com essa experiência”, conta.
Segundo a assessora científica da Coordenação de Relações Internacionais e coordenadora da Pós-graduação em Medicina Tropical do IOC, Vanessa Salete de Paula, a internacionalização é vital para qualificar a formação no Instituto e ampliar redes de pesquisa.
“A internacionalização é um critério central da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a Capes, neste quadriênio (2025–2029). Muitos acordos nascem no ensino, pela mobilidade de professores e alunos e pela procura crescente de estudantes estrangeiros”, explica.
Além de atrair recursos e expertise, a interação com outros países acelera projetos, diversifica metodologias, melhora indicadores dos Programas de Pós-graduação e abre portas para parcerias estruturantes com o Sul Global (África e América Latina), alinhadas às prioridades nacionais.
“Internacionalizar é mão dupla. Enviar nossos estudantes e receber pessoas de fora são práticas que fortalecem a formação e a pesquisa e criam parcerias estruturantes no curto, médio e longo prazo”, resume.
A nova Coordenação também é formada por cientistas — profissionais que conhecem o ritmo do laboratório, os prazos de projeto e as dificuldades da bancada. Esse ‘olhar de dentro’ tende a destravar negociações e encurtar caminhos na formalização de acordos.
“Um papel central da Coordenação é tirar peso burocrático do pesquisador: enfrentar gargalos de insumos e logística, agilizar processos e deixar o especialista livre para pesquisar. Em um cenário de restrição de recursos, isso exige criatividade e articulação”, conta José Carlos Couto, pesquisador do Laboratório de AIDS e Imunologia Molecular e membro da nova Coordenação.

A pasta também se apoia na experiência de quem já conduz acordos internacionais dentro do Instituto. A pesquisadora Anna Cristina Carvalho, que atuou na antiga Coordenação de Cooperação Institucional, apontou outros projetos internacionais que já estão em andamento, como a atualização do mapa entomológico de Angola.
“O Brasil tem enorme potencial científico, mas também fragilidades. Participar de projetos internacionais nos permite aprender com centros mais desenvolvidos e, ao mesmo tempo, apoiar países que ainda estão em fase de desenvolvimento. Em grupo, a força é muito maior”, avalia.
A Coordenação, instituída por Portaria interna (PORTARIA IOC Nº 82, de 03 de outubro de 2025), pretende expandir a PICTIS com novas parcerias, além de lançar um repositório bilíngue de acordos e resultados. A meta é dar ritmo e governança às cooperações para gerar entregas frequentes, mensuráveis e de longo prazo, em consonância às diretrizes da VPSGR.
A nova Coordenação de Relações Internacionais está localizada no Pavilhão Paulo Sarmento, no terceiro andar. Contato pelo e-mail: internacional@ioc.fiocruz.br
Se a saúde pública é um desafio sem fronteiras, a ciência deve cruzar oceanos e idiomas para transformar descobertas em soluções compartilhadas que alcancem toda a população, em especial, aqueles que mais precisam.
Em sintonia com a nova Vice-Presidência de Saúde Global da Fiocruz (VPSGRI), o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) implementou em sua estrutura organizacional a Coordenação de Relações Internacionais (CRI). A pasta nasce para ampliar as oportunidades de cooperação científica, fortalecer redes de pesquisa e projetar a ciência brasileira no cenário internacional.
À frente da nova estrutura, o gestor Carlos Eduardo Rocha explica que a Coordenação abre novos caminhos de colaboração e financiamento.
“O objetivo é alinhar o IOC à estratégia internacional da Fiocruz, coordenando as atividades de cooperação e promovendo novas parcerias com entidades do exterior, principalmente mirando a captação de recursos por meio de consórcios internacionais e projetos bilaterais ou multilaterais”, resume.
A iniciativa está de acordo com a Política de Internacionalização da Fiocruz, que reconhece a cooperação internacional como um vetor essencial para o fortalecimento da ciência, da educação, da inovação e da diplomacia da saúde.

Segundo Rocha, a tendência é que a Coordenação atue como uma ponte permanente, estimulando a criação de projetos globais em diferentes áreas do IOC.
“Queremos estar ao lado do pesquisador, não apenas na formalização de instrumentos, mas também provocando novas oportunidades”, complementa.
Integram a equipe os pesquisadores Anna Cristina Carvalho, José Carlos Couto e Vanessa Salete de Paula — como assessores científicos — e Cecília Siliansky de Andreazzi e José Cordeiro — como assessores internacionais. Completam o time as analistas de gestão Debora Parada e Lizandra Diniz.
A criação da Coordenação de Relações Internacionais é mais um capítulo de uma história que acompanha o Instituto Oswaldo Cruz desde a sua origem.
Como lembra a diretora Tania Araujo-Jorge, a vocação internacional do IOC remonta ao próprio Oswaldo Cruz, que se formou no Instituto Pasteur, em Paris, e foi indicado pela instituição francesa para dirigir o então Instituto Soroterápico, no início do século XX.
“Em 125 anos de história, acumulamos relações de pesquisa com o mundo todo, em todos os continentes, além de inúmeras parcerias de ensino”, conta Tania.
Ao citar o artigo ‘Notícia histórica sobre a fundação do Instituto Oswaldo Cruz’, escrito pelo ex-diretor Henrique Aragão e que conta a história dos primeiros anos do IOC, Tania explica que a internacionalização é pilar histórico do Instituto e foi, desde o início, estimulada por Oswaldo.
À frente do Instituto Soroterápico, Oswaldo enviou e recebeu pesquisadores em intercâmbio, acolheu missões científicas europeias e projetou resultados em exposições internacionais.
Desde então, a ciência feita em Manguinhos nunca ficou restrita às fronteiras nacionais.

Atualmente, o IOC conta com diversos cientistas e estudantes realizando pesquisas e estudos em laboratórios estrangeiros e possui acordos de cooperação com instituições da Europa, Estados Unidos, África e Ásia.
Para Tânia, esse histórico serve de alicerce para o novo momento, em que a internacionalização deixa de depender da iniciativa individual dos pesquisadores para ganhar planejamento e apoio institucional.
Com a nova equipe, as trocas científicas passam a ser estimuladas, registradas e articuladas pela Coordenação, garantindo mais fôlego para captar recursos e criar parcerias de longo prazo.
Entre as prioridades da Coordenação, está a Plataforma Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS). O projeto é coordenado pelo IOC e pela Universidade de Aveiro, em Portugal. Desde maio de 2021, opera com presença física em um escritório no Parque de Ciência e Inovação de Aveiro, com instalações preparadas para receber pesquisadores e pessoas inovadoras de todo o mundo.
Na prática, a plataforma funciona como centro de pesquisa, ensino, inovação, desenvolvimento tecnológico e empreendedorismo em saúde. Do ponto de vista técnico-jurídico, ela foi concebida sob o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil e constituída como ‘pessoa jurídica’ em Portugal, o que lhe permite acessar editais e receber financiamentos europeus.
“Toda a validação do processo foi fruto de muito diálogo com a delegação da União Europeia e com a Embaixada de Portugal em Brasília, além de negociações com outros consulados e com organismos multilaterais também que apoiam a iniciativa”, detalha Carlos Eduardo Rocha.

A presença física da plataforma em Portugal tem sido decisiva para solidificar os acordos internacionais. O pesquisador José Cordeiro, que é oriundo da Fiocruz Ceará, atualmente reside no país europeu e representa a nova Coordenação no continente, destaca o potencial da PICTIS em aproximar pesquisadores brasileiros de chamadas internacionais.
“Passamos de uma cooperação de idas e vindas para estar presente no dia a dia. A presença física foi uma virada de chave, porque podemos participar de missões oficiais, reuniões e eventos, além de estar visíveis para novos parceiros”, afirma.
O primeiro projeto captado pela PICTIS é o Mosaic, liderado pelo Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento da França (IRD, na sigla em francês) e composto por 15 organizações. A iniciativa atua em vigilância em saúde, relações entre saúde e ambiente, ciência aberta e fortalecimento de sistemas nacionais de saúde, com ações na Amazônia, África e Europa.

Tania aponta que o Mosaic alavancou a capacidade de relação do IOC com vários grupos no exterior. Experiências como essa, segundo ela, reforçam o propósito da nova Coordenação: organizar e ampliar uma tradição centenária de cooperação, preparando o IOC para enfrentar desafios globais.
“Com o Mosaic, construímos o caminho enquanto avançamos, seja na elaboração de projetos à captação de recursos, seja na gestão via PICTIS à descentralização de orçamento e ações. Estamos ganhando muito com essa experiência”, conta.
Segundo a assessora científica da Coordenação de Relações Internacionais e coordenadora da Pós-graduação em Medicina Tropical do IOC, Vanessa Salete de Paula, a internacionalização é vital para qualificar a formação no Instituto e ampliar redes de pesquisa.
“A internacionalização é um critério central da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, a Capes, neste quadriênio (2025–2029). Muitos acordos nascem no ensino, pela mobilidade de professores e alunos e pela procura crescente de estudantes estrangeiros”, explica.
Além de atrair recursos e expertise, a interação com outros países acelera projetos, diversifica metodologias, melhora indicadores dos Programas de Pós-graduação e abre portas para parcerias estruturantes com o Sul Global (África e América Latina), alinhadas às prioridades nacionais.
“Internacionalizar é mão dupla. Enviar nossos estudantes e receber pessoas de fora são práticas que fortalecem a formação e a pesquisa e criam parcerias estruturantes no curto, médio e longo prazo”, resume.
A nova Coordenação também é formada por cientistas — profissionais que conhecem o ritmo do laboratório, os prazos de projeto e as dificuldades da bancada. Esse ‘olhar de dentro’ tende a destravar negociações e encurtar caminhos na formalização de acordos.
“Um papel central da Coordenação é tirar peso burocrático do pesquisador: enfrentar gargalos de insumos e logística, agilizar processos e deixar o especialista livre para pesquisar. Em um cenário de restrição de recursos, isso exige criatividade e articulação”, conta José Carlos Couto, pesquisador do Laboratório de AIDS e Imunologia Molecular e membro da nova Coordenação.

A pasta também se apoia na experiência de quem já conduz acordos internacionais dentro do Instituto. A pesquisadora Anna Cristina Carvalho, que atuou na antiga Coordenação de Cooperação Institucional, apontou outros projetos internacionais que já estão em andamento, como a atualização do mapa entomológico de Angola.
“O Brasil tem enorme potencial científico, mas também fragilidades. Participar de projetos internacionais nos permite aprender com centros mais desenvolvidos e, ao mesmo tempo, apoiar países que ainda estão em fase de desenvolvimento. Em grupo, a força é muito maior”, avalia.
A Coordenação, instituída por Portaria interna (PORTARIA IOC Nº 82, de 03 de outubro de 2025), pretende expandir a PICTIS com novas parcerias, além de lançar um repositório bilíngue de acordos e resultados. A meta é dar ritmo e governança às cooperações para gerar entregas frequentes, mensuráveis e de longo prazo, em consonância às diretrizes da VPSGR.
A nova Coordenação de Relações Internacionais está localizada no Pavilhão Paulo Sarmento, no terceiro andar. Contato pelo e-mail: internacional@ioc.fiocruz.br
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)