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Pesquisa internacional avança na fronteira entre Quênia e Tanzânia

Projeto Mosaic, que tem participação da Fiocruz, promoveu atividades com comunidades e instituições locais
Por Maíra Menezes24/10/2025 - Atualizado em 04/11/2025
Projeto é desenvolvido com participação do povo Massai na fronteira entre Quênia e Tanzânia. Foto: Verônica Marchon

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estiveram no Quênia e na Tanzânia, de 15 a 21 de setembro, em mais uma etapa do projeto de pesquisa internacional Mosaic

Com foco no enfrentamento das mudanças climáticas em áreas de fronteira na África e na Amazônia, a iniciativa reúne 15 instituições científicas de sete países, incluindo a Plataforma Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS), estabelecida pela Fiocruz em parceria com a Universidade de Aveiro, em Portugal. 

Por meio da PICTIS, o projeto tem participação de pesquisadores de Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e Fiocruz Ceará.  

O objetivo é criar um ecossistema de informações para apoiar comunidades locais na prevenção e mitigação de efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde humana, animal e ambiental. 

Equipe do projeto Mosaic e lideranças do povo Massai no Parque Nacional de Amboseli. Foto: Mosaic European Project/IRD

Um dos líderes do Mosaic na linha de atuação em ‘ciência compartilhada com as partes interessadas’, o pesquisador do IOC e da PICTIS, Paulo Peiter, ressaltou a importância da recente etapa de campo. 

“Essa missão foi fundamental para estabelecer contato com profissionais da Tanzânia e para realizar atividades participativas com representantes do povo Massai, no Quênia. Foi mais um passo para discutir percepções sobre mudanças climáticas e saúde que vão ser o subsídio para criar um ecossistema de informações adequado ao contexto local”, afirmou Paulo, que atua no Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC e no Laboratório Setorial One Health/Global Health da PICTIS. 

No Quênia, o projeto completou um ano desde o primeiro encontro dos pesquisadores com representantes do povo Massai. De hábitos seminômades, esta população vive na fronteira entre Quênia e Tanzânia e mantém uma cultura baseada principalmente na criação de gado para subsistência. 

Oficina contou com a participação de cerca de 50 representantes de comunidades Massai. Foto: Divulgação

A nova etapa de campo marcou o início das atividades participativas para levantamento das percepções e práticas desta população em relação aos eventos extremos e seus efeitos. 

A equipe do projeto no Quênia, liderada pela organização African Conservation Center (ACC ), promoveu uma oficina com cerca de 50 representantes de comunidades Massai da região do Parque Nacional de Amboseli.  

Questões teóricas e éticas para o desenvolvimento do projeto junto às comunidades locais foram discutidas. Também foi apresentado o marco conceitual da pesquisa, que adota a ‘teoria da mudança’ para entender os efeitos em cascata das mudanças climáticas na saúde humana, animal e ambiental. 

Além disso, os participantes da oficina construíram coletivamente uma linha do tempo dos eventos extremos vivenciados nos últimos 20 anos pela comunidade e desenharam um calendário ecológico, indicando as principais doenças que ocorrem em cada período do ano.  

Construção de calendários sobre eventos extremos e saúde foi uma das metologias utilizadas para abordar percepções das comunidades. Foto: Mosaic European Project/IRD

“No primeiro encontro, os representantes dos Massai apontaram mais preocupações com a saúde animal devido às mudanças climáticas. Desta vez, com a construção dos calendários, pudemos discutir melhor as questões de saúde humana pela perspectiva das comunidades”, contou Alessandra Nava, pesquisadora da Fiocruz Amazônia, que é uma das líderes do Mosaic na linha de atuação em ‘coleta multidisciplinar de dados e conhecimento transfronteiriço’. 

Na Tanzânia, a equipe do Mosaic se reuniu com membros de instituições científicas e de conservação, incluindo organizações governamentais e da sociedade civil. O encontro ocorreu na cidade de Arusha e foi o primeiro no país com participação da equipe internacional do Mosaic. 

“Foi um encontro muito positivo porque identificamos vários projetos locais com os quais poderemos interagir”, pontuou Verônica Marchon, pesquisadora do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, que integra a pesquisa internacional. 

Na Tanzânia, pesquisadores apresentaram o projeto para representantes de organizações científicas e de meio ambiente. Foto: Verônica Marchon
 

Atividades em fronteiras do Brasil 

Na região amazônica, o Mosaic contempla duas áreas da fronteira do Brasil: uma entre Amapá e Guiana Francesa e outra entre Amazonas, Colômbia e Peru. 

As primeiras atividades de campo com a equipe internacional do projeto nas duas áreas foram realizadas em dezembro de 2024. 

Este ano, quatro expedições foram realizadas na região. Em abril, os pesquisadores fizeram uma missão na fronteira binacional Brasil-Guiana Francesa, que aproximou o projeto de importantes atores locais, como setores de educação, meio ambiente e saúde, associações da sociedade civil e lideranças de comunidades tradicionais. 

Em junho, cientistas estiveram, por duas vezes, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru: para investigar a circulação de patógenos em morcegos e para se reunir com lideranças locais, gestores de saúde e ambiente e representantes indígenas.   

Em agosto, a equipe colaborou na realização de uma oficina no Oiapoque, em parceria com o Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil), da Fiocruz. O evento reuniu pesquisadores, gestores e representantes de comunidades do Brasil e da Guiana Francesa para discutir a prevenção da raiva e de leishmanioses nos dois lados da fronteira.   

A próxima etapa de campo na região amazônica está marcada para novembro, contemplando as duas áreas de pesquisa. 

“Vamos nos reunir com stakeholders [atores interessados] de diferentes países, incluindo representantes de governos, universidades, sociedade civil e comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e de garimpeiros. Além de integrar mais esses atores ao projeto, queremos entender melhor as relações entre eles e realizar algumas dinâmicas, como a construção dos calendários ecológicos”, detalhou Verônica. 

Iniciado em março de 2024, o projeto Mosaic conta com financiamento do programa ‘Horizon Europe’, da União Europeia, para o período de 2024 a 2027. A coordenação geral do estudo é do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD, na sigla em francês), da França.

Projeto Mosaic, que tem participação da Fiocruz, promoveu atividades com comunidades e instituições locais
Por: 
maira
Projeto é desenvolvido com participação do povo Massai na fronteira entre Quênia e Tanzânia. Foto: Verônica Marchon

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estiveram no Quênia e na Tanzânia, de 15 a 21 de setembro, em mais uma etapa do projeto de pesquisa internacional Mosaic

Com foco no enfrentamento das mudanças climáticas em áreas de fronteira na África e na Amazônia, a iniciativa reúne 15 instituições científicas de sete países, incluindo a Plataforma Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS), estabelecida pela Fiocruz em parceria com a Universidade de Aveiro, em Portugal. 

Por meio da PICTIS, o projeto tem participação de pesquisadores de Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e Fiocruz Ceará.  

O objetivo é criar um ecossistema de informações para apoiar comunidades locais na prevenção e mitigação de efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde humana, animal e ambiental. 

Equipe do projeto Mosaic e lideranças do povo Massai no Parque Nacional de Amboseli. Foto: Mosaic European Project/IRD

Um dos líderes do Mosaic na linha de atuação em ‘ciência compartilhada com as partes interessadas’, o pesquisador do IOC e da PICTIS, Paulo Peiter, ressaltou a importância da recente etapa de campo. 

“Essa missão foi fundamental para estabelecer contato com profissionais da Tanzânia e para realizar atividades participativas com representantes do povo Massai, no Quênia. Foi mais um passo para discutir percepções sobre mudanças climáticas e saúde que vão ser o subsídio para criar um ecossistema de informações adequado ao contexto local”, afirmou Paulo, que atua no Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC e no Laboratório Setorial One Health/Global Health da PICTIS. 

No Quênia, o projeto completou um ano desde o primeiro encontro dos pesquisadores com representantes do povo Massai. De hábitos seminômades, esta população vive na fronteira entre Quênia e Tanzânia e mantém uma cultura baseada principalmente na criação de gado para subsistência. 

Oficina contou com a participação de cerca de 50 representantes de comunidades Massai. Foto: Divulgação

A nova etapa de campo marcou o início das atividades participativas para levantamento das percepções e práticas desta população em relação aos eventos extremos e seus efeitos. 

A equipe do projeto no Quênia, liderada pela organização African Conservation Center (ACC ), promoveu uma oficina com cerca de 50 representantes de comunidades Massai da região do Parque Nacional de Amboseli.  

Questões teóricas e éticas para o desenvolvimento do projeto junto às comunidades locais foram discutidas. Também foi apresentado o marco conceitual da pesquisa, que adota a ‘teoria da mudança’ para entender os efeitos em cascata das mudanças climáticas na saúde humana, animal e ambiental. 

Além disso, os participantes da oficina construíram coletivamente uma linha do tempo dos eventos extremos vivenciados nos últimos 20 anos pela comunidade e desenharam um calendário ecológico, indicando as principais doenças que ocorrem em cada período do ano.  

Construção de calendários sobre eventos extremos e saúde foi uma das metologias utilizadas para abordar percepções das comunidades. Foto: Mosaic European Project/IRD

“No primeiro encontro, os representantes dos Massai apontaram mais preocupações com a saúde animal devido às mudanças climáticas. Desta vez, com a construção dos calendários, pudemos discutir melhor as questões de saúde humana pela perspectiva das comunidades”, contou Alessandra Nava, pesquisadora da Fiocruz Amazônia, que é uma das líderes do Mosaic na linha de atuação em ‘coleta multidisciplinar de dados e conhecimento transfronteiriço’. 

Na Tanzânia, a equipe do Mosaic se reuniu com membros de instituições científicas e de conservação, incluindo organizações governamentais e da sociedade civil. O encontro ocorreu na cidade de Arusha e foi o primeiro no país com participação da equipe internacional do Mosaic. 

“Foi um encontro muito positivo porque identificamos vários projetos locais com os quais poderemos interagir”, pontuou Verônica Marchon, pesquisadora do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, que integra a pesquisa internacional. 

Na Tanzânia, pesquisadores apresentaram o projeto para representantes de organizações científicas e de meio ambiente. Foto: Verônica Marchon
 

Atividades em fronteiras do Brasil 

Na região amazônica, o Mosaic contempla duas áreas da fronteira do Brasil: uma entre Amapá e Guiana Francesa e outra entre Amazonas, Colômbia e Peru. 

As primeiras atividades de campo com a equipe internacional do projeto nas duas áreas foram realizadas em dezembro de 2024. 

Este ano, quatro expedições foram realizadas na região. Em abril, os pesquisadores fizeram uma missão na fronteira binacional Brasil-Guiana Francesa, que aproximou o projeto de importantes atores locais, como setores de educação, meio ambiente e saúde, associações da sociedade civil e lideranças de comunidades tradicionais. 

Em junho, cientistas estiveram, por duas vezes, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru: para investigar a circulação de patógenos em morcegos e para se reunir com lideranças locais, gestores de saúde e ambiente e representantes indígenas.   

Em agosto, a equipe colaborou na realização de uma oficina no Oiapoque, em parceria com o Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil), da Fiocruz. O evento reuniu pesquisadores, gestores e representantes de comunidades do Brasil e da Guiana Francesa para discutir a prevenção da raiva e de leishmanioses nos dois lados da fronteira.   

A próxima etapa de campo na região amazônica está marcada para novembro, contemplando as duas áreas de pesquisa. 

“Vamos nos reunir com stakeholders [atores interessados] de diferentes países, incluindo representantes de governos, universidades, sociedade civil e comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e de garimpeiros. Além de integrar mais esses atores ao projeto, queremos entender melhor as relações entre eles e realizar algumas dinâmicas, como a construção dos calendários ecológicos”, detalhou Verônica. 

Iniciado em março de 2024, o projeto Mosaic conta com financiamento do programa ‘Horizon Europe’, da União Europeia, para o período de 2024 a 2027. A coordenação geral do estudo é do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD, na sigla em francês), da França.

Edição: 
Vinicius Ferreira

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)