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IOC completa 123 anos reafirmando compromisso com ciência e saúde

Evento destacou relevância do Pavilhão Lauro Travassos, atingido por incêndio, e esforço de reconstrução
Por Maíra Menezes e Max Gomes26/05/2023 - Atualizado em 06/06/2023

O aniversário de 123 anos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) reforçou o compromisso da instituição e de seus trabalhadores com a ciência e a saúde, mesmo nos momentos de maiores dificuldades. 

As atividades de 25 de maio, data de aniversário compartilhada com a Fiocruz, começaram com o evento ‘Pavilhão Lauro Travassos: memória, reconstrução e solidariedade’, que destacou a relevância das atividades de pesquisa, referência e guarda de coleções biológicas desenvolvidas no espaço e o esforço coletivo realizado após o incêndio que atingiu o prédio. 

Evento 'Pavilhão Lauro Travassos: memória, solidariedade e reconstrução' foi um dos destaques na programação dos 123 anos do IOC. Foto: Gutemberg Brito

À tarde, foi feita homenagem aos servidores aposentados nos anos de 2021 e 2022, honrando aqueles que dedicaram suas carreiras à ciência e ao serviço público em prol da saúde da população brasileira. 

A celebração pelo aniversário contou com dois dias de eventos, incluindo ainda a realização da Conferência Livre Nacional Ciência e Cidadania no SUS, em 24 de maio.

Passado, presente e futuro

As comemorações de 25 de maio foram realizadas de forma presencial, no Auditório Emmanuel Dias, do Pavilhão Arthur Neiva, no campus Manguinhos da Fiocruz. A diretora do IOC, Tania Cremonini de Araujo-Jorge, fez um balanço das atividades do Instituto. A diretora ressaltou a mobilização no enfrentamento da covid-19 e o potencial de contribuição do Instituto em temas relevantes da atualidade como as mudanças climáticas, o risco de novas pandemias e os desafios da vacinação. Também chamou atenção para a grande adesão à Conferência Livre Nacional Ciência e Cidadania no SUS, que ultrapassou 900 inscritos, com o objetivo de discutir propostas para a 17ª Conferência Nacional de Saúde.

A dimensão das ações do IOC foi traduzida em alguns números, como o total de 1,2 mil profissionais, sendo mais de 500 doutores; mais de 800 publicações científicas por ano; 140 registros de patentes; parcerias científicas com mais de 40 países; colaboração com o SUS em 33 laboratórios de referência; além de 1,4 mil estudantes e profissionais em formação e qualificação.

Diretora do IOC fez balanço das atividades do Instituto e destacou relevância do IOC no enfrentamento de questões centrais da saúde na atualidade. Foto: Gutemberg Brito

“A complexidade do IOC faz sentido com a percepção de que somos SUS. A pesquisa laboratorial, as expedições de campo, a experimentação animal, as plataformas, as referências, as coleções biológicas, o ensino, toda essa complexidade é a nossa força. Isso está também na nossa reflexão em relação ao Pavilhão Lauro Travassos, porque as equipes que atuam lá fazem tudo isso”, afirmou Tania.

A cerimônia contou com mensagem por vídeo enviada pelo presidente da Fiocruz, Mário Moreira, que se encontrava em missão oficial no exterior, além da participação de representantes da presidência, que parabenizaram o IOC e reforçaram o compromisso com as ações relacionadas ao Pavilhão Lauro Travassos. 

“Temos trabalhado de forma solidária com o IOC para fazer avançar a instituição e superar os problemas. É um momento de muita alegria, apesar dos problemas enfrentados, poder celebrar 123 anos do IOC, uma instituição que tanto tem contribuído para o sistema nacional de saúde e para o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação”, afirmou o chefe de gabinete da presidência da Fiocruz, Juliano de Carvalho Lima. 

Representantes da presidência da Fiocruz parabenizaram IOC e reforçaram compromisso de apoio em ações ligadas ao Pavilhão Lauro Travassos. Foto: Gutemberg Brito

“Estamos em um momento de união e reconstrução. É um orgulho estar nesse auditório simbólico, diante de figuras extraordinárias que nos inspiram. Que assim permaneça. Parabéns para o nosso Instituto”, disse a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fundação, Maria de Lourdes Aguiar Oliveira, servidora do IOC e ex-vice-diretora de Laboratórios de Referência, Ambulatórios e Coleções Biológicas do Instituto.

“Um incêndio é sempre um trauma, por isso é importante o lema de hoje: ‘memória, reconstrução e solidariedade’. Temos uma política de memória institucional na Fiocruz, que aponta a construção da memória como o reconhecimento do legado do passado, que se faz presente e nos dá a mão nos grandes desafios para caminhar para o futuro. Parabéns ao IOC e sigamos avançando juntos”, declarou a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado. 

Em Genebra, na Suíça, para participar da Assembleia Mundial da Saúde, que reúne representantes dos países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS), o presidente da Fiocruz destacou a atuação do IOC em temas relevantes para a agenda mundial da saúde, como mudanças climáticas e saúde, saúde única e ações de preparação para epidemias, incluindo vigilância genômica. “O Instituto é importantíssimo na construção da história dessa instituição e também da projeção de seu futuro. Tenho a impressão de que esses temas irão orientar a agenda mundial de saúde e acho que o Instituto Oswaldo Cruz terá um papel fundamental no fortalecimento dessa agenda”, disse Mario. 

Memória, solidariedade e reconstrução

O evento contou com o lançamento do curta-metragem ‘Pavilhão Lauro Travassos, caderno de memórias’ e com falas de pesquisadores que atuam no prédio. Produzido pelo Departamento de Jornalismo e Comunicação, o filme, que está disponível no site do Instituto, faz uma homenagem ao espaço e às pessoas que vêm construindo sua relevância científica. Com fotos, ilustrações e documentos, a obra conta um pouco da história do cientista Lauro Travassos, do edifício que leva seu nome e da produção científica que se desenvolveu a partir desse espaço. 

Após a apresentação do curta metragem, foi lida uma carta do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC — o mais atingido fisicamente pelo incêndio. Emocionada, a chefe do Laboratório, Clélia Christina Mello Silva Almeida da Costa, narrou a apreensão de descobrir que o prédio havia sido comprometido pelas chamas. “Em um primeiro momento o nosso impulso, e de toda a comunidade do Lauro, foi de resgatar o que nos sobrou”, proferiu a pesquisadora. “O nosso movimento foi de salvaguardar a história, pesquisas e dados conquistados com muito sacrifício”, completou. 

Chefe do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental, atingido pelo incêndio, leu carta que ressaltou desejo da equipe de retomada das atividades. Foto: Gutemberg Brito

De acordo com o relato, assim como os demais grupos de pesquisa que atuavam no pavilhão, o Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental precisou paralisar diversos projetos, impactando diretamente os estudos de mais de 20 alunos de pós-graduação. “Queremos trabalhar; continuar fazendo o que gostamos e com a qualidade que prezamos; permanecer juntos e produtivos; esperançar”, declarou. No fim da carta, o Laboratório reafirmou solidariedade com os outros oito laboratórios do Instituto impactados pelo incêndio.

Outro grande atingido pelo incidente foi o Museu da Patologia, sob responsabilidade do Laboratório de Medicina Experimental e Saúde. Seu acervo centenário, que reúne peças anatômicas resultantes do trabalho de grandes personalidades da ciência nacional, têm sido motivo de grande atenção após ser exposto a fogo e água. O chefe do Laboratório e consultor do Museu, Marcelo Pelajo, ressaltou o valor do acervo iniciado em 1903 e comentou o percurso histórico para preservação das peças, que teve momentos de crise como a dissociação de acervos na ditadura militar. “Isso gerou um passivo histórico para as coleções, com o qual lidamos até hoje”, apontou. 

O pesquisador enfatizou que, nas últimas décadas, o IOC e a Fiocruz implementaram ações importantes para aprimorar a guarda de coleções biológicas, em grande parte apoiadas pelo projeto Preservo, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nesse contexto, segundo Marcelo, estão sendo feitos todos os esforços para resgatar e recuperar as peças do Museu da Patologia. “Tivemos perdas materiais irreparáveis e ainda é preciso muito esforço para que as perdas não aumentem. Estamos fazendo isso. Com a estrutura que temos hoje, com apoio institucional, tenho certeza que vamos conseguir resolver esse ponto”, disse Pelajo.

Barbara Dias e Marcelo Pelajo falaram sobre as ações de resgate e recuperação das peças do Museu da Patologia. Foto: Gutemberg Brito

A curadora do Museu, Barbara Dias, agradeceu o empenho da equipe, que, com o auxílio de diferentes grupos do IOC, conseguiu resgatar e vem recuperando lâminas, blocos de parafina e documentos que estavam no Pavilhão Lauro Travassos. “A maior parte do acervo ficou protegida nos armários deslizantes das reservas técnicas. Porém, uma parte significativa precisará de restauro e recuperação técnica”, compartilhou. 

“As lâminas da Coleção de Febre Amarela e de histologia e embriologia comparadas da Coleção do Departamento de Patologia, encontram-se resistindo”, disse Bárbara. Para a restauração do material do Museu, foi montada uma estrutura temporária na frente do Pavilhão Gomes de Faria, onde o Laboratório de Medicina Experimental e Saúde está localizado. 

Em 2023, o Museu completa 120 anos e se preparava para uma reinauguração do espaço para visitação do público. “Esperávamos comemorar esta data com a sua inauguração como um novo equipamento de divulgação científica no IOC, na Fiocruz e no Rio de Janeiro. Sonho interrompido pelo incêndio. Porém, continuamos sonhando diariamente na esperança de que seja somente um até breve”, concluiu Bárbara.

O evento foi encerrado com homenagens a pessoas que tiveram atuação importante nos primeiros momentos de combate ao incêndio e resgate de materiais e equipamentos. Os homenageados receberem uma escultura em acrílico de um caramujo Biomphalaria. Após o incêndio, moluscos da espécie, que podem transmitir a esquistossomose e eram mantidos em tanques no Pavilhão Lauro Travassos, foram resgatados com vida. Os caramujos foram escolhidos como símbolo da homenagem por representar, em muitas culturas, evolução e perseverança.

Caramujos Biomphalaria mantidos no Pavilhão Lauro Travassos foram resgatados com vida após o incêndio. Foto: Aloysio Ferrão

Foram homenageados: o chefe de gabinete do IOC, Daniel Daipert Garcia; a coordenadora do Departamento de Suporte e Infraestrutura a Laboratórios (Desie/IOC), Gilmara Muniz; a diretora executiva adjunta da Fiocruz, Priscila Ferraz; e a coordenadora geral de Infraestrutura dos Campi da Fiocruz, Ana Beatriz Alves Cuzzatti. A equipe do Serviço de Transporte de Cargas e Mudanças da Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic/Fiocruz) também foi reconhecida com um memorando de agradecimento pelo empenho e profissionalismo de seus trabalhadores.

Os homenageados ressaltaram a importância da solidariedade e a continuidade dos esforços para solucionar os problemas após o incêndio. “Sei o quanto tem de história, amor e paixão em cada sala desse Instituto e dessa Fundação. Vamos continuar trabalhando para resolver os problemas e mitigar os impactos”, disse Daniel. 

“Depois do incêndio, vimos a emoção nos rostos de todos. Não é só pelo trabalho pessoal, é pela importância do que a gente faz para a Instituição e para o SUS. A Presidência continuará dando todo o apoio necessário para que a gente resolva os problemas de curto, médio e longo prazo”, declarou Priscilla. 

“A gente continua trabalhando e queria reiterar esse compromisso, de toda a equipe da Cogic, de continuar a buscar melhoria da infraestrutura para uma instituição apaixonante como a Fiocruz”, pontuou Ana Beatriz. 

A vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão, Wania Santiago, representou Gilmara na cerimônia e ressaltou a relevância da atuação da profissional. “Ela teve papel muito importante desde as primeiras horas com equipe do Desie, por manter o equilíbrio na situação. A união de todos nós e dos ‘moradores’ do Lauro Travassos foi e vai continuar sendo fundamental rumo a essa reconstrução”, salientou Wania.

Evento destacou relevância do Pavilhão Lauro Travassos, atingido por incêndio, e esforço de reconstrução
Por: 
maira
max.gomes

O aniversário de 123 anos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) reforçou o compromisso da instituição e de seus trabalhadores com a ciência e a saúde, mesmo nos momentos de maiores dificuldades. 

As atividades de 25 de maio, data de aniversário compartilhada com a Fiocruz, começaram com o evento ‘Pavilhão Lauro Travassos: memória, reconstrução e solidariedade’, que destacou a relevância das atividades de pesquisa, referência e guarda de coleções biológicas desenvolvidas no espaço e o esforço coletivo realizado após o incêndio que atingiu o prédio. 

Evento 'Pavilhão Lauro Travassos: memória, solidariedade e reconstrução' foi um dos destaques na programação dos 123 anos do IOC. Foto: Gutemberg Brito

À tarde, foi feita homenagem aos servidores aposentados nos anos de 2021 e 2022, honrando aqueles que dedicaram suas carreiras à ciência e ao serviço público em prol da saúde da população brasileira. 

A celebração pelo aniversário contou com dois dias de eventos, incluindo ainda a realização da Conferência Livre Nacional Ciência e Cidadania no SUS, em 24 de maio.

Passado, presente e futuro

As comemorações de 25 de maio foram realizadas de forma presencial, no Auditório Emmanuel Dias, do Pavilhão Arthur Neiva, no campus Manguinhos da Fiocruz. A diretora do IOC, Tania Cremonini de Araujo-Jorge, fez um balanço das atividades do Instituto. A diretora ressaltou a mobilização no enfrentamento da covid-19 e o potencial de contribuição do Instituto em temas relevantes da atualidade como as mudanças climáticas, o risco de novas pandemias e os desafios da vacinação. Também chamou atenção para a grande adesão à Conferência Livre Nacional Ciência e Cidadania no SUS, que ultrapassou 900 inscritos, com o objetivo de discutir propostas para a 17ª Conferência Nacional de Saúde.

A dimensão das ações do IOC foi traduzida em alguns números, como o total de 1,2 mil profissionais, sendo mais de 500 doutores; mais de 800 publicações científicas por ano; 140 registros de patentes; parcerias científicas com mais de 40 países; colaboração com o SUS em 33 laboratórios de referência; além de 1,4 mil estudantes e profissionais em formação e qualificação.

Diretora do IOC fez balanço das atividades do Instituto e destacou relevância do IOC no enfrentamento de questões centrais da saúde na atualidade. Foto: Gutemberg Brito

“A complexidade do IOC faz sentido com a percepção de que somos SUS. A pesquisa laboratorial, as expedições de campo, a experimentação animal, as plataformas, as referências, as coleções biológicas, o ensino, toda essa complexidade é a nossa força. Isso está também na nossa reflexão em relação ao Pavilhão Lauro Travassos, porque as equipes que atuam lá fazem tudo isso”, afirmou Tania.

A cerimônia contou com mensagem por vídeo enviada pelo presidente da Fiocruz, Mário Moreira, que se encontrava em missão oficial no exterior, além da participação de representantes da presidência, que parabenizaram o IOC e reforçaram o compromisso com as ações relacionadas ao Pavilhão Lauro Travassos. 

“Temos trabalhado de forma solidária com o IOC para fazer avançar a instituição e superar os problemas. É um momento de muita alegria, apesar dos problemas enfrentados, poder celebrar 123 anos do IOC, uma instituição que tanto tem contribuído para o sistema nacional de saúde e para o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação”, afirmou o chefe de gabinete da presidência da Fiocruz, Juliano de Carvalho Lima. 

Representantes da presidência da Fiocruz parabenizaram IOC e reforçaram compromisso de apoio em ações ligadas ao Pavilhão Lauro Travassos. Foto: Gutemberg Brito

“Estamos em um momento de união e reconstrução. É um orgulho estar nesse auditório simbólico, diante de figuras extraordinárias que nos inspiram. Que assim permaneça. Parabéns para o nosso Instituto”, disse a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fundação, Maria de Lourdes Aguiar Oliveira, servidora do IOC e ex-vice-diretora de Laboratórios de Referência, Ambulatórios e Coleções Biológicas do Instituto.

“Um incêndio é sempre um trauma, por isso é importante o lema de hoje: ‘memória, reconstrução e solidariedade’. Temos uma política de memória institucional na Fiocruz, que aponta a construção da memória como o reconhecimento do legado do passado, que se faz presente e nos dá a mão nos grandes desafios para caminhar para o futuro. Parabéns ao IOC e sigamos avançando juntos”, declarou a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado. 

Em Genebra, na Suíça, para participar da Assembleia Mundial da Saúde, que reúne representantes dos países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS), o presidente da Fiocruz destacou a atuação do IOC em temas relevantes para a agenda mundial da saúde, como mudanças climáticas e saúde, saúde única e ações de preparação para epidemias, incluindo vigilância genômica. “O Instituto é importantíssimo na construção da história dessa instituição e também da projeção de seu futuro. Tenho a impressão de que esses temas irão orientar a agenda mundial de saúde e acho que o Instituto Oswaldo Cruz terá um papel fundamental no fortalecimento dessa agenda”, disse Mario. 

Memória, solidariedade e reconstrução

O evento contou com o lançamento do curta-metragem ‘Pavilhão Lauro Travassos, caderno de memórias’ e com falas de pesquisadores que atuam no prédio. Produzido pelo Departamento de Jornalismo e Comunicação, o filme, que está disponível no site do Instituto, faz uma homenagem ao espaço e às pessoas que vêm construindo sua relevância científica. Com fotos, ilustrações e documentos, a obra conta um pouco da história do cientista Lauro Travassos, do edifício que leva seu nome e da produção científica que se desenvolveu a partir desse espaço. 

Após a apresentação do curta metragem, foi lida uma carta do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC — o mais atingido fisicamente pelo incêndio. Emocionada, a chefe do Laboratório, Clélia Christina Mello Silva Almeida da Costa, narrou a apreensão de descobrir que o prédio havia sido comprometido pelas chamas. “Em um primeiro momento o nosso impulso, e de toda a comunidade do Lauro, foi de resgatar o que nos sobrou”, proferiu a pesquisadora. “O nosso movimento foi de salvaguardar a história, pesquisas e dados conquistados com muito sacrifício”, completou. 

Chefe do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental, atingido pelo incêndio, leu carta que ressaltou desejo da equipe de retomada das atividades. Foto: Gutemberg Brito

De acordo com o relato, assim como os demais grupos de pesquisa que atuavam no pavilhão, o Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental precisou paralisar diversos projetos, impactando diretamente os estudos de mais de 20 alunos de pós-graduação. “Queremos trabalhar; continuar fazendo o que gostamos e com a qualidade que prezamos; permanecer juntos e produtivos; esperançar”, declarou. No fim da carta, o Laboratório reafirmou solidariedade com os outros oito laboratórios do Instituto impactados pelo incêndio.

Outro grande atingido pelo incidente foi o Museu da Patologia, sob responsabilidade do Laboratório de Medicina Experimental e Saúde. Seu acervo centenário, que reúne peças anatômicas resultantes do trabalho de grandes personalidades da ciência nacional, têm sido motivo de grande atenção após ser exposto a fogo e água. O chefe do Laboratório e consultor do Museu, Marcelo Pelajo, ressaltou o valor do acervo iniciado em 1903 e comentou o percurso histórico para preservação das peças, que teve momentos de crise como a dissociação de acervos na ditadura militar. “Isso gerou um passivo histórico para as coleções, com o qual lidamos até hoje”, apontou. 

O pesquisador enfatizou que, nas últimas décadas, o IOC e a Fiocruz implementaram ações importantes para aprimorar a guarda de coleções biológicas, em grande parte apoiadas pelo projeto Preservo, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nesse contexto, segundo Marcelo, estão sendo feitos todos os esforços para resgatar e recuperar as peças do Museu da Patologia. “Tivemos perdas materiais irreparáveis e ainda é preciso muito esforço para que as perdas não aumentem. Estamos fazendo isso. Com a estrutura que temos hoje, com apoio institucional, tenho certeza que vamos conseguir resolver esse ponto”, disse Pelajo.

Barbara Dias e Marcelo Pelajo falaram sobre as ações de resgate e recuperação das peças do Museu da Patologia. Foto: Gutemberg Brito

A curadora do Museu, Barbara Dias, agradeceu o empenho da equipe, que, com o auxílio de diferentes grupos do IOC, conseguiu resgatar e vem recuperando lâminas, blocos de parafina e documentos que estavam no Pavilhão Lauro Travassos. “A maior parte do acervo ficou protegida nos armários deslizantes das reservas técnicas. Porém, uma parte significativa precisará de restauro e recuperação técnica”, compartilhou. 

“As lâminas da Coleção de Febre Amarela e de histologia e embriologia comparadas da Coleção do Departamento de Patologia, encontram-se resistindo”, disse Bárbara. Para a restauração do material do Museu, foi montada uma estrutura temporária na frente do Pavilhão Gomes de Faria, onde o Laboratório de Medicina Experimental e Saúde está localizado. 

Em 2023, o Museu completa 120 anos e se preparava para uma reinauguração do espaço para visitação do público. “Esperávamos comemorar esta data com a sua inauguração como um novo equipamento de divulgação científica no IOC, na Fiocruz e no Rio de Janeiro. Sonho interrompido pelo incêndio. Porém, continuamos sonhando diariamente na esperança de que seja somente um até breve”, concluiu Bárbara.

O evento foi encerrado com homenagens a pessoas que tiveram atuação importante nos primeiros momentos de combate ao incêndio e resgate de materiais e equipamentos. Os homenageados receberem uma escultura em acrílico de um caramujo Biomphalaria. Após o incêndio, moluscos da espécie, que podem transmitir a esquistossomose e eram mantidos em tanques no Pavilhão Lauro Travassos, foram resgatados com vida. Os caramujos foram escolhidos como símbolo da homenagem por representar, em muitas culturas, evolução e perseverança.

Caramujos Biomphalaria mantidos no Pavilhão Lauro Travassos foram resgatados com vida após o incêndio. Foto: Aloysio Ferrão

Foram homenageados: o chefe de gabinete do IOC, Daniel Daipert Garcia; a coordenadora do Departamento de Suporte e Infraestrutura a Laboratórios (Desie/IOC), Gilmara Muniz; a diretora executiva adjunta da Fiocruz, Priscila Ferraz; e a coordenadora geral de Infraestrutura dos Campi da Fiocruz, Ana Beatriz Alves Cuzzatti. A equipe do Serviço de Transporte de Cargas e Mudanças da Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic/Fiocruz) também foi reconhecida com um memorando de agradecimento pelo empenho e profissionalismo de seus trabalhadores.

Os homenageados ressaltaram a importância da solidariedade e a continuidade dos esforços para solucionar os problemas após o incêndio. “Sei o quanto tem de história, amor e paixão em cada sala desse Instituto e dessa Fundação. Vamos continuar trabalhando para resolver os problemas e mitigar os impactos”, disse Daniel. 

“Depois do incêndio, vimos a emoção nos rostos de todos. Não é só pelo trabalho pessoal, é pela importância do que a gente faz para a Instituição e para o SUS. A Presidência continuará dando todo o apoio necessário para que a gente resolva os problemas de curto, médio e longo prazo”, declarou Priscilla. 

“A gente continua trabalhando e queria reiterar esse compromisso, de toda a equipe da Cogic, de continuar a buscar melhoria da infraestrutura para uma instituição apaixonante como a Fiocruz”, pontuou Ana Beatriz. 

A vice-diretora de Desenvolvimento Institucional e Gestão, Wania Santiago, representou Gilmara na cerimônia e ressaltou a relevância da atuação da profissional. “Ela teve papel muito importante desde as primeiras horas com equipe do Desie, por manter o equilíbrio na situação. A união de todos nós e dos ‘moradores’ do Lauro Travassos foi e vai continuar sendo fundamental rumo a essa reconstrução”, salientou Wania.

Edição: 
Raquel Aguiar

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)