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Retrospectiva 2023: confira o que foi destaque no Instituto

Avanços científicos, prêmios, homenagens e muita interação com a sociedade. Saiba tudo o que aconteceu
Por Vinicius Ferreira20/12/2023 - Atualizado em 16/01/2024

Resiliência, solidariedade e união. Essa tríade resume bem o ano de 2023 para o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). 

Às vésperas de celebrar 123 anos de serviço em prol da ciência e da saúde brasileiras, data comemorada em 25 de maio, o IOC se viu diante de uma das tragédias mais impactantes desde sua fundação. 

Um incêndio destruiu parte de um dos prédios do Instituto, que abrigava  setores técnico-administrativos, diversos Laboratórios, Coleção Biológica e até um futuro museu. Felizmente, diante da rápida ação de contenção, ninguém se feriu.

Construído nos anos 1930, o Pavilhão Lauro Travassos homenageava um dos maiores helmintologistas do mundo e fundador de uma escola que formou gerações de pesquisadores em zoologia e linhas correlatas.

Inspirados pela célebre frase de Oswaldo Cruz – “não esmorecer para não desmerecer” –, que Travassos mantinha em um quadro na parede de sua sala, conforme mostram documentos da época, profissionais e estudantes rapidamente foram tomados pela solidariedade, no esforço de buscar meios para ajudar os atingidos e realocar amostras e equipamentos. O desafio de garantir o prosseguimento dos estudos, pesquisas e demais atividades ali desenvolvidas foi assumido como um compromisso coletivo.

Somado a isso, 2023 também foi marcado por outras intensas mobilizações internas: um princípio de incêndio a partir de um curto circuito em um aparelho de ar-condicionado – sem maiores danos; inundação em salas, corredores e auditório, devido a chuvas torrenciais que atingiram a cidade; e esvaziamento de um dos pavilhões para atualização da rede elétrica; e até episódio de bala perdida, expressão do cenário de segurança pública do Rio de Janeiro. 

Essas vivências foram enfrentadas com ação coletiva, motivação também expressa na capacitação de quase 300 profissionais e alunos para atuarem na proteção à vida e na preservação do patrimônio físico, a partir do curso de brigadistas voluntários. Em outra frente de ação, dezenas de profissionais que atuam em pesquisa e gestão foram formados em temas como liderança e gestão pública na iniciativa inédita SABER LAB.

Curso de Formação da Brigada Voluntária de Incêndio (BVI) do Instituto Oswaldo Cruz: realizado pela Comissão Interna de Biossegurança em parceria com a Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic/Fiocruz). Foto: CIBio/IOC

E, ainda nos primeiros dias do ano, luto. O Instituto Oswaldo Cruz perdia, em decorrendo de um câncer, David Eduardo Barroso, um dos maiores especialistas em meningite do país. Servidor público desde 2002, atuava com dedicação em estudos de campo e de epidemiologia molecular de infecções bacterianas de transmissão respiratória no Laboratório de Epidemiologia e Sistemática Molecular. 

O Instituto também perdeu dois cientistas aposentados que acumularam contribuições relevantes: Maria Inez de Moura Sarquis e Sylvio Celso Gonçalves da Costa.

Sarquis ingressou no antigo Departamento de Micologia em 1982. Curadora da Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos ao longo de mais de 30 anos, sob sua liderança foi iniciado o processo de modernização da Coleção e o credenciamento como "fiel depositária”

Costa iniciou a carreira no IOC em 1959, como estagiário de Lauro Travassos. O cientista liderou o então Departamento de Protozoologia e o Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária. Seu papel na editoração da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz foi decisivo durante a ditadura militar, no período conhecido como 'Massacre de Manguinhos', garantindo a continuidade da publicação. 

Sylvio Celso foi o personagem que inaugurou a iniciativa 'Somos Manguinhos'. Ancorada na Política de Memória Institucional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o projeto tem como proposta resgatar, preservar e compartilhar as trajetórias de pessoas, grupos, espaços e estruturas em sessões especiais do tradicional Centro de Estudos do Instituto.

Mas, calma. Respira. A partir de agora, só tem notícia boa pela frente! 

Após a comunidade do Instituto celebrar a posse da ex-presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, como primeira mulher à frente do Ministério da Saúde, a então chefe do Laboratório de Pesquisas Médicas do IOC, Alda Maria da Cruz, foi nomeada diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância e Saúde e Ambiente. 

Outro fato de destaque foi a atribuição da então vice-diretora de Laboratórios de Referência, Ambulatórios e Coleções Biológicas, Maria de Lourdes Aguiar Oliveira, como vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fundação Oswaldo Cruz. 

À esquerda, Diretoria durante posse da ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima; ao lado, visita de Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis; abaixo, o coordenador da área de Medicina II da Capes, Júlio Croda, e o coordenador adjunto de Programas Profissionais da pasta, Carlos Antônio Caramori. Fotos: Divulgação e Gutemberg Brito

Ainda em relação à nova composição do governo federal, o IOC teve a oportunidade de estreitar laços e cumprir produtivas agendas com gestores e parlamentares.

Por lá, foram realizadas reuniões no Ministério da Saúde, com a coordenadora da Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, com o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes, e com a Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS). 

Na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), os encontros foram com o diretor de Programas e Bolsas, Laerte Guimarães, com o coordenador geral de Programas Estratégicos, Júlio Siqueira, e com o diretor de Avaliação, Paulo Santos. Já no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as conversas foram com o presidente Ricardo Galvão e com o diretor científico Olival Freire.

Por aqui, passaram a coordenadora-geral de Laboratórios de Saúde Pública, Helena Cristina Ferreira Franz, o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis, Éder Gatti, a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis, Alda Maria da Cruz, além do coordenador da área de Medicina II da Capes, Júlio Croda, e o coordenador adjunto de Programas Profissionais, Carlos Antônio Caramori. 

Toda essa articulação, somada ao protagonismo científico do IOC, levou o Instituto a ser convidado para integrar importantes ações de planejamento de políticas públicas de saúde, acumulando participações em um workshop dedicado à busca de estratégias para everter a baixa cobertura vacinal, uma oficina em vigilância em saúde e ambiente e uma reunião preparatória para período de alta transmissão de arboviroses.

Ainda neste campo, o Instituto participou ativamente da 17ª Conferência Nacional de Saúde. Entre delegados eleitos e convidados do Conselho Nacional de Saúde e do Ministério da Saúde, o IOC esteve presente com uma delegação de 16 pessoas debatendo diretrizes e propostas da sociedade. 

Na preparação para o evento, o IOC e entidades parceiras organizaram a Conferência Livre Nacional Ciência e Cidadania no SUS. A maior parte das diretrizes e propostas da conferência livre foi aprovada na etapa nacional, contribuindo para a construção coletiva do SUS.

A delegação apresentou ainda uma moção pela visibilidade das pessoas afetadas por doenças negligenciadas que teve a adesão de mais de 400 assinaturas e será incluída no documento final da 17ª CNS.

Também foram promovidas discussões preparatórias para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, a ser realizada em junho de 2024.

Inovação e cooperação

Na rota para a inovação, o Instituto concluiu o projeto piloto para estruturação da Incubadora de Inovação com foco em gerar cada vez mais ações que beneficiem a sociedade.

A iniciativa contribui para a criação de novos produtos, processos e serviços, com benefício social e impacto econômico – além de fortalecer habilidades e mentalidades de liderança preparadas para o futuro e construir um motor sustentável para a resiliência e o crescimento organizacional.

Seja com instituições nacionais ou internacionais, firmar e reafirmar colaborações e cooperações são consideradas ações estratégicas para alavancar a pesquisa do Instituto e fazer com que os resultados cheguem mais rápido à sociedade. Fotos: Divulgação e Gutemberg Brito

Seguindo o caminho da cooperação, o Instituto e a Universidade Agostinho Neto, de Angola, assinaram um memorando de entendimento para futuras parcerias em ensino e pesquisa. 

Também foi assinado um plano de trabalho com o Instituto de Salud Global, da Espanha, para avançar em pesquisas, formação de recursos humanos e contribuição em políticas públicas de saúde.

Pesquisa nota 10

O compromisso de pesquisadores e estudantes do IOC de produzir conhecimento científico relevante para o Brasil e para o mundo foi novamente reforçado, como um levantamento internacional evidenciou: 15 cientistas do Instituto despontaram entre os mais influentes em cinco áreas do conhecimento.

No ano em que o país se viu diante de uma das mais graves tragédias em saúde no povo Yanomami, pesquisas e iniciativas do IOC com o objetivo de contribuir para a melhoria da saúde da comunidade indígenas estiveram em destaque.

Entre as publicações, um artigo mostrou como a presença do garimpo ilegal elevou a transmissão da malária na Terra Yanomami e outro apontou o alto índice de parasitoses intestinais em aldeias. A identificação dos vetores da doença e a oferta de um curso para profissionais dos polos com maior incidência de malária também ganharam evidência.


A colaboração entre pesquisadores e estudantes permitiu a produção de importantes iniciativas com os povos Yanomami, além da produção de kit diagnóstico em leishmaniose e a decodificação de genoma de flebotomíneos. Fotos: Divulgação, Gutemberg Brito e Ricardo Schimidt

Em outra frente de investigação científica, uma pesquisa mostrou o impacto da infecção por toxoplasmose na formação de neurônios e apontou mecanismos que podem contribuir para as lesões cerebrais em bebês com a forma congênita da doença.

Após anos de esforços, especialistas concluíram o desenvolvimento de uma metodologia padronizada e validada para diagnóstico molecular da leishmaniose cutânea nas Américas. 

Como resultado de outra pesquisa, foi dado mais um passo para confirmar a segurança da vacinação de macacos contra a febre amarela. A alternativa pode ser uma estratégia importante para preservar espécies ameaçadas de extinção e proteger a biodiversidade, além do potencial de reduzir a transmissão silvestre da doença, desacelerando a expansão de surtos.

E, ainda, um feito inédito: cientistas decodificaram o genoma completo de duas espécies de flebotomíneos, vetores de leishmanioses. As informações podem contribuir para novas pesquisas e a busca de novas abordagens para controle da doença.

Saúde e sociedade

O entrosamento com a sociedade ‘foi de vento em popa’, como diz o dito popular.

Crianças, jovens e adultos tiveram contato com atividades desenvolvidas por diversos Laboratórios do IOC. No Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais, Rondônia e por aí vai. Em escolas, praças, parques e grandes eventos. Lá estavam pesquisadores e estudantes compartilhando saúde, ciência e muita informação.

No Amazonas, o IOC contribuiu com investigações sobre a morte de botos; em Curitiba, pesquisadores promoveram divulgação científica com acervo de coleções biológicas; o Programa IOC+Escolas interagiu com crianças e jovens da capital e baixada fluminense; informações sobre doenças tropicais negligenciadas, como a doença de Chagas fizeram parte de ação em praça do Rio. Fotos: Divulgação, André Coelho e Gutemberg Brito

O Instituto também atuou diretamente em ações que levaram direitos a pessoas em situação de rua, integrou força tarefa que investigou a súbita mortandade de botos no interior do Amazonas, desenvolveu tecnologia para reforçar o controle de arboviroses, produziu manuais sobre monitoramento de vetores da febre amarela e malária e promoveu capacitação em educação ambiental e climática para agentes ambientais. 

Agentes de educação ambiental foram capacitados para multiplicar informação em saúde nos territórios; e ações de divulgação científica foram realizadas dentro e fora da Fiocruz. Fotos: Divulgação e Gutemberg Brito


Ensino que vai longe

No Ensino, as realizações envolvem mérito, gestão participativa e parcerias.

Pelo sétimo ano consecutivo, o IOC ocupou lugar de destaque na cerimônia de entrega do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses.

A Pós-graduação em Medicina Tropical completou 10 anos de contribuição em ensino no Piauí, formando mais de 40 mestres com pesquisas de impacto para a saúde na região.

O Programa realizou ainda a primeira defesa em cotutela internacional. Em parceria com instituição da Guiana Francesa, a tese apontou determinantes sociais do HIV e da Aids na fronteira entre os países.

Acima: colaboração para formação de recursos humanos. Abaixo: estudantes premiados durante a Semana da Pós-graduação. Fotos: Gutemberg Brito

Uma cooperação técnica estabelecida entre o Instituto e o Hemorio capacitou profissionais, com foco no benefício da população. 

Após três edições em formato virtual e híbrido, a Semana da Pós-graduação 2023 contou com uma programação totalmente presencial. O evento proporcionou palestras únicas, com temas que abordaram inclusão, preconceito, racismo, acolhimento, representatividade, diversidade e acessibilidade, na pesquisa e no ensino.

Somos SUS

No fortalecimento da vigilância em saúde, o Instituto reafirmou seu papel estratégico para o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo com capacitações, análise de amostras, sequenciamento genético, identificação de vetores, criação de kits diagnósticos e muito mais.

Profissionais de institutos de saúde e de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) do Brasil foram treinados na padronização do protocolo de sequenciamento genômico do SARS-CoV-2. O IOC também contribuiu para que o Haiti passasse a ter capacidade local para realizar o procedimento, assim como o diagnóstico molecular de sarampo e rubéola.

Entomologistas de ministérios da saúde de países da América do Sul foram capacitados em metodologias para identificação e avaliação da resistência a inseticidas em mosquitos vetores.

Estabelecimento de protocolo de sequenciamento genômico do SARS-CoV-2; capacitação em resistência de Aedes a inseticidas e de bactérias a antibióticos; e a produção em larga escala de kit para detecção de febre maculosa: o IOC foi destaque no fortalecimento do SUS. Fotos: Divulgação e Gutemberg Brito

Pesquisadores do Instituto também colaboraram com treinamentos voltados para o enfrentamento da malária e das leishmanioses no Brasil e na região das Américas.

Idealizado pelo IOC, o registro do primeiro kit de biologia molecular do país para detecção do material genético de bactérias causadoras de rickettsioses, em especial, a febre maculosa e o tifo, foi outro destaque. 

A vigilância epidemiológica e laboratorial em influenza desenvolvida pelo Instituto foi enaltecida pela líder do Programa Global de Influenza da Organização Mundial da Saúde (OMS), que também frisou a atuação de liderança do IOC na região.

E o importante papel do Instituto na estratégia brasileira para eliminar a oncocercose foi exaltado durante visita de representantes do Ministério da Saúde.

Na interface direta com pacientes, o Ambulatório Souza Araújo de atendimento à hanseníase manteve a gestão da qualidade em seus processos, conquistando certificado nacional de acreditação. Já o Ambulatório de Hepatites Virais recebeu integrantes do Departamento de Saúde e Serviços Humanos e do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estudos Unidos. Eles conheceram as atividades de assistência e pesquisa desenvolvidas no serviço, que atua como referência para hepatites virais.

Dois encontros inéditos marcaram o ano de 2023. O primeiro reuniu os Laboratórios do Instituto que prestam serviços de referência em níveis regional, nacional e internacional. Esses serviços atuam no fortalecimento da vigilância em saúde do país, apoiando ações de prevenção e no controle de uma série de agravos. 

No segundo, estavam presentes as 22 Coleções Biológicas sob a guarda do IOC. Juntas, elas conservam milhões de amostras e representam de forma significativa a biodiversidade de bactérias, protozoários, fungos, vírus, vetores e animais reservatórios de importância médica.

Das 33 Coleções sob a guarda da Fiocruz, o IOC coordena 22. Algumas datam do início do século XX e conservam milhões de amostras.

Falando em animais, o país ganhou a primeira coleção biológica de mamíferos silvestres reservatórios. Chamada de Coleção Integrada de Mamíferos Silvestres Reservatórios, seu acervo reúne 12 mil espécimes de animais envolvidos no ciclo de transmissão de doenças de todos os biomas brasileiros.

Neste ano, três Coleções Biológicas do Instituto comemoraram importantes datas de fundação, sendo duas delas centenárias. Com uma história entrelaçada à própria trajetória do Instituto, o Museu da Patologia comemorou seus 120 anos. Outro acervo centenário, o da Coleção Helmintológica do IOC, que reúne 40 mil lotes de helmintos, celebrou 110 anos. Responsável pela preservação de 15 mil lotes de moluscos, a Coleção de Moluscos do IOC chegou ao 75º aniversário.

Prêmios, homenagens e reconhecimentos

Para fechar com chave de ouro, muitos prêmios e homenagens completam a conta.

Teve honraria entregue pelas mãos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, como reconhecimento à significativa contribuição de pesquisador para a Ciência, Tecnologia e Inovação do país. 

Também teve láurea da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde em reconhecimento às ações de cientista em epidemiologia, prevenção e controle de doenças no Brasil, assim como condecoração pelo Comando da Aeronáutica por fundamental serviço prestado à Força Aérea Brasileira.

Algumas das imponentes honrarias entregues à comunidade institucional

Uma cerimônia marcou a entrega do título de doutora honoris causa pela Universidade Grenoble Alpes, da França, e a dedicação à ciência e à divulgação científica de profissionais foi destacada durante congresso de saúde pública e formação humana. 

A seleção de pós-doutorando para participar de iniciativa internacional de criação de soluções inovadoras e o reconhecimento de trabalhos científicos de pesquisadores e estudantes em eventos nacionais e internacionais também foram evidenciados. 

Já o título de pesquisadoras eméritas foi destinado a cientistas pela participação significativa em um tradicional evento em malariologia.

Coroando um ano com amplo reconhecimento sobre o papel das mulheres na ciência, na saúde, na formulação de políticas públicas e na vida institucional, uma série de documentários exaltou o protagonismo de mulheres em emergências sanitárias: quatro pesquisadoras de destaque compartilharam detalhes sobre suas carreiras, dificuldades, conquistas e contribuições no enfrentamento de vários agravos.

(Da esquerda para direita) Simone Monteiro, Marilda Siqueira, Denise Valle e Rita Nogueira participam da estreia da série de documentários da Casa de Oswaldo Cruz. Foto: Gutemberg Brito

E um projeto de digitalização e difusão de arquivos pessoais de mulheres exaltou o protagonismo de outras quatro pesquisadoras do Instituto. Os usuários passaram a ter acesso para consulta na íntegra a centenas de documentos que expressam a trajetória dessas cientistas, que desenvolveram importantes estudos em parasitologia, entomologia médica, anatomia e histologia de insetos, helmintologia e controle de vetores.

Maria Deane realizando captura de insetos com isca animal, durante excursão científica do Instituto Oswaldo Cruz ao Noroeste do Brasil, na década de 1930. Imagem integra o projeto ‘Mulheres na ciência e na saúde: digitalização e difusão dos arquivos pessoais de mulheres do acervo da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz)’.
Avanços científicos, prêmios, homenagens e muita interação com a sociedade. Saiba tudo o que aconteceu
Por: 
viniciusferreira

Resiliência, solidariedade e união. Essa tríade resume bem o ano de 2023 para o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). 

Às vésperas de celebrar 123 anos de serviço em prol da ciência e da saúde brasileiras, data comemorada em 25 de maio, o IOC se viu diante de uma das tragédias mais impactantes desde sua fundação. 

Um incêndio destruiu parte de um dos prédios do Instituto, que abrigava  setores técnico-administrativos, diversos Laboratórios, Coleção Biológica e até um futuro museu. Felizmente, diante da rápida ação de contenção, ninguém se feriu.

Construído nos anos 1930, o Pavilhão Lauro Travassos homenageava um dos maiores helmintologistas do mundo e fundador de uma escola que formou gerações de pesquisadores em zoologia e linhas correlatas.

Inspirados pela célebre frase de Oswaldo Cruz – “não esmorecer para não desmerecer” –, que Travassos mantinha em um quadro na parede de sua sala, conforme mostram documentos da época, profissionais e estudantes rapidamente foram tomados pela solidariedade, no esforço de buscar meios para ajudar os atingidos e realocar amostras e equipamentos. O desafio de garantir o prosseguimento dos estudos, pesquisas e demais atividades ali desenvolvidas foi assumido como um compromisso coletivo.

Somado a isso, 2023 também foi marcado por outras intensas mobilizações internas: um princípio de incêndio a partir de um curto circuito em um aparelho de ar-condicionado – sem maiores danos; inundação em salas, corredores e auditório, devido a chuvas torrenciais que atingiram a cidade; e esvaziamento de um dos pavilhões para atualização da rede elétrica; e até episódio de bala perdida, expressão do cenário de segurança pública do Rio de Janeiro. 

Essas vivências foram enfrentadas com ação coletiva, motivação também expressa na capacitação de quase 300 profissionais e alunos para atuarem na proteção à vida e na preservação do patrimônio físico, a partir do curso de brigadistas voluntários. Em outra frente de ação, dezenas de profissionais que atuam em pesquisa e gestão foram formados em temas como liderança e gestão pública na iniciativa inédita SABER LAB.

Curso de Formação da Brigada Voluntária de Incêndio (BVI) do Instituto Oswaldo Cruz: realizado pela Comissão Interna de Biossegurança em parceria com a Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic/Fiocruz). Foto: CIBio/IOC

E, ainda nos primeiros dias do ano, luto. O Instituto Oswaldo Cruz perdia, em decorrendo de um câncer, David Eduardo Barroso, um dos maiores especialistas em meningite do país. Servidor público desde 2002, atuava com dedicação em estudos de campo e de epidemiologia molecular de infecções bacterianas de transmissão respiratória no Laboratório de Epidemiologia e Sistemática Molecular. 

O Instituto também perdeu dois cientistas aposentados que acumularam contribuições relevantes: Maria Inez de Moura Sarquis e Sylvio Celso Gonçalves da Costa.

Sarquis ingressou no antigo Departamento de Micologia em 1982. Curadora da Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos ao longo de mais de 30 anos, sob sua liderança foi iniciado o processo de modernização da Coleção e o credenciamento como "fiel depositária”

Costa iniciou a carreira no IOC em 1959, como estagiário de Lauro Travassos. O cientista liderou o então Departamento de Protozoologia e o Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária. Seu papel na editoração da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz foi decisivo durante a ditadura militar, no período conhecido como 'Massacre de Manguinhos', garantindo a continuidade da publicação. 

Sylvio Celso foi o personagem que inaugurou a iniciativa 'Somos Manguinhos'. Ancorada na Política de Memória Institucional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o projeto tem como proposta resgatar, preservar e compartilhar as trajetórias de pessoas, grupos, espaços e estruturas em sessões especiais do tradicional Centro de Estudos do Instituto.

Mas, calma. Respira. A partir de agora, só tem notícia boa pela frente! 

Após a comunidade do Instituto celebrar a posse da ex-presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, como primeira mulher à frente do Ministério da Saúde, a então chefe do Laboratório de Pesquisas Médicas do IOC, Alda Maria da Cruz, foi nomeada diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância e Saúde e Ambiente. 

Outro fato de destaque foi a atribuição da então vice-diretora de Laboratórios de Referência, Ambulatórios e Coleções Biológicas, Maria de Lourdes Aguiar Oliveira, como vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fundação Oswaldo Cruz. 

À esquerda, Diretoria durante posse da ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima; ao lado, visita de Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis; abaixo, o coordenador da área de Medicina II da Capes, Júlio Croda, e o coordenador adjunto de Programas Profissionais da pasta, Carlos Antônio Caramori. Fotos: Divulgação e Gutemberg Brito

Ainda em relação à nova composição do governo federal, o IOC teve a oportunidade de estreitar laços e cumprir produtivas agendas com gestores e parlamentares.

Por lá, foram realizadas reuniões no Ministério da Saúde, com a coordenadora da Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, com o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes, e com a Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS). 

Na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), os encontros foram com o diretor de Programas e Bolsas, Laerte Guimarães, com o coordenador geral de Programas Estratégicos, Júlio Siqueira, e com o diretor de Avaliação, Paulo Santos. Já no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as conversas foram com o presidente Ricardo Galvão e com o diretor científico Olival Freire.

Por aqui, passaram a coordenadora-geral de Laboratórios de Saúde Pública, Helena Cristina Ferreira Franz, o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis, Éder Gatti, a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis, Alda Maria da Cruz, além do coordenador da área de Medicina II da Capes, Júlio Croda, e o coordenador adjunto de Programas Profissionais, Carlos Antônio Caramori. 

Toda essa articulação, somada ao protagonismo científico do IOC, levou o Instituto a ser convidado para integrar importantes ações de planejamento de políticas públicas de saúde, acumulando participações em um workshop dedicado à busca de estratégias para everter a baixa cobertura vacinal, uma oficina em vigilância em saúde e ambiente e uma reunião preparatória para período de alta transmissão de arboviroses.

Ainda neste campo, o Instituto participou ativamente da 17ª Conferência Nacional de Saúde. Entre delegados eleitos e convidados do Conselho Nacional de Saúde e do Ministério da Saúde, o IOC esteve presente com uma delegação de 16 pessoas debatendo diretrizes e propostas da sociedade. 

Na preparação para o evento, o IOC e entidades parceiras organizaram a Conferência Livre Nacional Ciência e Cidadania no SUS. A maior parte das diretrizes e propostas da conferência livre foi aprovada na etapa nacional, contribuindo para a construção coletiva do SUS.

A delegação apresentou ainda uma moção pela visibilidade das pessoas afetadas por doenças negligenciadas que teve a adesão de mais de 400 assinaturas e será incluída no documento final da 17ª CNS.

Também foram promovidas discussões preparatórias para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, a ser realizada em junho de 2024.

Inovação e cooperação

Na rota para a inovação, o Instituto concluiu o projeto piloto para estruturação da Incubadora de Inovação com foco em gerar cada vez mais ações que beneficiem a sociedade.

A iniciativa contribui para a criação de novos produtos, processos e serviços, com benefício social e impacto econômico – além de fortalecer habilidades e mentalidades de liderança preparadas para o futuro e construir um motor sustentável para a resiliência e o crescimento organizacional.

Seja com instituições nacionais ou internacionais, firmar e reafirmar colaborações e cooperações são consideradas ações estratégicas para alavancar a pesquisa do Instituto e fazer com que os resultados cheguem mais rápido à sociedade. Fotos: Divulgação e Gutemberg Brito

Seguindo o caminho da cooperação, o Instituto e a Universidade Agostinho Neto, de Angola, assinaram um memorando de entendimento para futuras parcerias em ensino e pesquisa. 

Também foi assinado um plano de trabalho com o Instituto de Salud Global, da Espanha, para avançar em pesquisas, formação de recursos humanos e contribuição em políticas públicas de saúde.

Pesquisa nota 10

O compromisso de pesquisadores e estudantes do IOC de produzir conhecimento científico relevante para o Brasil e para o mundo foi novamente reforçado, como um levantamento internacional evidenciou: 15 cientistas do Instituto despontaram entre os mais influentes em cinco áreas do conhecimento.

No ano em que o país se viu diante de uma das mais graves tragédias em saúde no povo Yanomami, pesquisas e iniciativas do IOC com o objetivo de contribuir para a melhoria da saúde da comunidade indígenas estiveram em destaque.

Entre as publicações, um artigo mostrou como a presença do garimpo ilegal elevou a transmissão da malária na Terra Yanomami e outro apontou o alto índice de parasitoses intestinais em aldeias. A identificação dos vetores da doença e a oferta de um curso para profissionais dos polos com maior incidência de malária também ganharam evidência.


A colaboração entre pesquisadores e estudantes permitiu a produção de importantes iniciativas com os povos Yanomami, além da produção de kit diagnóstico em leishmaniose e a decodificação de genoma de flebotomíneos. Fotos: Divulgação, Gutemberg Brito e Ricardo Schimidt

Em outra frente de investigação científica, uma pesquisa mostrou o impacto da infecção por toxoplasmose na formação de neurônios e apontou mecanismos que podem contribuir para as lesões cerebrais em bebês com a forma congênita da doença.

Após anos de esforços, especialistas concluíram o desenvolvimento de uma metodologia padronizada e validada para diagnóstico molecular da leishmaniose cutânea nas Américas. 

Como resultado de outra pesquisa, foi dado mais um passo para confirmar a segurança da vacinação de macacos contra a febre amarela. A alternativa pode ser uma estratégia importante para preservar espécies ameaçadas de extinção e proteger a biodiversidade, além do potencial de reduzir a transmissão silvestre da doença, desacelerando a expansão de surtos.

E, ainda, um feito inédito: cientistas decodificaram o genoma completo de duas espécies de flebotomíneos, vetores de leishmanioses. As informações podem contribuir para novas pesquisas e a busca de novas abordagens para controle da doença.

Saúde e sociedade

O entrosamento com a sociedade ‘foi de vento em popa’, como diz o dito popular.

Crianças, jovens e adultos tiveram contato com atividades desenvolvidas por diversos Laboratórios do IOC. No Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais, Rondônia e por aí vai. Em escolas, praças, parques e grandes eventos. Lá estavam pesquisadores e estudantes compartilhando saúde, ciência e muita informação.

No Amazonas, o IOC contribuiu com investigações sobre a morte de botos; em Curitiba, pesquisadores promoveram divulgação científica com acervo de coleções biológicas; o Programa IOC+Escolas interagiu com crianças e jovens da capital e baixada fluminense; informações sobre doenças tropicais negligenciadas, como a doença de Chagas fizeram parte de ação em praça do Rio. Fotos: Divulgação, André Coelho e Gutemberg Brito

O Instituto também atuou diretamente em ações que levaram direitos a pessoas em situação de rua, integrou força tarefa que investigou a súbita mortandade de botos no interior do Amazonas, desenvolveu tecnologia para reforçar o controle de arboviroses, produziu manuais sobre monitoramento de vetores da febre amarela e malária e promoveu capacitação em educação ambiental e climática para agentes ambientais. 

Agentes de educação ambiental foram capacitados para multiplicar informação em saúde nos territórios; e ações de divulgação científica foram realizadas dentro e fora da Fiocruz. Fotos: Divulgação e Gutemberg Brito

Ensino que vai longe

No Ensino, as realizações envolvem mérito, gestão participativa e parcerias.

Pelo sétimo ano consecutivo, o IOC ocupou lugar de destaque na cerimônia de entrega do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses.

A Pós-graduação em Medicina Tropical completou 10 anos de contribuição em ensino no Piauí, formando mais de 40 mestres com pesquisas de impacto para a saúde na região.

O Programa realizou ainda a primeira defesa em cotutela internacional. Em parceria com instituição da Guiana Francesa, a tese apontou determinantes sociais do HIV e da Aids na fronteira entre os países.

Acima: colaboração para formação de recursos humanos. Abaixo: estudantes premiados durante a Semana da Pós-graduação. Fotos: Gutemberg Brito

Uma cooperação técnica estabelecida entre o Instituto e o Hemorio capacitou profissionais, com foco no benefício da população. 

Após três edições em formato virtual e híbrido, a Semana da Pós-graduação 2023 contou com uma programação totalmente presencial. O evento proporcionou palestras únicas, com temas que abordaram inclusão, preconceito, racismo, acolhimento, representatividade, diversidade e acessibilidade, na pesquisa e no ensino.

Somos SUS

No fortalecimento da vigilância em saúde, o Instituto reafirmou seu papel estratégico para o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo com capacitações, análise de amostras, sequenciamento genético, identificação de vetores, criação de kits diagnósticos e muito mais.

Profissionais de institutos de saúde e de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) do Brasil foram treinados na padronização do protocolo de sequenciamento genômico do SARS-CoV-2. O IOC também contribuiu para que o Haiti passasse a ter capacidade local para realizar o procedimento, assim como o diagnóstico molecular de sarampo e rubéola.

Entomologistas de ministérios da saúde de países da América do Sul foram capacitados em metodologias para identificação e avaliação da resistência a inseticidas em mosquitos vetores.

Estabelecimento de protocolo de sequenciamento genômico do SARS-CoV-2; capacitação em resistência de Aedes a inseticidas e de bactérias a antibióticos; e a produção em larga escala de kit para detecção de febre maculosa: o IOC foi destaque no fortalecimento do SUS. Fotos: Divulgação e Gutemberg Brito

Pesquisadores do Instituto também colaboraram com treinamentos voltados para o enfrentamento da malária e das leishmanioses no Brasil e na região das Américas.

Idealizado pelo IOC, o registro do primeiro kit de biologia molecular do país para detecção do material genético de bactérias causadoras de rickettsioses, em especial, a febre maculosa e o tifo, foi outro destaque. 

A vigilância epidemiológica e laboratorial em influenza desenvolvida pelo Instituto foi enaltecida pela líder do Programa Global de Influenza da Organização Mundial da Saúde (OMS), que também frisou a atuação de liderança do IOC na região.

E o importante papel do Instituto na estratégia brasileira para eliminar a oncocercose foi exaltado durante visita de representantes do Ministério da Saúde.

Na interface direta com pacientes, o Ambulatório Souza Araújo de atendimento à hanseníase manteve a gestão da qualidade em seus processos, conquistando certificado nacional de acreditação. Já o Ambulatório de Hepatites Virais recebeu integrantes do Departamento de Saúde e Serviços Humanos e do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estudos Unidos. Eles conheceram as atividades de assistência e pesquisa desenvolvidas no serviço, que atua como referência para hepatites virais.

Dois encontros inéditos marcaram o ano de 2023. O primeiro reuniu os Laboratórios do Instituto que prestam serviços de referência em níveis regional, nacional e internacional. Esses serviços atuam no fortalecimento da vigilância em saúde do país, apoiando ações de prevenção e no controle de uma série de agravos. 

No segundo, estavam presentes as 22 Coleções Biológicas sob a guarda do IOC. Juntas, elas conservam milhões de amostras e representam de forma significativa a biodiversidade de bactérias, protozoários, fungos, vírus, vetores e animais reservatórios de importância médica.

Das 33 Coleções sob a guarda da Fiocruz, o IOC coordena 22. Algumas datam do início do século XX e conservam milhões de amostras.

Falando em animais, o país ganhou a primeira coleção biológica de mamíferos silvestres reservatórios. Chamada de Coleção Integrada de Mamíferos Silvestres Reservatórios, seu acervo reúne 12 mil espécimes de animais envolvidos no ciclo de transmissão de doenças de todos os biomas brasileiros.

Neste ano, três Coleções Biológicas do Instituto comemoraram importantes datas de fundação, sendo duas delas centenárias. Com uma história entrelaçada à própria trajetória do Instituto, o Museu da Patologia comemorou seus 120 anos. Outro acervo centenário, o da Coleção Helmintológica do IOC, que reúne 40 mil lotes de helmintos, celebrou 110 anos. Responsável pela preservação de 15 mil lotes de moluscos, a Coleção de Moluscos do IOC chegou ao 75º aniversário.

Prêmios, homenagens e reconhecimentos

Para fechar com chave de ouro, muitos prêmios e homenagens completam a conta.

Teve honraria entregue pelas mãos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, como reconhecimento à significativa contribuição de pesquisador para a Ciência, Tecnologia e Inovação do país. 

Também teve láurea da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde em reconhecimento às ações de cientista em epidemiologia, prevenção e controle de doenças no Brasil, assim como condecoração pelo Comando da Aeronáutica por fundamental serviço prestado à Força Aérea Brasileira.

Algumas das imponentes honrarias entregues à comunidade institucional

Uma cerimônia marcou a entrega do título de doutora honoris causa pela Universidade Grenoble Alpes, da França, e a dedicação à ciência e à divulgação científica de profissionais foi destacada durante congresso de saúde pública e formação humana. 

A seleção de pós-doutorando para participar de iniciativa internacional de criação de soluções inovadoras e o reconhecimento de trabalhos científicos de pesquisadores e estudantes em eventos nacionais e internacionais também foram evidenciados. 

Já o título de pesquisadoras eméritas foi destinado a cientistas pela participação significativa em um tradicional evento em malariologia.

Coroando um ano com amplo reconhecimento sobre o papel das mulheres na ciência, na saúde, na formulação de políticas públicas e na vida institucional, uma série de documentários exaltou o protagonismo de mulheres em emergências sanitárias: quatro pesquisadoras de destaque compartilharam detalhes sobre suas carreiras, dificuldades, conquistas e contribuições no enfrentamento de vários agravos.

(Da esquerda para direita) Simone Monteiro, Marilda Siqueira, Denise Valle e Rita Nogueira participam da estreia da série de documentários da Casa de Oswaldo Cruz. Foto: Gutemberg Brito

E um projeto de digitalização e difusão de arquivos pessoais de mulheres exaltou o protagonismo de outras quatro pesquisadoras do Instituto. Os usuários passaram a ter acesso para consulta na íntegra a centenas de documentos que expressam a trajetória dessas cientistas, que desenvolveram importantes estudos em parasitologia, entomologia médica, anatomia e histologia de insetos, helmintologia e controle de vetores.

Maria Deane realizando captura de insetos com isca animal, durante excursão científica do Instituto Oswaldo Cruz ao Noroeste do Brasil, na década de 1930. Imagem integra o projeto ‘Mulheres na ciência e na saúde: digitalização e difusão dos arquivos pessoais de mulheres do acervo da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz)’.
Edição: 
Raquel Aguiar

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)